Michael Porter é há muito um dos ‘globetrotters’ da consultoria. Professor de ‘Harvard’, goza de prestígio de sabedoria, em temas de competitividade e estratégia.
Porter esteve em Portugal em diversas ocasiões. No entanto, assume especial relevância a visita de 1994, a convite do então ministro Mira Amaral. O objectivo foi diagnosticar e prescrever um modelo de desenvolvimento estratégico para a Economia Portuguesa. Em termos práticos, e pensando que ao professor norte-americano não devem ser assacadas responsabilidades, a receita não resultou. Porque simplesmente nem tão pouco foi aplicada. Agora, a convite da Católica, voltou para falar de saúde. o ministro Macedo esteve presente.
Duas ou três ideias se podem extrair, mesmo sem grandes preocupações analíticas, das palavras de Porter:
- O aumento dos co-pagamentos [taxas moderadoras] e a redução dos salários dos médicos e enfermeiros são o tipo de medidas que não criam valor.
- Criar valor é pensar em todo o ciclo do doente e o pagamento tem de deixar de ser por acto mas por todo o pacote de cuidados.
- A medição dos custos e dos resultados de todos os pacientes foi outra das propostas apresentadas.
Como autor do conceito de ‘cadeia de valor’, Porter assumiu não ser positivo para qualquer sistema de saúde desvalorizar a prestação de partes decisivas dos processos do trabalho médico-hospitalar -médicos e enfermeiros - desprezando, indirecta mas concretamente, os ‘doentes’ que formam núcleo crucial para a concepção da organização sistémica. Contudo, as ideias de Porter não são providenciais. Há que fazer a ponderação entre as suas teorias e a estratégia social efectiva do SNS.
A despeito desta última reserva, e atendendo que os sistemas de saúde da Alemanha e Suécia foram referidos, tenho dúvidas de que Paulo Macedo tenha apreciado as mensagens de Porter.
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