quinta-feira, 22 de maio de 2014

A trucagem de títulos jornalísticos

O ‘Público’ online, sob assinatura de João Pedro Pereira, publica uma notícia com o título:
‘Exportações cresceram 2,6% no primeiro trimestre’
Iniciamos naturalmente a leitura pelo 1.º parágrafo e o texto começa por dizer-nos:
“Subida das importações foi superior ao aumento das vendas ao estrangeiro.”
Continuamos a ler o mesmo texto que, em parágrafos intermédios, se dissocia do destaque do título e terminamos com um último parágrafo magistralmente contraditório relativamente a esse famigerado título:
“O défice comercial no trimestre foi de 1005 milhões de euros, acima dos 386 milhões observados no período homólogo.”
Sou assinante do ‘Público’, por entender tratar-se de um jornal  na maioria dos casos respeitador de normas de independência, sem dispensar a pluralidade e o contraditório entre autores de artigos de opinião. Se estou de acordo com Pacheco Pereira, obviamente que me oponho às dissertações de João Carlos Espada… e por aí adiante.
O que julgo intolerável, no âmbito de obrigações éticas e deontológicas, é justamente no estrito domínio noticioso haver manipulações pela via da trucagem (= emprego de truques na realização de qualquer coisa), com fins aparentes de favorecimento partidário.
Uma vez respeitada a ‘liberdade de expressão’, é obrigatório noticiar e titular o conteúdo de notícias com rigor, sem facciosismo de qualquer espécie. Ou então teremos os jornalistas do ‘Público’ em doce cumplicidade com a Helena Matos e outros autores do blogue ‘Blasfémias’.
Se se tratasse de outro jornal e do ‘Jugular’, próximo do PS, diria exactamente o mesmo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O que estes – e outros fazem – para obter os ‘tachos do PE’

Já os vi, via TV, a navegar em moliceiros e outro batel, denominado ‘Verónica’. Quem é a Verónica? Nuno Melo, Paulo Rangel? Que relação tem um passeio em moliceiro e outro na ‘Verónica’ com as ‘eleições europeias’, de uma Europa progressivamente a afundar-se e de um euro indissolúvel? Provavelmente que o ambiente é muito fluído, volátil e que a água, fonte da vida, é também factor da morte. Mesmo colectiva.
Também os topei ao lado do sabichão Marcelo, reclamando os votos na coligação para eleger Juncker. Rangel e Melo que se lixem! Passos Coelho não reagirá à aleivosia, aos fundamentos da filosofia política do populismo, nem renunciará à profunda reflexão do princípio sintetizada pela frase  as eleições que se lixem”. Desde que a ‘saída limpa’ seja nublosamente coberta de sujidade, isso é vital para o País.
A anedota Rangel e o rufia Nuno Melo certificaram, sem hesitações, o discurso de Marcelo e os pensamentos de Freitas do Amaral; por exemplo:
No fundo, confessado entre fanáticos, ignaros e amigos, admitem temer uma derrota histórica, por vitória do PS. A merda é a mesma, mas não há lugares para tantas moscas. Os “tachos no PE” exigem são limitados.

O BES, demasiado salgado, é produtor de perigosas bactérias financeiras

Há mais de um ano escrevi este ‘post’ a propósito de Ricardo Salgado, do BES e da influência nociva do ilustre cavalheiro e do banco a que ainda preside.
Como réplica, recebi a resposta telefónica de um tal Paulo Padrão (a quem chamei Paulo do Patrão), propondo conhecer-me pessoalmente em tons ameaçadores.
Há muito, e não é difícil, inferi do papel tenebroso de Salgado – é a classificação mínima que lhe posso atribuir – na Economia Portuguesa. Com cerca de 400 empresas no universo, da Escom (Angola) aos consórcios das PPPs das vias rodoviárias à saúde, que o grupo BES exerce sobre a economia nacional uma influência lesiva dos interesses nacionais,
A Economia Portuguesa, por braços armados de Governos, chamem-se Manuel Pinho (ex-ministro de Sócrates) ou Miguel Frasquilho (actual presidente da AICEP e ex-deputado do PSD) saí sempre perdedora – os interesses públicos foram atingidos de forma infame, em detrimento do interesse nacional, dos cidadãos trabalhadores que, mesmo os emigrantes, sofrem os efeitos de uma calamidade social que só encontra paralelo nos tempos da ‘Grande de Depressão’ e na era da I Guerra Mundial que a antecederam.
Várias vozes se ergueram e reclamaram o ilegítimo de grupos privilegiados, sendo sintomático que Rita Ferro, uma mulher afastada da esquerda e conhecedora dos meandros e pergaminhos da família Espírito Santo, se tenha também rebelado contra Ricardo Salgado.   
Mais tarde ou mais cedo, independentemente da tradicional complacência perante poderosos, e sobretudo banqueiros, do ‘sistema de justiça nacional’, a verdade é um incontrolável dilúvio, difícil de combater e muito menos ignorar.
O ‘Público’ anuncia:
Mais palavras com que fim? Os relatos do Banco de Portugal e da CMVM são instrumentos suficientes para deixar sem palavra todos os ‘Paulos do Patrão’ do BES… desde que as entendam, claro.

terça-feira, 20 de maio de 2014

As eleições europeias

A respeito dos resultados esperados, segundo opiniões abalizadas e abundantes, parece haver apenas um sólida certeza: a abstenção sairá vencedora, e não apenas em Portugal, sublinhe-se. Na UE, há mesmo a expectativa de uma quebra de participação que conduza a mais de 43% de abstencionistas, até agora o máximo histórico na totalidade dos países que integram a União.
Pessoalmente, lamento a recusa da participação eleitoral. No que respeita a Portugal, onde se espera serem atingidos números acima de 60%, o fenómeno presta-se a justificações, umas eventualmente especulativas, mas outras, a maioria, são consistentes e derivam de condições concretas:

  • ·      Os partidos mais europeístas, PS e PSD, e o flutuante CDS-PP jamais cuidaram de usar uma pedagogia duradoura e eficaz sobre o historial e os objectivos do ‘projecto da EU’, chegando ao ponto da ligeireza e superficialidade na elucidação dos cidadãos e mais lamentavelmente à iniciativa de os afastar de opções de fundo – a deliberação de não referendar o ‘Tratado de Lisboa’ é apenas mero exemplo;
  • ·        Desencadeada a crise, fruto essencialmente de factores externos, a realidade europeia através da política de austeridade da troika (FMI, CE e BCE) representou para centenas de milhares de portugueses - ou mesmo milhões em certos domínios – penosa quebra de rendimentos, o desemprego, a emigração de jovens e outros cidadãos qualificados, o corte de benefícios sociais nas prestações pecuniárias a carenciados, na saúde e no ensino, tudo factores a alimentar sentimentos anti-UE.
  • ·     A campanha eleitoral dos partidos do governo tem-se concentrado na baixa política, com um candidato ‘laranja’ que se repete desmedidamente em acusações e populismos e um parceiro com ar de rufia de frases soltas; ambos sem uma única ideia sobre o projecto europeu que realmente defendem para contrariar o directório da D. Merkel e as divagações do Sr. Draghi e consequentemente do BCE que têm conduzido a uma crise sem fim à vista e, por muito que escondam, não se limita aos outrora ‘PIIGS’ e hoje mais comummente ditos periféricos.
  • ·           O PS, acossado pela índole dos ataques internos às políticas que executou no passado, também não mostra capacidade de ultrapassar as polémicas domésticas e falar com clareza do tipo de projecto europeu por si proposto e que, infelizmente e seja ele qual for, se encontra manchado pelo ‘Tratado Orçamental’ aprovado por Seguro e suas hostes.
  • ·         BE e PCP, feitas as contas, são os mais assertivos nas propostas, mas, é sabido e uma plêiade de comentadores tendenciosos ajudam à exclusão, estão debilitados para obter do eleitorado uma representatividade minimamente significativa.  
De tudo isto, resulta que as eleições europeias não passam de uma espécie de balão de ensaio para as legislativas para o próximo ano, sem nenhum enquadramento estratégico compatível com a necessidade de alterar profundamente a sujeição à Alemanha e seus aliados, os novos sudetas holandeses, finlandeses e austríacos.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

EUROPA - um excelente artigo do ‘Huffington Post’ (Tradução)

Autor: Robert Kuttner, em 18 de Maio de 2014
Título original: The Road to Euro-Fascism

Título adaptado em português: O Caminho para o Euro-Fascismo

Como a depressão da Europa continua seis anos após o colapso financeiro de 2007-2008, o relógio funciona para partidos de extrema-direita obterem grandes ganhos nas eleições desta semana para o Parlamento Europeu da UE. E porque não? O posicionamento dos partidos do centro-direita da Europa e do centro-esquerda têm de aplicar políticas de austeridade e os interesses dos bancos à frente de uma recuperação económica real para os cidadãos normais.
Há mais de 20 anos atrás, quando a União Europeia criou a sua constituição sob a forma do Tratado de Maastricht, a esperança era de que a Europa representava um tecido social compacto para colocar os cidadãos em primeiro lugar. A Europa, especialmente no norte da Europa, era um modelo de salários decentes, benefícios sociais universais e regulação que impediam a riqueza de inundar a cidadania.
Hoje, no entanto, governos centristas ou de centro-direita, que patrocinam a austeridade ou aprovam isso, governam em todas as principais capitais europeias como França, e a França é demasiado fraca para seguir o seu próprio caminho. A crise económica com a sua elevada taxa de desemprego só estimula mais migração, o que coloca pressão sobre os mercados de trabalho locais e empurra a classe trabalhadora local ainda mais para os braços da extrema-direita nacionalista.
Na Europa, os partidos protofascistas são anti-imigrante, anti-Islão, anti-semita e anti-europeu e anti-União Europeia e constituem agora o segundo ou terceiro maior festival num cinto de sociedades anteriormente liberais que se estende desde a Noruega e Finlândia aos Países Baixos e França. Na Hungria, onde o antidemocrático nacionalista partido Fidesz já governa, vence o partido mais extremista Jobbik que está a conseguir ainda maiores ganhos.
Já estivemos aqui antes, claro. O fascismo Europeu foi alimentado em clima de elevada taxa de desemprego e ortodoxia económica. Após a segunda guerra mundial, as elites da época estavam mais preocupadas com a sustentação de valores da moeda e cobrar dívidas de guerra do que com a condição real da economia.
As democracias perderam legitimidade com o seu povo. Quando a estagnação da década de 1920 se agravou na profunda depressão da década de 1930, as pessoas desistiram de democracia.
Grandes bancos e empresas, em lugares como a Alemanha nazista e a fascista de Itália, gostaram do colapso da democracia. O fascismo clássico estava em aliança com um estado autocrático, elites financeiras e desesperadas pessoas comuns, que trocaram o ultranacionalismo pelos caprichos da democracia que não estava a servir para eles.
Se isso parece familiar, está a ser repetido hoje. A liderança política da Europa, o Banco Central Europeu, sob o comando da Chanceler alemã Angela Merkel, colocam as necessidades dos bancos em primeiro lugar e por último as pessoas. Ainda não temos o fascismo alarmante, mas temos as pré-condições.

O despesismo

Paulo Rangel, a quem, na campanha eleitoral europeia, já ouvi referir mil vezes o despesismo socialista, ao menos, por princípio de coerência, deveria estar igualmente perturbado e revoltado com os 1,2 milhões gastos no combóio ‘Celta’, de Julho de 2013 (arranque) a Março último. A expectativa é de que, em Agosto próximo, o prejuízo será de 2 milhões. A linha foi inaugurada pelos governos de Portugal e Espanha, através do ex-ministro Álvaro dos Santos Pereira e da sua homóloga espanhola, Ana Pastor.
O citado combóio liga Porto a Vigo, e vice-versa, em 2h15, sem paragens além das impostas por transitar em linha única, o que equivale a uma velocidade média de 50 km / hora. Também em média, transportou 26 passageiros por viagem.
Sou defensor do comboio com meio preferencial de transporte, reconhecendo que a existência de ligações devem ser consideradas um investimento social, quando o grau de utilização é equivalente àquele, por exemplo, existente à volta das cidades de Lisboa e Porto, ou mesmo o serviço ‘Alfa’. Ou então, por necessidades impostas pelo isolamento.
É, porém, muito recomendável fazer a natural avaliação de investimentos em novas linhas, em função da extensa e exagerada rede de auto-estradas criada e os indicadores de mobilidade dos cidadãos, afectada naturalmente pela crise, o envelhecimento e o incremento dos fluxos de emigração em expansão.
Quando os níveis de procura de bens e serviços registam refluxos, além de mais aguda reflexão das condicionantes do investimento em infraestruturas, talvez fosse mais curial a manutenção de outras, como algumas que o PET (Plano Estratégico de Transportes) encerrou, sob a alegação de falta de utilizadores.
O despesismo do ‘Bloco Central’ funciona nos moldes de um jogo de ténis: “agora bato eu, depois bastes tu…” e é esta pancadaria incessante iniciada desde Cavaco que tem debilitado o País e as nossas vidas. Tanto faz que o político seja Rangel, como Manuel. O nome identifica o individuo, mas não o carácter e muito menos a seriedade política.  

domingo, 18 de maio de 2014

O corpo dos ‘Sapadores Empresariais’

No âmbito e objectivos da célebre obra ‘Caminho para o Crescimento’ – há quem prefira designá-la por ‘The Road to Growth’, sempre é mais fino – é intenção do governo incumbir o Banco de Portugal de um sistema de alertas para empresas em risco de falir.
Caso o BdP recorra a uma estrutura de alarmes e sirenes, haverás zonas do país inundadas de luzes intermitentes e de ruídos ensurdecedores; outras, em especial no vasto e abandonado interior, os poucos cidadãos continuarão entregues à escuridão e ao silêncio de idosos.
Bom! Temos a obrigatoriedade de afugentar a ‘pieguice’. O governo é neoliberal, conservador ao estilo do movimento norte-americano ‘Tea Party’, sendo nosso dever usar, por momentos, as lentes do populismo da propaganda oca mas pretensamente impressiva; não olhar a questões de humanismo e alinharmo-nos, o mais possível, pelo frio e tecnocrático pragmatismo de quem nos (des)governa e de um dos seus aliados de eleição, o FMI.
Esta do Banco de Portugal, a tempo, alertar as empresas em risco de cair na insolvência, através de um “corpo especializado de sapadores”, é uma ideia brilhante, susceptível de estar apenas ao alcance de cérebros muito, muito iluminados. Merecia o ‘Nobel’!
Todavia, de tão brilhante e profunda, a interpretação da ideia nos seus efeitos práticos torna-se difusa na luz, nos sons e nos resultados. Capaz de causar perturbadoras e legítimas dúvidas.
Independentemente dos casos de gestão incompetente ou mesmo danosa, as empresas, na vasta maioria, desenvolvem a actividade em função dos níveis de procura para os bens e serviços que produzem; ou então, dependem de centros de decisão externos, sujeitando-se essa actividade a orientações externas; no limite e com frequência, chegam ao encerramento por deslocalização das unidades produtivas.
A insolvência, na maioria dos casos, é um processo de degradação progressiva. Umas vezes, os empresários alimentam expectativas de que, mais cedo ou mais tarde, conseguem o ultrapassar as dificuldades. Outras vezes, o desenvolvimento é de tal intensidade e imposto por condições de mercado que, por atrofia, dificilmente logram vencer – as políticas macroeconómicas governamentais, variáveis naturalmente exógenas, são insuperáveis, nomeadamente quando há quebra de rendimentos e consequentemente da procura interna. Os mercados externos, como está demonstrado, estão sujeitos a factores incontroláveis.
Nas causas das falências, há, pois, que tomar em consideração os efeitos destrutivos do encerramento, por deslocalização, de unidades fabris estrangeiras que, na melhor das hipóteses, se transformam em entrepostos de produtos importados com uma redução mais do que drástica do emprego. Os efeitos no comércio local, da restauração a lojas de tipo diverso, são devastadores em termos de insolvências. Isto em acréscimo a fornecedores de bens e serviços convertidos em desnecessários – transportes, parte das matérias-primas, materiais de embalagem e outros componentes do processo produtivo.
O fenómeno de insolvência, ao contrário de actividades médicas, em grande parte não se cura com medidas preventivas e muito menos com cuidados paliativos.
A Economia Portuguesa, sofre de problemas estruturais graves que este governo adensou, sendo irrealista confiar que o sistema de ‘sapadores empresariais’ do BdP possa combater uma degradação empresarial, produto, na generalidade dos casos da subordinação à globalização e a um projecto lesivo e incoerente da criação do euro, fiscal e economicamente disforme. Portanto, incapaz de criar um modelo de integração e equilíbrio entre os países da Zona Euro, ou mesmo na UE28, que sirva de solução para a coesão económica e social tão apregoada quando da assinatura do ‘Tratado de Maastricht’, que ainda há dias o “sapiente incipiente” Cavaco, como subscritor, elogiou como o caminho seguro da salvação de um País que há 3 anos começou na tal bancarrota, da qual ainda hoje não estamos libertos. Basta continuar a ouvir a ameaça do 2.º resgate.
Esta gente do governo não serve para governar e também demonstra falta de condições e perfil para ‘bombeiros voluntários’. É especializada na demagogia e em iludir os governados. 

A frase do ano!

Chegou-me através de uma amiga (MJC), mas não resisto a publicar:

O registo de humor não anula a triste realidade do caminho mais fácil das farmacêuticas na direcção do lucro. Em correspondência, aliás, a desejos de exibicionismo e prazeres pessoais que, característicos da perversidade e da superficialidade da vida humana, levam laboratórios e as sociedades em que vivemos a desprezar sérios problemas patológicos incuráveis e destruidores dessa mesma vida. E qualquer de nós não pode garantir estar livre de cair nas complexas malhas do Alzheimer.
Drauzio Varella é, de facto, uma figura muito prestigiada no Brasil, como oncologista, cientista e escritor. Vale a pena reflectir nos seus pensamentos.

sábado, 17 de maio de 2014

O provincianismo e as falácias planfetárias

O Conselho de Ministros (CM) realizou hoje a burlesca reunião do fim do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), o que não corresponde de forma alguma a uma ‘saída limpa’, mas na verdade ao tipo de ‘saída condicionada por poderosos parceiros do Norte da Europa, sob o comando da Alemanha’; muito menos à ‘saída da troika’ – até reembolsarmos 75% do empréstimo ao tenebroso triunvirato, 2030, Portugal estará sujeito a vigilância permanente e, portanto, não se ficará limitado ao controlo das propaladas visitas semestrais. O Ministério das Finanças será anfitrião de visitas frequentes de técnicos de segundo plano do FMI & Cia..
Agora, depois do PAEF e das gravosas medidas que lhe adicionou, o governo de Passos Coelho persiste em ludibriar os portugueses com o topete de que o País atingiu um estado de regeneração económico e financeiro sublime. Falso, profundamente falso.
A pobreza e milhares de famílias na miséria, que é a expressão mais dramática dos pobres, aumentaram; o tecido económico sofreu a destruição causada pelas políticas governamentais, as quais, em síntese, assentam na absurda e carregada de ligeireza estratégia de fazer aumentar as exportações, a todo o vapor.
No fundo, saliente-se, os resultados das vendas ao exterior dependem em parte substancial de dois operadores, AUTOEUROPA e PETROGAL, sucedendo que esta última, em termos de VAN – Valor Acrescentado Nacional ainda é mais incipiente do que a primeira. A contracção reflectida na quebra de – 0,7% do PIB do 1.º T deste ano é elucidativa e a AUTOEUROPA já desmentiu o governo.
É neste ambiente restritivo da capacidade de oferta ao exterior – importamos petróleo, exportamos vinho - que Portugal se confronta com dificuldades, das quais levaremos duas décadas a erguer-nos. Dependemos muito das políticas da política monetária da Zona Euro de onde, come se sabe, sopram ventos erráticos, susceptíveis de serem contra a corrente do nosso desenvolvimento socioeconómico e a favor das potências nortenhas.
Pouco há acrescentar a este role de infortúnios quanto ao conteúdo que é facilmente imaginável. Talvez possamos denunciar actos periféricos: o provincianismo do Sr. Moedas a exibir o documento em inglês, “The Road to Growth”.  Curiosamente, as traduções do ‘Memorando de Entendimento’, esta feita no blogue “Aventar”, e outras de documentos em inglês do FMI neste meu modesto blogue comprovam-no. Só tardiamente ou nunca, as autoridades portugueses entenderam divulgar em português os conteúdos de documentos fundamentais.
Por último, é imperativo destacar a seguinte afirmação do Sr. Moedas:
Este último período é a súmula das anacrónicas falácias planfetárias do governo, porque ‘os portugueses querem justamente voltar para trás’: nos salários e reformas da função pública, nas pensões do sector privado, na tributação de impostos, IRS e IVA, nas leis laborais, na taxa de desemprego, na dívida externa do País e em outros aspectos que este vídeo refere.
Sr. Moedas, como vê, não se trata de questão de trocos... 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O "sucesso da troika", contado pela Rádio Renascença

De facto, não se trata de um vídeo do BE ou de órgão de informação afecto ao PCP. É, pura e simplesmente, uma narrativa da Rádio Renascença do "desvio quase colossal da troika" que - acrescento eu - provavelmente a coligação governamental vai comemorar no Conselho de Ministros do próximo dia 17 de Maio:


Elucidativo da competência do Coelho, do Portas, da Albuquerque e infalivelmente do 1.º homem da 'troika', o caricato Gaspar.

D. Gertrudes: acabou-se o café e o croissant!

O homem é doente crónico. Cardíaco. No hospital público, as consultas externas têm o tempo de espera de um ano. A adensar esta demora, as ‘análises clínicas’ e ‘os exames complementares de diagnóstico’ estão sujeitos a maiores delongas, uma vez que dependem de prescrição médica.
Infeliz, o homem sofreu um acidente de ordem muscular. Recorreu aos serviços de emergência de hospital público. A jovem médica de serviço recomendou-lhe consultar um médico de reumatologia. Tempo de espera no hospital público? 10 Meses!
Trata-se de demonstrações da incapacidade real do SNS, no caso de carácter individual, mas que poderão multiplicar-se por milhares de doentes de Norte a Sul do País.
A quem não tem posses para recorrer à prestação privada de cuidados de saúde o que sucede? Uns sofrem, outros sofrem e morrem. São estes os desfechos naturais da política de saúde do ministro Paulo Macedo e dos gabinetes e equipas de amigos da reforma hospitalar.
Bancário, idolatrado pelos cortes de despesa, até por gente que se reclama de esquerda, é um governante que se distingue pelos sucessos orçamentais a todo o custo; ainda que os mesmos signifiquem o persistente desmoronamento do SNS e a falta de assistência médica a quem dela necessita.
Tecnocrata da seita do BCP, “gestor de aviário” de políticas de saúde, pretere naturalmente estas, a favor do controlo de todo o pessoal do Ministério que dirige – salvaguarde-se desde já que a cumplicidade entre laboratórios e médicos é histórica, através de ofertas e participações em congressos. Todavia, quem conheça por dentro o sistema sabe que entretanto ficou esbatida.
Com a explosão dos ‘genéricos’, nem sempre controlados devidamente pelo Infarmed, e a quebra de margens de laboratórios, a referida cumplicidade reduziu-se, efectivamente, bastante. E as medidas de Macedo de nada impedem que os médicos, ao exercer também actividade no sector privado, sejam ‘compensados’ fora do âmbito dos serviços públicos.
O que é digno de ignóbil autoritarismo – e não sei se inconstitucional – é proibir que os funcionários do Ministério da Saúde falem aos órgãos da comunicação social sem autorização prévia, segundo preceitos do novo Código de Ética. Como se trata de um código fascistóide, incorpora repugnantes deliberações, como por exemplo:
O homem, cardíaco crónico e vítima de acidente muscular, conhecedor das implicações para todos os trabalhadores do MS da nova legislação, esteve no Centro de Saúde a solicitar umas receitas da médica de família, e disse com mágoa à administrativa:
“D. Gertrudes, se nos encontrarmos na pastelaria, as ofertas de café e do croissant acabaram-se! Como mandará a Lei, vou fazê-las à Secretaria Geral do Ministério de Saúde! 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Economia Portuguesa: regresso à contracção

O ‘Público’ anuncia em título:
 “Economia trava no arranque do ano, mas investimento recupera
Mesmo quem se satisfaça com as “gordas” dos jornais, é levado a concluir que, sob a batuta da dupla Coelho + Portas, Portugal anda aos solavancos ou, dito doutro modo, a Economia do País obedece à ‘teoria do caos’: instabilidade e aleatoriedade dos resultados, a despeito dos governantes, em instrumentos orçamentais e em documentos de falsa estratégia (DEO’s), terem a veleidade de argumentar rigor e infalibilidade determinística – até o caricato Gaspar deixou a governação, desiludido com metas e resultados falhados.
A fim de evitar imprecisões, e em especial proposições demagógicas, é recomendável ler o texto completo da notícia; ou melhor ainda, aceder à fonte de informação, INE, que complementa a justificação do comportamento económico do 1.º T de 2014, nos seguintes moldes:  
A procura externa líquida apresentou um contributo negativo expressivo para a variação homóloga do PIB no 1.º trimestre, depois de registar um contributo positivo no trimestre precedente, devido principalmente ao abrandamento das Exportações de Bens e Serviços, tendo as Importações de Bens e Serviços acelerado.”
eComparativamente com o trimestre anterior, o PIB diminuiu 0,7% em termos reais.
Com o recurso a dados publicados ontem, dia 14-Maio, nas estatísticas do EUROSTAT, ficámos igualmente a saber que Portugal liderou as quedas da ‘produção industrial na UE28 (- 4,8%), sendo digno de registo que a Zona Euro (18 países) teve uma quebra geral do mesmo índice de – 0,3%, no citado 1.º T de 2014.
O Governo entende que as políticas de saída da crise – não confundir com a alcunhada “saída limpa” do PAEF da ‘troika’ – deverão sustentar-se na variável exógena das exportações; a qual não domina, como não controla a volatilidade dos juros da dívida pública, no presente em favoráveis aos países europeus em geral, por riscos acrescidos para os investidores em mercados emergentes.
Veremos como os malditos mercados reagirão aos compromissos formais prometidos pelo BCE, através do ‘super Draghi’, para 5 de Junho próximo. A valorização excessiva do euro, os riscos de taxas de inflação reduzidas ou mesmo negativas a caminho da deflação e a falta de liquidez para financiar as economias da Zona Euro, sobretudo as mais frágeis, é uma mistura complexa, das quais a evasão não é fácil. Esperemos pelas soluções!
Entretanto, ficaremos entretidos com o fado cavaquista, "Há uma nova esperança a nascer em Portugal", interpretado pela voz da amiga Katia Guerreiro, médica oftalmologista de escassa experiência em cataratas e miopia. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A China da nossa salvação

O presidente Cavaco Silva, a fadista Katia Guerreiro, o ministro da economia Pires de Lima e uma delegação numerosa de outras personalidades têm andado pela China. 
Os portugueses devem sentir-se orgulhosos desta espécie de redenção, libertadora das nossas almas e, acima de tudo, das penitências que nos arredem dos martírios da elevadíssima dívida externa, pública e privada, do desemprego, da emigração numerosa e forçada e ainda dos salários de miséria. Sim, porque os chineses, no todo, são mais de 1,3 mil milhões de cidadãos e comandados pelo regime do PC da China. Distribuem-se- por enormes massas populares de penosa indigência, uma insípida classe média face ao todo e uma restrita bolsa de multimilionários; é neste último grupo que, graças a Belém e a São Bento, seremos integrados como privilegiados.
Ouçamos o ministro Pires:

As empresas de transportes de Lisboa e Porto, assim como a Empresa Geral de Fomento, existem. Não se trata, portanto, de unidades empresariais de raiz, com a integração de população desempregada. Pelo contrário, sob o estafado binómio 'competitividade+produtividade', tantas vezes usado para dissimular o objectivo de maximização dos lucros, os chineses, se investidores adquirentes, auxiliados por Catrogas, Mexias e outros do género, encarregar-se-ão de reduzir o quadro de trabalhadores e os serviços prestados à população.
A lógica do investimento chinês é esta: aplicações  de baixo risco de capital, em investimentos estruturais existentes e geradoras da redução do rendimento nacional dos países onde investem. Temos o sublime exemplo da participação da 'Three Gorges' com 21,35% de capital da EDP. As dívidas da 'Eléctrica Luso-Chinesa' ascendem a 17.451 milhões de euros, o que levou a Moody's a manter a perspectiva negativa, para efeitos de 'rating'. Sempre são mais do que 10,5% do PIB de 2013 que  se fixou em 165.666 milhões de euros.

terça-feira, 6 de maio de 2014

O Costa do Amarelo

O desenlace do filme, na sorte como na desgraça, é sempre ditado por essa sórdida personagem, de mão invisível, abstracta e de incontrolável ‘suspense’: Mercados! É também um argumento de mitigado e ostensivamente negado mistério, por se desconhecer se actuam para o bem ou para o mal – “logo se verá!” proclamam os Catrogas, os Bentos, os Gaspares e todos os seus pares que impingem certezas de brutal incerteza.
Neste filme do BdP, com a figura destacada de cartaz de ‘O Costa do Amarelo’, o precioso metal da cor da gema de ovo depreciou-se 31% em 2013. Consequências: o activo das mesmas 382,5 toneladas de ouro, no final de 2013, teve uma desvalorização em valor absoluto de 4.795 milhões de euros; o resultado das contas do Banco de Portugal em 2013 fixou-se em 253 milhões, o que compara - assim diria Gaspar – com 449 milhões em 2012; e prosseguindo ainda em “dialecto gaspariano”, a verba distribuída ao Estado Português registou uma correcção técnica de – 157 milhões de euros nos números finais de 2013 em que foram libertados dividendos de 202 milhões, abaixo, portanto, dos 359 milhões atribuídos em 2012.
‘O Costa do Amarelo’, Carlos de nome próprio, e companheiros validaram o ‘Relatório e Contas do Banco subsidiário do BCE’, outrora Central de verdade, com o seguinte registo na página 132:  
1.1.2. Ouro e activos de gestão (líq.)
• Ouro
A reserva de Ouro do Banco de Portugal não apresenta, face a 2012, qualquer variação em termos de quantidade (que se mantém em 382,5 toneladas). Desta forma, o acentuado decréscimo do valor desta reserva, face a Dezembro de 2012 (-4795 milhões de euros), deve-se unicamente à evolução negativa da sua cotação e é compensado por uma variação, de igual montante, na rubrica “Diferenças de reavaliação”.
O afirmar que é compensado por uma variação, de igual montante, na rubrica ‘Diferenças de reavaliação’, é forma hábil de suavizar a mensagem de que houve um prejuízo de – 4795 milhões de euros, por efeito da depreciação do ouro.
Registar em conta própria, “Diferenças de reavaliação” esse prejuízo não o compensa. Segundo o velho ‘método das partidas dobradas’, o BdP foi forçado a inscrever a perda, por contrapartida de movimento contabilístico, tratando-se de uma questão de forma de escrituração, sem regenerar a substância do valor perdido. Habilidades de linguagem tecnocrática, deploráveis numa instituição cujos quadros e reformados se livraram do esbulho dirigido a funcionários públicos e equiparados de parte do SEE, reformados e pensionistas. Repugnante! 

Editorial do ‘Público’ – pedagogia sobre demagogia

O texto é objectivo, certeiro, denuncia os actores demagógicos e, em termos de ciência política, é sublime. Por tão pedagógico acerca do uso da demagogia, deve ser lido e divulgado pelo maior número possível de cidadãos. Ei-lo:
Uma felicitação: parabéns à autora ou autor.
Uma recomendação: que os serviços da PR o dêem a conhecer ao contraditório e faccioso Prof. Cavaco Silva.

São João da Caçadeira e Valongo dos Aselhas

Do drama do assassínio de duas mulheres e os ferimentos graves da ex-mulher e filha, alegadamente da autoria de um tal Manuel Baltazar, podem formular-se juízos de diversas espécies: elevados riscos de insegurança das populações no Portugal interior, desertificado e despovoado; ineficácia das forças de segurança, GNR e PJ, mesmo em grandes contingentes, para deter o suspeito Baltazar em terrenos que caçadores dominam; ignorância por essas mesmas forças das características do território que alegadamente vigiam.
Ao sucedido, podemos adicionar mais uma parcela da justiça à portuguesa, com o tribunal e serviços prisionais incapazes de estudar e considerar o perfil do detido, optando pela libertação deste, munido de uma pulseira electrónica destrutível que não é, de forma alguma, um instrumento de controlo infalível de um presidiário, tendencialmente assassino, posto à solta.
O tenente-coronel Machado da GNR, segundo o ‘Público’, afirmou:
Eu diria precisamente o inverso:
“Só quem não conhece a GNR é que pode criticar o terreno…”
E pergunto: não é, de facto, dever das unidades da GNR conhecerem milímetro a milímetro os territórios sob a sua vigilância? Tão bem como o Baltazar, por exemplo? Seria útil que fizessem um curso aos guardas no Instituto Geográfico do Exército, com selectiva incidência na cartografia das regiões a que estão afectos. Também não se perdia nada se o curso fosse extensivo à PJ.
O homem já visitou um caçador amigo, conversou e comprou pão ao padeiro itinerante, mas a GNR, que há uma semana teve uma centena de homens, alguns a cavalo e outros auxiliados por cães de busca, não o encontra. Baltazar escapou-se-lhes sempre e já lá vão 19 dias.
Quem tem uma casa isolada numa aldeia da província – é o meu caso – pode sentir-se seguro com a protecção da GNR? E a região ainda é mais despovoada do que as terras de São João da Pesqueira, Sernancelhe e Penedono e outras localidades que as rodeiam, as quais conheço, por permanência em férias e por circuitos diante de belas casas de xisto, algumas arruinadas.
Um dos argumentos que anima as expectativas de sucesso da captura do Baltazar, segundo a GNR, é “a aproximação da época dos incêndios”. Há vidas perdidas e um fugitivo inatingível, mas, como se trata de uma força de elite e de enorme sentido estratégico, a solução está na erupção de fogos em matas e florestas. Que classificação merece esta estratégia?
Já foram 100 e agora ficam reduzidos a 50 os efectivos da GNR. A PJ também diminuiu o número de agentes, segundo foi divulgado. Todavia, sejam quais forem os números de elementos iniciais e residuais, os intérpretes de topo da história já conseguiram dar o mote para rebaptizar as terras em causa: concelho de São João da Caçadeira e freguesia de Valongo dos Aselhas.   

O bloguer lesionado em pleno ‘post’

Primeiro, esclareço que estou a referir-me a um blogue unipessoal, o meu ‘Solos sem Ensaio’; blogue unipessoal é expressão de odores – ou dores? – de vítima fiscal, mas que a  ministra, Dona Albuquerque, e o secretário de Estado, Dom Núncio, nome de cariz tauromáquico, no entretanto não se lembraram de converter em actividade passível de imposto, de contribuição ou de tributo em matéria de fisco, mesmo transitória a tender para definitiva.
Os custos de contexto - moda instalada no léxico dos gestores actuais em que se salienta o Saraiva da CIP - ocorridos com o consumo electricidade, aquisição e renovação de licenças de ‘software’  e de antivírus, são praticamente os encargos do bloguer individual. Do investimento no computador assim como em acessórios complementares, apenas insignificante parte é imputável ao blogue.
Em súmula, e porque nem sempre é fácil, manter um blogue dá-nos cabo da cabeça e do tempo, mas não é muito oneroso – isto pensava eu até alguns tempos atrás. Todavia, há custos ocultos, esotéricos mesmo e inesperados, de que apenas há duas semanas dei conta.
Tenho o hábito, sempre o tive, aliás, de escrever acompanhado de dicionários das línguas em que redijo – português, francês e inglês – em suporte próximo da secretária; esta mania em nada impede a publicação de ‘posts’ com erros de morfologia, sintaxe ou outros; recentemente, publiquei um texto em que escrevi “manifesta capacidade”, em vez de “manifesta incapacidade”. Fui lá, passado 2 dias, e emendei. Quem leu entretanto, pensou e comentou para si próprio: – Este gajo escreve mal e sem sentido! – E tenho de lhes dar razão.
Tudo isto, penso, é aceitável na vida de um pobre bloguer. O que descuidadamente jamais imaginei é que, sentado, a redigir um ‘post’ no PC, o dobrar-me sobre o meu lado esquerdo para recolher os dois dicionários da ‘Academia das Ciências de Lisboa’ me causasse um problema discal.
A dor é o sintoma que melhor negócio proporciona aos médicos – pense-se no que sugam os estomatologistas com as dores de dentes ou os urologistas a extrair pedras dos rins – e o factor muito inibidor da função criativa de quem a sofre, por pouco imaginativo que seja.
Acabei por recuperar, justamente nas vésperas do 25 de Abril, depois de cumprir uns dias de penitência com o impedimento de escrever. Mas, precisamente no dia 25 de Abril, e porque ficaram alguns resíduos da lesão discal na perna esquerda, ao regressar a casa da festa, pisei pedras soltas de um passeio de calçada à portuguesa (foi vingança, porque a odeio e acho incómoda) e fiz uma rotura de ligamentos que me impediram de andar, sair de casa… e então de escrever nem falo.
O meu 25 de Abril, este ano, transformou-se em mistura de satisfações e infelicidades. O Largo do Carmo e a Avenida da Liberdade foram locais de alegria.
No Chiado, a minha ex-companheira e autora no ‘Aventar’ Carla Romualdo, jovem portuense por quem tenho uma respeitosa amizade e uma admiração pelo prodigioso talento (lamento que nesta terra inundada de ‘escritores de aviário’ não publique um livro que a destacaria certamente dos atrevidos e pobres escribas); a Carla, dizia eu, ia de carro, viu-me, chamou-me e, entretanto, eu perdi-me, na multidão que por ali andava, sem a ouvir. Que tristeza não ter tido o prazer de a rever!
Perto de casa, o passeio derruba-me e cheguei a casa a coxear. Ainda tive disposição para responder a um ‘email’ da Carla, por se tratar dela, mas fiquei arrumado até que as bolsas de gelo e os pensos ‘Trans Act’ me restituíssem ao blogue.   
Aqui estou até ao próximo ‘post’ - ou lesão?