O desastre ‘Citius’ justificou as
desculpas de Paula Teixeira da Cruz. Hoje, decorridas 24 horas, coube a Nuno
Crato curvar-se diante dos professores para lhes pedir perdão, aceitando a
demissão do Director-Geral da Administração Escolar – a doutrina da indulgência,
iniciara-se há muito com o próprio chefe do governo, Pedro Passos Coelho,
quando se penitenciou em 2011 pelo aumento dos impostos a que, em campanha, jurou
jamais recorrer.
Competiria hoje a MLA divulgar e justificar as causas do
deslize das Finanças Públicas de Portugal em Julho passado, conforme revelado
pelo Banco de Portugal no Boletim
Estatístico de Setembro de 2014.
A situação das Finanças Públicas
é, de longe, mais transversal e decisiva em termos sociais, em especial para quem, depois de um mais do que falhado e injusto PAEF – Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, sofre os
efeitos dos seguintes resultados:
- · crescimento da dívida pública (133,9% do PIB em Julho passado);
- · redução do saldo positivo das contas externas de 2.301 milhões em Julho-2013 para 667 milhões, 3,5 menor, em Julho-2014;
- · balança corrente com défice de 961 milhões em Julho- 2014 contra um saldo positivo de 459 milhões de euros em Julho-2013;
- · as contas externas em Julho-2014 com um saldo positivo de 1.629 milhões, mas abaixo 212 milhões do período homologo de 2013;
- · Nas contas externas, registou-se um défice de 39 milhões de euros, quando no mesmo período do ano passado apresentavam um saldo acima dos 1.700 milhões de euros.
MLA deveria envergonhar-se dos
valores registados em Julho de 2014, os quais, de resto, nem qualquer desculpa
merecem. Porque resultam de uma política deliberada de subserviente obediência
ao directório de Schäuble e Merkel, em que ela própria se empenha, assumindo,
de forma subtil – dizemos subtil, para evitar a designação de covarde - comentários depreciativos às medidas de Draghi, defendidas em John Hoke, EUA.
Na anémica recuperação da
Economia Portuguesa, que Coelho, Portas e Pires de Lima tentam impingir-nos
como substantiva e sustentável, e sobretudo em função do quadro traçado para
2014 para a Economia Mundial pela OCDE, FMI e outras organizações
internacionais, dificilmente este pobre País, Portugal, conseguirá impulsionar
o crescimento e o desenvolvimento da população desprotegida, ultrapassando os
2.000.000 de seres humanos, de vidas avidamente carenciadas.
Ainda temos escolas em situação
disfuncional, devido a um erro matemático cometido pelo ministério dirigido
pelo matemático Crato. O mais grave, pelo número de atingidos, intensidade e duração
do sofrimento, é que os efeitos da pobreza infantil demarcam-se funestamente do mau trabalho de burocratas de qualquer ministério.
Nas escolas, há
um problema que perdurá durante mais um ano lectivo: milhares de crianças vão
chegar às aulas de estômago vazio e em estado de esmaecimento de que os
verdadeiros culpados, quem nos governa ou os por estes autorizados a acumular
fortunas imorais e em muitos casos ilícitas, deveriam enfrentar pesada pena em
qualquer tribunal, usando o ‘Citius’ ou processos manuscritos, curtos e
objectivos – o resultado da sentença é mais importante do que a forma de lá chegar.
MLA, que já manifestou algum retrocesso na
imisericórdia, através da proposta de discussão da dívida pública na AR. Porém, não
tem espaço para pedir desculpas. A maldade e a incompetência punem-se com o degredo para uma aldeia deserta do interior, sem médico, escola e outras infra-estruturas
por perto. Mesmo assim ainda seria castigo ligeiro, longe da história tipificada
por ‘Crime e Castigo’ de Dostoioevski – Albuquerque jamais viveria os
sentimentos de culpa de Raskólnikov. É uma hipócrita torcionária de salão.
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