O alarme é lançado pelo próprio
coordenador da CT: “O
Novo Banco está parado!”. O facto, diga-se, não é surpreendente. O processo
de transição de activos e obrigações em relação a investidores do ex-BES é matéria
complexa. E, ao que se percebe, nem o Banco de Portugal e jamais o Conselho de
Administração presidido por Vítor Bento demonstram estar seguros do que fazer
com tais activos e compromissos junto de investidores, agora considerados
clientes do Novo Banco.
Por falta de zelo e incompetência
intoleráveis, a dívida do ex-BES ao grupo BES que governo, ‘troika’ e Banco de
Portugal deixaram expandir para níveis elevadíssimos (7.000 milhões de euros em
Dezembro de 2013) é a matéria-prima natural e complexa da conflitualidade, hoje
muito frequente nos balcões do Novo Banco. Uma conflitualidade, considere-se, natural
entre os trabalhadores do ‘front-office’ do banco e os clientes a quem são
recusados os reembolsos devidos.
O CA de Administração, para
consentir os reembolsos, depende de autorizações, instruções e eventualmente de
fundos do Banco de Portugal. Este imobilizou o processo e, passo a passo, o
Novo Banco vai perdendo quota de mercado que, rapidamente, redundará em desemprego
para parte considerável dos 6.000 trabalhadores transitados do ex-BES.
Compreensível, pois, as
preocupações e acções dos trabalhadores junto das forças partidárias, no
sentido de preservarem o Novo Banco, como projecto consequente e o número de
postos de trabalho que este integra.
Jamais compreensível é, em
contrapartida, a rapidez com que o Banco de Portugal e o Governo visam alienar
o Novo Banco, recorrendo ao BNP Paribas para em acelerada actividade o fazer, nomeadamente junto de fundos
de pensões e outros bancos. E a celeridade pretendida não é mesmo inteligível, justamente
porque é dado ao mercado um sinal de que, para o vendedor, a variável crítica é o tempo, o mais curto possível, e não o preço, o mais elevado e justo
possível.
Esta questão de prazo em
detrimento de preço é ainda relevante porque na capitalização do Novo Banco estão
integrados 4,5 mil milhões de euros de dinheiros dos contribuintes;
contribuintes estes a quem Coelho e MLA negaram vir a pagar a factura do ex-BES.
(Adenda: é estranho que o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que se
ufanava de ter uma relação próxima e afável com Ricardo Salgado, se evapore nos
momentos em que a CT ou as próprias delegações da UGT tratam do caso ex-BES / Novo
Banco com qualquer entidade – ou então não é estranho e o homem é mesmo assim:
evapora-se na complexidade).
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