sábado, 28 de abril de 2012

De cérebro perturbado

Da prosa cambaleante de Vasco Pulido Valente, o Público dá á estampa um artigo: “De mão estendida”. O texto é hábil e sinuoso, com o propósito de diabolizar a esquerda por tudo quanto pretende para a Europa e o modelo social europeu.
Começa por ser generoso com Mário Soares, ao justificar a ausência do veterano político nas comemorações do 25 de Abril na AR. Foi uma reacção ao afastamento da Europa (“não de Passos Coelho”, sublinha VPV) do projecto com que sonhou há 40 anos.
Cumprida esta retórica panegírica a Soares, malha forte nos maus, a esquerda, face à virtude dos bons, a direita neoliberal, cujos propósitos e a acção são infelizmente sentidos na dura vida de milhões de europeus. Que o digam os mais de 5,6 milhões de desempregados em Espanha, número que, diz Rajoy, poderá chegar a mais 7,5 milhões em 2016. Ainda há dias, o insuspeito Jaime Nogueira Pinto declarava publicamente que, nos tempos actuais e contando com os chamados derivados, os activos financeiros no mundo são equivalente a 14 vezes o valor dos activos económicos. 
O sublimar artigo termina em empenhada defesa da Alemanha. Coitado de país esse, a que se exige agora pagar os devaneios a Portugal, à Grécia, a Espanha, a Itália e, um dia destes, à França e à Holanda.
VPV não quis perceber  e pelos vistos ignora provas históricas de que todo o esquema de financiamento de subsídios europeus teve uma origem, o Centro da Europa, mas também centro de retorno, com reembolsos e altos juros pagos aos financiadores. Sobretudo, os alemães que, à semelhança do final da II Guerra, foram alavancados por ajudas externas, essas sim verdadeiras ajudas, que Merkel ostensivamente ignora, mas Helmut Schmidt não esquece.
Da mão, percorramos o caminho até ao topo do corpo humano, a cabeça. E reformulemos o título do artigo de VPV com o epíteto apropriado: ‘De cérebro perturbado’ .

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Espanha: a calamidade do desemprego

o desemprego em Espanha
Fonte: El País
O desemprego em Espanha atingiu a elevadíssima taxa de 24,44%, afectando 5.639.500 cidadãos.
Lá como cá, Rajoy acredita – acreditará? – que a liberalização das leis do trabalho ajudará ao desenvolvimento e à recuperação dos níveis do emprego. No entanto, sempre vai dizendo que o seu governo espera a eliminação total de 630.000 postos de trabalho em 2012.
Lá como cá, Rajoy ou Passos Coelho cometerão massacres sociais graves, impossíveis de, no futuro, não serem objecto de julgamento severo por milhões de cidadãos que os sofrem.

Que Hollande também derrote Merkel

Joseph Stiglitz, segundo o Jornal de Negócios, afirmou:
"A Europa está próxima de um suicídio"
Se alguma esperança resta a milhões de europeus, no combate ao projecto de empobrecimento e precariedade de vida inerentes às políticas de austeridade, impostas pela Alemanha, está centrada em François Hollande.
A vitória sobre Sarkozy, que não deve ser cantada e festejada antecipadamente, tende a constituir um resultado provável. Porém, François Hollande, se vencer, está obrigado a cumprir os compromissos perante os apoiantes, milhões de cidadãos não confinados ao seu eleitorado e à limitação das fronteiras de França. Em especial povos do Sul da União Europeia não suportam mais a absurda penitência de ter de obedecer à despótica  Merkel; cuja falta de legitimidade, indevidamente seguida por Passos e Gaspar em Portugal, não é impeditiva de decidir da vida de quem a não elegeu ou escrutinou para um mandato de grande severidade social à escala pan-europeia. Merkel diz:
Se Hollande quiser, acrescento eu. Aguardemos.