sexta-feira, 2 de setembro de 2011

E se a EDP fosse dinamarquesa?

Estrutura Accionista da DONG ENERGY





O Memorando da Troika de 17-05-2012, no ponto 3.31 sob o subtítulo Privatizações, estabelece:

"O Governo acelerará o programa de privatizações. O plano existente para o período que decorre até 2013 abrange transportes (Aeroportos de Portugal, TAP e CP Carga), energia (Galp, EDP e REN), comunicações (Correios de Portugal), e seguros (Caixa Seguros)... 

Na equipa da Troika, Poul Thomsen, dinamarquês, é o representante do FMI e um dos mais exigentes defensores de medidas penosas para os portugueses e adversas ao interesse nacional.
Em matéria de privatizações de serviços infra-estruturais, de interesse público ou da imagem de Portugal no Mundo (TAP, por exemplo), há sempre um coro de vozes neoliberais - alguns nem sabem que o são - a defender a transferência de empresas para o sector privado. Aí sim, é que elas são bem geridas, dão milhões de prémios aos gestores e, se caiem nas mãos de investidores estrangeiros, sucede com toda a naturalidade a exportação de capitais que deveriam ficar afectos ao Rendimento Bruto Nacional. Tudo isto é reivindicado em nome do sacrossanto e justiceiro mercado. 
Como oponente da política de privatizações, sobretudo em sectores estratégicos como a energia, não deixo de destacar que na Dinamarca, país do prepotente e hipócrita Thomsen, a grande empresa de energia, DONG, é detida em 76,49% pelo Estado. 
Qual a lógica para o FMI e a UE serem tão exigentes na eliminação 'golden de share' na EDP e imporem a respectiva privatização, quando o Estado dinamarquês é livre de ter uma maioria superior a 2/3 do capital na DONG ENERGY; empresa que em 2010 facturou 7,331 mil milhões de euros e teve um 'EBIT' (Ganhos antes de Juros e Impostos) de 1,084 mil milhões? E se a EDP fosse dinamarquesa?
Bem pode a Helena Garrido entoar preces à "Santa Troika" ou Passos Coelho andar de mala de viagem a exibir o mostruário das privatizações à Europa que não me convencem. Antes pelo contrário, revoltam-me. A mim e a muitos, muitos mais.


  

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