terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma espécie de epístola a Miguel Relvas

 

Epístola popular ao Ministro da Facúndia

Oh Sr. Relvas não se incomode V.Exa. que é ministro atarefado, nem os seus companheiros que também o são. Diga, por favor, aos secretários de estado, gente menos graduada mas voluntariosa, que igualmente não se martirizem. A maioria de nós, cidadãos, ao final dos primeiros 60 dias, quanto mais dos 100!, já sabíamos de cor e salteado o que o governo é capaz de nos fazer.
Sr. Relvas, tome lá bem nota: não precisamos de mais explicações dos governantes. As do Sr. Gaspar já nos bastaram. Veja, Sr. Relvas, o sumário dos ensinamentos:
  • aumentos de impostos, criação do imposto extraordinário, subida de preços dos transportes públicos, cortes em despesas sociais da saúde e ensino, reduções programadas para as pensões e outras prestações sociais, antecipação do aumento do IVA na electricidade e no gás natural, preparação da liberalização do despedimento sem justa causa, com recurso a conceitos subjectivos de 'produtividade' e 'objectivos do posto de trabalho', nomeação de amigos para cargos importantes – na CGD, por exemplo...ufa! Há mais, mas por ora chega.
Como vê, pela amostra, Sr. Relvas, está tudo muito bem explicadinho acerca das capacidades e decisões do governo de que V.Exa. faz parte. Porém, como a vida não é igual a 100 dias de PSD+CDS e ainda teremos uns tantos do actual governo pela frente, até já cuidámos de escutar com redobrada atenção, em New York!, New York!, o Sr. Gaspar - o homem é um grande especialista em economês - e lá conseguimos entender que para o ano, 2012, ainda vai ser pior.
Sr. Relvas, a sério, eu sinto, eles sentem, todos sentimos, de uma forma ou de outra o que seu governo nos faz. Sentimos tanto, tanto que nem sequer temos mais espaço na alma para explicações.
De qualquer modo, Sr. Relvas, agradecendo a disponibilidade para explicar, faça o favor de transmitir cumprimentos ao Sr. Coelho e peça-lhe que privatize tudo rapidamente e em força. Comece pelas Águas de Portugal e, quando mais não houver por privatizar, privatize o próprio governo. Quem não vos conheça que vos compre! Precisa-se de sorte para encontrar o comprador certo, no momento certo. Oxalá consigam. 

Christiane Torloni, doidona mesmo



A imprensa é "dimais"! Puxa! A actriz Christiane Torloni, em entrevista no 'Rock in Rio', está em aparente estado próprio de quem bebeu um copito a mais e a comunicação social vai, mundo fora, propagar a notícia de que a simpática Torloni estava entornada.
Para ser poupado a grandes escândalos, o melhor é ser desconhecido, um entre muitos. Em dia de festa, emborca-se um copito a mais e regressamos tontos e a pisar em ziguezague, mas não há cá entrevistas nem imagens gravadas.
A única imagem que fica é a retida na memória da vizinha Alzira, cinquentona do prédio da frente. Ao cruzar-se connosco, volta-se para trás a confirmar se estávamos, de facto, a trocar os passos. A partir daí, não nos furtamos a ser observados de alto a baixo, sob um olhar esmagador, por cima dos óculos assentes na ponta do nariz. Ao estilo da D. Piedade, minha professora primária de há umas décadas.
Torloni já viveu em Portugal - Cascais - durante dois anos e criou aqui grandes amigos. Um foi especial e a esta hora, como homem de intensa vida social que anda por aí, já tratou de a consular por telemóvel: - Christiane, meu bem, você estava doidona mesmo no RiR, eu adorei e estarei sempre do seu lado… -.

Krugman: a morte da zona euro


Paul Krugman escrevia ontem no New York Times um artigo sob o título 'A viagem para a morte da zona euro'. Do texto, realço parte elucidativa em que o autor resume as características e a dimensão da crise do euro nos seguintes termos:
Obama, no mesmo estilo, também acusou a Europa de assustar o mundo com a crise. Ainda que os EUA pouco tenham trabalhado em transformações profundas do 'sistema financeiro mundial', das regras da 'Organização Mundial do Comércio' (OMC) e dos poderes, de facto, conferidos à Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente norte-americano acaba por estar certo, apenas por uma razão: os líderes europeus são bastante piores e nem sequer têm a capacidade para gerir os problemas internos de duas causas, a UE e em especial a Zona Euro.
Postergados Barroso e Van Rompuy, tem competido à activa dupla franco-alemã, Sarkozy e Merkel, a gestão das falsas promessas, dos silêncios, das farsas e das ameaças à soberania de outros Estados-Membros.
Do par, Merkel é quem mais ordena. Todavia, e a despeito da imagem com que se apresenta, quem vai, de facto, mandar é o Parlamento da Alemanha no dia 29, depois de amanhã, ao decidir se, sim ou não, a Grécia deve ser apoiada. Segundo alguns, a ajuda deveria incluir o perdão de 50% da dívida.
Resta também saber se, de facto, os interesses eleitoralistas dos partidos alemães se traduzirão em factor determinante. Se assim for, então os Liberais, coligados no governo de Merkel, vítimas de quebras de votos acentuadas nas eleições, em eventual aliança com o CSU, dirão não à Grécia. E, dizendo não à Grécia, disseminam o agudizar da crise por países detentores do PIB de cerca de um terço da Zona Euro, cuja morte é assim prevista e bem por Paul Krugman.
Apenas uma breve observação. O sector bancário europeu está falido. Nem os disfarces o conseguem esconder. Qual bomba incendiária em célere e errática propagação, a população europeia vai regredir ainda mais no modelo civilizacional a que se catapultou. O mundo, todo ele, também sofrerá.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Europa: das complexidades às explosões

Os comportamentos dos eleitorados europeus cumprem a tradição. A crise implica mudanças de protagonistas. O ritual cumpre-se. Vencem os partidos da oposição, são derrotados os detentores do poder.
Sobretudo nos territórios da Europa Ocidental, fora da influência soviética na 'guerra fria', saltitamos entre estas alternâncias há anos - a nossa Madeira é uma excepção de "poder eterno". Contudo, criticar o Jardim é irremissível pecado do BE e do PS, segundo certas teses, como esta esquizofrenia II). Com imparcialidade, diga-se que Paulo Portas foi o primeiro a condenar, alto e bom som, a ocultação de dívida pública por Jardim. Os ex-extremistas de esquerda, hoje de direita, vestem-se, porém, de denodado zelo para centrar na esquerda a critica de atitudes e actos da prática política. Sem parcimónia no uso de juízos parciais e carecidos de objectividade.
Alargando os nossos horizontes à Europa da zona euro, com uma moeda comum submetida a grave crise e a dívidas soberanas elevadas, é obrigatório, por responsabilidade e protagonismo dos próprios, iniciar a ronda pelos países da Sr.ª Merkel e do Sr. Sarkozi.
Há dias, nas eleições locais de Berlim, Merkel e os aliados liberais perderam para a oposição. Além dos opositores tradicionais, o 'Partido Pirata' teve uma significativa votação, suplantando os 'Verdes'. Tem ideias próprias e bate-se por medidas revolucionárias: a gratuitidade dos transportes públicos e o direito universal a uma casa. Trata-se de causas próprias da esquerda radical.
Agora, em França, os Socialistas obtiveram uma histórica vitória no Senado. Considerada por alguns analistas como um "sismo" da V República. De resto, o resultado registado parece indiciar que, de facto, Sarkozy corre o risco de não ser reeleito em 2012.
A política europeia tem estado em forte ebulição. Desde o problema do euro e das dívidas soberanas às metamorfoses de poder, o processo de sobrevivência da Zona Euro e da UE está, de facto, a adensar-se de complexidades. Com os actuais e os próximos líderes, as soluções para milhões de europeus não são fáceis de encontrar. E se porventura esta notícia se confirma, 3 biliões de endividamento ocultado pelo governo de Merkel, a Europa está mesmo prestes a explodir, como acentua o 'Der Spiegel'.
O Velho Continente é hoje um espaço de incertezas, de complexidades e sujeito ao risco de explosões: económicas, financeiras, sociais e provavelmente de confrontos inter-países. O futuro, muito próximo, dar-nos-á o desfecho.

domingo, 25 de setembro de 2011

Um bilião é mil vezes mil milhões

 


Numericamente, um bilião, segundo o sistema europeu, corresponde a mil vezes mil milhões e representa-se por 1.000.000.000.000.
Segundo a revista 'HANDELSBLATT', o valor real da dívida alemã é de 5 biliões e não apenas os 2 biliões que têm sido declarados pelo Estado germânico. A confirmar-se, a dívida será equivalente a 185% do PIB do país, em vez dos 83% anunciados pelos organismos governamentais da Sra. Merkel. Quase iguala os 186% do PIB esperados em breve para o endividamento da Grécia, excedendo em muito os 120% do PIB da dívida de Itália.
Conquanto não sirva para inocentar Alberto João Jardim, à luz da notícia do elevadíssimo débito oculto alemão, é instantânea a tentação de fazer a comparação; então, o populista político madeirense,  comparado com Merkel, não passa de mero aprendiz de feiticeiro.
Angela Merkel "criou tantas novas dívidas como todos os Chanceleres das quatro últimas décadas juntos", refere o economista principal do citado diário económico. Quem diria? Com o ar arrogante com que qualifica de incompetência os países periféricos, nomeadamente os do Sul, a Sr.ª Merkel, em contradição com o estilo  de militar disciplinado próprio dos casaquinhos e calças que usa, não é afinal a líder política de contas certas e claras por que pretende passar-se. Esbanja que se farta e, para cometer o pecado, esconde as despesas previstas com reformados, doentes e pessoas dependentes.
A notícia não foi desmentida até agora e a não ser infirmada, é natural imaginar a Zona Euro, no fim das contas, em estado muito pior do que se pensava. A situação é mesmo catastrófica, com grande dose de responsabilidades por parte da ALEMANHA - os alemães, sempre eles, nas grandes desgraças da Europa. Agora como há cem anos.

  

   

As premonições de Marcelo


Fonte: diariodopurgatorio.com



O País, na peugada da Europa e dos EUA, bate-se com a crise mais grave do pós-II Guerra Mundial. Do globo em geral, a África mantém os sofrimentos endémicos, devastadores da vida de milhões de seres humanos, vítimas da fome, de patologias complexas e do vírus da SIDA. Com os BRICS a comandar, as economias emergentes, ainda que de forma assimétrica e nem sempre em respeito por modelo de justa distribuição, estão a proporcionar algum progresso nas condições sociais e económicas das suas populações.
Mas o País, o nosso, ao qual regressamos, é dominado por ideias pequeninas e premonições ao jeito de feiticeiro. Marcelo, prolixo na fala, esférico no formato e laranja na cor, considera que António Barreto é uma hipótese possível de candidato a Belém.
Para Marcelo, e outros que tais, o que interessa é quem está ou estará no poder. Os cerca de 360.000 a viver do subsídio de reintegração social, muitos outros sujeitos a vidas miseráveis e uma complexa crise multiplicadora de pobreza e miséria continuadas são aspectos secundários para o mediático professor de FDL.
Estaremos perante uma premonição de Marcelo? Provavelmente. De resto, em termos premonições e previsões astrológicas, a FDL tem escola. Por lá passou a famosa Maya e Marcelo não deixa de honrar a tradição.
Como o ‘professor comentador’ falha bastante, nem preciso de rogar preces para que o labirinto chamado Barreto não venha a presidir à República Portuguesa.
Só me faltaria, ao fim destes anos, ter o Barreto como Presidente da República e a Maria Filomena Mónica como primeira-dama. Porra! Vá de Retro, Satanás!

 

Pensar e falar banal

Assembleia da ONU no discurso de Passos Coelho




De forma bastante sintética, pode dizer-se que o mundo é comandado por políticos de inferior qualidade. Na Europa, sairam de cena políticos de fundada coerência ideológica, espírito democrático, capacidade de liderança e visão estratégica da estirpe de Olaf Palm, Charles de Gaulle, Simone Veil, Adenauer, Willy Brandt, Helmut Khöl, Mitterrand, Tito, Suarez, Gonzalez, Jacque Delors, Harold Macimillan e outros mais, como Soares, Cunhal ou Sá Carneiro a nível interno. Gente de cultura e capacidade política, de direita ou de esquerda.
Entretanto, despontaram os mediáticos e medíocres, sem saberes e interesse para atacar colectivamente os gravíssimos problemas sociais e económicos com que os europeus se debatem. Em especial, das novas e futuras gerações.
Neoliberais ostensivos, orientados pelos ideais monetários e destituídos da grandeza de espírito humanista, limitam-se a utilizar 'clichés'; pronunciam frases feitas, em consonância com superficiais e erráticos pensamentos, sempre distantes de propostas arrojadas e consistentes de acções a exercer para revolucionar o sistema financeiro que conduziu o mundo à desgraça.
O nosso primeiro-ministro na Assembleia Geral da ONU fez o que as suas limitações lhe ditam: um discurso frugal construído de lugares comuns. Refém do estigma do pensamento político banal, proclamou:
Tirada inspirada no 'Efeito de Pigmaleão', pronunciada na sala quase vazia da Assembleia da ONU, Naturalmente com impactos idênticos às correntes conversas de café, numa qualquer ‘localidade-dormitório’ suburbana. Massamá, por exemplo. E, suburbano por suburbano, audiências compostas por algumas centenas de participantes, nos EUA, apenas podem conseguir-se em Newark, essa aldeia lusa dos 'states'.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ops Dei! A Teixeira Duarte à rasca!


A Teixeira Duarte (TD), desde sempre accionista do BCP, está a atravessar situação económica e financeira difícil. De resto, por estagnação do mercado interno na construção e desvalorização de acções em bolsa, também outras construtoras se confrontam com os problemas da crise.
Estimam-se em 673 milhões de euros as perdas da conhecida construtora, sendo que 650 milhões resultam da desvalorização das acções do banco dirigido antes por Jardim Gonçalves e actualmente por Carlos Santos Ferreira.
A TD partilha ainda com o BCP o perímetro - dizer perímetro está na moda! - empresarial afecto à Opus Dei. Porém, ao espaço da devoção religiosa, juntam-se laços familiares entre os ‘Teixeira Duarte’ e os ‘Jardim Gonçalves’ - João Teixeira Duarte é casado com Sofia, filha de Jardim Gonçalves.
A teia de cumplicidades destas famílias e mesmo a própria bênção católica, agora pela Opus Dei, são estigmas ancestrais da sociedade portuguesa.
Toda esta estrutura de interesses e conivências seria desprezível se não contribuísse também para o agravamento da crise a que a maioria dos portugueses está sujeita.
Neste caso em concreto, e tenho-o dito amiudadas vezes, resta saber qual é o valor das responsabilidades por empréstimos da Teixeira Duarte junto do BCP. Provavelmente, esse valor em conjunto com as dívidas da Mota-Engil, Soares da Costa, de Berardo e de poucos mais corresponde a uma comparticipação de mais de 60% no crédito concedido por aquele banco.
Se avaliado com métodos e critérios rigorosos, concluir-se-á que a solvência do BCP está ameaçada. Oxalá não nos venham exigir outros impostos extraordinários para o salvar.


Troys Davis executado

Sou contra a pena de morte. Mas ainda a refuto com mais energia, nos casos de dúvidas sobre as culpas dos condenados. Situação de Troys Davis que, ainda antes da aplicação da injecção letal, declarou:
“Que Deus tenha piedade da vossa alma. Não matei o vosso irmão, não estava armado, não fiz isto. Não tinha uma arma naquela noite, não sou o responsável”
A execução de Troys Davis, ontem consumada, foi sucessivamente adiada e objecto de pedidos de clemência de instituições, organizações e figuras notáveis da própria sociedade norte-americana - o ex-presidente Jimmy Carter, por exemplo.
Todo o coro de pedidos de clemência, assim como a renegação das declarações incriminatórias de sete testemunhas que passaram a inocentar o executado, fazem-me  acreditar na inocência de Troys Davis. Sem reflexo de ingénuo sentimentalismo das últimas palavras do executado.     

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Medina da memória selectiva

As conversas de casino, na Figueira da Foz, conduzidas por Fátima Campos Ferreira, constituem, penso eu, uma iniciativa revivalista das Conferências de Casino do XIX, organizadas por Antero de Quental.
Discutem-se os temas mais polémicos da vida do País; e polémica acima de tudo, nada melhor que convidar para a mesa um Medina Carreira - ao jeito do anúncio: "Foi você que pediu um Porto Ferreira?". Em vez de Porto Ferreira, e porque se tratava de conversa e as bebidas eram mera companhia, Fátima Campos Ferreira lá serviu um Medina Carreira.
Medina fala muito. Sempre acusador, fala mesmo que se farta mas tem uma memória selectiva. Com estilo de detentor único da verdade, lançou para a plateia dois juízos interessantes
  1. "Estamos com as baterias contra o dr. João Jardim (...), mas temos muita gente que à frente dele devia sentar-se no banco dos réus. As pessoas que puseram este País no estado em que está deveriam ser julgadas";
  2. "Os governantes dos últimos dez anos deveriam ser julgados pelo estado em que deixaram o país".

Troy Davis será executado



Os EUA, considerados os campeões da democracia e do direito à vida, continuam a manter, na legislação de alguns estados, a pena de morte, como castigo horroroso da lei penal. É o caso da Geórgia.
Faltam algumas, poucas, horas para a execução de Troy Davis. O negro de 42 anos, alvo de uma acusação polémica de assasínio de um polícia em 1989.
Os recursos interpostos ao longo de anos não foram atendidos pelo tribunal federal. Os apelos de diversas instituições mundiais, da Amnistia Internacional ao Papa, bem como de estados, França por exemplo, e de organizações pluri-estaduais, União Europeia, igualmente não foram ouvidos.
A superioridade moral e ética deve ser princípio perene de todos quanto defendem uma sociedade justa e livre de práticas sanguinárias, nas quais se integra a pena de morte.
No caso de Troy Davis, para além do dever de rejeição humanista da pena de assassinato legal, subsistem muitas dúvidas quanto aos fundamentos da acusação, reforçadas, aliás, pela reversão de depoimentos de sete testemunhas que passaram a inocentar Troy Davis. Uma injecção letal, dentro de horas, porá fim à sua existência.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

MEC: o desassossego dos professores

Confesso que fiquei surpreendido com a satisfação das estruturas sindicais dos professores, em reacção aos resultados da reunião com o ministro Nuno Crato, em 9 de Setembro.
A FNE, mais suave, deixou bem expresso esse contentamento através da assinatura do acordo, exultado no seu 'site'. Do lado da FENPROF, lembro-me de ver e ouvir Mário Nogueira, ao arrepio do habitual estilo contestário, mostrar-se passivo e até conivente com o desenlace das conversações. É certo que rejeitou subscrever o acordo, mas é igualmente verdade que presenteou o MEC com complacente assinatura da acta.
Passada cerca de uma dezena de dias, eis que, sem minha surpresa neste caso, vêem a público notícias de milhares de professores sem lugares nas escolas por mudança de regras a meio do concurso. A hipótese de contratos mensais, entretanto negada em 16 de Setembro pelo ministério de Nuno Crato, volta a ser a realidade punitiva para milhares de professores, desapossados, assim, da segurança de ter emprego. Em especial, os mais qualificados que se viram preteridos.
A FENPROF, ao arrepio da benevolência demonstrada antes por Mário Nogueira, já começou a agitar-se e a reclamar que "tamanha incompetência na colocação dos professores é coisa raramente vista!".
Sempre achei que Maria de Lurdes Rodrigues, a funesta ministra de Sócrates, nunca esteve à altura do cargo e, ainda para mais, obstinou em perpetuar o confronto, em vez do diálogo com os professores. À imagem e semelhança do seu chefe de governo.
Todavia, o actual ministro, de figura afável, é também um obstáculo de monta para os professores a depender de colocação. Executa a sórdida obra de sorriso nos lábios, com frieza e determinação matemáticas. Os 'soutoures' têm motivos para continuar preocupados e mais desassossegados.



   

Jardim continua a marcar pontos



O preclaro ministro Vítor Gaspar fez ontem diversas declarações contraditórias e até desconcertantes, a respeito da ocultação de dívidas públicas pelo Governo Regional da Madeira. Numa das afirmações, segundo reportagens das TV's, considerava o problema das dívidas ocultas um caso pontual.
Hoje, é noticiado pelo 'Público' novo buraco nas contas madeirenses de 220 milhões de euros. Trata-se de um empréstimo recente contraído pela Empresa de Electricidade madeirense, cujo montante foi empregue indevidamente em despesas de funcionamento.
O empréstimo é recente e, portanto, não sei se não terá igualmente impacto no défice do País de 2011. Os desacatos financeiros de Jardim, nunca colossais, são, pois, meramente pontuais. E de desacato em desacato, Jardim continua a marcar pontos. Mesmo que o governo central anuncie que o orçamento de 2012 será avaro em termos de dinheiros para a Madeira, nada o incomoda.
Os buracos e ocultações nos dinheiros públicos da Madeira colocam Portugal em idêntico plano de falta de credibilidade atribuído à Grécia. Bem pode o prolixo e impreciso ministro Relvas afirmar que estamos noutro comboio. Os episódios financeiros da Madeira desmentem-no e em força.
 
  

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Gaspar a coser gáspeas


Parte substancial dos portugueses não anda propriamente descalça. Calça sapatos de solas esgaçadas e, em alguns casos, furadas. Nestes dias de final de Verão, a jornada acaba com as meias empoeiradas e mais esburacadas. Como não há dinheiro para novas, quando muito passajam-se as que temos; quanto aos sapatos, o Ministro das Finanças lá se vai entretendo a coser gáspeas. Porém, no dia seguinte, voltamos à mesma, de sapatos e meias rotos.
Vem aí o Outono e o Inverno, tempos generosos de chuvas e lamaçais. Gaspar, a somar ao imposto extraordinário, continuará a coser gáspeas; o mesmo que "tapar o Sol com uma peneira". Os buracos são mais que muitos e não há tela, nem pedaços de sola, nem linha, nem agulha, nem mestres sapateiros que nos valham. Por muitas vezes que cosam gáspeas ou a costureira caseira passaje as meias.
Vítor Gaspar, o tal ministro de discurso hermético, desta vez foi claro na contradição. Por um lado, afirma que o impacto do défice da Madeira este ano deve ser "muito limitado". Por outro, diz: "não há quaisquer estimativas sobre o impacto no défice deste ano". Afinal em que ficamos? O impacto é limitado ou não é impossível estimar o impacto?
Faço questão de, na qualidade de partidariamente desvinculado, não favorecer ou desfavorecer este ou aquele partido com elogios ou críticas. Todavia, tendo em conta a explicação do 'défice - palavras de permeio - colossal', seria preferível que Vítor Gaspar estivesse quedo em vez de coser gáspeas. O buraco das contas da Madeira, do laranja Jardim, não é susceptível de ser objecto de segunda ocultação.
O ministro assegura que não terá impacto este ano; mas, então, no próximo? É que felizmente para a maioria dos portugueses há mais vida para além de 31 de Dezembro de 2011. E, desventurados, estão entregues a este tipo de políticos, temporários ou definitivos, incapazes de governar bem e com seriedade, intelectual que seja.

  

Dívidas ocultas e o segredo de Estado

Cavaco e Jardim olham para o horizonte do défice

Informações do 'Público' asseguram que o Presidente da República, Cavaco Silva, e a Procuradoria-geral da República (PGR), no final de Julho, eram conhecedores das dívidas ocultas da Madeira.
Com os homens do poder laranja, no Continente como nas Ilhas, o PR usa uma larga bitola de complacência e discrição; em contraste, por exemplo, com o duro discurso que fez na tomada de posse, na AR, em Março deste ano. Não se eximiu de pedir um sobressalto cívico dos portugueses, acenando à juventude então revoltada. Usou um estilo inabitual no perfil de tecnocrata circunspecto e de sorrisos geométricos.
No caso das 'dívidas ocultas' pelo governo de Alberto João Jardim, Cavaco Silva opta por ser tolerante. Trata do caso como fosse "segredo de Estado", classificação que, de todo, não é aplicável às dívidas madeirenses. Trata-se de dívida pública, integrada nas contas públicas nacionais e, assim, o que é público é público, não se abrigando sob o conceito de segredo de Estado. Até porque, cedo ou tarde, os portugueses viriam a saber a verdade.
A gravidade do caso justifica que, esta tarde, Presidente e Primeiro-Ministro tomem uma atitude de firme condenação pública de Jardim, promovendo a aplicação da lei no arquipélago da Madeira; em coerência, de resto, com a reclamação de punição judicial defendida em jantares de campanha eleitoral por Pedro Passos Coelho.  

Jardim inspirado em S. Tomás de Aquino

De início, Alberto João Jardim negou com veemência a ocultação de dívidas públicas antigas, pelo governo madeirense. Agora, admite que, por causa da lei de finanças regionais de José Sócrates, terá optado por continuar grandes obras sem manifestar as despesas ao Estado central - "esconder o jogo" é a expressão do desconcertante político para os 1.133 milhões de euros não contabilizados - escudando-se com o 'princípio de legítima defesa'.
A despeito de se poder esperar tudo de Jardim, interroguei-me a mim próprio sobre a razão que teria levado o político madeirense, de um dia para o outro, da negação à confissão clara das irregularidades, afinal cometidas pelo seu governo de forma consciente e deliberada. Pensei, pensei e intuí uma razão, para mim plausível: Alberto João foi aconselhado pelo Bispo do Funchal.
Na 6.ª feira, ao final do dia, imagino eu, o político confessou a maldade a D. António Carrilho. Este ouviu-o com paciência divina, reflectiu e no final rematou": - Alberto João, meu santo filho, confessas ao povo e vais invocar o 'princípio de legítima defesa', sagrada herança moral do bendito São Tomás de Aquino .-
Alegre, saltitante e a cantarolar, Jardim deixou a diocese com a chave para solucionar o problema: a 'teoria do duplo efeito'. Inspirado por São Tomás, no fim-de-semana exultou as virtudes das obras feitas - efeito bom - com a ocultação da despesa - efeito mau.
As energias do truculento político, mais uma vez, robusteceram-se e o jardinismo continuará, menos mas ainda assim pujante para lá das eleições regionais. Graças a São Tomás de Aquino, ao senhor Bispo e a uma maioria de eleitores madeirenses; estes habituados há mais de 30 anos a viver com o reforço de dinheiros que, descoberto ou oculto, o “colonialista Contenente” vai financiando. Não são os principais culpados. Na classe política portuguesa em geral, e em especial no PSD dos actuais PR e Governo, é que se encontram os responsáveis máximos dos desmandos de Jardim. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nuno Crato: a tradição é lei

 
O putativo Nuno Crato, sábio na exploração das vicissitudes da vida pública, alega que "contratos de um mês sempre existiram na Educação". A existência, porque histórica, não importa se é injusta, irracional ou desumana; as tradições não se discutem, prolongam-se. Mesmo que delas resultem sofrimentos humanos – é um princípio tauromáquico. Que importam as dificuldades e insegurança que impendem sobre os contratados? Do ponto de vista do ideário neoliberal e anti-social, a que Crato acabou por aderir, nada. Absolutamente nada.
Tem-se de compreender que Nuno Crato, perto de Manuel Alegre em 2006 e presidente da controversa Taguspark no tempo de Sócrates, soube com precisão e sucesso desempenhar o papel de camaleão. Ontem com Sócrates, hoje com Coelho. Ou melhor, os benefícios financeiros pessoais foram calculados friamente por um homem da ciência matemática. Os teoremas, de Tales de Mileto a Leibniz, serviram-lhe de suporte às ambições carreiristas. Sempre matematicamente correcto, por caminhos social e politicamente condenáveis.
Com os "tachos" acumulados ao longo do tempo, entre os quais o de Ministro do governo Passos Coelho, Crato, a prazo, ficará registado na história da política portuguesa como um oportunista sem seriedade, nem vergonha. Metaforicamente mais um réptil, entre a bicharada rastejante que saca e enche os bolsos, com a hipocrisia de servir (-se) (d) os cidadãos. É desta m…. que eu e muitos mais estamos saturados.
(ADENDA: Entretanto Crato, em sintonia com a elasticidade da plasticina, acabou por afirmar que, afinal!, o ministério não vai contratar professores ao mês. Dentro de meia-hora, ou de algum tempo mais, é natural que haja outras notícias da parte do ministro. É muito volátil e as novidades surgem á velocidade da equação da energia E = m.c2)



Quem coloca a barreira é o Jardim

Alberto João Jardim avança a barreira do défice

Ofereçam Madeira de vez ao Jardim! A ele, ao Jaime Ramos e a todos afilhados e acólitos do tirano poder ilhéu. Preferível a doação a sermos nós, os portugueses do Continente, a pagar favas e contas do descabelado político laranja.
Como a imagem ilustra, é de Jardim o poder de colocar as barreiras e definir limites. Ele manda e quem paga somos todos nós. Esta notícia, de grosseira ocultação e trafulhice nas contas públicas da Ilha da Madeira, refere-se a centenas de milhões de euros gastos e não manifestados nas finanças do Estado.
O poder laranja assobia para o lado, como é habitual. Passos Coelho ainda vai dar uma ajudinha à reeleição do artista. Mas, quanto a acção judicial, nada se passará. O Tribunal de Contas não tem poder sancionatório e, de resto, o Alberto João é inimputável. Este tipo de casos, em Portugal, resolve-se com paciência e dinheiro; porém, a larga maioria dos portugueses já não tem uma coisa, nem outra.




O princípio de distante e triste fim

"O princípio do fim" tornou-se uma espécie de slogan do governo, propalado pelo PM, Passos Coelho, e pelo Ministro das Finanças. Dizem eles que 2012 marcará "o princípio do fim da crise", sem, contudo, se comprometerem tão explicitamente com o ano do fim. Não sabem e escusam-se a empolar a incapacidade de previsão revelada.
O jornal "i", para suprir falhas e contradições da comunicação do governo, elenca um série de cortes em despesa pública programados para 2012. Atingirão os 4 mil milhões de euros, segundo a notícia.
Todavia, sem datar o fim, a meu ver penosamente distante e triste, Gaspar, diz o jornal, em 2013 ainda manterá duras medidas de cortes na Administração Central (500 milhões), Saúde (375 milhões) e Educação (175 milhões).
Conheço o conto 'A Eterna Noiva'. Viveu iludida por constante promessa de matrimónio feliz e breve. Infeliz, envelheceu e faleceu em eterno noivado. "O princípio do fim", propagandeado pelo governo, é também um géneri de promessa de felicidade, insinuada como próxima, mas sem desfecho feliz à vista.
A listagem de despesas a cortar, publicada pelo "i", é uma espécie de lembrete das condições do memorando da troika, a cujo cumprimento o governo está vinculado; condições essas que, aqui e acolá, quando está com o apetite de abocanhar em força, o governo zelosamente excede.
Segundo as últimas previsões, o cenário internacional, marcado pela crise do euro, ainda tornará mais complexas as metas do governo de sustentar parte substantiva da actividade económica nas exportações.
Internamente, com congelamento e corte de pensões, congelamento e corte de salários dos excedentários na função pública, aumentos do IVA e outras medidas do género, 2012 será certamente um ano muito recessivo. Vamos a caminho da Grécia, o triste fim está lá. Entramos pelo Pireu, sempre é mais calma e não está longe de Atenas.  

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Liberdade total no mercado de trabalho

Imagem obtida de
http://humanitatis.net/
Há dias sucedeu no Reino Unido, onde 23 cidadãos foram detectados pelas autoridades, em situação de escravatura. Agora a imprensa revela o caso de um português de Vila Viçosa, escravizado. Terá sido aliciado para trabalhos agrícolas em Espanha, com o estatuto de 'bem transaccionável', autêntica propriedade subordinada ao direito ilimitado de uso pelos donos. Chegou a ser trocado por um automóvel. Não sei se grande ou pequeno e de que ano. Talvez um 'Seat' do anos 1990, a cair de podre.
A exploração esclavagista de cidadãos, recorrente e  impune, ilustra como a liberdade total no mercado de trabalho é, de facto, um objectivo que trará a uma infinitésima parte da humanidade a felicidade material suprema. 
- Viva o capitalismo selvagem e o tráfego humano! - Saúdam os ideólogos das relações laborais sem lei.


TSU: a tirania do FMI




Poul Thomsen, com a tirania própria do FMI, exige ao governo português o corte abrupto de 8% na TSU (Taxa Social Única). A insistente imposição do nefasto FMI, no âmbito do ponto 39, página 14do memorando da troika de 17 de Maio, se aplicada, traduzir-se-á  pesada quebra de receitas pela Segurança Social, equivalente a 2% do PIB, cerca de 3,4 mil milhões de euros – o PIB português foi estimado em 172.720 milhões em 2010 e, para este ano, segundo o Banco de Portugal, prevê-se uma queda de 0,8%. Espera-se, pois, que se fixará à volta de 171.340 milhões de euros.
Thomsen, como Vítor Gaspar e tantos outros que têm gerido as nossas finanças públicas, não ultrapassam, de facto, a visão monetarista de tecnocratas da banca. Ignoram, e por maior força de razão o dinamarquês, a realidade do tecido económico e social do País.
O objectivo, argumenta o dinamarquês, é dotar as empresas de maior competitividade. Neste aspecto, não poderia estar mais de acordo com Helena Garrido, quando afirma que Thomsen e o FMI pretendem fazer equivaler uma desvalorização fiscal, a redução da TSU, a uma desvalorização da moeda.
A segunda das citadas hipóteses tem efeitos práticos e imediatos, ao passo que, relativamente à primeira, não existe a mínima garantia de que todas as empresas vão repercutir a descida da TSU em abaixamento de preços – se e quando a medida for avançada, veremos que, na maioria dos preços de bens no ‘Pingo Doce’ e no ‘Continente’, por exemplo, não se reflectirão em sensíveis benefícios para os consumidores.
No tocante a empresas exportadoras, com 4% de redução da TSU a corresponder a quebras de 0,5% a 0,8% nos custos directos de produção, torna-se evidente que não é por esta via que advirá a melhoria de competitividade Servirá, quando muito, para verem aumentadas residualmente as margens de comercialização.
Alegam ainda os intransigentes defensores da redução da TSU que, do ponto de vista de receitas fiscais, a medida será compensada com aumentos do IVA. Ou desconhecem os mecanismos de mercado, acreditando que a procura interna não reagirá aos aumentos, ou ignoram características próprias do mercado português; ou ainda nem sequer pensam neste tipo de questões. Venham aqui ao Alentejo, à região de Elvas por exemplo, e verifiquem a crescente corrida de consumidores portugueses a Espanha para aquisição de combustíveis e de bens de consumo corrente, que são taxados no país vizinho com impostos mais baixos. O mesmo sucede, estou certo, em outras regiões transfronteiriças.
Não esqueçamos igualmente o efeito deveras preocupante sobre a sustentabilidade do sistema de segurança social. Segundo a síntese da execução orçamental, página 23, de Agosto último, os gastos em pensões, outras prestações sociais e despesas correntes atingiram 13.333 milhões de euros de Janeiro a Julho de 2011. As receitas, por sua vez, cifraram-se em 13.634 milhões. Se extrapolássemos, de forma simplificada, para Dezembro de 2011, os valores seriam de 22.856 milhões (despesa) e 23.372 (receita), respectivamente. Se reduzirmos a esta última, 3.400 milhões, como poderá o sistema sobreviver? Com receitas compensatórias do IVA, duvido e muito.
Por último, e referindo aquilo que Passos Coelho prometeu em termos de corte da TSU na campanha eleitoral, é óbvio tratar-se de mais uma promessa de quem, a todo o custo, quis o poder sem conhecer  a situação real do País e as suas contas. Nesta opinião, estou em sintonia com o que Miguel de Sousa Tavares escreveu no ‘Expresso’ no último fim-de-semana. E na maioria dos casos nem partilho das suas ideias.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Afinal Sarah, Cocaine Party?

Vai um chá?

O fenómeno é recorrente na vida. Dizem-nos uma coisa e afinal é outra. Completamente diferente.
Todavia, de Sarah Palin, a puríssima figura ultra-conservadora republicana, musa inspiradora e criadora do cristalino movimento 'Tea Party', não esperava tamanha desilusão. A cândida Sarah, afinal, andou metida em 'Coca Parties'  e traíu o marido. Nada como beneficiar de um ar ingénuo, inocente e arranjadinho para enganar a malta.  

Acreditam? Eu não

Em resposta a uma interpelação de Jerónimo de Sousa, Passos Coelho garantiu:
 "Não há mais medidas de austeridade"
De seguida, esclareceu que a missiva dirigida pelo ministro Vítor Gaspar às entidades da troika foi "uma carta típica".
Quem acredita nestas afirmações do primeiro-ministro? Eu alinho pelo lado dos cépticos. Estou tentado a crer, isso sim, de que se trata de outra mentira típica de Passos Coelho. Do género das balelas com que asseverava que reduzir o subsídio de Natal seria "um disparate" e que não haveria aumento de impostos, mas sim cortes nas "gorduras do Estado", célebre definição do rubicundo Catroga.
Não estamos em campanha eleitoral, mas Coelho receia as vozes da rua. Pelo sim, pelo não, mais vale prevenir do que remediar.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PSD e os limites financeiros na CRP

O líder parlamentar do PSD, Montenegro, um apelido em sintonia com o governo que nos desgoverna a vida e a crise em erupção, ergueu a voz numa Cova, a da Beira, amparado pela Serra da Estrela e, entre cabras e ovelhas, proferiu com energia:
"O PSD não avançará com uma proposta de revisão constitucional nesta sessão legislativa. Mas abre uma excepção para constitucionalizar um limite do défice"
Com sentido de colaboração, permito-me sugerir a Montenegro e companheiros de bancada que, além do limite do défice orçamental, proponham também um limite constitucional às quedas das bolsas. Sim,  porque  o documentado pelo gráfico   é um atentado aos mais elementares interesses da nação, em especial dos mais desprotegidos e das IPSS's visitadas no Fundão, segundo o ritual folclórico do costume, pela comitiva parlamentar laranja: 

Clique aqui para ver o gráfico em tempo-real sobre PSI 20 Index 6 Meses
Sem protecção constitucional, motivo do pungente apelo a Montenegro e companheiros, as bolsas, com as europeias em destaque, registaram hoje acentuadas quedas e o PSI 20, por solidariedade - apenas por solidariedade - sentiu-se forçado a cair  -4,19% - uma barbaridade para o BES  (-7,73%), a SONAE (-6,40%), a BRISA (-5,84%) e mais um ror de outras cotadas na bolsa lisboeta.
Ricardo Salgado, Belmiro de Azevedo, Vasco de Mello e outros cidadãos devotados  ao desenvolvimento nacional  não mereciam, de todo, este ou outro abrupto castigo, uma vez que estão inteiramente desguarnecidos da protecção da CRP contra limites de perdas na bolsa. 
Os malditos 'mercados e investidores', cães que não conhecem os donos, viraram-se sem dó nem piedade contra esta gente de má sorte, em vez de financiarem a aplicação da suprema doutrina de partir a espinha aos sindicatos, do preclaro António Ribeiro Ferreira.
A infelicidade bolsista é, na dolorosa transe do momento, uma fatalidade para os mais dedicados à causa dos desafortunados bolsistas, de suadas fortunas Coitado deste pobre António. Ainda por cima as verdadeiras espinhas não o poupam e,  de garganta espinhada, é forçado e assíduo utente das urgências hospitalares. Sempre atentido por médicos e enfermeiros sindicalistas. Ironias da vida. Sem espinhas!

domingo, 11 de setembro de 2011

Seguro invadirá a 'Quadratura do Círculo'




O episódio ocorrido, no Congresso do PS, entre Seguro e Costa é demasiado ridículo para ser encarado a sério. Assim, e porque a única certeza que nos resta é a de que com políticos deste tipo, na oposição como no governo, o País estiola, o preferível é esquecer o sucedido e divertirmo-nos um pouco.
Depois de ter visto as imagens da TVI, com cadeira para lá, cadeira para cá, levanta-se um e senta-se outro, lembrei-me logo de um jogo dos tempos de infância: "dança das cadeiras".  
Como é sabido, nesse jogo, havia, por exemplo, 6 pretendentes a sentar-se e apenas 5 cadeiras disponíveis, à volta das quais todos rodavam. Tocava-se a raspa, havia uma súbita interrupção da música e os 5 mais de reflexos mais rápidos sentavam-se; quem tinha ficado de pé saía e prosseguia-se até ao ponto de haver 2 jogadores e apenas uma cadeira.
Segundo informações secretas a que acedi, "the game between Seguro and Costa will be GOING ON"; e então se vai continuar a disputa de uma cadeira televisiva pelos dois políticos, tenho que admitir a alta probabilidade de Seguro irromper um destes dias SIC adentro, em direcção ao 'Programa Quadratura do Ciclo'. Como não existe cadeira vaga, senta-se ao colo de Pacheco Pereira a zombar com o Costa. Este, sempre com horror a quem é mediático, aproveita o pretexto e abandona os estúdios. E os portugueses divertem-se - pobretes, mas alegretes
 
        

sábado, 10 de setembro de 2011

Os 11/9 no plano mediático



Completa-se amanhã o 10.º aniversário do 11 de Setembro nos EUA. As imagens da deplorável investida contra as Torres Gémeas constituem, de facto, um ícone de que a comunicação social, TV's em especial, se servem para o negócio mediático. O revoltante, muito revoltante mesmo, foi o assasínio colectivo de cerca de 3.000 cidadãos de várias nacionalidades, acto condenável perpetrado por militantes indecorosos do, por sua vez também indecoroso, movimento extremista e fundamentalista da Al-Qaeda.
Todavia, o 11/9 em solo norte-americano não se reduziu a esse dramático episódio. Houve ainda o ataque ao Pentágono, bem como o despenhar do Boieng 757 e a morte de 45 pessoas, passageiros e tripulação, que viajavam no voo 93 da United Airlines; em resultado, diga-se, da acção de aviões F-16 da força aérea norte-americana. A denúncia pública mais forte deste grave incidente foi feita através do filme 'Voo 93' do realizador Paul Greengrass.
Um ex-companheiro de trabalho, especialista da área, costumava dizer-me que os EUA e os acontecimentos mais significativos da vida histórica e política daquele país, verdadeiros ou simulados, eram produtos de 'marketing'. E as prioridades das notícias do 11/9 parecem confirmar esta visão. Respeitando aos EUA e seguindo o princípio de quanto mais mortes houver e mais exuberantes forem as imagens aterradoras, melhor matéria-prima existirá para propaganda e, em simultâneo, obter o sucesso de vastas audiências.
A problemática do 'interesse mediático', em prejuízo da informação imparcial e abrangente, vem a propósito da coincidência da data, 11 de Setembro, em que, no ano de 1973, Pinochet cometeu o crime de assassínio do presidente Salvador Allende e iniciou um horrendo processo de exterminação de 30.000 cidadãos do Chile. Os actos de Pinochet e dos homens às suas ordens são de facto criminosos, e pelo menos tão graves!, como aqueles que foram perpetrados em 2001 pelos fanáticos servidores do felizmente defunto Bin Laden.
Porém, a escassez de imagens e a falta de interesse em divulgar as poucas existentes justificam a raridade das notícias e a parcimónia de recordar a data. E Chile e EUA não são bem a mesma coisa.
Os crimes contra a humanidade estão, pois, sujeitos a critérios de avaliação e divulgação diferenciados, em função de quem, como e por que razão os executa. Isto não é ético, nem defensável seja qual for o argumento a que se recorra.
Por este conjunto de motivos, é inteiramente oportuno que o meu amigo JJC interrogue no 'Aventar': 11 de Setembro, qual dos dois? Com efeito, não é justo produzir a eito notícias de um e esquecer o outro. Independentemente de qualquer que seja o privilegiado e o omitido.