domingo, 29 de julho de 2012

Seguro, o cacique feliz

seguroSeguro pertence ao conjunto de políticos forjados nas ‘jotas’, no caso a JS. Os padrões e capacidades em geral dessa gente, em aspectos de ordem intelectual, cultural e de consciência de homens de Estado, estão a léguas de corresponder aos desafios da governação do Portugal actual. Além do mais, atravessamos tempos de crise aguda por efeito de acumulados erros internos (mais de 30 anos!), dos desmandos do sistema financeiro internacional e ainda da obstinada recusa das economias desenvolvidas, Alemanha à cabeça, para em definitivo extinguirem a crise ou o euro – quanto tempo e dinheiro, fora o descalabro do desemprego e de outras chagas sociais, já custou a milhões de europeus a persistência da crise? Com certeza, não foi a todos. Há sempre uns a quem a UE, a Zona Euro e por tabela o Estado Português facilita uma doce vida.
Seguro, seguramente, como Passos e Gaspar, é o chamado político instantâneo, estilo ‘pudim Alsa’ ou ‘penso rápido’, sem visão estratégica – propositadamente não cito Paulo Portas, porque esse, tenho de reconhecer, tem outra envergadura e eficácia na preservação da imagem para descrever sucessivas curvetas, arregimentando um conjunto de manipuláveis marionetas. Claro que não actua em consonância com o interesse nacional, entenda-se.
Seguro, a meu ver em acto de profunda hipocrisia, declarou-se um líder “muito feliz”, a propósito de António Costa reconhecer publicamente ter condições para, se necessário, candidatar-se a secretário-geral do Partido Socialista. Seguro está ciente de que, além de perseverante cacique, a correr e manipular potenciais eleitores do País rural e urbano, nada tem de comparável com as qualidades de Costa para pegar no leme, nas tenebrosas águas em que navegamos e às quais a política de Passos e da ‘troika’ mais turbulência acrescentará.
António José Seguro, sem nunca lograr ter transcendido a mentalidade provinciana, relembre-se, é um cacique em peregrinação pelas secções do PS por esse País fora. Ora se bate com anho e arroz no forno em Baião, ora petisca sardinha assada em Portimão. E assim vai captando votos.

sábado, 28 de julho de 2012

Síria, o protectorado de Putin onde o Ocidente não toca

síriaLembremos a Líbia, bem como a bárbara execução do ditador Kadhafi que nenhuma democracia legítima do ponto de vista ético e da superioridade no exercício da justiça. Atacada a ferro e fogo sob as ordens da França de Sarkozy, associadas  à conivência activa de Berlusconi e Obama, os apregoados ideais de defesa das liberdades do povo líbio – ou do petróleo? – ficaram desmistificados. Tudo se resumiu a actos de cruel cinismo.
Da parte dos principais líderes da UE e dos EUA, é chocante a passividade perante os acontecimentos na Síria; onde, desde há um ano, o regime de Bashar al-Assad dizima milhares de vidas - crianças, mulheres e idosos, incluídos - numa das carnificinas mais sangrentas e brutais da actualidade. O Ocidente, nas declarações inconsequentes de Hillary Clinton, nas críticas vagas da UE e nesse vai-e-vem patético de Kofi Annan a Damasco, deixa claro não querer tocar no protectorado de Vladimir Putin.
Verdadeiramente, em termos de petróleo, o interesse da Rússia é nulo, uma vez que dispõe de vastos e diversificados recursos energéticos e, para além disso, a Síria não tem a expressão da Líbia.
As bases em solo sírio integram-se nos desígnios geoestratégicos de Putin homem que é essa herança preciosa do alcoólico Ieltsin, no bailado da “democracia rotativa” dançado com Medvedev. Vale-se de expressão artística e de estética política com talento superior à arte corporal dos bailarinos do Teatro Bolshoi.
Da guerra fria, o mundo evoluiu para os actuais tempos teatrais do absurdo; onde, uns líderes falam sem sentido e outros são impunes a fomentar e manter jogos de guerra.     ‎    

  

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mais saúde ou menos dinheiro?

O ‘Público’ anuncia, em título, a realização de menos meio milhão de consultas em Centros de Saúde (CS) durante os primeiros cinco meses de 2012, se comparado com o período homólogo de 2011.
O quadro resumo publicado pela ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde revela acréscimos e decréscimos de actividade, a seguir discriminados:
Quadro resumo da actividade assistencial
Maio
2011 2012 var. var. %
Consultas médicas
Hospitalares 4.797.259 4.904.323 107.064 2,23%
Primeiras consultas 1.384.597 1.433.498 48.901 3,53%
Consultas subsequentes 3.412.932 3.470.825 57.893 1,70%
Consultas de cuidados primários 13.164.478 12.905.643 -258.835 -1,97%
Consultas médicas presenciais 10.010.568 9.448.513 -562.055 -5,61%
Consultas médicas não presenciais 3.068.388 3.366.483 298.095 9,72%
Consultas médicas domiciliárias 85.522 90.647 5.125 5,99%
Serviço de Atendimento Permanente 1.469.347 1.069.489 -399.858 -27,21%
Urgências
Hospitalares 2.801.038 2.517.574 -283.464 -10,12%
Internamentos
Doentes saídos 357.854 360.008 2.154 0,60%
Intervenções cirúrgicas
Intervenções cirúrgicas programadas 228.543 228.829 286 0,13%
Intervenções cirúrgicas convencionais 110.542 107.772 -2.770 -2,51%
Intervenções cirúrgicas ambulatório 118.001 121.057 3.056 2,59%
Intervenções cirúrgicas urgentes 44.479 42.150 -2.329 -5,24%
Hospital de Dia
Sessões 531.509 497.706 -33.803 -6,36%
Fonte: ACSS
A maior redução registou-se, de facto, nas ‘consultas presenciais’ nos CS ( - 562.055, portanto mais de 10% acima do número citado pelo ‘Público’). O aumento das consultas não presenciais, por telefone, ao atingir + 298.055, compensou em parte a quebra das primeiras. Todavia, em termos de eficácia de acto médico, há muitas dúvidas que a prestação e o resultado sejam equivalentes – a diferença centra-se no custo destas últimas se restringirem ao valor pago pelo utente pela chamada à operadora de telecomunicações, bastante abaixo da taxa moderadora de € 5.00 / consulta, exigida a muitos beneficiários do SNS.
Por sua vez, e sendo propalada pelo governo a política de prioridade aos ‘cuidados primários’, por recurso aos CS, registou-se também uma redução nos atendimentos de urgências hospitalares, o que aparentemente reflectiria o acolhimento dessa política. Mas, as urgências diminuíram, em relação ao período homólogo de 2011, em – 10,12%, ou seja, - 283.095 episódios, cuja taxa moderadora, à partida, é de € 20.00 euros, podendo atingir € 50.00 euros / doente assistido, no caso de análises e exames complementares de diagnóstico.
Claro que extrair uma conclusão definitiva de uma análise aligeirada aos números da ACSS é correr riscos de erros de interpretação. Todavia, uma pergunta fica no ar: o decréscimo do recurso dos portugueses a consultas presenciais de ‘cuidados primários’ e a ‘serviços hospitalares de urgências’, entendido cumulativamente, é causado pela melhoria do estado de saúde dos portugueses, pese embora o envelhecimento acelerado da população, ou por falta de meios de vastas camadas dessa população para suportar as taxas moderadoras que lhes estão a ser exigidas?
A dúvida exige esclarecimento das autoridades de saúde, em especial do MS e da ACSS, porque a prevalecer a incapacidade de pagar, naturalmente que os indicadores da esperança de vida – 82 anos para mulheres e 79 para homens – regredirão de forma dramática; com o subsequente aumento de óbitos em paralelo com quebras da taxa de natalidade.
Mais saúde ou menos dinheiro? É a pergunta sintética.  

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Passos poéticos em falso

Ao som de vaias e fanfarra, para Pedro Passos Coelho, citar poesia é acto de sublime coragem e de demonstração cultural. O dia do município de Cantanhede foi a ocasião em que o primeiro-ministro se socorreu de deturpado verso de José Régio, para afirmar:
“Por aí não podemos ir”
Temos de aceitar que, após a burlesca e hipócrita frase “estou a lixar-me para as eleições”, Coelho já fez progressos de retórica na populista toca onde, com frequência, se refugia. Seria, todavia, mais honesto e atitude de sabedoria pura, se, de facto, tivesse exaltado a  mensagem autêntica do ‘Cântico Negro’ de José Régio; em especial, a última, estrofe, uma nona, que diz assim:
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
Mas, pergunto: que coerência pode esperar-se de um mixordeiro da baixa política que, no mesmo evento, acabou por mentir? – O Governo não exige “de mais” ao país - afirmou a falsa criatura.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O silêncio forçado ou pequeno resto dos incêndios

incêndioMenos extensos do que no Algarve e Madeira, mas ainda assim com frentes suficiente amplas para merecer destaque televisivo (SIC), nas passadas 4.ª e 5.ª feira, os incêndios atingiram vastos hectares de montado entre a zona da Tramaga, ao norte da Barragem de Montargil, e os terrenos de Galveias, a alguns km de distância.
Houve zonas florestais devastadas, casas e pequenas produções hortofrutícolas atingidas. Na aldeia onde vivo, Ribeira das Vinhas, a minha casa e as de vizinhos estiveram ameaçadas por um frente ampla de fogo. Valeu-nos o Luís, um jovem da terra, ex-bombeiro, que encaminhou para o terreno atacado pelo incêndio os bombeiros de Torres Vedras, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos e Lisboa – estou no distrito de Portalegre, diga-se.
Sem o auxílio do Luís, reconheceram os homens das corporações citadas, não teria sido possível extinguir o incêndio e evitar a propagação a casas e áreas de mato e floresta.
Que pensar dos comandos e da coordenação das operações? O melhor é optar pelo silêncio; um silêncio semelhante, mas esse forçado, àquele que me calou o telefone e a Internet – os cabos e postes ficaram destruídos.
Tive de recorrer à compra de uma ‘pen’ para aceder à ‘net’ e reanimar, assim, o meu modesto blogue que tem permanecido em absoluta mudez. Afinal, um pequeno e insignificante resto dos incêndios.

domingo, 15 de julho de 2012

Jardim – diga lá Dr. Menezes, por favor

JardimMenezes
O PM, recolhido na coelheira de Massamá, faz de conta que não ouve nem entende. Afinal, sempre se trata de Miguel Relvas, o amigão, que lhe arranjou maçónicas sedes e apoios de “candidatação”. Do Campo Grande ao ‘Franjinhas’, a Lusófona cedeu do melhor para as panelinhas.
O tema do momento é a licenciatura do Relvas. De distendidas equivalências e ser ‘soutor’ num instante, resta a suspeita se o homem tem uma inteligência fulminante – há quem diga que, do Miguel, o secundário é outro falso fim de itinerário.
As vozes dentro e fora do partido estão em alvoroço, uma espécie de ruído de agrilhoar os ouvidos e estrangular o pescoço.  Jardim, sem ponta de reverência, reivindica agora quatro licenciaturas por equivalência. Umas vez que não se trata do Firmino, que é pequenino, que dirá Menezes sobre tais ambições de quem no partido ‘laranja’ tem poder e cultiva fricções? 
A resposta do autarca de Gaia, creio, será o silêncio, porque sabe que gente de envergadura é coisa dura. A despeito da minha e outras provocações, ficará mudo o Menezes, porque, espertalhão, só fala às vezes. Se errar por precipitação, chora, esconde-se, foge e apanha o comboio ou o avião. Como há anos em Lisboa no Coliseu, onde disparatou, chorou e despediu-se: “Então lá vou eu!”.
A Madeira ainda é ainda mais meridional e ficar calado não lhe parecerá mal.

Simplesmente o pior!

simply the worst
Fonte: Arrested Motion - obra de Neck Face
Quando, dias a fio, desgraças, menores ou maiores, desilusões, contrariedades desfilam e me magoam a valer; quando, portanto, a vida se afunda em contínuas complicações, o melhor é escarrapachar na tela: ‘SIMPLY THE WORST’, contrariando, no silêncio da pintura, o grito histriónico e histérico, ‘SIMPLY THE BEST’, da Tina Turner.
O aldrabão do governante abarbata-me partes substanciais do salário;  sou professor, e outro do governo diz-me que para o ano posso ficar sem trabalho; a empresa da minha mulher fechou há dois anos e ela não consegue novo emprego; os miúdos, Rita e Rui, já se queixam que nos últimos tempos não têm tido as coisas a que os habituámos. Mal, porventura.
Ora, a minha vida está nesta trapalhada e vou para um ‘Rock in Rio’ qualquer gritar com a Tina: ‘SIMPLY THE BEST’? Vou mas é uma porra, é que vou! Onde vou mesmo é ao atelier do artista e, naquele sagrado caos, mudo e sereno, olho para a obra e medito: ‘simply the worst’. E de mim para mim, lamento: “A puta da vida não poderia estar a correr-me pior.”.

sábado, 14 de julho de 2012

Espanha de Rajoy e a liberdade na Europa

democracia em Espanha
Fonte: El País
Esta idosa, no entender das forças de segurança de Madrid, é uma cidadã perigosa e subversiva; capaz de  afrontar a segurança do estado espanhol, ameaçar a estabilidade institucional vigente; e sobretudo a paz da conivência entre Moncloa de Rajoy e o Palácio da Zarzuela, do monarca caçador de elefantes e de elegantes lontras.
A senhora contestou as medidas de austeridade do governo. Deveria tê-las acatado pacífica e patrioticamente. Ainda que tivesse fome.
Ao não obedecer à guarda pretoriana hispânica, expôs-se a riscos. Que são muitos e graves, no podre regime de democracia e liberdade em Espanha, igual ao de outros lugares da Europa; onde, quem ouse defender a preservação dos direitos sociais pode acabar ferido ou detido.
Portugal, diga-se, está mais macio, mas não se furta a esta lógica de repressão. A propósito, é útil lembrar o demagogo-mor, Paulo Portas, em descabelados e mal-intencionados discursos, agora na Madeira – que merda de vírus ou bactéria política existirá na ‘Pérola do Atlântico’?



A Espanha não é Portugal, mas Paulo Macedo já cedeu

manifestações em Madrid
Manifestações em Madrid na noite de 6.ª feira, 13
Segundo a imprensa espanhola, e com destaque para Madrid, em várias cidades registaram-se manifestações de milhares de cidadãos, a despeito da violência das forças policiais. As sedes do PP e do PSOE e as ‘Portas do Sol’ na capital foram os principais locais-alvo para manifestar a contestação das medidas do governo de Rajoy.
Há um número indeterminado de feridos e detidos. Os espanhóis, diga-se, e a História o comprova, são decididos na acção e reduzem a retórica à mínima expressão.
Portanto, a Espanha não é Portugal. A despeito da diferença, e porque cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, o contabilista bancário Paulo Macedo já cedeu alguma coisa perante os sindicatos dos médicos. As contratações à hora continuarão, mas de forma mais limitada e justificada pelo estritamente necessário.
Espera-se que o ministro cumpra a palavra, mas nunca deverá deixar de acreditar-se que, sem formas de luta colectiva eficazes, os trabalhadores e desempregados portugueses, e os cidadãos em geral, atingirão o objectivo de demover o governo de os submeter ao pesado programa anti-social que impende sobre o trabalho e ignora o capital. Como, aliás, acentuou o presidente do TC, juiz Moura Ramos.
A violência não é desejável, mas o risco da mesma vir a eclodir, em Portugal, existe. Apesar de sermos um povo de brandos costumes. Em Espanha, o ambiente social já é suficientemente escaldante; e até as lutas do povo grego, feita a comparação, parecem menos do que banais.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Porque hoje é 6.ª feira…Miguel Araújo

Porque hoje é 6.ª feira, o dia é ideal para encerrar a semana com alguém que me convidou para ver os aviões, inspirando-se na canção do Miguel Araújo.
Miguel Araújo é a figura actual em foco dos cantores-criadores da Invicta, prosseguindo o saga de Rui Veloso, Reininho e Abrunhosa. “Biba o Porto, carago!”. “Bibam também a Carla, o Zé Magalhães, o Adão, o Ricardo, a Noémia, o Zé de Freitas, a Alice, o Fernando Moreira de Sá, a Zita, o João Paulo e até o Nabais, coimbrão, que petisca em Matosinhos, à beira da lota!”.
Tu, JJ, és de Coimbra e a saudação passa por outras vozes, Zeca e  Adriano, e bebe um copo á nossa no Santa Cruz, no Montanha ou noutro local à tua escolha. A música fica para a semana.

Coelho e os conspiradores Almunia, Moura Ramos e Bagão

Coelho ameaçado
O comissário Europeu, Almunia, recomendou:
Almunia fez esta recomendação, através da comunicação social, à margem da conferência proferida na Universidade Católica, em Lisboa; local que, aliás, parece estar a transformar-se em fatídico para o governo. Já Michael Porter, no mesmo anfiteatro, deixara há dias Paulo Macedo em estado de pré-apoplexia, ao afirmar que cortar nos valores pagos a profissionais de saúde era um erro grosseiro.
O presidente do Tribunal Constitucional, aos microfones da Antena 1, entre outras considerações, transmitiu a ideia de que o governo, em particular o PM, não soube interpretar o texto do acórdão daquele tribunal. Criticou a imaturidade do PM, ao admitir a extensão da medida aos trabalhadores do privado, sem ter reflectido no conteúdo do acórdão; isto, minutos antes de entrar para uma sala de espectáculo.
Para fechar o funesto ciclo de declarações antigovernamentais, Bagão Félix disse:
Coelho, na sua coelheira de Massamá e sem Relvas por perto, mas ao telemóvel, concluiu que Almunia, Moura Ramos e Bagão Félix aderiram ao BE. São conspiradores e críticos levianos do desempenho governativo. Vem aí a 5.ª avaliação da ‘troika’ e isso é que vale – o FMI, em Washington, já admite que Portugal não cumprirá a meta do défice, mas até na instituição de Lagarde há infiltrações de bloquistas. “Uma corja de conspiradores”, desabafa – feras que atacam um pobre e pacato coelho, acrescento eu.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As frases bombásticas de Relvas

tique
Relvas tem a faculdade rara de criar frases susceptíveis de causar enorme perplexidade, caos mental e até tiques em quem as escuta. Veja-se no estado em que esta militante do PSD ficou, quando ouviu na rádio  a notícia:
Bombástico!, avassalador!, estrondoso!, bom não há palavras para qualificar este pensamento. Que estremece e perturba quem quer que seja.
(N.A.: Sr. Ministro eu teria preferido dizer “procura permanente do conhecimento”; mas, deixe lá; é um pormenor de semântica e, por outro lado, o conhecimento permanente, se se falar de pessoas influentes, é mais útil para a vida).

Ao pé do mar, ao pé de ti

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo vão ser reprivatizados, anuncia-se.
Será que este, à semelhança de Catroga, Arnaut e de não sei quantos mais, já está a candidatar-se a gestor? Sempre é um homem do norte, carago! Pesado e desconchavado, mas facilmente encontrará casa espaçosa em Afife… “ao pé do mar e ao pé de ti”; sim de ti, prémio compensatório para quem está temporariamente sitiado em terra de mouros.

Afinal estão todos a tramar Duarte Lima!

“Estou absolutamente inocente”, declarou Duarte Lima á Visão, adiantando um conjunto de argumentos "irrefutáveis" e de diversa natureza. Vamos por partes:
Falta de prova factual
O homem acompanhou Rosalina a Saquarema na noite do crime, citou uma tal Gisele, ou lá como se chamava a criatura, com quem deixou a vítima; a polícia não se deu ao trabalho de localizar a Gisele; disse à polícia não se lembrar da marca do carro que utilizou, nem do stand, pensando – logicamente! – tratar-se de uma conversa informal com a polícia, espécie de bate-papo entre dois chopes e sem gravador; afinal o polícia era malandro, deturpou o facto principal da prova alterando os relatórios periciais… é demais!.
Nesta explanação, o Lima burila a questão de tal modo que a prova factual se evaporou. – Sim, se evaporou meu bem. – disse-lhe a cabrocha amiga no ouvidinho, em atitude de conforto.
Investigação por encomenda
A polícia de investigação criminal brasileira é indolente; só trabalha por pressão e encomenda; mas é moderna, usa Internet para recepcionar pedidos de investigação; não se sabe qual o meio utilizado, mas Lima garante que a investigação foi feita a pedido de Olímpia e do afilhado de Rosalina e a polícia ajudou a urdir a trama.
Conclusão: todos contra o Lima, até os policiais como se diz no lado de lá. O facto de Rosalina, que na noite do crime esteve com Lima, ter sido morta é irrelevante para a investigação; o importante e grave é o caso ter sido investigado por encomenda. – Sim, meu bem, você está certo, tudo foi encomendado. – aprovou a cabrocha meiga com novo  gesto de consolo.
Final do episódio
Ficámos a saber que, afinal, todos estão a tramar Duarte Lima – Olímpia Feteira, o afilhado da Rosalina e até a polícia brasileira. Aguardemos os desenvolvimentos.
Outras histórias
Sobre outros casos em que está envolvido, BPN e ‘Monte Branco’, Lima achou inoportuno falar. Falará, porventura, lá mais para a frente. Não se sabe quando. A justiça portuguesa já enfrenta dificuldades de tempo para burilar peças menos dúcteis, quanto mais uma lima desta espécie!   

A Democracia Iliberal em expansão na Europa

manifestação em madrid
Fonte: Jornal ‘Público’
Fareed Zakaria, ensaísta e jornalista editor da ‘Newsweek International’, faz uma espécie de decantação de dois conceitos, normalmente imbricados: democracia e liberdade.
A democracia corresponde à vontade expressa pelo povo em eleições livres e justas. Segundo o ensaísta, a liberdade, ao contrário do que se pensa, nem sempre caminha de  mão dada com a primeira. Dá os exemplos de Hitler e de Hugo Chavez, democraticamente eleitos, para ilustrar a teoria que sustenta.
Se Fareed actualizasse o texto do livro ‘O Futuro da Liberdade’, teria de contextualizar o que hoje se passa em diversas sociedades europeias, em termos de repressão de liberdades. Aplicando aos fenómenos de violência policial na Europa o conceito do que ele classifica de ‘democracia iliberal’.
Rajoy, como políticos gregos, italianos e portugueses, não foi sufragado para se valer de brutais acções de violência policial sobre manifestantes que contestam a austeridade, ou seja, o desemprego real ou potencial, a precariedade das relações de trabalho, a carestia da vida em crescendo, a pobreza e até a miséria em expansão.
Sucede que Rajoy, para vencer o sufrágio, contestou publicamente a hipótese de aumento do IVA ponderado por Zapatero, prometendo, pois, não tomar essa e outras medidas adversas aos cidadãos. Uma vez ludibriados, estes protestam. Qual a surpresa?
Cá como lá, a receita cega e socialmente insensível da austeridade está a dar origem a climas e confrontos sociais e físicos que, infelizmente, os políticos do poder e parte da oposição se mostram incapazes de entender. Um dia perceberão à força, muito possivelmente.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Dinheiros e endinheirados do ópio do povo

futebol e pobrezaÓpio do povo, o futebol é vício de massas desde sempre grato e estimulado por políticos. Mas não só. Com o correr dos tempos, a indústria do ‘pontapé na bola’ foi-se erigindo com explosivo desenvolvimento.  Terreno fértil de negócios de milhões e milhões captou, naturalmente, os interesses de outros parceiros atraídos por elevados rendimentos: empresários, líderes e funcionários de organismos de futebol nacionais e internacionais, e ainda os dirigentes remunerados dos clubes. Os mecenas cederam o lugar aos sugadores.
O vício é patológico e de raízes profunda e transversalmente populares. Um desempregado e um licenciado bem sucedido profissionalmente partilham, no mesmo café, de idênticos sofrimentos, ansiedades, euforias e desilusões suscitados pelo jogo. Um iletrado e um engenheiro, lado a lado, esbracejam, agitam-se, gritam “goooooolo!” ou chamam, a plenos pulmões, “filho da puta” ao árbitro. Fazem-no como exercício de impecável sintonia, conquanto jamais se tenham conhecido antes; muito menos ensaiado a cena.
Destas emoções convulsivas do ‘Zé povinho’, os governos, sobretudo em tempos de crise, retiram dividendos sociais.
Abjecta se ponderada seriamente, normal se avaliada pelos desígnios, a medida do Governo Madeira de distribuição de 10 milhões de euros pelos clubes da região insere-se, pois, neste outro jogo da política, à roda do jogo da bola, que é garantir o ópio à malta.
Nós, aqui no Continente, não temos motivo para nos sentirmos de casta diferente. Para evitar o desgaste de examinar políticos, basta ver as contas encerradas em Junho de 2011 das SAD’s do Benfica e do F.C.Porto. Concluiremos que, nos “encarnados”, há dois dirigentes que auferiram 614.515 euros anuais, ao passo que, nos “azuis-e-brancos”, a totalidade paga a Administradores no mesmo período atingiu 3.080.000 euros.
Como diria o malogrado Perestrelo: “É disto que o povo gosta!”.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O liberal e funcionário público Pedro Lomba

Sim, embora o que escreve leve a entender o contrário, Pedro Lomba é funcionário público, exercendo funções de assistente na Faculdade de Direito de Lisboa.
Ser funcionário público e politicamente liberal pode converter-se em trajecto complexo, às vezes bifurcado, o que compele Lomba a escolhas de itinerários sinuosos.
Na crónica do ‘Público’, e à laia do pigmeu ambicioso na imitação de Proust, começa por recorrer à história do mito grego de Procustes. O conto não termina com a triunfal vitória de Procustes sobre a igualdade dos atenienses, apregoada no Areópago. Teseu matou-o, aplicando-lhe a mesma tortura. Pedro Lomba infere, então, que os juízes do Tribunal Constitucional (TC) acabarão como Procustes.
O acórdão do Tribunal Constitucional (TC), diz Lomba, admite que quem recebe por dinheiros públicos não pode ser colocado em pé de igualdade com os privados; o autor do artigo ignora, porém, o conteúdo da alínea c), de I – Introdução, onde se lê:
c) No âmbito dos reformados e aposentados agora abrangidos, incluem-se também os do sector privado, deixando de se estar, portanto, perante medidas apenas direccionadas para pessoas ligadas ao sector público, muito menos para “servidores públicos”;
Este velho jogo de viciar premissas para chegar a uma conclusão, que Lomba persegue no artigo, não passa de primário sofisma.
Com a abrangência dos pensionistas do sector privado fica desmistificada a tese, já de si falseada nos pressupostos, de que se atendeu a maior segurança de emprego dos fp’s. Os pensionistas privados descontaram durante décadas sobre 14 mensalidades e o contrato com o Estado representava – e representa! – a obrigação da Segurança Social garantir o pagamento de 14 pensões anuais.
A solução encontrada pelo governo foi desenhada à medida de interesses políticos – obstar a conflitos com os trabalhadores do sector privado no activo – e da redução da despesa pública; justamente porque o corte no sector privado teria forçosamente de se revestir da forma de aumento da receita, e obviamente de impostos.
Uma última verdade: os pensionistas do privado formam um grupo enorme e inorgânico, de nula capacidade reivindicativa. Portanto, um alvo fácil para o governo.  
Condenar os juízes do TC, com interesseira omissão de parte substantiva do acórdão, é fazer trapaça. Ser liberal e funcionário público não impede, antes exige, a obediência a regras de honestidade intelectual. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Macedo terá apreciado as mensagens de Porter?

Michael Porter é há muito um dos ‘globetrotters’ da consultoria. Professor de ‘Harvard’, goza de prestígio de sabedoria, em temas de competitividade e estratégia.
Porter esteve em Portugal em diversas ocasiões. No entanto,  assume especial relevância a visita de 1994, a convite do então ministro Mira Amaral. O objectivo foi diagnosticar e prescrever um modelo de desenvolvimento estratégico para a Economia Portuguesa. Em termos práticos, e pensando que ao professor norte-americano não devem ser assacadas responsabilidades, a receita não resultou. Porque simplesmente nem tão pouco foi aplicada. Agora, a convite da Católica, voltou para falar de saúde. o ministro Macedo esteve presente.
Duas ou três ideias se podem extrair, mesmo sem grandes preocupações analíticas, das palavras de Porter:
  • O aumento dos co-pagamentos [taxas moderadoras] e a redução dos salários dos médicos e enfermeiros são o tipo de medidas que não criam valor.
  • Criar valor é pensar em todo o ciclo do doente e o pagamento tem de deixar de ser por acto mas por todo o pacote de cuidados.
  • A medição dos custos e dos resultados de todos os pacientes foi outra das propostas apresentadas.
Como autor do conceito de ‘cadeia de valor’, Porter assumiu não ser positivo para qualquer sistema de saúde desvalorizar a prestação de partes decisivas dos processos do trabalho médico-hospitalar -médicos e enfermeiros - desprezando, indirecta mas concretamente, os ‘doentes’ que formam núcleo crucial para a concepção da organização sistémica. Contudo, as ideias de Porter não são providenciais. Há que fazer a ponderação entre as suas teorias  e a estratégia social efectiva do SNS.
A despeito desta última reserva, e atendendo que os sistemas de saúde da Alemanha e Suécia foram referidos, tenho dúvidas de que Paulo Macedo tenha apreciado as mensagens de Porter.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Passos admite alargar cortes de subsídios ao privado - Economia - PUBLICO.PT

Passos admite alargar cortes de subsídios ao privado - Economia - PUBLICO.PT.
E se nós portugueses, em grande maioria da direita à esquerda, decidíssemos cortar de imediato e celeremente a carreira política deste sabujo?
Passos Coelho
À semelhança do antecessor, começa a haver razões para o afastar da liderança do País. E até socialmente mais graves!
É urgente passar à acção.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

MNE contrata funcionário do CDS-PP–a €3,96 à hora?

Trata-se de óbvia nomeação  partidária que o imberbe João Almeida se apressou a classificar de ‘nomeação do governo’. As garotices do Almeida são triviais e às vezes prejudicam – o meu clube, Belenenses, foi vítima da irresponsável criatura.
Todavia, e mandando por ora o Almeida às urtigas, podemos reflectir: ou a nomeação do Carvalho é um acto de má-fé ou o Manifesto Eleitoral do CDS-PP de 2011 é uma pantominice ao declarar:
[…] um dos pontos-chave é a reforma do Estado, que "só se pode fazer com independência face ao clientelismo". "O Estado não pode continuar a ser colonizado e é urgente a instituição de uma cultura de mérito e de transparência" […]
O Diário da República ao citar expressamente a origem partidária do nomeado avoluma a contradição.
Para certos geómetras da política, tratou-se de uma operação elementar, longitudinal e paralela ao Tejo: o deslocamento do Carvalho do Caldas para as Necessidades.
O homem terá, portanto, novo local para fazer as necessidades e certamente não receberá apenas € 3,96 / hora como os enfermeiros contratados via MediSearch pelo Ministério da Saúde.