quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O humor de Palmeirim é um brinde ao cão, ao gato e um gozo à Assunção


Verdade! O País necessita de momentos de ruptura com a tristeza. Estamos doentiamente sóbrios, introvertidos, incapazes de cultivar a anedota, a crítica social e mordaz que é histórica no humor português. Do cinema ao teatro, da rádio à televisão, mesmo na imprensa escrita.
Terá a rarefacção de humoristas portugueses alguma relação de causa e efeito com o ambiente tenso e denso em que a crise nos envolve? Talvez, mas ainda se destacam uns tantos com piada, capazes de nos fazer rir – o que não é fácil, diga-se.
Vasco Palmeirim, da Rádio Comercial, é um deles. Se políticos se espalham em declarações, dão o dito por não dito ou coisa do género, oferecem a generosa inspiração aos autores humorísticos. Como na tradição da velha ‘revista à portuguesa’, aqui está a resposta de Palmeirim à ideia de Assunção Cristas de limitar a dois cães e (ou?, ainda não percebi) quatro gatos os animais domésticos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Estado caloteiro, credores temerosos

O Estado deve 2600 milhões de euros, na maior parte a fornecedores privados. Temerosas de retaliações, as empresas não se manifestam nos lugares e meios próprios - a lista de credores em branco é a prova da pusilanimidade empresarial: 
No sector da saúde, há pequenas e médias empresas que foram compelidas a despedir bastante pessoal. Uma firma de que é sócio um amigo meu, no último ano reduziu de 34 para metade o número de trabalhadores. Tem créditos sobre diversos hospitais do Estado superiores a 1 milhão de euros, sem receber um cêntimo há mais de 18 meses.
Paulo Portas, na oposição, em 2008, reclamava, de voz tonitruante e de dedo em riste, contra o facto de a lista de credores do Estado conter apenas 11 milhões de euros; “Apenas 0,4% da verdade”, sublinhava o então deputado.
Agora governante, nem insónias tem. O governo em que participa, no seguimento da tradição pecaminosa de governos anteriores e em desrespeito pelas próprias promessas eleitorais, prolonga o calote do Estado às empresas e muito menos denuncia a injustificada lista vazia – “Apenas 0% de verdade” deveria histericamente gritar agora o putativo vice-PM, no gesto jactancioso e melodramático com que se expressa; mesmo que, sem vergonha, essa teatralidade dos gestos sirva para revogar um pedido de demissão do governo, a qual, preto no branco, jurara ser irrevogável.
Divulga-se que agora, depois de mais de 72.000 empregos perdidos e da redução de 13,2 mil milhões de euros reduzidos no Valor da Produção Bruta, o IAPMEI, a CIP e a ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores irão, com fé, solucionar o problema e clamar em uníssono: “Ó Cristo anda cá abaixo ver isto!”. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Jerónimo Martins e o livro de Sócrates

O 'Público' anuncia que, afinal, a Jerónimo Martins (JM) tem à venda o livro de José Sócrates: "A Confiança no Mundo - A Tortura em Democracia". Todavia, o mesmo jornal cita a porta-voz da Babel, confirmando que a editora recebeu uma ordem de cancelamento da encomenda do livro. Confusão!
O livro está à venda em nove hipermercados 'Pingo Doce' diz a JM - com diferentes áreas, a distribuidora tem a funcionar 375 lojas em Portugal e, ao contrário do que pretende dar a entender, há livros à venda em lojas menores, supermercados. No meu caso, foi no 'Pingo Doce' da Alta do Lumiar, próximo de minha casa, que comprei o excelente livro 'O Ensino do Português' de Maria do Carmo Vieira, da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Antes de conhecer a notícia do 'Público', em 'post' de ontem, já havia criticado o acto de censura praticado pelo grupo Jerónimo Martins.
A governação de Sócrates, e disso tenho testemunhos publicados, não escapou a críticas minhas, às vezes duras. Todavia, não é no plano de governante que a ele me refiro agora nem é um fedorento Soares de Santos, antipatriótico e lesivo da economia nacional (evasão de lucros para a Holanda e o encerramento recente da fábrica Lever em Sacavém) que tem o direito de escrutinar os livros que posso ler - se quero, compro e leio; se não quero não compro.
Se atentarmos na parte final da notícia do 'Público', captamos sem esforço a maldade, neste caso aguçada pela senilidade, do mediático e impostor Soares dos Santos. Respondeu ele, a uma pergunta:
“José Sócrates. Absolutamente. Um homem que não ouvia nada, megalómano, mentiroso, inteligente... Costumo dizer que se o Sócrates fosse candidato a entrar na Jerónimo Martins, metíamo-lo cá e depois tentávamos desenvolvê-lo..."
Esta resposta é sintomática e clara sobre o carácter dos candidatos privilegiado pelos critérios prevalecentes na admissão de quadros superiores na JM. E sobre o merceeiro Soares dos Santos fica, por ora, tudo dito.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Livro de Sócrates proscrito pela Jerónimo Martins



A administração da Jerónimo Martins recusou cumprir o acordo, antes firmado, de venda do livro de Sócrates nas lojas do grupo. TOMA LÁ QUE É DEMOCRÁTICO!, diria Camilo de Oliveira em reprodução da mensagem dos  'sketchs' que manteve na TV há anos com Ivone Silva.
Prefaciado por Lula da Silva, o tema tratado pelo ex-PM, 'A Tortura em Democracia', é de relevante interesse para o estudo político, cultural e social do fenómeno, a nível mundial.
Ao negar o reconhecimento de que a venda, compra e leitura desse livro forma um processo de divulgação cultural, distinto do exercício do poder do autor, em diversas situações questionável, consubstancia-se um acto de injustiça e falta de tolerância democráticas que, em Portugal, foram a marca de água da censura do Estado Novo. A liberdade de expressão é banida por quem pode, normalmente por quem o poder consente.
No mundo de tirania financeira, em que vivemos, seria muito mais justificado castigar severamente a família Soares dos Santos por, em momento de crise aguda do País, usufruir do imoral benefício de exportar lucros para a Holanda, para se furtar ao pagamento de impostos ao fisco português.
Acabaram com a Lever Portuguesa em prejuízo da economia nacional, exploram trabalhadores das lojas 'Pingo Doce'; enfim, cometem autênticos actos de tortura sobre milhares de cidadãos, mulheres e homens, através da exploração repugnante, de salários de miséria. 
Porém, essa conduta é, de facto, a única tortura permitida no 'Pingo Doce' e outros centros de funcionamento do sinistro grupo de merceeiros - a 'Pordata' não compensa tudo e agora fica-se na dúvida de que seja isenta nos critérios políticos de escolha de autores que publica.
Lula da Silva, se fosse vingativo, poderia influenciar a criação de direitos agravados para importação do azeite marca 'Gallo' no Brasil. Seria esta resposta que esta míope gente mereceria e, sobretudo, de países que, destacadamente, estão em processo de desenvolvimento - Angola é outro exemplo de efervescência política. 
O País, deteriorado por políticos e empresários sem ética, atravessa um dos momentos mais negros da sua História. Estamos de regresso à 'Inquisição'. 
    

O Cardeal Policarpo, Policromático e Politiqueiro

Faculdade de Engenharia da UCP inaugurada pelo cardeal Policarpo e Edite Estrela

A contradição de Policarpo é óbvia. Desrespeita as reiteradas denúncias e condenações da expansão da pobreza no mundo, formuladas pelo Papa Francisco. 
Aliviado de dirigir a diocese de Lisboa, o Cardeal Policarpo, ou o Cardeal das Caldas como alguns o chamam, decidiu dedicar-se à baixa política. Assume a defesa empenhada, diria mesmo militante, do governo de Passos e Portas; governo que, em dois anos, produziu falências em série, 400.000 desempregados, condenou milhares à emigração, 40.000 por ano, muitos destes jovens habilitados superiormente.
Então, Dom Policarpo criticou ontem com aspereza toda a oposição, defendendo o ‘plano da troika’ e o inclemente governo.
A cena oratória ocorreu perante duas centenas de pessoas e foi promovida pelo Secretariado da Acção Social e Caritativa da Diocese de Setúbal – crentes e não crentes da cidade jamais esquecerão as homílias e acção progressista de Dom Manuel Martins.
Sou agnóstico. Quando os notáveis da ICAR intervêm de modo desaforado e hipócrita na falsa defesa do interesse dos cidadãos, sinto revolta. E resta-me agir com o que sei a respeito de absorção de dinheiros públicos pela igreja.
Dom Policarpo tem também os pés nessa lama. Na qualidade de reitor da Universidade Católica que, anos a fio, consumiu vastos recursos do erário público, por exemplo. Destaquem-se os meios financeiros do País desperdiçados em conivência com Edite Estrela, uma socialista, presidente da C.M.Sintra à época, na construção da Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa e infra-estruturas camarárias de suporte, funcionamento e acesso ao edifício (imagem acima). Hoje está encerrada e no seu ‘site’ pode ler-se:
Mas, no fim das contas, o discurso de Dom Policarpo acaba abstruso. Depois de se atirar de unhas e dentes a toda oposição nacional, terminou assim:
Afinal em que ficamos? A responsabilidade é de quem se opõe ao actual governo ou do sistema financeiro internacional que atingiu desde 2008 as economias ocidentais? Será melhor que Policarpo, em vez de policromático partidariamente segundo as conveniências do momento e politiqueiro de sacristia, se remetesse ao silêncio e à ascese, seguindo o exemplo do também emérito Bento XVI.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Passos segregado e desprezado pela NSA


A NSA segregou Passos. O nosso PM não faz segredo disso, conformando-se - que remédio! - com a discriminação.    
Ser-lhe-á difícil entender a falta de relevância com que os sinistros serviços de espionagem norte-americanos o consideram, relegando-o para a categoria dos 'Eat Shit'? 
Tem de limitar-se a ser solidário com a Alemanha e a França e já se sente promovido.
Negligentemente, esqueceu, em tempo devido, o discurso de Dilma na Assembleia-Geral da ONU, a mais oportuna, incisiva e dura intervenção que o mundo ouviu de reprovação da espionagem norte-americana. Para mais, proferido pela PR de um país irmão, o Brasil.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A liquidez do BCE em queda acentuada – e os efeitos para Portugal?


A quantidade de fundos excedentes no sistema financeiro da zona euro caiu abaixo de um limite, antes definido pelo Banco Central Europeu como o limite inferior da política monetária acomodatícia (obs. nossa: política que visa a estabilidade de preços (economia) e juros (finanças).
O excesso de liquidez no sistema financeiro da zona euro, ou o dinheiro não directamente necessário para um bom funcionamento do mercado monetário, caiu para 187 mil milhões de euros (US $258 mil milhões) ontem, segundo dados publicados na reunião de hoje do BCE com base em Frankfurt. Esse é o nível mais baixo desde 13 de Dezembro de 2011 e a primeira vez que o excesso de liquidez caiu abaixo de 200 mil milhões de euros, desde que o BCE emitiu mais de 1 trilião de euros em empréstimos a 3 anos há quase dois anos para evitar uma crise de crédito.
Caindo os níveis de liquidez pode-se impulsionar o custo de financiamento aos bancos, uma perspectiva, o Presidente do BCE Mario Draghi disse-o no mês passado, à qual ele estaria "particularmente atento". Além do mais, Draghi lançou uma reivindicação em Fevereiro que fundos excedentes acima da marca de 200 mil milhões de euros confirmavam a política do BCE de estar a apoiar a economia.
Ele disse em Setembro que o limiar depende do estado de fragmentação dos mercados financeiros. Taxas de mercado monetário de curto prazo devem ficar ligeiramente acima da taxa de depósito, actualmente no zero, quando o excesso de liquidez permanece acima de um nível estimado" para estar na faixa de 100 a 200 mil milhões de euro," afirmou o BCE em Julho.
A quebra de falta de liquidez do BCE é fenómeno com maiores implicações para países mais fragilizados, entre os quais se insere Portugal. Dos empréstimos à nossa economia, em especial às PME, nem será necessário cair em comentários detalhados. Os bancos, na prática, reduziram ou em inúmeros casos bloquearam esses empréstimos.
No que respeita ao regresso de Portugal aos mercados, e diminuídos que estejam os recursos de liquidez do BCE, a expectativa de haver intervenções decisivas do banco central da zona euro para, no mercado secundário, condicionar o nível de juros não deve ser considerada como uma certeza, certas vezes eufórica e manifestada por comentadores da comunicação social, em especial nas TV’s.
Oxalá tais riscos se dissipem, porque, com o flagelo da austeridade da ‘troika’ e a subserviente disciplina do governo de Passos e Portas, será sempre o povo a suportar o agravamento de custos, geradas por uma zona monetária que, sem uniformidade orçamental e fiscal, nunca deveria ter sido criada.
Como é que os países europeus mais debilitados vão sair de tamanho imbróglio? Esta é a questão a que nenhum Draghi, hábil mas errante, jamais responderá com precisão, muito menos se a liquidez do BCE continuar a diminuir.

Gestores ou predadores públicos?

Dia chuvoso e cinzento. Tempo agreste em País de escassa gente mandante que preste; em especial, políticos, no governo ou fora dele, gestores e administradores de instituições e empresas de propriedade e interesse públicos.
A propósito da inclemência pluvial em dia de casamento, usa-se o provérbio “boda molhada, boda abençoada”. Todavia, a jornada é de divórcio, materializado na alienação da PT pela CGD.
A CGD, segundo o presidente da PT, Henrique Granadeiro, ainda tinha bastante tempo para realizar a operação. Por outro lado, diga-se, é concretizada justamente no momento em que se desenvolve a fusão da PT com a brasileira Oi; fusão que já por si, e segundo se lê, favorece o domínio maioritário dos capitais brasileiros sobre os portugueses - pelo menos, Dilma, muito mais patriota do que o  PR e governo portugueses, congratulou-se com esse facto.
É difícil conceber que a CGD se esteja a despojar de um activo estratégico de tal valor neste momento sem que a tutela, na pessoa da ministra das finanças, tenha sido informada. Caso saiba do assunto, fica, uma vez mais, provada a incompetência da senhora; agora, para entender a afectação do interesse nacional pela venda de 6,11% (54.771.741 acções) da PT, enfraquecendo a posição portuguesa na dita fusão – para cúmulo, a CGD ficará com a insignificante e ridícula participação de 0,20% do capital da PT.
A empreitada da antipatriótica asneira foi cometida ao administrador da CGD, um tal José Matos. Em tão imbecil quanto lampeiro comunicado, os órgãos dirigentes da Caixa justificam: “esta venda faz parte de uma estratégia de desinvestimento em activos não estratégicos".
Quando, em plena era de imparável desenvolvimento das ‘Tecnologias de Informação e Comunicação’ a nível mundial – e a PT tem ‘know-how’ próprio em processos avançados de telecomunicação – estultas figuras do ‘neoliberalismo’, ministra incluída, aventuram-se, sem pudor, em justificações insensatas, próprias da ignorância de que não dão conta de existir dentro de si.
A despeito da crise e das “exigências” dos credores – chega de desculpas para tanta asneira! - o País precisa de mudar de rumo e consequentemente de mandar esta gentalha passear para bem longe. Talvez para o Saara, mas sem oásis à vista. Ainda os nacionalizavam, alienando a multinacionais.
Em sentido oposto, o astuto banqueiro Salgado diz: “BES continuará fortemente envolvido na criação de grande empresa multinacional de língua portuguesa”. Há banqueiros e aprendizes de sapateiro.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O transitório interminável

O ministro Mota Soares proporá à concertação social a transição para 2014 da transitória medida do pagamento em duodécimos dos subsídios de férias e de Natal no sector privado. Estava estabelecido para vigorar apenas em 2013, segundo a Lei 11/2013 de 28 de Janeiro.
Independentemente de se atingir os trabalhadores privados, deverá lembrar-se que os trabalhadores da função pública, reformados e pensionistas já estão abrangidos por medida semelhante, cujo horizonte temporal, diz o governo, é o termo do PAEF (Programa de Ajustamento Económico e Financeiro) – ver Art.º 29.º da Lei do OGE de 2013 revogado pela Lei 29/2013 de 21 de Junho.
Duvido que o governo não a faça transitar para 2015, já sob o efeito do ‘programa cautelar’ ou do ‘2.º resgate’, conforme o que nos cair na rua, nos transportes, no trabalho ou em casa – é apenas necessário que o ministro Moreira da Silva tenha ambiente e energia para ordenar a exposição territorial do programa que nos sairá ao caminho.
Temos, de facto, à frente do país um governo da mentira, da trapalhada, incapaz de corresponder aos padrões mínimos do estatuto exigente e excepcional de estadistas. Juntam-se na molhada governativa espécies de eriçar pelos e cabelos. Cito alguns: o super vaiado pm; o irrevogável revogado vice-pm; o macróbio MNE; a ‘swinger dos swaps’ que, mestre em economês e deficiente em português, nos avisa que, no ‘gamanço dos rendimentos dos cidadãos comuns’ – Sr. Ulrich & Cia. não se metam nisto! - o transitório (=efémero, fugaz, passageiro) não é anual e parece interminável. Tudo com a obscena complacência da vetusta figura de Belém.

Cumpre-nos, pois, reagir, na certeza de que o governo será plurianual, mas jamais eterno. Sim porque um dia terminará o inferno.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O autor psicopatológico do ‘Aventar’


A blogosfera transformou-se em plataforma de comunicação em permanente actualização, poderosa e acessível a uma dimensão universal de milhões de cidadãos de todos os géneros, idades e classes sociais. Da pornografia à moda, da cultura à política, enfim, em todos os domínios, se cruzam autores e leitores multifacetados segundo preferências e comportamentos; em larga maioria moldados e comportando-se diversamente como reverentes, indiferentes, insípidos, acerados ou irreverentes, nos opúsculos que escrevem ou lêem. Pelo meio há democratas e reaccionários, obviamente.
A intersecção da democracia com conteúdos blogosféricos – considere-se em plano destacado ‘os blogues’ – é fenómeno complexo. Sobretudo, quando louvavelmente, diga-se, os propósitos de um blogue se fundamentam e perseguem princípios pluralistas; princípios estes invariavelmente difíceis de balizar com traços definidos e nítidos.
Pluralismo, no sentido semântico, assume características de conceito absolutista, corporizando a pluralidade do maior número possível. Uma ausência de limites, na propagação ideológica e tipo de argumentação política, facilita o uso do oportunismo por uns quantos cujo objectivo é defender e propagandear ideais adversos à democracia política, económica e social – a História está recheada de exemplos de usurpadores do poder e serventuários dóceis de poderosos, não sendo sequer necessário recorrer à citação de Estaline, Hitler, Franco ou Salazar para comprovar o expediente de usar métodos que começam por parecer inofensivos e se transformam em pesporrentes de sorrateira e crescente tirania.
O filme dedicado a Hannah Arendt, em exibição neste momento, é excelente meio pedagógico desses métodos de ascensão e exercício do totalitarismo.

Escrevi, despretensiosa e discretamente, vários textos no ‘Aventar’, na qualidade de autor. De súbito, fui expulso por imperativos de consciência, sem, sublinhe-se, a mínima pressão dos vários amigos que nesse blogue continuo a considerar com muita estima. Independentemente das inclinações políticas que perfilham. Não de todos, é claro.
 
Um demente, libidinoso confesso, de verve fácil e aprimorada, pelo e como escreve, compeliu-me a abandonar o blogue. Fiz uma pausa na blogosfera, quebrada, é evidente, com este texto. O fulano, repetitivo, fanático e gratuitamente obsceno, a despeito de dizer que vive sem eira nem beira, tem a audácia de, ao jeito de diluvião escriba, em pouco espaço de dias (ou horas) ser capaz de publicar isto, isto, isto, isto, isto, isto e muito mais que me dispenso de reproduzir.
O transviado mental, libidinoso confesso, reduz-se, de facto, a um perturbado revoltado contra as condições de vida democrática, que nem sempre é isenta de derivas. Ao que parece, sem ostentar embuçada saudade do fascismo, é um animal prolixo e opulento na verve fascistóide que dizima de Manuela Ferreira Leite a Bagão Félix, sendo sintomáticos os reconhecidos apreços e agradecimentos que lhe são manifestados por quem com este governo se governa. Uma meia-dúzia face a milhões que sofrem da insanidade de governantes incompetentes, de falta de palavra e mau carácter, que hão-de levar o povo português a mais pobreza e miséria; as quais, pelos vistos, não atingem o desempregado devoto da governação de Coelho e Portas e, eventualmente no futuro que imagina, de outras figuras de mais impetuosa pesporrência que lhes possam vir a suceder – de quem salário diz não ter é caso para dizer: “Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem…”. É estranho.

Regresso


Resolvi regressar ao meu blogue pessoal, ‘Solos sem Ensaio’. Sem ter expressão em termos de audiência, já serviu, contudo, para causar incómodos a servidores de poderosos.
Como sempre, o que sinto em defesa dos interesses do Povo Português, nesta hora, alvo de desumanas e reles investidas, denunciarei o que me for possível. Tudo o mais será escrito ao sabor das ondas de um mar mais vezes agitado do que sereno.
Sem compromisso partidário, a justiça social e o bem dos portugueses serão fundamentalmente as minhas causas. Atacarei, quando puder, a gente espúria que por aí gravita, no governo ou à sua volta.
Saudações a quem as merece!