sábado, 27 de setembro de 2014

Liza Minnelli: Money

Um semana em que o dinheiro esteve no centro dos debates. Tecnoforma, Centro Português para a Cooperação, programa 'Foral', o ex-deputado, subvenções extraordinárias e vitalícias. De facto, toda esta massa de composição aparentemente desconforme mas sólida se reduz a uma substância sonante: Money, Money, Money:

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os bordéis e o tráfico de droga no crescimento económico

A medida da UE fora divulgada há bastante tempo: entrada em vigor em Setembro de 2014 -por força da SEC 2010, as actividades de prostituição, tráfego de droga, contrabando e jogo ilegal serão consideradas na determinação do PIB nos Estados-Membros.
Cada Estado-Membro atinge os níveis de prostituição, consumo de droga, contrabando e jogo ilegal à medida da dimensão da população, dos rendimentos e dos hábitos sociais prevalecentes.
Para exacta quantificação económica deste tipo de fenómenos, os critérios de medição têm de respeitar os hábitos e poder aquisitivo de cada comunidade. Os países com populações de maior rendimento, naturalmente, saem favorecidos por disponibilidade de mais dinheiro para ir às putas ou fumar uns charros. Já quanto ao contrabando e ao jogo ilegal, tal como o legal, parece-me saírem favorecidos os países mais pobres, obviamente mais expostos ao domínio destes fenómenos.
No fundo, a UE, CE e o Eurostat, certamente de forma discreta, forneceram os Ministros das Finanças europeus, incluindo a nossa MLA, as matrizes para determinar o valor da actividade mensal da prostituição, transacções de droga, contrabando e jogo ilegal, a fim de serem integrados no valor do PIB.
Como obter resultados fiáveis? Tenho a certeza das dificuldades de cálculo rigoroso e admito várias alternativas sem o dislate de querer cobrir a totalidade do universo possível:
1. Por exemplo, as prostitutas de casas de alterne, discotecas e outros estabelecimentos sofisticados serão obrigadas a emitir recibo verde, com a CAE respectiva e 23% de IVA e deixar uma cópia deste, no hostel, pensão ou hospedaria onde prestam o serviço.
2. No entanto, já dúvidas se me levantam quanto àquelas que, sob chuva ou Sol, são especialistas de estrada – entre Alcochete e o Porto Alto, por exemplo. A GNR, mesmo reforçada de efectivos, terá enormes dificuldades em detectar grande parte dos episódios de prostituição activa, em caniçais e matas; lá vai o PIB nacional sofrer uma quebra.
3.  Na droga, as dificuldades ainda são maiores. O mercado é territorialmente vasto e bem dominado pelo vendedores ao consumo. Há distritos, quase desertos, onde infelizmente muitos jovens estão dominados pelo vício, sem o controle de qualquer autoridade.
4. Do contrabando – droga excluída - e uma vez que as operações tradicionais são insignificantes em certas fronteiras, posso admitir a probabilidade de uma aumento transfronteiriço de actos de prostituição a favor dos países de menor poder de compra – um espanhol estremenho, ali a 12 km de uma localidade alentejana, pode vir contrabandear os seus espermatozóides e dar a ‘queca clandestina’ a uma espanhola, portuguesa ou mulher de outra nacionalidade que esteja do lado de cá. Sempre com cuidados redobrados para evitar a GNR e o requisito de recibo verde com IVA de 23%.
Enfim, tudo isto não é tão especulativo como possa imaginar-se. O governo espanhol já agiu. Adicionou 0,85% ao PIB de Setembro relativos a prostituição (0,35%) e tráfego de droga (0,50%). Não podemos ficar imobilizados, prejudicando a nossa economia. Temos de incrementar o PIB e a UE deu-nos a oportunidade. Mais prostituição e que o negócio de haxixe e outras drogas se multiplique!
Ao que a Europa chegou, pelos caminhos do economicismo!

Helena Roseta - a pioneira denúncia das negociatas do programa Foral (Tecnoforma)


A história 'Tecnoforma, Passos Coelho, Relvas & Cia.' tem reanimado a comunicação social e a discussão pública nos últimos dias; porém, já havia sido divulgada, em directo na SICN, por Helena Roseta, em 2012. Há bastante tempo, portanto.
Basta ouvir. O relato de Helena Roseta é simples e claro. Na qualidade de bastonária da Ordem dos Arquitectos, foi abordada por Miguel Relvas, então secretário de Estado. O governante propôs-lhe a formação de arquitectos no âmbito do programa 'Foral',  financiado por fundos da UE e gerido pela Tecnoforma. 
A condição de base imposta por Relvas, e que Helena Roseta refutou liminarmente, impunha que os programas de formação fossem adjudicados em exclusivo à Tecnoforma, empresa dirigida por Pedro Passos Coelho.
A revelação levou Miguel Relvas a agir contra Roseta pela via judicial. Contudo, a arquitecta acabaria por ser avisada do arquivamento do processo pelo Tribunal, extinguindo-se, assim, a condição de arguida.
Estou consciente de que o episódio inicial e seguintes ocorreram depois de Passos Coelho ser deputado e  não pode ser contemporâneo dos episódios que hoje o levaram à AR. Todavia, este triângulo Miguel Relvas - então no governo de Barroso - Passos Coelho, Tecnoforma tentou, sem dúvida aliciar facilitadores de negócio, com consideráveis fundos comunitários, em benefício da Tecnoforma. É demasiado óbvio.
Relvas, tem-no demonstrado, está sempre mais próximo da sujidade. Todavia, Passos Coelho não é cidadão que garanta ser rigorosamente asséptico, livre dessa promiscuidade entre políticos, dinheiros públicos e negociatas. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Há uns que comem muito mais bifes do que outros

Do (mal) iluminado cérebro de Isabel Jonet, e incapacidade de entender a responsabilidade inerente à instituição que dirige, Banco Alimentar contra a Fome, tivemos, em 2012, uma ofensiva e inconsciente declaração:
O conformismo em relação à pobreza é revelador da falta de solidariedade que, no caso, deveria estar na primeira linha do empenho, postura e compromisso públicos que o cargo lhe exige.
O 25 de Abril é uma data histórica, que comemoro desde o primeiro dia, em que me cruzei com oficiais, Salgueiro Maia em especial, sargentos e soldados no Largo do Carmo e noutras artérias de Lisboa. Vivi-o e senti-o profundamente. Sob a forma de alegria exteriorizada, mas igualmente com estado de espírito de euforia intima inenarrável.
Decorridos 40 anos, interrogo-me se a acção de militares e marinheiros, em aliança com o povo,  não tem registado, passo a passo, desde há anos uma deriva constante, assassina dos ideais democráticos do povo e catalisadora de imorais sucessos de gente como a Jonet ou o intrujão sem vergonha, Pedro Passos Coelho – a ‘net’ retracta-o de forma extensa e clara.
Da primeira das citadas figuras, alguns jornalistas de renome a quem se exige informação rigorosa, chegaram a considerar Isabel Jonet, à época do ‘caso dos bifes’, a fundadora do Banco Alimentar contra a Fome. A verdade é que essa obra caritativa, destinada a suprir os problemas sociais e económicos que os governos multiplicam a uma velocidade infrene, fora fundada em 1990 sob o impulso do comandante José Vaz Pinto.
Quanto a Pedro Passos Coelho, deve dizer-se que os partidos, em particular os grandes partidos, desde meados da década dos 1980, se especializaram à produção de ‘jotinhas’ segundo um tal processo de fabrico de salchichas que o PM definiu, em citação que ficará para a história.
O pior é que toda esta gente se especializa na produção de trampa e em transformar-se numa corja de trapaceiros ‘diplomados’. Quem acredita que Passos Coelho se tenha esquecido de ter redigido e assinado este documento junto da AR? Como é possível não se lembrar se  foi pago pela Tecnoforma entre 1997 e 1999? 
O episódio na SICN entre Miguel Relvas e Helena Roseta, esta a denunciar a tramóia, faz parte dos contributos para a verdade desta história triste… triste porque se 0 25 de Abril nos proporcionou um conjunto de liberdades e uma vivência democrática, é lamentável concluir que não se revela suficientemente sólido e eficaz para escrutinar uma corja imensa de oportunistas. É preciso reacender a luta!
A continuar assim, apenas se dilatará a diferença entre alguns que comem muitos bifes e um vasto número que nem carne nem peixe têm para se alimentar. Um pedaço de pão duro e seco é a refeição que, em muitos dias, lhes conforta o estômago.

sábado, 20 de setembro de 2014

Jacques Brel: "Ne me quite pas"

O tempo aqui para as minhas bandas está carregado e triste. O início da manhã ficou marcado por sentida mágoa. Umas breves lágrimas deslizaram no meu rosto, pela partida da velhinha senhora a quem apenas dizia "bom dia" ou boa tarde". Sempre em forma breve mas com afecto. Partiu aos 94 anos. 
Na hora da notícia dura, a dor que não dói mas que me corta a garganta sem lâmina e me embarga a voz não me impediu de soletrar: "Ne me quitte pas".  Uma manhã apropriada para ouvir Jacques Brel:


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

No Blasfémias dois blogueres passaram a usar “kilt”

Confesso uma indiferença enorme em relação ao referendo sobre a independência da Escócia – venceu o ‘não’ com 55% de votos, como se sabe. E se vencesse o “sim”? O que uma coisa ou outra trariam de benefício ou de prejudicial para a vida dos portugueses? O preço do Whisky aumentava se o ‘sim’ ganhasse? A BP baixaria os preços dos combustíveis, se não tivesse sido o ‘não’ a vencer.
Ouço e leio, as coisas mais estapafúrdias acerca das consequências para a Europa, em determinadas áreas económicas e financeiras – um exemplo: a Escócia continua integrada no Reino Unido e na libra esterlina; todavia, Vítor Cunha, sob o very, very, very English title Better Together, escreve no ‘Blasfémias’:
O Cunha é especialista em pensamentos metafísicos. Talvez fosse útil para o Juncker, o Draghi, a Merkel e todos os directórios que mandam na desgraçada Europa, que Vítor Cunha se doutorasse com uma tese em Economia sobre um novo padrão ‘libra esterlina-euro’. A City, inteirinha, ficaria deslumbrada.
Outra figura brilhante do Blasfémias dá pelo nome de João Miranda. Escolheu o título Independência da Escócia e União Europeia que começa com os seguintes períodos:
Brilhante! Jamais conseguiria imaginar alguém capaz de pensamento tão profundo. Merece, sem hesitações, que lhe seja atribuído o poder geográfico do nível 1. Bem alto! Nem o João Garcia se atreve a tentar lá chegar.
Esta gentinha do Blasfémias usa umas roupagens que os torna ultras sábios. Todavia, como hoje, nunca me tinha apercebido. O Cunha e o Miranda passaram a andar de “kilt” e não largam a garrafa de Whisky em homenagem à independência da Escócia. 

A utilidade de ler Pulido Valente

Trata-se de um homem culto. Sem dúvida. Enfrenta o defeito de se fazer a mares encapelados. Ora, aderna a estibordo, ora a bombordo, em navegação estonteante. Todavia, nas ocasiões, mais raras, em que se deixa levar pelo mar calmo da razão, sem destilados rancores, é um autor de prosa útil e esteticamente agradável.
Sem cerimónia e no jeito frontal, despedaça Seguro, em certeira análise, na crónica publicada no ‘Público’, de que destaco o seguinte texto:
Creio que, recorrendo às fundamentações invocadas, é impossível deixar de chamar a Seguro, aquilo que, de facto, ele é e sempre foi: um inepto de graves limitações intelectuais e culturais, dotado de uma ambição infinita de ser primeiro-ministro de Portugal.
Com as características de personalidade que o marcam, a golpada, o populismo e a falta de honestidade são, entre outros factores negativos, os trunfos com que se propõe prejudicar gravemente a democracia e o hemiciclo da esquerda na AR. Que desapareça e depressa! E que leve mais uns quantos com ele!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

As Finanças Públicas de MLA depois do PAEF

O desastre ‘Citius’ justificou as desculpas de Paula Teixeira da Cruz. Hoje, decorridas 24 horas, coube a Nuno Crato curvar-se diante dos professores para lhes pedir perdão, aceitando a demissão do Director-Geral da Administração Escolar – a doutrina da indulgência, iniciara-se há muito com o próprio chefe do governo, Pedro Passos Coelho, quando se penitenciou em 2011 pelo aumento dos impostos a que, em campanha, jurou jamais recorrer.
Competiria hoje a MLA divulgar e justificar as causas do deslize das Finanças Públicas de Portugal em Julho passado, conforme revelado pelo Banco de Portugal no Boletim Estatístico de Setembro de 2014.
A situação das Finanças Públicas é, de longe, mais transversal e decisiva em termos sociais, em especial para quem, depois de um mais do que falhado e injusto PAEF – Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, sofre os efeitos dos seguintes resultados:

MLA deveria envergonhar-se dos valores registados em Julho de 2014, os quais, de resto, nem qualquer desculpa merecem. Porque resultam de uma política deliberada de subserviente obediência ao directório de Schäuble e Merkel, em que ela própria se empenha, assumindo, de forma subtil – dizemos subtil, para evitar a designação de covarde - comentários depreciativos às medidas de Draghi, defendidas em John Hoke, EUA.
Na anémica recuperação da Economia Portuguesa, que Coelho, Portas e Pires de Lima tentam impingir-nos como substantiva e sustentável, e sobretudo em função do quadro traçado para 2014 para a Economia Mundial pela OCDE, FMI e outras organizações internacionais, dificilmente este pobre País, Portugal, conseguirá impulsionar o crescimento e o desenvolvimento da população desprotegida, ultrapassando os 2.000.000 de seres humanos, de vidas avidamente carenciadas.
Ainda temos escolas em situação disfuncional, devido a um erro matemático cometido pelo ministério dirigido pelo matemático Crato. O mais grave, pelo número de atingidos, intensidade e duração do sofrimento, é que os efeitos da pobreza infantil demarcam-se funestamente do mau trabalho de burocratas de qualquer ministério. 
Nas escolas, há um problema que perdurá durante mais um ano lectivo: milhares de crianças vão chegar às aulas de estômago vazio e em estado de esmaecimento de que os verdadeiros culpados, quem nos governa ou os por estes autorizados a acumular fortunas imorais e em muitos casos ilícitas, deveriam enfrentar pesada pena em qualquer tribunal, usando o ‘Citius’ ou processos manuscritos, curtos e objectivos – o resultado da sentença é mais importante do que a forma de lá chegar.
MLA, que já manifestou algum retrocesso na imisericórdia, através da proposta de discussão da dívida pública na AR. Porém, não tem espaço para pedir desculpas. A maldade e a incompetência punem-se com o degredo para uma aldeia deserta do interior, sem médico, escola e outras infra-estruturas por perto. Mesmo assim ainda seria castigo ligeiro, longe da história tipificada por ‘Crime e Castigo’ de Dostoioevski – Albuquerque jamais viveria os sentimentos de culpa de Raskólnikov. É uma hipócrita torcionária de salão.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Seguro, a campanha do golpe baixo

A luta nas primárias do PS é natural disputa pelo comando do partido. Ao mesmo tempo, os candidatos visam chegar à condição necessária e suficiente da competição nas legislativas de 2015 e liderar a governação do País.
Seguro, actual secretário-geral, e Costa são os concorrentes. Há uns quantos comentadores políticos a qualificar de traiçoeira a candidatura de Costa, opinião que respeito mas da qual discordo.
No passado dos partidos portugueses, pós-25 de Abril, já houve cisões e dissensões, algumas criando facções de secessão da unidade de grupos parlamentares (ASDI no PSD em 1979, por iniciativa de Sousa Franco, Magalhães Mota e Sérvulo Correia); a demissão de Sá Carneiro e substituição por Emídio Guerreiro da presidência do então PPD/PSD em 1975; as páginas mais negras da actividade política de Mário Soares que culminaram com a expulsão do PS de Salgado Zenha e o afastamento de Vasco Gama Fernandes … enfim, uma lista de acontecimentos que tipificam os conflitos no seio das forças partidárias portugueses – e não esquecemos os confrontos Manuel Monteiro e Portas no CDS.
Os críticos da atitude de Costa, e naturalmente favoráveis à tese de traição argumentada por Seguro, em sintonia com a verdade ou melhor informados de factos históricos, automaticamente concluiriam que os partidos como organizações de conquista do poder, dificilmente se podem considerar santuários de almas purificadas.
Se quisermos ler a história do acesso de Seguro a secretário-geral, talvez  fosse útil revermos as imagens do Tozé, seguido de Jamila, sair do elevador do Hotel Altis e declarar-se candidato com um sorriso de orelha a orelha, pela oportunidade, ou seja, pela derrota do grande inimigo José Sócrates.
A partir de então, Seguro começou por visitar uma a uma, todas as secções do PS do País. De manhã, estava em Valença do Minho, à tarde em Monção; no dia seguinte em Vila Real de Santo António para terminar a jornada em Portimão. Saiu da ‘jota cor-de-rosa’. Não tem atributos especiais no currículo, senão o opaco cargo de ministro-adjunto de Guterres. As habilitações académicas, por sua vez, também não ajudam muito: desistiu rapidamente do ISCTE e licenciou-se, mais tarde, em Relações Internacionais na UAL.
Impreparado, e longe do curriculum académico, profissional e político de Costa, nesta refrega por ele tão inesperada como indesejada, tem optado por uma campanha pura e simplesmente reles, recheada de golpes (as inscrições em Braga), de vitimização pacóvia (o cravo plantado e arrancado pelo adversário), além de outros episódios e discursos brejeiros.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Temos sempre Cunhas em Stock

O Novo Banco é mesmo novo. Despertou do embrião impulsionado pela reprodutividade do BCE e constitui uma experiência pioneira na Europa.
Muito prematuramente, e ainda longe de sonharmos com as possibilidades das intrujices do Dr. Salgado, precavemo-nos com a legislação e o ‘Fundo de Resolução’ precisos e detalhados, nos formatos e nos conteúdos. Sempre fomos, somos e seremos alunos muito cumpridores. O primor do zelo europeu.
Uns mais surpreendidos do que outros, soubemos da saída de Bento (este não é do Vaticano, possivelmente será emérito,  mas tem mestrado em Filosofia pela UCP) e respectiva equipa. 
Tudo muito à portuguesa. O mandato do BdP tinha um objectivo inicial de reestruturação e lançamento estratégico do banco para o valorizar em 2/3 anos. Todavia, Carlos Costa, de espírito inseguro, contraditório e de obediência subserviente à amanuense Albuquerque, mudou subitamente de sentido e, afinal, o Novo Banco é para vender a muito curto prazo. Fala-se no máximo em 8 meses; ao menos poderiam ser 9 como na gravidez.
Seguiram, portanto, o conselho (?) ou as palavras de caixa-de-ressonância do fidelíssimo Gomes Ferreira da SIC, porta-voz do Governo, e encontraram uma administração com o “perfil de vendedora” (sic).
Como esperado em Portugal, o processo foi rápido. Uma vez que temos continuamente Cunhas em Stock, o escolhido foi Eduardo Stock da Cunha que tem, reconheça-se, um extenso currículo bancário no Santander e tem estado ao serviço do Lloyd’s Bank, com o amigo Osório.
No currículo de  Stock da Cunha inclui-se a passagem pelo Colégio de São João de Brito, ao lado de Paulo Portas, António Pires de Lima e António Horta Osório. Licenciado em Economia pela Católica, e com um MBA da Universidade Nova, entrou para a MDM – Sociedade de Investimentos em 1985 (onde esteve João Cotrim de Figueiredo).
A facção jesuíta fica, portanto, reforçada junto de instituições dependentes do Estado e, tal como o Pires vendia ‘Super Bock’ às paletes, o Cunha venderá o Novo Banco num ápice. Para um desempenho perfeito, dizem, tem uma voz de pregoeiro que se ouve da Wall Street a Tóquio, passando por todas as praças europeias.
- Olha o Novo Banco, o melhor investimento eleito pela imprensa económica mundial! - clamará ele na Wall Street e na City de Londres … e a venda por 5 mil milhões em menos de 8 meses é resultado certo.

domingo, 14 de setembro de 2014

Poema dedicado ao desgoverno do processo Novo Banco

À podridão (ex-BES e grupo BES) junta-se mais podridão. Salgado começou, Coelho, MLA, Costa, Bento, Rato e Honório continuaram a encher a latrina - haverá, porventura, outras figuras secundárias de permeio; porém, são insignificantes figurantes da tragédia.
O BES, de bem almofadado, passou a repousar em tábua empenada e rasa, completamente depenado. Acabou nos calabouços dos 'bancos maus' (há algum bom???). Todavia, dele nasceu o Novo Banco, naquela noite na Rua do Comércio, em Lisboa. Sempre me pareceu soturna, mas as vozes do poder entoaram-na como radiosa.
Inesperadamente decorrido este tempo e de súbito, extinguiram-se as luzes da estratégia de relançar com tempo, 2/3 anos, um Novo Banco sólido e florescente, E, por puro desgoverno, o trio Bento, Rato e Honório está de partida. Há que  contratar nova equipa para proceder a uma venda acelerada do Novo Banco - nós, contribuintes, estamos cá para pagar o que for necessário, mesmo quem se fia nessa máquina de produção de mentiras, MLA de seu nome e amanuense de profissão.
O caso merece um poema, suficientemente crítico e certeiro. Seleccionei Desgoverno Nacional da poeta brasileira Mônicka Christi:


Se dissipem mentes curtas
No silêncio em que se abandonam
mergulhadas no comodismo ignorante
De quem aceita a punhalada
Como troféu brilhante!...
E a carne se desmancha
Pálida e repugnante
Presa as algemas aceitas
pelo vil governante
Que vomita em suas bocas
E defecam seus projetos insanos
Quando o verbo se oculta com medo
Destes perversos tiranos
A doutrinar por mentiras e imagens
bancada pela corrupção
Que a dignidade consome
Dilacerando a verdade.

(Depois de ver a repetição dos absurdos das chuvas,as mentiras governamentais...tudo igual, e nenhuma providẽncia real/ 26/12/2013)

sábado, 13 de setembro de 2014

Quem compra José Gomes Ferreira?

É verdade. Uma consultora de prestígio internacional realizou estudos laboriosos. O objectivo é predefinir com minúcia as condições precisas e rigorosas do ‘perfil de comprador’ a quem se pode impingir José Gomes Ferreira, o jornalista da SIC e assumido porta-voz para a comunicação social do governo de Coelho e Portas. 
De certo modo, o referido processo é uma réplica à ideia expressa pelo próprio Gomes Ferreira de que, uma vez vagos os lugares de Bento, Rato e Honório da Administração, é obrigatório encontrar para o Novo Banco uma equipa com duro 'perfil de vendedor', a fim de alienar o Novo Banco rapidamente; objectivo que os administradores auto-demitidos não têm capacidade para cumprir. Veja-se e escute-se:



Entre as alternativas de encontrar um comprador para José Gomes Ferreira ou um vendedor para o Novo Banco, ambos na condições de ideais, entendo que se deve priorizar a primeira. A dúvida é saber quem o compra. Qual o valor de mercado do Gomes Ferreira? Seria assim que Catroga colocaria a questão. E sinceramente, porque os 'Ridículos' se extinguiram há anos e na TV 'O governo sombra' já está preenchido por três humoristas de aviário, a cotação do Ferreira deve ser muito  baixa.
O jornalista da SIC, pelo que diz, conclui afinal - e deve estar melhor informado do que Cavaco - que o projecto do Novo Banco é apenas e tão só uma questão de venda do banco. Que o plano estratégico de que Bento, presidente da administração, e Carlos Costa, governador do BdP, começaram como ponto 1 da ordem de trabalhos, ao fim e ao cabo não tem sentido.
Na tese do jornalista, o que é conforme o interesse do sector bancário - não é bem a mesma coisa que o respeito pelo interesse nacional, dos contribuintes portugueses -  é conseguir, a tudo o custo, que o Novo Banco seja vendido rapidamente e a bom preço. Que idiotice? Como naqueloutra de Ferreira, há 3/4 meses, ter aconselhado os portugueses a conservarem as suas poupanças nos cofres do ex-BES, porque o banco estava bem almofadado - foi num'telejornal' da SIC com Clara de Sousa.
Gomes Ferreira, que nem economista é mas tem o arrojo de falar de matérias económicas e financeiras como sábio, aparentemente tem dificuldades em entender que a 'venda rápida', por interesse absurdo do governo e do Banco de Portugal, minimizará forçosamente o preço e colocará em causa muitos milhões adiantados por fundos do Estado que MLA negou virem a lesar os contribuintes - estou convicto de que, com a habilidade e os 'lobbies' ao seu serviço, os outros bancos serão relativamente prejudicados; mas apenas relativamente, sublinho; há que ter em conta os ingressos de novos clientes provenientes do ex-BES.
Uma vez injectados dinheiros públicos, a operação realizou-se forçosamente ao abrigo do Artigo 153.º-J508 Contribuições adicionais do Estado, da INTERVENÇÃO CORRECTIVA, ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA E RESOLUÇÃO tornando óbvio que a contribuição dos empréstimos do Estado ao 'Fundo de Resolução', mais a mais na posição de largamente maioritários, é subentendido pelo governo que a ministra das finanças deve acelerar com o Banco de Portugal a alienação do Novo Banco.
No fundo, trata-se de muitos milhares de milhões que Gomes Ferreira não está em condições de calcular. E ignorando os custos patrimoniais inerentes à instituição a vender, é pura e simplesmente acto de loucos defender a venda a qualquer preço. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Novo Banco emperrado

O alarme é lançado pelo próprio coordenador da CT: “O Novo Banco está parado!”. O facto, diga-se, não é surpreendente. O processo de transição de activos e obrigações em relação a investidores do ex-BES é matéria complexa. E, ao que se percebe, nem o Banco de Portugal e jamais o Conselho de Administração presidido por Vítor Bento demonstram estar seguros do que fazer com tais activos e compromissos junto de investidores, agora considerados clientes do Novo Banco.
Por falta de zelo e incompetência intoleráveis, a dívida do ex-BES ao grupo BES que governo, ‘troika’ e Banco de Portugal deixaram expandir para níveis elevadíssimos (7.000 milhões de euros em Dezembro de 2013) é a matéria-prima natural e complexa da conflitualidade, hoje muito frequente nos balcões do Novo Banco. Uma conflitualidade, considere-se, natural entre os trabalhadores do ‘front-office’ do banco e os clientes a quem são recusados os reembolsos devidos.
O CA de Administração, para consentir os reembolsos, depende de autorizações, instruções e eventualmente de fundos do Banco de Portugal. Este imobilizou o processo e, passo a passo, o Novo Banco vai perdendo quota de mercado que, rapidamente, redundará em desemprego para parte considerável dos 6.000 trabalhadores transitados do ex-BES.
Compreensível, pois, as preocupações e acções dos trabalhadores junto das forças partidárias, no sentido de preservarem o Novo Banco, como projecto consequente e o número de postos de trabalho que este integra.
Jamais compreensível é, em contrapartida, a rapidez com que o Banco de Portugal e o Governo visam alienar o Novo Banco, recorrendo ao  BNP Paribas para em acelerada actividade o fazer, nomeadamente junto de fundos de pensões e outros bancos. E a celeridade pretendida não é mesmo inteligível, justamente porque é dado ao mercado um sinal de que, para o vendedor, a variável crítica é o tempo, o mais curto possível, e não o preço, o mais elevado e justo possível.
Esta questão de prazo em detrimento de preço é ainda relevante porque na capitalização do Novo Banco estão integrados 4,5 mil milhões de euros de dinheiros dos contribuintes; contribuintes estes a quem Coelho e MLA negaram vir a pagar a factura do ex-BES.

(Adenda: é estranho que o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que se ufanava de ter uma relação próxima e afável com Ricardo Salgado, se evapore nos momentos em que a CT ou as próprias delegações da UGT tratam do caso ex-BES / Novo Banco com qualquer entidade – ou então não é estranho e o homem é mesmo assim: evapora-se na complexidade).

Maria Luís Albuquerque, o Banco de Portugal e o BES

Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: toda a gente está convencida de que a tem de sobra.

René Descartes


O pedantismo, o comportamento arrogante e o embuste são, entre outros, os traços de personalidade da ministra das finanças, Maria Luís de Albuquerque.
Melhor do que eu, e mediante factos por ela protagonizados, Fernanda Câncio, no texto Tragédia entre-os-BES, começou por descrever a figurinha nos seguintes termos:
Maria Luís Albuquerque, a 27 de junho, no Parlamento: “Posso dar a garantia de que não vamos ter dinheiro dos contribuintes no BES. Estamos a acompanhar a situação há já largos meses. O Governo tudo tem feito.” M.L.A., a 7 de agosto, no Parlamento: “Os contribuintes receberão de volta o seu montante.” M.L.A., a 27 de junho, idem: “Quem toma as decisões é o Governo e ninguém mais.” M.L.A., a 7 de agosto, ibidem: “A decisão é tomada pelo regulador. Aconselho os senhores deputados a lerem a legislação.”
Elucidativa e autêntica a imagem focada de MLA neste trecho, como, aliás, até ao final do artigo.
O ‘Público’, hoje, divulga curiosa notícia sob o título “Discurso da ministra das Finanças gera mal-estar no Banco de Portugal”.
Com efeito, posicionando-se num patamar de autoritarismo, vergastou, sem dó nem piedade, nas estruturas do Banco de Portugal, elogiando o ex-companheiro de governo, o tal Rosalino da terra das queijadas da “Periquita” e um tal António Varela que, pelos vistos, é uma espécie de sábio insuperável em matéria de supervisão prudencial. Ambos foram nomeados administradores do BdP por MLA.
Quem se tramou com a estória foi o anterior supervisor prudencial, Pedro Duarte Neves, que, com o caso BES, somou o terceiro desaire depois do BPN e BPP – a tese do rufia do CDS, Nuno Melo, de concentrar a totalidade das responsabilidades em Constâncio em relação ao BPN, esfumou-se.
Todavia, um aspecto relevante de toda esta história é saber, também pela notícia do ‘Público’, o seguinte:
Há muito que os cidadãos sabem da regular falta de honestidade intelectual – e de outros géneros - dos políticos. O descaramento de MLA é mais um dos topetes em que os governantes são prolixos, não devendo estes últimos surpreender-se com o desprezo, reflectido em elevadíssimas abstenções, com que os cidadãos reagem. O custo da contrapartida é pesado para a democracia, ao proporcionar que Albuquerques e outros algozes se projectem nos areópagos cá dentro e lá fora. Sem mérito nem vergonha.
Que sina! 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Endividemo-nos!

Um governo sem interesse nem consciência em entender a diferença de conceitos e resultados entre políticas de ‘Finanças Públicas’ e de ‘Economia’, com entusiasmo, que vai do patético ao alarve, ufana-se do sucesso de, em operação sindicada por seis instituições financeiras, ter logrado financiar-se em 3.500 milhões de euros, por 15 anos, à taxa anual de 3,9%. Desconhecem-se os custos de comissões.
O referido financiamento, contas simples, terá um custo de 136,5 milhões / ano, apenas de juros, i.e., 36,69% da ‘contribuição de sustentabilidade’, reprovada pelo Tribunal Constitucional para 2015, e segundo a qual o governo se preparava – se é que já desistiu – para espoliar 372 milhões de euros a pensionistas do CNP, reformados da CGA e beneficiários de pensões da Caixa de Previdência de Advogados e Solicitadores – os dois primeiros grupos, CNP e CGA, são de longe maioritários e quem aufere, em termos médios, as prestações sociais (pensão ou reforma) mais baixas.
Sem crescimento económico sólido e sustentado, e na iminência de uma deflação catastrófica de que a Zona Euro está ameaçada (ver este ‘newsrelease’ do Eurostat de 29-Agosto-2014), a anacrónica escolha de mais endividamento – a juros de 3,9% /ano, sem incluir comissões – é de um aventureirismo próprio de quem gere as ‘Finanças do País’, ao estilo de desporto radical; ou seja, actos de diversão inconscientes que, em muitas das vezes, têm resultados catastróficos. Neste caso, não para os amanuenses que os praticam, mas para os cidadãos em geral, vítimas inevitáveis.
Se o financiamento agora contratado não servir para pagar dívida, e só tem sentido regulariza-la se os juros forem mais altos, de súbito o governo adiciona + 2,101% aos 134% sobre o PIB calculados para o endividamento público bruto português em Junho passado.
Referência tão ligeira quanto significativa da notícia do ‘Público’ a respeito da operação: ajuda de um grupo de seis bancos. Como todos sabemos, desde a história do Lehman Brothers ao BES, os bancos não tem outro interesse, senão ajudar-nos. E a amanuense Casalinho, cedida pelo BPI de Ulrich ao Coelho, está empenhada em desempenhar o cargo do IGCP com esse firme propósito; ou seja, a afundar mais depressa o País e conseguir um record de endividamento jamais alcançado por Portugal. E a Economia? Isso não interessa, não é ajuda.
Portanto, endividemo-nos! 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Os milhões do pontapé na bola, a obscenidade dolorosa

Do prazer ao rancor, assim posso sintetizar a evolução dos meus sentimentos em relação ao futebol.
Há que hierarquizar os acontecimentos da vida colectiva. Nos actuais tempos de crise em que as sociedades europeias estão mergulhadas, com milhões de cidadãos punidos pela pobreza e mesmo a miséria, obsceno é o menor dos desqualificativos apropriado para etiquetar o negócio do futebol actual.
Mesmo incluindo a Alemanha, expressão do domínio económico do Velho Continente, na União Europeia (28 países) sobrevivem 24.850 milhões de desempregados e na Zona Euro (18 países) o desemprego, a uma taxa de 11,5% em Julho 2014, atingiu 18.409 de cidadãos de ambos sexos.
O desemprego juvenil é naturalmente elevadíssimo: 5.062 milhões de jovens é a estimativa; sublinho estimativa, porque aos cálculos do Eurostat partem de critérios, os quais Portugal também aplica, e conforme o ‘Expresso’ demonstra à exaustão, na edição do último Sábado, menorizam ardilosamente a dimensão real deste desastre social.
É neste cenário de falta de trabalho, de remunerações ao nível da escravatura dos tempos modernos, de crescente número de famílias na pobreza e miséria, que os milhões e milhões de libras ou euros aplicados na transacção de jogadores de futebol me agitam a alma. A revolta é impulsionada por essa gentalha triunfadora da desgraça e da falta de tino alheias, pertençam à mafia russa, às oligarquias árabes ou grupos privilegiados – um exemplo destes últimos é constituído pelos dirigentes do Real Madrid e Barcelona, com gastos de 161 milhões de euros em dois jogadores, Suarez e James Rodriguez, ambos colombianos. Todavia, a taxa de desemprego em Espanha era de 25,2% em Julho passado, a segunda maior dos 28 países da UE depois da Grécia com 27,2%.
Nas terras de sua majestade, que poderão ficar amputadas da Escócia, apenas um clube, Manchester United, investiu 188 milhões de euros. Em Portugal, confinado à sua pequenez, através dos 3 grandes também se transaccionou, na compra e venda, diversos jogadores, na casa de alguns milhões. Mais de 20, estou certo.
Esta sociedade do futebol e de outras ignomínias, a mim, aqui neste interior de Portugal de velhos e pobres, causa-me indignação, mas igualmente sofrimento. A Comunicação Social, SIC Notícias e TVI 24 em especial, com vastos tempos de antena dados ao futebol, pela voz de alguns impreparados que praticam uma espécie de AO falado, suscitam-me repugnância.
O retorno de Judite de Sousa, cuja dor da perda de um filho respeito, parece-me não ter sido a mais recomendável, ao escolher o CR7 para a entrevista de regresso.
Outras figuras portuguesas, bem menos propaladas e de elevado prestígio no mundo científico, mereceriam a preferência desse destaque – a Prof.ª Elvira Fortunato ou o Prof. Sobrinho Simões ou a Prof.ª Maria do Carmo Fonseca ou qualquer outro dos muitos investigadores, mulheres e homens da ciência. Compreendo e refuto a razão por que foram preteridos: não pertencem ao abominável mundo da ‘imprensa cor-de-rosa’.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

De Durão para Moedas, o percurso da insignificância portuguesa

Juncker, essa figura sorridente, de aspecto simpático, mas muito hipócrita é, como se sabe, o sucessor de Durão Barroso, na presidência da Comissão Europeia. 
A meu ver, o luxemburguês não será melhor nem pior do que o português - tal como a continuação do percurso da política da UE, da Zona Euro e de tudo o resto. 
Se é verdade que, em consequência da naturalidade e da cultura, é tendencialmente pró-alemão, i.e., pró-Merkel e Schauble, é igualmente indesmentível que Barroso, na ânsia de segurar o cargo sem o mínimo conflito com o mesmo directório, empenhou-se a fundo em ser muito, muito subserviente. Mesmo antes de Juncker iniciar o mandato, o português, das vacuidades e dos discursos em voz de falsete, já venceu o luxemburguês no campeonato da insignificância junto dos líderes germanófilos. Pela reduzida relevância que a estes sempre mereceu. Juncker usará outro percurso para chegar a idêntico fim.
Na nova Comissão Europeia, perdemos a presidência e dilatámos a insignificância através de Carlos Moedas para a função de comissário. O alentejano que, sem 'troika', andava aos papéis nas funções da governação, foi compensado com um lugar em Bruxelas.
Diz o 'Expresso' que Moedas, 4.ª feira próxima, será submetido a uma 'entrevista de emprego' por Juncker. Fantasias para diversão! Já se sabe que o novo presidente da CE não rejeitará o encaixe do felizardo alentejano, um ex-Goldman Sachs de 2.ª classe, mas Goldman Sachs.
Por outro lado, também se diz que a Portugal será atribuído um 'lugar relevante'. Um 'lugar relevante' - acrescento eu - não transforma em génio um "carreirista" insignificante. 
Com o projecto europeu em declínio, e sob o alto comando do Norte da Europa, nós portugueses, cá ficamos entregues à miséria que a Alemanha dita e o Coelho aplica. Não existe sortilégio possível que nos transforme em Moedas... somos apenas trocos.

Os ‘meet’ dos doentes no Auchan

A empresa, segundo divulgado, chama-se Saúde 3.0 Lda. e tem empresas próximas; uma vantagem assinalável. O mal maior de qualquer firma ou sociedade empresarial é ser solitária. Atente-se na denominação de algumas das ‘empresas próximas’ (sic): Farmanimal ou Clínica Veterinária da Lourinhã. O grupo Saúde 3.0 disponibiliza, de facto, uma oferta muito diversificada de cuidados de saúde. Tanto trata do diabético, como do periquito do diabético; do cardíaco, como do seu felino de estimação; e por aí adiante.
A visão estratégica do Auchan, ao reservar espaços clínicos, de apenas um enfermeiro, assenta na obsessão da capacidade da abrangência. O cliente vai ao supermercado, por enquanto apenas o ‘Auchan’ de Almada, solicita a avaliação dos níveis de tensão arterial, ou se sofre de taquicardias ou bradicardias, ou de dores discais ou no ilíaco e outros sintomas; dos quais não se excluem muitos mais, incluindo a psoríase.
 O sr. enfermeiro do ‘Auchan’, após contactar o médico remoto, diz ao doente:
- O que a senhora, ou senhor, tem é a tensão alta, ou arritmias, ou sintomas de dores ósseas… enfim, recomendo-lhe que vá ao Hospital Garcia de Orta e está aqui a conta desta consulta, são 30 euros. -
- Está bem sr. enfermeiro, vou aqui ao lado à loja comprar arroz, massas, detergentes, papel higiénico e mais umas coisitas que deixarei em casa e de seguida vou ao Garcia de Orta. -
A doença, jamais a saúde, é de facto um grande negócio e os estrategas do Sr. Américo das cortiças procuram, é óbvio, os benefícios do negócio. A doença é um meio óptimo para fazer dinheiro. Que importa o doente ou a falta de saúde, se não render tal proveito.
Este é lamentavelmente o estado do serviço de saúde em Portugal. A própria Associação Portuguesa de Hospitalização Privada reclama contra este tipo de pseudo prestação de cuidados de saúde. É evidente que se trata de interesseira visão de concorrência, mas, por obrigações éticas a que está vinculada, estou certo de que também a vil actividade de tal “serviço de saúde’ descredibiliza todas as entidades privadas que, apesar de tudo, mantêm acções institucionalizadas, ainda que centradas na majoração do lucro. E, no fim, de contas, como imagino convictamente, muitos dos doentes acabarão encaminhados para o depauperado SNS.
À estratégia do Auchan faltará apenas lançar acções promocionais através dos agora famosos ‘meet’. Convoca os doentes através das redes sociais e anuncia: dia X, a partir das 14:30, organizaremos o ‘meet’ dos diabéticos, com o preço especial de 25,00 euros por consulta. Idem para o dia Y, o ‘meet’ dos hipertensos.
De doença em doença, lá vai o grupo Auchan juntar os lucros da clínica, aos do azeite, do óleo alimentar, do papel higiénico e da esfregona com que deveríamos excretar a face de quem autoriza esta abjecta ofensa a um direito fundamental dos portugueses; o direito à saúde e à ética na assistência à doença, segundo regras humanas e deontológicas imperativas.