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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Infarmed, há azares do caraças

Rui Moreira: venha o Infarmed!
Publiquei um 'post' a defender que a CML, presidida por um portuense (o que não é grave) estava, e bem, em silêncio sobre a transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto. Eis que, momentos após essa publicação, leio "Câmara de Lisboa não se opõe à mudança do Infarmed de Lisboa para o Porto".
Estupidez!, gritei em silêncio. A saúde pública é uma área estratégica para o País, devendo, como regra imperativa, ser incólume às nefastas de brigas entre Lisboa e Porto. O supremo interesse do povo português, na área da saúde, sobrepõe-se à mesquinhez da rivalidade entre as duas cidades. Estrategicamente, o Infarmed tem dado provas de que, sediado em Lisboa, tem uma estrutura sólida e funcional que é fonte de ganhos e progressos para a política de medicamentos e produtos de saúde para a população. Também é forçoso reconhecer que, das 118 farmacêuticas associadas na Apifarma, mais de 95% estão sediadas na 'Grande Lisboa'.
Provocado pela Dr.ª Maria do Céu Machado, o presidente da CML não resistiu à tentação de se comportar ao nível do homónimo do Porto. É lamentável. O que, de facto, está em causa é, se mudar os serviços do Infarmed de Lisboa para o Porto, diminui ou não o papel da instituição em termos de solidez e competência a quem deve caber responsabilidades, estratégicas repito, na defesa dos interesses supremos dos direitos dos portugueses a condições de saúde e de vida condignas: asseguradas, sobretudo, por instituições a que as mesmas se dedicam com sabedoria, independentemente de estarem em Lisboa ou no Porto. Deixem essa luta para a gentalha do futebol, porque tal asnice é, de facto, o domínio da ganga 'futeboleira'. E até esta luta nos satura, dos tímpanos ao cérebro.
Dr. Adalberto Campos Fernandes, com respeito lhe digo: com um populismo que sempre julguei longe de si, criou, por inabilidade pacóvia, um reles debate que, por absurdo, o Pais bem dispensava. Como, de resto, estoutra sandice de Medina.

O Infarmed visto por um munícipe ou por um cidadão

Conheço o Dr. Adalberto Campos Fernandes (ACF) e a Dr.ª Maria de Céu Machado (MCM). O ministro e médico melhor do que a médica, com quem conversei certa vez após uma conferência-debate na Ordem dos Médicos. Sabia, mas o diálogo serviu para confirmar que MCM, em termos de conhecimento de políticas de saúde, transcende em muito os limites da pediatria, sua especialidade.
O ‘Público’, na página ‘online’, públicou com destaque duas manchetes, esta e esta, relativas a entrevista à Dr.ª Maria do Céu Machado, pelas jornalistas Alexandra Campos e Ana Maia.
Em relação à primeira peça das entrevistas, sob o título ‘Ministro disse que a mudança do Infarmed era uma “intenção”, não uma decisão’, a argumentação, a defesa do estatuto científico e a estratégia em curso da instituição constituem testemunhos evidentes do mérito da Dr.ª Maria do Céu Machado no desempenho do cargo de Presidente do Infarmed, nomeada, precisamente, pelo Dr. Adalberto Campos Fernandes. 
O ministro nem sequer deveria ter sonhado com a mudança em causa, quanto mais intencionado. A excelência dos serviços na acção da política do medicamento em Portugal e os compromissos internacionais a que o Infarmed está vinculado não se compadecem com decisões populistas (isto, sem contar com os danos causados pela destruição de uma equipa bastante qualificada, a que se juntam outros causados aos trabalhadores da instituição).
Relativamente à segunda peça jornalística, ‘Espanta-me que a Câmara de Lisboa não tenha medo de perder o Infarmed’, discordo da surpresa da Dr.ª Maria do Céu Machado. Acima dos mesquinhos interesses locais, de câmara, freguesia ou paróquia, está o interesse público nacional e este é tema do poder central. Ignoro a razão por que Fernando Medina ficou calado. Se foi por ser portuense, está errado. Como edil, a única atitude correcta é ficar calado. A excessiva exposição pública de Rui Moreira sobre tal matéria, essa sim, é tacanha e incorrecta.
O interesse nacional, em termos de saúde pública e de outros domínios de relevância para o todo da população portuguesa, não deverá confinar-se à disputa entre Lisboa e Porto. E descentralizar apenas tem sentido na óptica de todo o território do País – veja-se o problema dos incêndios e da desertificação e envelhecimento no interior. Mudar a localização do Infarmed não é uma questão de munícipes e municípios, mas sim de cidadãos e de cidadania.