quinta-feira, 31 de maio de 2012

Das Finanças à Educação: incompetência, maldade ou demagogia?

O governo actual já deu provas eloquentes de que os cidadãos, jovens ou idosos, não constituem o principal objectivo da orientação da suas políticas.
Hoje, e apesar da atrapalhada justificação de Passos Coelho, os portugueses souberam que a Direcção-Geral do Orçamento, na esfera de poderes do sábio Gaspar, errou gravemente nos números da ‘execução orçamental’. As receitas fiscais, se comparadas com o período homólogo de 2011,tiveram uma redução de 6,8% contra os 3,5% anunciados pelo governo – a UTAO – Unidade Técnica de Apoio Orçamental detectou o erro.
A dilatada  diferença nas contas fiscais traduziram-se num défice orçamental, no 1.º trimestre de 2012, de 7,4%, distante dos 4,5% que é objectivo anual do governo. Enfim, além de penar, estamos condenados às incapacidades dos incompetentes.
De aldabrão em aldabrão, o caminho é óbvio; percorre-se o itinerário de aldrabice a aldrabice, independentemente da área governativa. Agora o Crato, que se tem na conta de político intacto, deliberou atribuir trabalho comunitário aos alunos faltosos. Uma medida de alcance social profunda  e de efeitos benéficos incalculáveis. Os jovens faltosos, na maioria dos casos, vítimas de situações familiares complexas (desemprego, alcoolismo, toxicodependência e outras desestruturações de ordem familiar), certamente converter-se-ão em alunos pontuais e exemplares, entretanto muito úteis à sociedade graças ao Prof. Crato.
As comunidades de cidadãos felizes e confortados, de Alguidares de Baixo a Freio de Espada ao Ombro, usufruirão, além do mais, de ruas limpas, de prédios sem ‘grafitti’ e de relvados de suave toque, coloridos por gerberas, crisântemos, rosas, dálias e jasmim. Os narcisos estão indisponíveis, uma vez que estão plantados na sofisticada estufa do governo, ainda para mais arrelvada.
Apesar de tantos disparates, pergunto: será incompetência, maldade ou demagogia? Provavelmente, uma porção de cada coisa.  Resta-nos penar até quando? 
 

Tanto mar…

dinheiroAndam por aí uns quantos a malhar no Sócrates, a torto e a direito. Malhem à vontade nele, no Vara e em outros socialistas que lhe apareçam pela frente. Porém, não esqueçam a existência do ‘bloco central’ e que, do lado laranja, estamos também bem servidos de pestes. Basta lembrar o caso BPN.
Alaranjando, pois, a conversa, chega de Silva Carvalho e de Relvas por ora, tiremos da prateleira a obra Duarte Lima. Um homem de sucesso na política que um dia tentou a sorte pelo caminho dos negócios e do dinheiro.
As coisas, porém, correram mal ao Lima. Primeiro, ingenuamente, viu-se envolvido numa operação duvidosa junto do BPN, destinada a transferir o IPO para Oeiras e a outros projectos imobiliários, em conjugação com a autarquia do Isaltino. Sem mais nem ontem, acabou detido por efeito de medida de coacção. Agora, está em casa mais tranquilo, na comodidade lar, usa pulseirinha electrónica. Sim, pulseirinha e-le-tró-ni-ca que não é para qualquer ‘borra botas’.
Lá longe em Saquarema, a uns tantos quilómetros do Rio, está em curso a audiência em que o coitado do Lima é acusado de homicídio de Rosalina Ribeiro, ex-secretária e companheira – já não se diz amante? – de Lúcio Thomé Feteira que, por acaso, até foi meu patrão. Olímpia, a filha de Lúcio, apareceu de surpresa para denunciar junto do tribunal que, da conta da Rosalina para a conta do Lima, voaram mais de 5 milhões de euros – pertencentes a fundos da herança, segundo ela.
A ministra Paula Teixeira da Cruz há tempos garantiu que, a despeito dos acordos entre Brasil e Portugal, Duarte Lima poderá ser extraditado para território brasileiro, no âmbito deste caso.
O Chico Buarque, em regozijo e arrebatamento de felicidade, escreveu e cantou ‘Tanto Mar’. No presente, espero eu que, por imperativo de justiça,  Duarte Lima seja mesmo entregue às autoridades judiciais brasileiras, e que a canção não vire lamento: “Tanto mar é impossível a um arguido navegar”.

A Justiça da Relação ou Relativa?

Em casos transitados pelo nosso sistema judicial, aparentemente idênticos ou semelhantes, a opinião pública depara-se com deliberações absolutamente díspares no julgamento e condenações em tribunal.
José Edudardo Simões, presidente da Académica, viu transformada a pena em efectiva e agravada para seis anos e meio de prisão, pelo Tribunal de Relação de Coimbra – o Tribunal de1.ª Instância tinha-lhe aplicado quatro anos e sete meses de pena suspensa. Sublinhe-se que, no pronunciamento da condenação, o colectivo de juízes teve em consideração que o dirigente não procurou “auferir vantagem para si próprio”, mas para a Académica.
É inevitável estabelecer comparações entre este e outros casos mediáticos.
À memória, salta-me de imediato o sinuoso Isaltino que viu o Tribunal da Relação de Lisboa reduzir-lhe a pena de 7 para 2 anos, por ilícitos do género.
Todavia, há mais e até no seio do próprio futebol. No famosa  contratação de barcos-alojamento para a Expo 98, Godinho Lopes, actual presidente do Sporting, e outros, em processo que demorou 11 anos a ser julgado,  foram absolvidos. Estavam em causa contratos celebrados por ajuste directo e que, segundo o jornal “i”, lesaram o Estado em 20 milhões de euros.
Não sou adepto da Académica, mas, perante isto e o deplorável espectáculo  de promiscuidade entre futebol e política, tenho muitíssimas dúvidas se o homem seria condenado, se, em vez de José Simões, se chamasse Pinto da Costa ou Filipe Vieira.
Uma coisa é certa, justiça e iniquidade são conceitos incompatíveis. Todavia, parece que entre nós, em especial a Justiça da Relação é, pelo menos, muito relativa.

terça-feira, 29 de maio de 2012

O humilde Santana Lopes

santana_lopes
Fonte: Juxtapoz
De humilde vida, sem salário da Santa Casa da Misericórdia, de que é provedor, o Lopes foi até ao Maputo, hospedando-se numa suite do Hotel Polana. Quem pagou? Não interessa. Mais a mais em África, é forçoso assegurar a um político de gostos sociais refinados e mulherengo muito ‘fuck’, alguma ‘shit’ e que acabe sempre ‘up!’.  
Os fp’s, reformados e pensionistas que paguem a crise, pois então.  

ICAR e Vaticano, um mundo de imundícies

Os escândalos, desmandos e desumanidades que, a ritmo infrene, emergem no seio da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) constituem um conjunto de perversões; a preencher, aliás, o álbum de muitas outras,  historicamente funestas.
Será escusado pormenorizar. Todavia, é útil lembrar alguns dos obscenos acontecimentos, cuja responsabilidade se centra em freiras, padres, bispos e altos dignitários da ICAR – as suspeitas da autoria e causa da morte do Papa João Paulo I, por exemplo, remanescem como intrigante mistério, silenciado  nesse antro papal, cardinalíceo e lúgubre às portas de Roma.
A história de continuadas práticas de pedofilia, nos quatro cantos do mundo, é consabida; o caso em Espanha de Sor Maria, freira suspeita de ter feito desaparecer cerca de 1.500 crianças; a condenação do cardeal, Marcinkus, entretanto falecido, por ter causado a bancarrota do Banco Ambrosiano, homem, diga-se, que o Vaticano sempre protegeu com o argumento da imunidade diplomática e lhe deu fuga para os EUA. Sem recuar a outros tempos e episódios obscuros, estes casos ilustram os medonhos papéis a que a igreja se tem prestado.
É justamente na lógica desta existência espúria, atentatória da dignidade humana, em época de incontida disseminação da desigualdade, da pobreza e da miséria, que indiferente, sem moral nem ética, o topo da ICAR serve de guarida à ostentação do papa e seu séquito, bem como a um batalhão de cardeais e outros eclesiásticos. O Vaticano, há anos, acolhe gente vocacionada para a traficância e para o recurso a métodos de disputa de poder, próprios de perigosos ‘gangs’ marginais.
ICAR e Vaticano formam, de facto, um mundo de imundícies. Infelizmente é uma evidência.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O governo tira e dá milhões, a quem?

saco de dinheiro
Fundação para a Ciência e Tecnologia
O empreendedorismo e a inovação, em redundantes discursos de Passos e Crato (deixemos de lado o homem do ‘coiso’), percebi eu e muitos, serem causas dilectas e inalienáveis do governo. Afinal, parece tratar-se de mera campanha. No seguimento de outras hipocrisias, o financiamento do programa MIT Portugal foi decepado pelo governo. Fora firmado entre a FCT e o Massachusetts Institute of Technology em 2006; ter-se-ão formado 570 alunos, mas, pelos vistos, os resultados estão muito aquém de outras ambições governativas, afastando-se dos objectivos de empobrecimento, custe o que custar, de Passos Coelho.
É no carácter de homens impolutos, empenhados em resolver os graves problemas do País, que se justifica a venda do BPN por 40 M de euros ao par Isabel Santos+Américo Amorim, desonerando os compradores de avultados créditos de cobrança difícil. Nesta lógica, foi transferido para a Parvalorem, empresa de capitais públicos, um pesado calote, como a dívida ao citado BPN, no valor de 130 M de euros, de um tal Aprígio Santos, empresário destacado da Figueira da Foz e, como se vê, um cidadão de continhas direitas.
Conclusão
Tudo isto me leva a imaginar que o governo actual é a personificação do oposto à figura de ‘Robin dos Bosques’; isto é, rouba os pobres para dar aos riscos.
Há sempre sacos de dinheiro em movimento. Tira-se a estes (portugueses de vida comum e difícil) e dá-se àqueles (ricos e sugadores).
  

Relvas, o ‘Popeye’ português

popeye
“Marcelo, toma!”
O tio Marcelo e todos aqueles que pensam que Relvas é um homem derrotado, desenganem-se. Com ajuda dos espinafres, qual ‘Popeye’ português, o ministro vai sair mais forte deste caso, cantando vitória com um “Marcelo, toma!”.
Entretanto, o PR diz esperar uma resolução transparente do caso Relvas. Sim, os portugueses estão habituados a políticos fortes, de vida transparente. Nem percebo por que razão Cavaco se lembrou desta questão da transparência… nem esperaríamos outra coisa.

domingo, 27 de maio de 2012

Portugal: comportamentos de bom aluno

somos bons alunos
Fonte:Juxtapoz
Ainda há dias estivemos sob avaliação da ‘troika’. Classificaram-nos, de novo, de ‘bons alunos’; a grande distância dos ‘cábulas’ gregos, diz-se.
Problemas de desemprego? Estar desempregado é sempre uma oportunidade de, sendo enfermeira(o) ou de outra profissão qualificada, encontrar alguém disponível para lhe dar casa, comida e roupa lavada. A solução está encontrada e o estigma desvaneceu-se.
Ser pobre e ter fome não inquieta o governo. Os pobres e esfomeados que se desembaracem! Os outros oitenta por cento dos portugueses, através do Banco Alimentar, que os ajudem, pois é esse o seu dever.
Mas, saiba-se ainda que, na verdade, do que o País beneficia, incluindo da fama de ‘bom aluno’, é de quem se esfalfe, dias a fio, a vender produtos portugueses em distantes paragens da Ásia e da Oceânia. Um qualificado ‘caixeiro viajante’ é-nos sempre útil. O ‘staff’ trás as pastas carregadas de encomendas.

sábado, 26 de maio de 2012

A fera ferida é mais feroz

a fera
Jorge Silva Carvalho, individuo de dura e ameaçadora expressão facial e do mundo das ‘secretas’, jamais seria alguém com quem eu desejasse ter o mais fugaz dos contactos. Olho para as imagens do ex-espião (ex?) e a sua figura causa-me repugnância; lembro-me da PIDE que me perseguiu, deteve amigos meus, torturou e matou adversários do regime salazarista, a torto e a direito; anos a fio.
Os ‘Carvalhos’ de hoje parecem-me, de facto, os homens da PIDE, da Satsi, da KGB, da CIA e de outros antros congéneres;  uma espécie de territórios para feras que resultaram de determinado transformismo que escapou às teorias de Darwin.
O Silva Carvalho quer que o caso em que está envolvido siga de imediato para julgamento. Este género da espécie humano é assim: quer, exige e pronto!, o sistema tem de obedecer com reverência, porque, além do mais, a fera ferida torna-se mais feroz.
(Adenda: Já não apenas dos partidos da oposição a origem da exigência em relação ao caso 'Relvas/Público'. Também Antónico Capucho, um histórico do PSD, exige " que se vá até às últimas consequências") 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

As reflexões económicas de um não-economista

José Manuel Fernandes, socorrendo-se do ‘post’ do Prof. Pita Barros em ‘Momentos Económicos… e Não Só’, publica hoje no ‘Público’ um prolixo artigo a manifestar saturação da “conversa inconsequente” sobre ‘crescimento e emprego’.
Há um pormenor, que ele não explicita, mas em que eventualmente estaremos de acordo: a impossibilidade de coexistência de um programa de crescimento e emprego com a austeridade imposta pela “ajuda” externa, agora reforçada com o ‘Pacto Orçamental’ confeccionado pelo directório Merkozy. Defende, diga-se, com intransigência a solução de austeridade e, claro, as políticas do actual governo, a que me oponho.
JMF utiliza amiudadas vezes, e nem sempre assume, o texto do Prof.Pita Barros, académico que respeito mas com quem mantenho algumas discordâncias. Por exemplo, quando PB diz:
[o crescimento de curto prazo]…que só pode ser feito aproveitando a capacidade produtiva disponível e não utilizada.
Com a destruição do tecido económico – agricultura, pescas, indústria e serviços – a capacidade produtiva disponível e não utilizada ficou reduzida a cacos. Mesmo retirando da análise o sector das obras públicas e construção civil, essa capacidade produtiva está em final de processo de adiantado desmoronamento desde há 30 anos.



Gabinete de Relvas e a corda bamba

dança na corda bamba
O gabinete de Miguel Relvas está transformado em casa assombrada. O ministro, já de si, é desde sempre um homem hiperactivo, de intensas relações sociais e políticas – grande amigo de Jorge Coelho, outro impulsivo e bem impulsionado.
Porém, desde que se meteu com Silva Carvalho, os factos multilicaram-se e pioraram. Impelidas pelo homem das secretas e da Ongoing, as assombrações irrompem em catadupa. O pessoal do gabinete está perturbadíssimo. Sentem-se todos na ‘corda bamba’, mas não com a arte, destreza e tranquilidade que a imagem ilustra. Todos sofrem de palpitações e  estão em vertiginoso desequilíbrio; o adjunto Adelino Cunha acabou mesmo por se estatelar.
No governo, o ministro lidera a principal oficina das trapalhadas. Até os ‘novos Abrantes’ já andam a ficar baralhados.      


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Afinal Relvas terá mentido à ERC

Bárbara Reis, depois de ouvida durante duas horas e meia na ERC, garantiu que Miguel Relvas exerceu pressões sobre o jornal ‘Público’.
A ser assim, e acredito mais em Bárbara Reis do que em Miguel Relvas, o ministro terá mentido esta manhã à ERC, ao negar ter exercido pressões sobre a jornalista Maria José Oliveira.
Lá virão os “novos Abrantes” dissertar sobre a inocência, o carácter de homem bom e de palavra do Relvas.
O que Bárbara Reis afirmou na ERC é um facto que atrapalhará ou não? Quem lançou o tema para a discussão na blogosfera que responda!

(Adenda: por sugestão do meu amigo Helder Guerreiro li este comunicado do Conselho de Redacção do Público. Percebi, então, que a directora daquele jornal, Bárbara Reis, em conjunto com Miguel Gaspar, teve um comportamento sinuoso ao longo dos episódios 'Relvas/Público'.
Este 'post' foi redigido após ter assistido pela TV às declarações de Bárbara Reis à saída da reunião com a ERC e fiquei convencido de que ela tinha tido uma postura correcta, longe daquela que o CR do jornal agora divulga. Retiro, pois, a credibilidade que lhe atribuí. Mantenho, no entanto, o título do 'post' e a dúvida se Miguel Relvas não terá, de facto, mentido à ERC. Agora, com as alegações do citado CR, tal dúvida tende a desvanecer-se para dar lugar à certeza). 
  

Relvas negou ameaças na ERC–Que espanto!

Parece-me que ninguém de bom senso e em perfeito juízo esperaria que Miguel Relvas confessasse na ERC ter ameaçado Maria José Oliveira (MJO) do ‘Público’; nomeadamente, admitir tê-la intimidado com a divulgação de detalhes da vida privada  nas redes sociais.
Relvas sabia estar sob elevado risco. O trabalho de investigação jornalística de MJO sobre as “secretas” e as relações com Silva Carvalho poderiam redundar na demonstração de contradições e  comprometimento do político, nesse complexo nó de espúrios interesses e actividades.
Uma semana depois, e contrariando a promessa de se pronunciar por escrito junto da ERC, Relvas, no estilo putativo, palrador e simulado que lhe é peculiar, compareceu pessoalmente e negou a acusação. De resto, este comportamento é reflexo do perfil do 4.º homem mais poderoso de Portugal, segundo o ‘Jornal de Negócios’; está gravado a laser na notícia assim iniciada:
É um homem de negócios, com ligações a "petistas" no Brasil e a "santistas" em Angola. É um homem da maçonaria, de influências fortes. É um homem da política, domina o PSD, é o ministro mais poderoso de Passos Coelho, que o conhece melhor do que ninguém. Até porque ninguém o conhece muito bem. Embora ele conheça toda a gente.
Caso se tivesse declarado culpado, só ficariam incomodados e espantados(?) os “novos Abrantes” do Blasfémias e mais uns quantos tentáculos de apoiantes do governo na blogosfera.

A prometida Europa Social e Próspera

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Fonte: Bansky
Lamentamos
O estilo de vida que pediu está actualmente em ruptura de stock

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Défices maiores em Abril

gaspar
A execução orçamental relativa a Abril apresenta défices mais elevados do que o programado. E o Gaspar o que faz? Ri-se. É caso para lhe dizer: “Ri-te, ri-te…”

Agenda já há, o sonho do crescimento e emprego também

Os partidos da maioria governamental, a despeito da abstenção, obrigaram o PS a ceder em alguns pontos: ‘separação entre bancos comerciais e de investimento’ e ‘eliminação da hipótese de emissão de obrigações pelo BEI’, por exemplo.
Ao estilo daquelas tiradas hiperbólicas que por vezes lança, o presidente Cavaco saudou o acordo entre PS e partidos do governo, classificando-o de importantíssimo.
Importantíssimo? Pelos vistos o PR foi acometido da síndroma que atacou Seguro: a síndroma do irrealismo bacoco. Basta ler e comparar a proposta do PS com o Pacto Orçamental a que Portugal se vinculou a 13 de Abril passado, para se perceber da incompatibilidade das políticas decorrentes dos dois documentos. E nessa matéria, Portugal não tem voto. E tenho até as maiores dúvidas se Hollande conseguirá vencer Merkel e respectiva ‘entourage’. Infelizmente, nesta UE de directórios, contamos pouco, muito pouco.
Sem obrigações europeias (eurobonds), mesmo oriundas do BEI, a continuada recusa do BCE em ser credor de último recurso e as limitações ao endividamento impostas pelo pacto, pergunto: de que modo Portugal  se financiará com fundos complementares dos subsídios estruturais que a CE se diz pronta a disponibilizar?
Crescimento e emprego, sob severa austeridade, é mero sonho. Recessão e desemprego, esses sim, estão garantidos.  

terça-feira, 22 de maio de 2012

Medicamento para Parkinson? Vá a Espanha comprar ‘Sinemet’

Parkinson é uma doença degenerativa, condicionante da actividade muscular e obviamente das condições de vida de quem a sofre. O caso mais mediático de um portador da doença foi protagonizado pelo anterior papa, João Paulo II.
Segundo a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, estima-se que em Portugal existam cerca de 20.000 pessoas com tal patologia.
As políticas de saúde e do medicamento do bancário Paulo Macedo, decididas e executadas com displicência, propósitos economicistas e falta de conhecimento das necessidades dos doentes, estão a criar  situações inéditas em Portugal – este episódio de falta de medicamento faz-me lembrar Luanda nos anos 80 do século passado, onde a enorme carência de fármacos levava o ‘Clamoxyl’ a ser vendido à colher à porta do extinto mercado do Kinaxixi.
O presidente da APDP revela que a falta do ‘Sinemet’ é um fenómeno que já se vem repetindo há 3 meses e que, em rupturas passadas como na presente, os doentes têm de ir comprá-lo a Espanha. Tudo porque os preços do medicamento são mais baixos em Portugal e, então, é dada preferência à exportação, em detrimento do abastecimento do mercado nacional.
O que está a suceder apenas tem sentido na pátria do empobrecimento, fundada e governada pelo duo Passos e Portas. Como escrevi noutro ‘post’, com governantes e políticas destas, os portugueses passarão mesmo a morrer mais cedo e a esperança média de vida dos 80 anos virá por aí abaixo. 
  

A ilustração do dilema grego

o dilema grego
Fonte: Presseurop
O ‘cartoon’ é do talentoso e prestigiado Tom Janssen. De nacionalidade holandesa, trabalha regularmente para o diário local ‘Trouw’. Colabora também com outros jornais de renome, entre os quais o ‘New York Times’.
A minha reserva, em relação à ilustração, consiste em duvidar que a situação da Grécia se confine ao dilema: saída da zona euro a tiro ou cortes orçamentais à força de cutelo.
Em 17 de Junho próximo, face a anunciadas perspectivas de vitória do Syriza, ou mesmo de outro resultado eleitoral complexo, veremos se o dilema não se converterá em trilema ou em qualquer outro conjunto de opções mais numerosas e complexas; complexas para gregos, portugueses, espanhóis, irlandeses, italianos, Sr.ª Merkel e François Hollande. Em resumo, para a Zona Euro, a UE e a economia global.
Tenha-se, pois, a prudência de aguardar a ocasião exacta de saber qual será a opção e a arma aplicar.
Segundo o ‘Público’, citando o ‘Financial Times’, o BCE decidiu injectar no imediato 100 mil milhões de euros na banca grega. Conquanto se argumente que foi para salvar a Grécia, duvido ser esse o motivo impulsionador. Admito, ao invés,  que a operação não visou ser fundamentalmente uma ajuda à Grécia e aos gregos. Outros interesses de poderes e da banca europeia, bem lá do norte e do centro, se levantam.

Que porca de vida a nossa!

relatório da OCDE
Fonte: Jornal ‘Público’
A OCDE publicou um relatório de indicadores do bem-estar em 36 Países. Portugal, ficou qualificado no 29.º lugar. Poderia ser pior, considerará a tradicional resignação lusa. Um assomo de consolação não é sequer despropositado, diriam. Se olharmos em frente, vemos 28 melhores do que nós; mas, observando a retaguarda, há 7 países desgraçados bem piores.
Dos indicadores utilizados, é na ‘satisfação com a vida’ que nos revelamos abatidos, tristes e piegas. Caso para desabafar: “Que porca de vida a nossa!”. Resignemo-nos. É a vida.
No entanto, lido friamente o relatório, há, de facto, motivos  para satisfação, apreensão, resignação, alegria e descontentamento. Depende do tema.
Na esperança de vida, estamos nos 80 anos (83 nas mulheres e 77 nos homens). É bom (satisfação), faltando saber se as políticas de Paulo Macedo não vão começar a matar-nos mais cedo (apreensão). O rendimento por pessoa são cerca de 83,5% do valor médio da OCDE (resignação), mas com a particularidade de 20% dos portugueses de topo (alegria deles) auferirem 6 vezes mais do que os 20% que menos recebem (descontentamento dos pobres).
Mas há mais razões para ser compassivos com nós próprios, como manda a tradição judaico-cristã.  A própria OCDE, à parte do relatório, anunciou para Portugal: ‘Desemprego e défices mais altos podem levar as mais medidas’… de austeridade, claro.
Repetimos: “Que porca de vida a nossa!”. Há que mudar de vida e, para isso, arrasar o governo e o estilo de lacraus que há mais 30 anos governam o País.   

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Copo d’ água: 50 cêntimos com IVA?

Vida de uma Gota de Água
Como o vídeo demonstra, a vida de uma gota de água é difícil e fatigante. Provavelmente será mesmo tão dura como a vida de donos de cafés, bares e restaurantes,  vítimas da extorsão de rendimentos, redução da actividade e da política de desmandos do governo de Passos e Portas – quase sempre, este último é poupado nas críticas.
Sei de tudo isso!, mas daí a cobrar 50 cêntimos por cada copo de água é, de facto, relativo mas significativo sintoma de que a solidariedade humana já se começa a extinguir onde menos se espera; neste caso, até beneficia da aprovação da ASAE, refira-se.
Sempre ouvi dizer “Um copo de água não se nega a ninguém”, princípio desprezado por este Marmelete. Marmelete ou marmelo? Um autêntico pirata, o que, de resto, ajuda a perceber a origem do nome snack-bar.
A par de certa indignação, ainda fico com certas dúvidas de natureza fiscal. Será que o preço do copo de água no ‘Pirata’, os tais 50 cêntimos, contém IVA e é entregue ao Estado? E qual é a taxa aplicada? A mínima (6%) como estipula a Lista I do IVA para água da torneira ou será que o homem tem uma nascente de água aromatizada atrás do ‘snack’ e aplica 23%?
Se a moda vinga, ainda vamos ter gente pronta a morrer de sede, juntando-se ao cortejo que se aproxima da morte pelos caminhos da fome. Passos & Cia ficam felizes. É nova oportunidade de emigrar para o desconhecido.  

domingo, 20 de maio de 2012

A leitura

'Dias de Leitura' começou por ser prefácio de Marcel Proust da tradução de ‘Sésamo e os Lírios’ de Ruskin, escritor, poeta e desenhista inglês da época do Romantismo.
Mais tarde Proust viria a integrar esse texto em ‘A Raça Maldita’. 'Dias de Leitura' é, de facto, uma curta mas profunda obra de reflexão sobre o acto de ler; de comunicar com grandes criadores e narradores do passado, partilhando informação, bem como sofrimentos e alívios vividos em solidariedade e cumplicidade com as personagens de histórias em que nos fazem mergulhar.
Proust cita uma frase paradigmática de Descartes:
“A leitura de bons livros é uma conversa com as melhores pessoas do século passado”.
Ajustada aos tempos modernos, de produção literária mais intensiva, atrevo-me a dilatar o alcance temporal da frase, mas não o sentido. Seria absurdo resignarmos a ser contemporâneos de René Descartes que viveu no Século XVII.
De então para cá, para bem da humanidade, multiplicaram-se os livros bons, obras feitas a cinzel pelas melhores pessoas do mundo para essas conversas solitárias mantidas à volta de muitos passados, uns colados à epoca em que os textos brotaram, outros, além disto, intemporais - nem todos os livros são bons, acentue-se.
Na sequência do pensamento de Descartes, Proust acentua:
“A diferença essencial entre um livro e um amigo não está na maior ou menor erudição, mas na forma como comunicamos com ele.”
Com efeito, na leitura recebemos a comunicação de um outro pensamento mas solitariamente; ou seja, continuamos a gozar da força intelectual que existe na solidão e que a conversa imediatamente dissipa.
As reflexões de Proust sobre a leitura despertam-nos para o venturoso sentimento de ter vivido a comunicação com Camões, João de Barros, Eça, Camilo, Cesário, Pessoa, Tolstoi, Dostoiévski, Camus,  Thomas Mann, Jorge Amado, Drummond Andrade, Saramago, Mia Couto, Pepetela e tantos, tantos outros entretanto lidos, sem excluir, é óbvio, Marcel Proust.
   

O Cavaco que se emociona e impressiona

Sabíamos desde há muito que Cavaco raramente se engana e nunca tem dúvidas.
Necessitámos, porém, de esperar todo este tempo, para ficar a saber que, afinal, o PR também se emociona e impressiona. A pobreza do povo desassossega-lhe o espírito. No trajecto percorrido entre o aeroporto de Dili e o centro da cidade, o sofrimento atingiu-lhe a alma. Nunca tal lhe tinha sucedido nos percursos que faz entre o aeroporto Lisboa e Belém ou a Lapa. Deus esteve sempre com ele. Se, alguma vez, tivesse feito um itinerário diferente, deslocando-se para os lados da Musgueira, da Quinta do Mocho, das cercanias de Camarate e outras zonas bem mais próximas da Portela, Cavaco já estaria vacinado contra tais emoções e evitaria a eventual ingestão de sedativo lá nos confins do mundo.
Este é o problema de um homem, no caso Presidente da República. Todavia, há outro aspecto não menos preocupante acerca do comportamento e das reacções de Cavaco. Afirmar à comunicação social, como visitante institucional e em dia de festa dos timorenses, ter ficado emocionado e impressionado com a pobreza do país, não me parece atitude sensata e conforme os cânones da diplomacia. Sei que pode ser hipocrisia, mas existem condicionalismos e regras de convivência entre figuras institucionais de países diferentes. O recomendado seria comunicá-lo em privado e em estilo respeitoso aos dirigentes timorenses.  
Este episódio acabou por me esclarecer da razão por que Cavaco Silva ficou impávido e sereno ao ouvir em Praga as alarvices do presidente Vaklav Klaus, na visita à República Checa. São faces da mesma moeda.     

sábado, 19 de maio de 2012

Ó Relvas, Ó Relvas, nova bronca à vista

A época é do politicamente rasteiro, como, de forma eloquente e clara, José Pacheco Pereira demonstra no artigo, ‘A honra perdida dos partidos portugueses’ – salvaguardo que, no essencial, estou de acordo com o autor, embora em outros casos tenha tido divergências.
Avançámos no tempo, mas regredimos profundamente na qualidade dos políticos, em especial daqueles que reclamam pertencer ao ‘arco do poder’, PS, PSD e CDS.
Miguel Relvas, cujos desempenhos se saldam quase sempre pelo desastre, é um dos muitos e piores subprodutos da política. Tudo fruto das próprias limitações e de opções e estilo escolhidos. Tem vínculos ao mundo de vida maçónica, no que esta tem de mais perverso ao serviço de ambições e egoísmos pessoais. Movimenta-se e convive em meios pouco recomendáveis (Nuno Vasconcellos e Silva Carvalho não são propriamente boas companhias) e, em consequência de  obscuras trapalhadas, ameaça devassar a vida de uma jornalista do ‘Público’, acabando na humilhante condição de arrependido, a clamar desculpa à directora do Jornal.
Se o PM não fosse da mesma fornada ‘jota’, embora em versão mais asséptica no estilo, certamente demitiria Relvas ao som do refrão: “Ó Relvas, Ó Relvas, nova bronca à vista” Mas não o vai fazer… talvez os esquizofrénicos autarcas limpem esta manta de erva daninha.   

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O indestrutível e sólido ‘centrão’

passos e seguroArrufos e amuos são males menores de amor, diz a gente do povo. Uma vez ultrapassados, regressa a bonançosa paixão.
O ‘centrão’ é uma união de facto indestrutível, fabricada e mantida por políticos dessas duas centrais do poder, o PS e  o PSD. Há ocasiões em que estremece e ameaça ruir, acabando por  recompor-se com  solidez; desta feita, através de seguro caminho percorrido por passos matreiros.  
No esteio da tradição, os dois “ex-jotinhas” contemporâneos de então, reuniram-se e restabeleceram o diálogo. Seguro, no estilo do político errático e inconsistente, saiu satisfeito da reunião. O homem adora reuniões. Confiante, saudou:
A retoma do clima de diálogo que tinha sido interrompido


Desmantelar a rede é fácil, o pior é o resto…

Quando li a notícia do ‘Sol’ e do ‘Público’, disse de mim para mim: “desmantelar é fácil, o pior é o resto…”. Depois, permaneci algum tempo em suspenso; até inferir que, no pior como às vezes no  melhor, os portugueses estão entre os mais dotados do mundo.
A rede noticiada realizou operações de evasão fiscal e branqueamento de capitais, estimadas em mil milhões de euros. Liderada por um ex-director da UBS (Union des Banques Suisses), integrava a clientela do costume: empresários, advogados e políticos. Duarte Lima é um dos participantes e diz-se ter sido por essa rede que passou a transferência dos dinheiros da conta de Rosalina Ribeiro, ex-companheira de Lúcio Tomé Feteira, encontrada morta em Maricá.
Ao considerar que “o pior é o resto…”, penso exactamente na complexidade, e demora até à prescrição!, do nosso sistema judicial na resolução de processos relativos ao envolvimento de figuras socialmente conhecidas.
Todavia, para agravar os meus receios quanto aos inimputáveis do mundo, lembro a infinidade de operações e de movimentos financeiros, lesivos do interesse público de cada País, impostos pela força imperial do ‘sistema financeiro internacional’.
Hipocritamente criticado, sob promessas de depuração, em cimeiras do G-8, do G-20 e outros  areópagos, os resilientes paraísos fiscais e fortalezas congéneres continuam a desfrutar de liberdade plena, reforçando em contínuo e crescente movimento obscenas concentrações de fortunas e  desigualdades sociais aviltantes.
É urgente mudar este mundo.   

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Justiça à portuguesa

Há um suspeito – imaginemos o nome de Duarte Lima, por facilidade de raciocínio – a quem, no cumprimento do Código Processual Penal, foi aplicada a pena de coacção máxima: “prisão preventiva”.
Por aconselhamento de mediático advogado, esse homem, suspeito da prática dos crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais no processo relacionado com a compra de terrenos em Oeiras com verbas do Banco Português de Negócios (BPN),   decidiu confessar a responsabilidade dos crimes, com vista a inocentar o filho.
Confessados os crimes, e o consequente reforço de presumida culpabilidade do arguido, os magistrados do ministério público propuseram, e o juiz de instrução criminal concordou, aligeirar a medida de coacção para prisão domiciliária com vigilância electrónica.
Adensaram-se as causas da suspeição, mas, em sentido inverso, as condições da pena foram aligeiradas.
Aos olhos do cidadão, trata-se de nova decisão absurda, cometida por magistrados do desacreditado sistema de justiça nacional.
A procissão, porém, ainda vai no adro. Há que esperar recursos atrás de recursos até às “isaltinas” prescrições. 
Por outro lado, parte significativa da população - milhões de portugueses - está a desempenhar o papel de otários e pagar, sem pestanejar, os desmandos da equipa da ‘laranja mecânica’ no BPN. Como de outras cores, noutros casos.
...A propósito, boa viagem ao Prof. Cavaco Silva e à Dra. Maria Aldegundes - Adio, Adieu, Auf Wiedersehen, Goodbye!

Radicalismos: à esquerda, ao centro e à direita

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Edite Estrela, nascida em Belver em 1949 – a caminho dos 62 Edite? – constará da História da Política Portuguesa pós-25 de Abril, ao serviço do PS e dos amigos de partido (de) que fielmente (se) serviu. Serviço com serviço se paga.
Dizem que foi mulher de meritórias acções, motivadas, segundo as más línguas, pelos interesses de quem lhe foi e é útil nas ambições de carreira política. 
As opiniões negativas, manifestadas sobre os camaradas do PS no parlamento europeu, traduziram-se em insultos que os visados desvalorizaram. Chegou a afirmar que Ana Gomes, além de “descabelada”, era um verdadeiro ‘rottweiler’. A  irracionalidade é, desde sempre, causa de disparate.
Com a ascensão do Syriza a potencial vencedor das próximas eleições gregas, o “radicalismo” voltou a tema quente das ordens de trabalhos. Desta vez, porém, a polémica adquiriu uma euro-dimensão que, natural e explicitamente, excede os pensamentos e sons cacófatos de Edite.
Com efeito, e numa iniciativa apelidada na comunicação social de ‘esquerdismo radical’, foi  divulgado um manifesto da esquerda livre para provocar partidos. Signatários? Sérgio Godinho, Vitorino, Boaventura Sousa Santos, Elísio Estanque, Ana Bola, Ana Gomes, Inês Medeiros e outros ‘rottweilers’, cujo radicalismo de esquerda poupa a tia Edite, mas não Passos Coelho, Paulo Portas, Miguel Relvas, Miguel Macedo, Vítor Gaspar e outros – estou a lembrar-me do rubicundo Catroga – empenhados em mergulhar o País e o povo português em prolongadas e duras trevas.

Um vê a floresta, outro o arbusto

Os políticos, em democracia, são avaliados e escrutinados através da exposição pública, da  honestidade e confiança que inspiram, e ainda da capacidade de análise e visão estratégicas – saber distinguir o essencial do acessório, por exemplo.
No desempenho real, é notória a condição de superioridade de quem, como o líder do Syriza, Alexis Tsipras, firme e objectivo avisa a Sra. Merkel de que é tempo de terminar de brincar com a vida das pessoas; sobretudo, se comparado a políticos do estilo de Mota Soares, resignado e de fala saltitante, que se limita a considerar que o aumento do desemprego é o pior problema de Portugal
Tsipras valoriza a austeridade como a causa madre e determinante do que tem sucedido na Grécia e em outros países europeus. Mota Soares confunde um dos piores efeitos da política de austeridade, o desemprego, ao tomá-lo  por uma espécie de origem rebelde e insanável dos nossos males.
Um, Tsipras, vê a floresta; a vista do nosso frouxo ministro não alcança mais do que o arbusto. Ainda por cima, o insípido Soares tem a responsabilidade de repartir o amargo sabor de revisões das leis laborais, no sentido da proliferação do desemprego e da precariedade das relações de trabalho.
Mota Soares será limitado nas faculdades cognitivas ou intelectualmente desonesto? Provavelmente sofre de ambos os defeitos.   

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Paulo Macedo: a exclusividade do disparate na saúde

ambulânciaO bancário Paulo Macedo, elevado ao estatuto de ministro da saúde – ou da doença e da morte? – acaba de deliberar o fim da exclusividade de ambulâncias no transporte de doentes.
O sábio ministro, em obediência à troika, há-de ficar na história como um governante da saúde promotor da disseminação da doença, da morbilidade e até da morte. Tudo em respeito por princípios economicistas, naturalmente ignóbeis e desumanos.
Baniu, pois, a exclusividade de meios apropriados e, no que se refere a bombeiros, os únicos agentes qualificados para o transporte e socorro de doentes, incluindo a assistência a partos  – existem, pelo menos, 27 ambulâncias medicalizadas no país. Têm equipamentos tecnologicamente avançados de socorrismo; caso dos desfibrilhadores para valer a vítimas de enfarte agudo do miocárdio e assegurar a sobrevivência de doentes até chegarem aos serviços de emergência hospitalar. A preparação dos bombeiros socorristas é, em certas situações clínicas, peça essencial do processo de preservação da vida do doente.

Desemprego: a multiplicação das oportunidades

O desemprego, anunciado pelo INE, disparou para 14,9% no final do 1.º trimestre deste ano. Publicado pelo ‘Público’, o  gráfico, adiante reproduzido, permite uma imagem mais ilustrativa da intensidade da evolução do fenómeno:
gráfico
Há a registar que, segundo o Eurostat, a percentagem no final do mesmo trimestre era superior: 15,3%. A este facto, o ‘Jornal de Negócios’ adianta que, aos 819,3 mil desempregados anunciados pelo INE, devem adicionar-se 202 mil cidadãos disponíveis para trabalhar, mas considerados inactivos. O total excede, portanto, 1 milhão de pessoas.
Tudo isto, à semelhança desta notícia sobre a deterioração dos serviços de saúde, na senda do ‘custe o que custar’, deixará Passos Coelho eufórico. Notável a multiplicação de oportunidades e projectos de empreendedorismo através do crescimento do desemprego. Todos os meses caiem dos céus potenciais ‘Gates’ e ‘Zuckerbergs’ aos milhares. Que tamanha idiotice!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Merkel e Hollande em Berlim, à volta da Grécia

Arrancou em Berlim a era Merkel-Hollande. Do ponto de vista das emoções e afectos, fotógrafos e operadores de câmara tiveram de se contentar com imagens mais frugais. Aos sorrisos, beijos e até uma certa sensualidade do casal ‘Merkozy’, sucede agora a sobriedade institucional do ‘Merkande’  - fusão onomástica, acrónimo identificador ou aquilo que se queira chamar, em respeito pela substituição do elemento masculino do par.
Ao que se percebe das notícias de diversas fontes, 'Público', 'El País' e 'Le Monde' e ainda esta última, em encontro frio e de mútuo respeito, Merkel e Hollande escolheram a Grécia como tema principal das conversações. Ambos garantiram defender o objectivo de manter aquele país na ‘Zona Euro’. Curiosamente, a longilínea e sorridente Lagarde, directora-geral do FMI,   admite a "saída ordenada" da Grécia do euro. Krugman, por seu turno, vai ainda mais longe. Vaticina a saída do euro da Grécia e dos restantes países; ou seja, a extinção da moeda europeia. Krugman, no entanto, é um comentador muito volátil, como testemunhámos em Lisboa.

sábado, 12 de maio de 2012

Bernardo: sonhamos e prometemos por ti

Bernardo, já muitos escreveram e dissertaram bastante a teu respeito. Todavia, jamais expressaram tudo. É impossível. Nem neles, nem em mim há essa capacidade. Tu não és apenas passado. És presente e futuro.
Intemporal, partiste mas ficaste para sempre. Os sonhos dos outros e promessas, afinal também foram e são os teus. Continuarão, na infinidade do tempo, a expressar-se em sons das melodias por ti desenhadas sobre o teclado do piano, em ternos e harmoniosos gestos. O piano nunca ficará silencioso.
Adeus Bernardo! Sonhamos e prometemos sempre contigo, lado a lado.

15-M, a oportunidade dos indignados

Indignados 15-M
Reunião do movimento 15-M na Praça da Catalunha, Barcelona
Fonte: El País
Os indignados, em comemoração do 15 de Maio (15-M), voltam aos protestos de rua em Madrid, Barcelona e mais 80 cidades espanholas.
A contestação, materializada agora por propostas concretas segundo um dirigente de Barcelona, integra-se em movimentos semelhantes em diferentes países e cidades, como o ‘Occupy’ nos EUA e o 12-M em Lisboa.
No estrito respeito pela teoria de Passos Coelho, chegou agora uma soberba oportunidade que os desempregados não podem esbanjar: indignar-se e protestar.
O consenso a favor do 15-M é generalizado. Até um monárquico, indignado 24 horas por dia, até no sono, por viver numa sociedade republicana, compreende e diz que adora indignados. Eu também os adoro a todos, todos mesmo… desde que não sejam monárquicos e idiotas - uma intersecção de conjuntos, na lógica  . Limito-me a aplicar o ensinamento de Henry Ford: "O carro está disponível em qualquer cor, contanto que seja preto".

 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Desemprego: o desconcerto de Passos e Gaspar


desconcerto
O desconcerto do governo
Passos Coelho diz que o desemprego pode ser uma oportunidade para mudar de vida – talvez começarem a dedicar-se ao roubo, como alguém sugeriu.
Vítor Gaspar, em frase meio abstrusa, afirmou também hoje: “a satisfação de vida de um desempregado não se recupera”. Tomando em conta o teor das afirmações do ministro, teria sido mais correcto dizer: “para um desempregado a satisfação de vida é irrecuperável”.
Confrontadas as intervenções de Passos e Gaspar, convenhamos que há novo sinal público de desconcerto no discurso governativo, e justamente entre as mesmas personagens. Lembre-se a história da retoma do pagamento dos subsídios de férias e de Natal. Cada um disse coisa distinta, convergindo à posteriori para a mesma posição.
Começam a ser demasiadas desafinações, a despeito da crueldade social que os une.


Isaltino condenado? O processo não quer

isaltino
Oeiras marca o ritmo e resta ao processo obedecer e percorrer o itinerário para o objectivo certo.  Isaltino, sempre popular, generoso e optimista, também está seguro de que processo avançou mais dois passos no caminho da prescrição.
Ninguém venha de lá com as histórias do costume, a criticar os Tribunais de 1.ª instância, da Relação de Lisboa ou, em termos sumários, condenar o nosso Sistema de Justiça que, coitado!, faz o que pode e raro consegue condenar políticos, homens públicos e gente abastada, em geral.
De uma vez por todas, aprendam: em terras portuguesas, na justiça aplicada a políticos e ricos, qualquer processo judicial goza da prerrogativa de optar pela prescrição. Leis, decretos-lei, jurisprudências e instrumentos do género, assim como magistrados em geral nada podem fazer contra a vontade do processo. É mais do que soberana.
Somos, pois, um País cuja justiça se submete ao poder processual supremo. Graças aos senhores, amen.

O Nuninho dos ‘espiões reformados’ e das ‘espias no activo’

Nuno Vasconcellos_(2)Em Janeiro, Nuno Vasconcellos (NV) declarou  à Sábado: “estar habituado a trabalhar com espiões reformados”
Agora, aqui e aqui, revela-se haver  duas dirigentes do SIED – sim dirigentes!, não são umas espias vulgares – suspeitas de enviar dados económicos à Ongoing. NV, afinal, também tem o hábito de trabalhar com espias no activo. Portanto, mentiu.
Se houver mesmo a paciência de ler a entrevista à Sábado, percebe-se, sem esforço, que o homem é mesmo mentiroso.
Essa do avô, Manuel Rocha dos Santos, ter inventado o ‘Sonasol’, dando a ideia de que a sua família teve o domínio da Sociedade Nacional de Sabões, dos negócios do detergente ‘Super Pop’, da Sonadel, e dos óleos ‘Fula’ e Vegê’, da Sovena, constituem um chorrilho de  descabeladas aldrabices. São os empresários que temos. Que sina a deste País!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

‘La piovra’ à portuguesa

la piovra
Li esta notícia. Instintivamente, saltou-me à memória essa fabulosa série italiana, ‘La Piovra’ (O Polvo). Por que motivo? Coisas do meu instinto culinário, possivelmente.
Todavia, pensando bem, até temos ‘chefs de cuisine’ habilitados a preparar um bom prato de ‘La Piovra’ à portuguesa… apesar da modéstia de se dizerem desmemoriados.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

As convicções dos incompetentes

Da incompetência, da teimosia neoliberal de disseminar pobreza e miséria nos países em que governa, apenas quem não quer ou é incapaz de perceber tem dúvidas do efeito da austeridade. Na Europa, ao que parece em mudança, ainda há países e regiões, como a Ibéria, onde subsiste e domina a ideologia do monetarismo, dos números orçamentais, sem que aos políticos no poder incomode a destruição social e económica das sociedades que (des)governam.
O ardiloso e presunçoso Passos Coelho, no final da cimeira ibérica, teve o arrojo de afirmar:
Cegueira, maldade ou estupidez? Talvez um pouco de tudo e, nisto, esteve bem acompanhado pelo demagógico Rajoy que, tal como ele, está a fazer o contrário do que prometeu ao povo espanhol – deu-se ao luxo de gozar, numa cimeira europeia, com prometidos protestos perante a ameaça de liberalização das leis laborais. Quem quiser ver com olhos de ver, sabe de ciência certa que essa é uma das causas da desastrosa expansão do desemprego – 24,44%, mais de 5,6 milhões de desempregados, actualmente.

‘Polícias e Ladrões’, tema da cimeira ibérica

Os ladrões ibéricos, a partir da cimeira ibérica em cenário alfandegário, até ao Verão podem ficar tranquilos. Roubem à vontade e sem restrições de mobilidade.
Iniciado o tempo da canícula, começam os controlos móveis policiais entre Espanha e Portugal – o termo ‘entre’ é, de facto, demasiado ambíguo; pode compreender as relações de múltiplos géneros, das estaduais às sensuais.
Bom, mas de entre isto tudo, deduzo que a mobilidade será o trunfo dos polícias. Todavia, o duo Miguel Macedo e Fernández Diaz terá de contar com a aptidão dos ladrões com as capacidades reactivas à mobilidade policial, do género daquela que as seguintes imagens demonstram:
A polícia foi tão eficientemente móvel que ficou sem ladrões para deter.
Passados anos após ‘Polícias e Ladrões’ de Bruno Corbucci, Macedo e Diaz retomam, pois, o tema para fins policiais. O sucesso pode ou não estar garantido. Depende de quem tenha  de se mexer com rigor e de continuar a haver cobre e ouro para bifar. Sim, porque sem matéria não há ladrões, nem detenções, mesmo que a polícia seja móvel, dentro dos limites que o filme aconselha. Há, pois, o risco deste ambicioso e visionário projecto da cimeira ibérica ir por água abaixo.

Rajoy e Passos, na alfândega sem despachos

rajoy passosNa Alfândega do Porto, Rajoy e Passos protagonizam hoje a cimeira ibérica, depois de mais de três anos de interrupção.
Do conhecido e prestigiado espaço alfandegário, não se espera que saiam despachos especiais, uma vez que tudo o que seria útil  expedir voltaria à procedência. Ninguém compra, a estes dois vendedores de balelas, a austeridade, o desemprego e outras especialidades em que ganharam o estatuto de peritos do quanto pior melhor. De atrevidos e topetes, loucos e loucuras, está o mundo cheio e quem pode diz-lhes: “cheguem-se para lá!”
Curioso o trecho da notícia do ‘Público’, a propósito da não realização da cimeira há mais de três anos:
Em Lisboa, José Sócrates cedo se apercebeu de que os camaradas espanhóis queriam poupar-se a uma foto comprometedora. Portugal, já então à beira do resgate financeiro, não era boa companhia. A Espanha buscava distanciamento.
O que sucedeu, afinal, para se superar tal distanciamento? Portugal continua em crise. Entretanto, a Espanha que a ocultava, agora já não tem como encobrir a recessão, o agravamento das contas públicas, o desemprego altíssimo, o banco Bankia sem liquidez… enfim, Rajoy e Passos, tão mentirosos, conservadores e neoliberais, são termos de exacta equação e ficam perfeitos na mesma fotografia. Nem mais.
Comboios, negócios, energia e crise podem ser temas das conversas, diz o jornal; mas, nem os dois os levam a sério, remato eu. Conversas da treta, diriam o saudoso Feio e Pedro Gomes.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Imoralidades e imbecilidades

Olhemos para o destaque, relativo ao “Pingo Doce”, da 1.ª página da edição de hoje do “Diário Económico”:
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Para facilitar a leitura, realçamos o texto precedido pelo título:
“A Centromarca que reúne empresas de produtos de marca têm indícios de que a Jerónimo Martins está a tentar reflectir o custo da campanha do 1.º de Maio nos fornecedores. Se não pagarem alguns fornecedores receiam perder os contratos”
Por coincidência, também hoje, foi publicada em Diário da República a Lei 19/2012, reguladora do regime jurídico da concorrência, com efeitos a partir de Julho próximo. O âmbito e o alcance da citada lei ou são resultado de trabalho propositadamente imoral ou próprio de incapazes imbecis. Ou as duas coisas.
Segundo o jornal “i”, a partir de Julho próximo, a Autoridade da Concorrência poderá fazer buscas nas casas dos trabalhadores da empresa suspeitas de práticas restritivas . Óptimo! Entusiasmado, estou já a imaginar o Sebastião, presidente da AdC, a ordenar uma busca à casa da Gorete Camará, empregada de limpeza do “Pingo Doce” de A-dos-Cunhados. Objectivo: detectar comprovativos de cartas que a JM tenha enviado a fornecedores para “à posteriori” darem consentimento ao corte de preços contratados com vista ao financiamento da operação do 1.º. de Maio.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Bonificação eleitoral, uma exportação portuguesa para Grécia

Nós, ‘portugas’, consumidores ultra-especializados através das promoções do ‘Pingo Doce’, dos descontos em cartão do ‘Continente’, dos saldos em lojas de roupas, sapatos e quinquilharias em centros comerciais ou fora deles; nós, dizia, não estranhamos campanhas de bónus.Nem sabemos viver sem elas.
Sem dinheiro, e com o crédito reduzido pelos bancos, somos compensados no linear do hipermercado ou em qualquer loja - sem cartaz de desconto, a existência de loja já nem tem sentido em Portugal. Atente-se que até o ‘cartão da farmácia’ nos oferece champôs, cremes dermatológicos, pós para bichos na púbis ou preservativos, tudo à nossa escolha, como bonificação dos gastos em medicamentos para todas as patologias e maleitas. Da farmácia ao bazar, sabemos lá o que é comprar produtos sem bonificação.
O nosso estilo de vida, marcado por bónus e promoções, sei agora, foi replicado no sistema eleitoral grego: o partido maioritário tem um bónus de 50 deputados-extra não eleitos. Foi assim que a ‘Nova Democracia’ alcançou 109 lugares.
Da pátria da filosofia, chegaram-me as ideias fundadoras da organização política, da lógica, da ética e da estética. Em contrapartida, a Grécia converteu-se no mercado de sucesso de exportação do nosso conceito de vida bonificada,  agora aplicado à política.
Trata-se de um produto genuinamente nacional, à imagem da cortiça e do Vinho do Porto; contudo, neste caso, concebido no âmbito do marketing político, por “marketers” portugueses especialistas de elevado padrão. O argumento dessa exportação nacional sustentou-se no seguinte slogan:
“No processo de eleição, seja o partido vencedor e por cada deputado eleito, ganhe outro sem voto nem dor!”
Ó Gaspar, conta lá com mais esta entrada de fundos do exterior e divulga ao teu amigo Schäuble.  

 

Mais desonestidade, menos inteligência

Há quem equacione o tempo em relação à austeridade, na digestão, para eles amarga, dos resultados das eleições presidenciais francesas.  Ficaram mordidos - sejamos cerimoniosos na linguagem -com a vitória de François Hollande. Para essa gentinha, o tempo deverá ser curto na proliferação da pobreza e miséria, nesta Europa em que a Alemanha retomou o objectivo de ilegítimo domínio, na guerra agora económica, contra outros povos.  Para certos idiotas e cabotinos, parecem-lhes normais os  estilos actuais de governação dos ‘super-centros’ do Velho Continente, protagonizados pelo casal “Merkozy”. O nó desfez-se. Estão fulos! Eh, eh, eh, eh, eh, eh…
Com a inábil rejeição da realidade eleitoral de ontem, e  ignorando, por incapacidade própria, o percurso da História real da Europa desde o Séc. XIX, entregam-se à afanosa defesa das posições de Merkel. Prestam-se, submissos e ridículos, ao desempenho do papel de bobos.  Com o objectivo burlesco de agradar à nobreza e castigar a plebe.
Sem reconhecer os nomes pelos quais devem ser chamados os bois, nem dão conta de que estão a usar a fórmula mais desonestidade e menos inteligência. E não de mais tempo e menos austeridade, como imaginam e apregoam.