O ‘Eurostat’ também fornece informação
inquietante. Hoje, p.e., anunciou a estimativa do valor
de 0,7% para inflação neste mês de Janeiro. Em Dezembro de 2013, a mesma
inflação havia sido de 0,8%.
Várias vezes Mario
Draghi tem manifestado preocupação com este comportamento de quebra da
inflação e ainda mais com um desfecho que seria trágico, a deflação. Christine
Lagarde há cerca de duas semanas denominou-a de monstro e fez um forte
apelo à criação de empregos.
Draghi e Lagarde estão, de certo
modo, em pânico com a deflação e os riscos desse fenómeno são, de facto, muito,
muito preocupantes. A deflação, ao invés do que muitos cidadãos imaginam, não é
uma situação episódica. Dura para aí 2 meses e pronto já passou! Isto é
inflação negativa.
Como aconteceu ao Japão, a
deflação é um processo, durável por longo tempo, de queda de preços e os
efeitos são desastrosos. Citamos alguns desses efeitos:
- para os grandes devedores é trágico, porquanto as dívidas permanecem idênticas, mas os preços e os rendimentos caem acentuadamente (imagine-se uma PME que tenha contraído empréstimos bancários, na expectativa de certa rendibilidade do negócio e, por longo tempo, sente a queda de lucros por efeitos da redução de preços e, consequentemente, da rendibilidade esperada);
- uma família que tenha adquirido um apartamento para pagar em prestações fixas, se conseguir, acabará por pagar a casa a um preço muito superior ao que a mesma vale por efeito do processo deflacionário;
- consumidores e empresas adiam compras na expectativa de vir a beneficiar de preços mais baixos e, assim, a actividade económica diminui e tendencialmente cai também o emprego;
- salários e rendimentos também vão perdendo valor;
- como as receitas públicas dependem, em grande medida, da actividade económica, portanto, o encaixe de fundos pelas finanças é menor.