sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cavaco em discurso faccioso, sórdido e desconexo

Classifico de normal que Cavaco Silva tenha indigitado Passos Coelho para formar governo. Aguardemos as consequências: governo de gestão ou a coligação PS+BE+PCP.
Na União Europeia de hoje, totalmente diferente daquela dos tempos de Jacques Delors. Tornou-se regra renegar os direitos de soberania de um povo.
Willy Brandt, Olaf Palm, François Mitterrand, Filipe Gonzalez ou Mário Soares, criadores e fomentadores da Europa do Estado Social, seriam hoje esquerdistas proscritos.
A actividade política, a ética e a ideologia de fundo das correntes políticas e dos políticos citados foram clamorosa e despudoradamente abandonadas pela 3.ª via do trabalhista Tony Blair, de quem Francisco Assis era um entusiasta seguidor. A continuidade desta 3.ª via foi assegurada por outros social-democratas europeus, destacando-se Gerhard Schröder que deixou um belo e útil legado anti-social a Angela Merkel.
Os movimentos da 3.ª via nos trabalhistas ingleses e em partidos europeus da mesma família política constituíram a resposta aos neoconservadores, encimados por Thatcher (UK) e Reagan (EUA). Imitaram a diabolização da intervenção do Estado na produção de bens e serviços, eliminando, sobretudo no Reino Unido, parte de políticas sociais do Estado. Isto, lembre-se, facilitado pela queda do muro de Berlim e o início do desmoronamento da URSS de Gorbatchov em 1989.
Cavaco foi um aluno devotado de Thatcher, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, um dito ‘social-democrata’ e outro autoproclamado ‘democrata cristão’, formam o trio do neoliberalismo radical, em sintonia e cega obediência à UE dos tempos modernos.
Cavaco, que desde a nascença tem complexos de presumida superioridade e inteligência falsas, acaba este segundo mandato desastradamente. Não, em meu entender, porque tenha indigitado Passos Coelho – esta ‘conta’ ele próprio pagará mais tarde, antes de regressar a casa.
Sobretudo, foram o tom e as passagens sensíveis do discurso que, uma vez mais, o distinguem como o ‘ditador de araque’ deste canto sem humano encanto. Ora façamos alguns comentários a algumas dessas passagens:
  •    Esta situação é tanto mais singular quanto as orientações políticas e os programas eleitorais desses partidos [PSD; PS e CDS] não se mostram incompatíveis, sendo, pelo contrário, praticamente convergentes quanto aos objectivos estratégicos de Portugal.
Comentário: é curioso que tenha esquecido essa situação singular, ao tempo do governo do PS de Sócrates e tenha feito um discurso mais do que sórdido na AR anti PS.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A necessidade de solidez e realismo na coligação à esquerda

A direita europeia já começou a expelir vómitos para amedrontar os portugueses:
“Em conferência de imprensa em Madrid, onde esteve em peso o PPE (Partido Parlamentar Europeu), o presidente deste grupo conservador, o francês Joseph Daul, amedronta a opinião pública portuguesa com a expectativa de que, consumada a possível coligação à esquerda, a situação em Portugal terá contornos semelhantes à Grécia.”
Paulo Rangel, que também está no evento de apoio desesperado a Mariano Rajoy e ao seu PP, em afirmações integradas na voracidade da procura de popularidade, é um dos candidatos a presidente do PPE, também vai dizendo algumas coisas contra a hipotética coligação do PS+BE+PCP (hipotética, assim a considero por enquanto).
Um outro cavalheiro, secretário-geral do PPE e Antonio Lopez-Isturiz de nome, também entrou no jogo de apavorar os portugueses, devido aos efeitos do governo de esquerda sobre os investidores que, segundo o propagandista, são quem nos garante o emprego, a casa e o pão.
Todos estes tons discursivos são, em antes de tudo, estúpidos. Uma parte significativa das pessoas está ciente da ‘revanche’ que Portugal esperará, com juros a subir e outras ameaças a vários domínios da nossa soberania; fenómeno este que, de resto, já sucede com a conivência traiçoeira do governo PSD+CDS.
Por outro lado, os mais atentos, devem atender à prelecção de Varoufakis em Coimbra. Os discursos intimidatórios dos neoconservadores do PPE são uma espécie de certificado de autenticação da comunicação do Professor de Economia grego, na cidade dos estudantes.
Oxalá a esquerda se entenda! É meu desejo profundo. Todavia, devido aos compromissos mais apertados com as normas e tratados europeus, ou o BE e PCP aceitam que, efectivamente tomando em conta o sucedido com o Syriza, o PS tem de gerir com pinças o controlo orçamental; ou então, é preferível nem embarcar em aventuras do tipo do súbito aumento do salário mínimo nacional de 18,81%. Teremos, neste tipo de medidas, uma alteração bastante profunda e susceptível de ameaçar a sobrevivência de PME’s e, consequentemente, de multiplicar o desemprego.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

A actual trama da governação de Portugal

A figura da retórica da direita assenta na ideia perversa dos partidos do ‘arco de governação’. No restrito círculo artificial, imiscui-se o CDS-PP, partido minoritário que, em média, obtém 8 a 10% de votos.
Todavia, e a despeito da condição de menor, reivindica o estatuto de ‘partido de poder’. Sempre que o PSD vence, com maioria insuficiente para, por si só, formar governo, lá vai o Dr. Portas e a sua trupe de obedientes para o governo. Foi assim com Durão Barroso e a história repetiu-se nas legislativas de 2011, onde, excepcionalmente, teve 11,70% de votos que se somaram aos 38,65% do PSD. Consequência: uma maioria absoluta de 50,35%.
Sucede que, nas últimas legislativas, 4 de Outubro de 2015, o PSD+CDS, coligados ou não (caso de Açores e Madeira) registaram 38,36% de votos  (107 deputados). Em contrapartida, o PS (32,31%), o BE (10,19% e o PCP (8,25%) totalizaram 50,75% de votos (122 deputados). O PAN obteve 1 deputado eleito.
O Art.º 187, n.º 1, da CRP, estabelece:

1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais.

O que são os resultados eleitorais a ter em conta segundo esta norma? Os votos contados nas urnas, em que a maioria é vencedora, mas apenas com uma vantagem relativa ou o número de deputados eleitos para a AR pelos diversos agrupamentos possíveis, PSD+CDS, por um lado, ou PS+BE+PCP, por outro?
Reside, pois, nas divergências de interpretação do conceito constitucional de ‘resultados eleitorais’ que direita e esquerda esgrimem argumentos a favor da legitimidade do direito à governação.

sábado, 17 de outubro de 2015

A conferência de Varoufakis na Faculdade de Direito em Coimbra


Texto da SIC Notícias (já sem o António José Teixeira, mas sob direcção do grande Alcides):

Primeiro, o 'lead' da notícia:
"O ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, aconselhou, este sábado, o PS a não se comprometer com as regras da UE, por ser "impossível" não violar as mesmas."
Depois, o resto:
"O PS não se deve "comprometer com regras que sejam fundamentalmente irracionais", devendo advogar, pelo contrário, por regras racionais e democráticas dentro da zona euro, sublinhou Yanis Varoufakis, que falava numa conferência de imprensa, posterior ao seu discurso na aula inaugural dos programas de doutoramento do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
'Há um debate dentro do PS sobre se deve haver uma aliança com partidos de esquerda. Alguns deputados estão prontos para que isso aconteça, mas desde que haja um acordo de que o Governo jogue pelas regras da zona euro e do Eurogrupo e manter-se fiel aos compromissos que Portugal tem na União Europeia. Esse é o problema. Os compromissos não se podem cumprir', sublinhou o ex-ministro das Finanças grego.
Segundo o economista, as regras europeias não estão a resultar, porque nem Portugal, nem a Grécia, nem a Alemanha 'conseguem respeitar as regras. Se a zona euro quer ficar segura, temos de violar estas regras por acordo e criar novas regras nacionais'.
O ex-ministro das Finanças grego falava depois de ter proferido uma conferência intitulada 'Democratização da zona euro', que decorreu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. 
O auditório foi demasiado pequeno (472 lugares sentados) para o público que se dirigiu à Faculdade de Direito para ouvir Varoufakis falar, com largas dezenas de pessoas de pé a assistir à conferência. 
Varoufakis foi ministro das Finanças do primeiro governo liderado por Alexis Tsipras e dirigiu as negociações com os credores até ao referendo de 05 de Julho sobre a proposta de acordo apresentada pelas instituições (UE e FMI)."
Lusa
Pergunta para um milhão de euros: o que é que Varoufakis disse de errado, violando a regra da verdade que impera na União Europeia, em particular na Zona Euro, sob o comando da poderosa Alemanha, derrotada em duas guerras mundiais no século XX, mas vencedora da guerra económica que sórdida e silenciosamente desencadeou para castigo dos países mais frágeis do Sul da Europa? 
Ora respondam lá, porque é para aprender que a gente cá está!  
Pense bem António Costa e diga lá Sr, Assis a quantas milhas está desta matiz. 

ZAZ, cantora francesa: 'A chuva'


Este dia invernoso de Outubro poderia suceder em Dezembro, mês escolhido para letra da canção. O País está triste, mesmo quando, aqui e acolá, a TV nos mostra o casal Cavaco Silva de sorrisos artificiais e burlescos, 
O fim-de-semana está coberto de céu cinzento, próprio de dias ventosos e plúmbeos. Valha-nos, ao menos, esta melodia dedicada à chuva, interpretada pela francesa Zaz (Isabelle Geffroy), uma jovem cantora francesa com reportório de vários géneros: 'jazz', música variada, 'folk' e 'soul'.   
Música francesa, assim como a boa música portuguesa', são coisas raras nas rádios portuguesas. Com o tempo, há prazeres na vida que o tempo levou. 
Que saudade da revista 'Salut les Copains' que comprava na adolescência! Vozes como Edith Piaf, Yves Montand, Gilbert Bécaud, Françoise Hardy, Charles Aznavour (91 anos de vida), Georges Brassens, Sylvie Vartan, Richard Anthony, Mirelle Mathieu e muitos outros apenas habitam a minha memória de tempos idos e de alguns espectáculos no saudoso Teatro Monumental no Saldanha. 
Ouçamos então Zaz, uma desconhecida do presente em Portugal,

INE - Os números do empobrecimento em Portugal

Advirto para a inevitabilidade de no sector público, mas também no privado, se terem de cortar custos, o que significará salários e níveis de vida mais baixos.

O fatal e funesto propósito foi cumprido, havendo 36,6% de votantes nas legislativas de 2015 - menos de cerca de 700.000 e dos 50,25% de votos obtidos por PSD+CDS em 2011- que sufragaram, e alguns de forma entusiástica, a maioria relativa do par Coelho e Portas que, na minha previsão, Cavaco Silva nomeará para novo mandato - só que desta feita, estou certo, a governação vai ser bastante complexa, caso não venha mesmo a ser derrubada a certo ponto da legislatura. 
A advertência de Passos Coelho em 2011 correspondeu, de facto,  a um objectivo inequívoco de levar uma parcela muito significativa de portugueses ao empobrecimento. Chamar miserável e rasteiro a este objectivo conseguido é pouco. Coelho, o demagogo Portas e os protegidos de um e outro estiveram e estão longe das dificuldades e das inquietações de pobreza e miséria que fizeram questão de impor a mais de 2 milhões de portugueses. As crianças e os reformados de baixos rendimentos são aqueles que mais sofrem, em conjunto, obviamente, com os desempregados.
Andam os altos dirigentes da igreja católica, desde logo o Cardeal Patriarca, a pugnar por um acordo dos partidos da PáF com o PS. Ignoro se o Papa Francisco conhece esta posição oficial da igreja portuguesa. Sem ser crente, estou certo de que a obscenidade não lhe chegou ao conhecimento. Tenho-o na conta de um homem devotado às causas do humanismo que falta à estrutura eclesiástica nacional, actualmente no poder.
Amanhã, comemorar-se-á o Dia de Erradicação da Pobreza. O INE, citando a efeméride, publicou este comunicado que, em documento em PDF anexo, tem uma descrição minuciosa da desgraça da pobreza em Portugal. 
O texto do citado documento em PDF é, efectivamente, completo e reflecte com clareza os níveis e características dramáticas do empobrecimento em Portugal desde 2009. Não resistimos à vontade de reproduzir o seguinte gráfico:




quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A SIC fechou (?) a grande limpeza de pessoal

Ainda ontem, no texto deste 'post', argumentei como no 'Expresso' é importante estar nas boas graças do Dr. Balsemão. Quem diz no 'Expresso', obviamente diz nas empresas de comunicação social do grupo 'Impresa'.
O que há muito tempo está a ocorrer na SIC em termos de afastamento de profissionais é demasiado evidente através dos rostos, hoje um, amanhã outro, que se vão evaporando dos 'écrans'. Se é assim no 'front office', podemos imaginar o que sejam nos bastidores os efeitos da política de despedimentos. Ao longo dos últimos anos, foram atingidos por essa política um número significativo de profissionais.
Como sobrinho de meu amigo, meu amigo é, o Pedro Norton de Matos é a personalidade mais confiável para o Dr. Balsemão na chefia da equipa especializada em despedimentos. E que melhor instrumento de que poderiam beneficiar, para despedir fácil e baratinho, senão da revisão da legislação laboral do governo dos amigos Coelho e Portas.
A SIC, desde os gloriosos tempos de Rangel, têm andado nas mãos de uns tantos aprendizes de gestão de canais televisivos que, nada aprendendo de signficativo, permanecem nessa humilde classificação: aprendizes.
Como afastar o Norton de Matos e outros figurões intocáveis é difícil, o melhor é atacar os mais frágeis. É dos manuais do experimentalismo nas empresas. Seguindo nesta onda,  a parte do processo de despedimento em curso já foi objecto de divulgação na comunicação social. Reproduzimos parte da notícia do "Diário Económico":
"A Impresa decidiu proceder a um ajustamento funcional de algumas áreas do Grupo, decidindo por isso racionalizar algumas direcções. Este processo já foi concluído , e, tal como é prática da Impresa , a rescisão por mútuo acordo foi a opção escolhida", avançou fonte oficial do grupo liderado por Pedro Norton."
Uma nota de descabelada anedota é esta referência específica:
" Antes, já António José Teixeira tinha deixado a estação. O director de informação da SIC Notícias foi substituído pelo director de informação do canal generalista, Alcides Vieira, ..." [Ah, que grande Alcides!]
Era 5 de Outubro. O comboio nunca mais chegava, o Teixeira desesperava e, de súbito, decidiu partir pelo próprio pé. É o popularmente chamado "ir andando".

Atenção que outras sociedades da 'Impresa' foram alvo de medidas idênticas, diz o 'CM'.

'Impresa', 'Somague', 'Unicer'. e mais aquelas que desconhecemos. Não há a menor dúvida de que o período pós-eleitoral está a correr de feição a grandes empresários, em matéria de redução de pessoal. É aproveitar porque, apesar de pouco provável, poderá vir o governo de esquerda e, então, mandar trabalhadores para a rua pode tornar-se em problema mais complexo.

O tropeção de Pedro Santos Guerreiro

Pedro Santos Guerreiro (PSG) é um dos jornalistas por quem tenho apreço. Ainda ontem tive a oportunidade de lembrar a quebra de qualidade do 'Jornal de Negócios', depois da sua saída para o 'Expresso'.
A consideração e a concordância dedicadas aos artigos e intervenções televisivas não estão condicionadas por qualquer relação pessoal - jamais o conheci pessoalmente ou fiz esforços nesse sentido. 
Trata-se meramente de me agradar a isenção, a argúcia e o estilo com que escreve. 
O 'Expresso', no seio da comunicação social portuguesa, desde há meses, embalou em descontrolada luta contra António Costa (AC); nem sei mesmo se, em certos casos, a ligação familiar do secretário-geral do PS ao pretensioso Ricardo Costa não é a fonte de sentimentos odiosos, na página do jornal, do 'Expresso Diário' e do 'Expresso Curto'.
A Ângela, o Monteiro, o Martim, o económico Vieira, uns mais do que outros, atiram-se a António Costa (AC) como gato a bofe. Destes eu entendo, ou porque detestam o mano Ricardo, ou porque estar nas graças ao Dr. Balsemão é mais gratificante do que respeitar princípios deontológicos da profissão.  Sempre foram assim.
O importante é estar na crista da avassaladora vaga contra AC - igualmente faço aqui uma declaração de princípios, assegurando que nem sou amigo de António Costa, nem tão pouco militante do PS ou de qualquer outro partido. Sou de esquerda, ponto final!
À falta de Sócrates - "por azar nosso nem tem falado", lamentam-se eles - desanca-se no Costa.
Causa-me alguma surpresa que com seu artigo 'António Gosta', PSG, que até poderia e deveria abordar o tema de forma honesta e neutral, também se tenha integrado ao núcleo de vanguardistas pró-governamentais e pró-Dr- Balsemão.
Ainda assim, PSG poderia evitar o uso de estilo jocoso e humilhante próprio do 'Correio da Manhã', No 'Expresso Diário', para consolidar o título do artigo, Pedro Santos Guerreiro, começa assim o escrito António gosta:
"Gosta de poder. Gosta de negociar. Gosta de sobreviver. António Costa quer consumar o inexplicável e conseguir o impossível. ..." 
Em jeito de réplica, poderia dizer-se que Passos e Portas não gostam mesmo nada do poder. odeiam negociar, mas gostam de sobreviver. E se ambos precisam de sobreviver da forma como vivem!  Um só começou a trabalhar quase quarentão (entretanto, a Tecnoforma e o Foral foram dando umas coroas) e o outro sem a política certamente não se meneava tanto, decorado pelos padrões da moda do Rosa & Teixeira.
Todavia, a passagem onde entendo que PSG se espalha é na seguinte: 
"[...] PCP e BE ficarão anos com a mordaça acrítica da austeridade que durante anos aí vem, os bancos que ainda há que capitalizar, a privatizações que podem continuar a ser inevitáveis?"
Afinal, PSG, de forma indirecta - ia a dizer ao estilo de insinuação covarde - desmente subtil e totalmente o governo da coligação PáF, em particular os seus líderes Coelho e Portas. Isto é, o programa de ajustamento não expirou e austeridade é para manter por anos. Trata-se de um contrato sem termo à vista, a despeito da 'troika' e FMI terem abandonado, entretanto, Lisboa. Apenas de quando em vez, os fabulosos técnicos estarão por aí  para meros actos de cortesia e, já agora!, para usufruir de  manjares de estalo no Ritz. 
Capitalização da banca? Aliena-se a CGD, como o sábio Coelho desde sempre defendeu e emprestam-se os fundos de capitalização aos bancos necessitados. Para a venda da CGD, não faltam chineses, mas começa é a faltar dinheiro aos chineses.
Por último, excepto a CGD, o que é que existe mais para vender? A TAP, sim essa sim, porque está num processo complexo, mas tudo há-de terminar em felicidade. A CP Carga, que essa então vai render umas pipas de massa a quem quiser explorar o diamante chamado 'Porto de Sines' de água profundas e de ligações marítimas ao Oriente, goza de possibilidade de venda segura, mesmo numa altura em que os Mercados Emergentes, incluindo China, e os fluxos de bens estão em declínio. 
O que temos mais para privatizar? A água, o ar, e talvez o grupo Imprensa que de manhã pode vender-se ao Estado e à tarde é transaccionado por preço muito mais elevado a um bielorrusso com direito a visto 'gold' - é uma espécie de 'cross-selling'. E pronto, pelos caminhos de Portugal, como cantava o outro, entraremos todos no paraíso.
Se, de facto, quiser continuar a fazer o jornalismo sério, sugiro ao PSG que, em vez de recorrer a amesquinhar homens como ele,  critique os políticos de forma séria e objectiva, fazendo alusão a políticas e à estratégia de desenvolvimento de que o País tanto carece. E se não é com AC, também não é com a PáF que a Pátria Portuguesa deixará de ter uma Diáspora em expansão e um Território abandonado.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O pânico na comunicação social sobre um governo de esquerda

O alvo preferido é o PS. BE e PCP, nesta fase,  são meros acessórios da retórica e propaganda anti esquerda com que a comunicação social portuguesa inunda os noticiários e prestações de comentadores.
Numa espécie de exercício escatológico, infundem a ideia, na opinião pública, de que só à direita é consentido erigir e fazer funcionar coligações partidárias. - À esquerda não! – Reclamam eles, desde os jornalistas, sem ponta de ética e de imparcialidade, aos políticos de percursos contaminados, de que Durão Barroso é um rotundo exemplo.
O nosso ex-José Manuel de Bruxelas, um servo humilde e bem recompensado por Bush, Blair e Aznar, declarou ao “Diário Económico”:
“Eleitores do PS não votaram para um governo com o PCP e o Bloco”
Trata-se de uma especulação saída do vazio, porque nenhum José Manuel, como ele, ou um José Maria, como outros, têm meios de garantir que, do primeiro ao último dos votantes do PS, ninguém foi às urnas para que se formasse um governo de esquerda.
No seio da especulação política, há uma práxis: nada é inquestionável. Portanto, usufruindo da mesma legitimidade da afirmação de Barroso, pergunto-lhe: quantos votos o PS obteria se tivesse anunciado que faria uma aliança à esquerda? Nem ele, nem ninguém sabe. A dúvida é pertinente e fica obviamente sem resposta.
É útil lembrar Barroso que António Costa, durante a campanha, sempre afirmou que não se coligaria com Coelho e Portas. Trata-se de uma forma de implicitamente dar a entender com quem se aliaria. Resta saber, agora, se a comissão política do PS, e uma parte de militantes adversários da aproximação às forças à esquerda do mesmo PS, lhe permitirão coligar-se com os partidos de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. Ou os socialistas, através de Costa ou qualquer outro, são coagidos a juntar-se ou apoiar, no governo ou no parlamento, à tenebrosa trupe de Coelho e Portas.
O ‘Jornal de Negócios’, que depois da saída de Pedro Santos Guerreiro se converteu em ‘pasquim de negócios’, alarmava esta manhã ‘on-line’ que as cotações das acções da banca nacional (BCP e BPI) estavam em acentuada queda, em consequência da perspectiva de Portugal vir a ser governado à esquerda.
À tarde, porém, já publicava um texto, de onde retiramos o seguinte parágrafo:
“Os bancos nacionais acompanharam, assim,as perdas no sector na Europa. O índice que reúne os bancos do Velho Continentedesce 1,52%. O UBS Group chegou a recuar quase 3,5% durante a sessão, depois deo ministro das Finanças da Suíça ter afirmado que planeia exigir aos maioresbancos do país que tenham capital equivalente a 5% dos activos totais. O HSCBdesce 2,14%.”
Todos sabemos que os mercados, os investidores e as agências de ‘rating’ formam um demoníaco mundo. Na defesa do interesse e soberania nacionais, seria mais adequado ser honrado, sensato e patriota nas apreciações. Ainda antes das eleições, as cotações do BCP, por exemplo, estavam abaixo dos valores a que fecharam hoje e as causas eram outras.

Estes jornalistas de almanaque deveriam saber que a situação da banca nacional, em geral, é de imensa vulnerabilidade. Perante as dúvidas que se colocam à Economia Mundial – ler este artigo da Bloomberg – as preocupações atingem, a nível do Universo, os decisores ao mais alto nível. FMI e Banco Mundial, incluídos. Portugal é uma pequeníssima e frágil gota neste oceano.

TRADUÇÃO: Notícia da 'Bloomberg News' de 13-10-2015

A respeito de economia e todos outros temas, é sempre útil recorrer à leitura de meios de comunicação estrangeiros. Não porque sejam estrangeiros, mas porque estão melhor informados. Abordam temas ausentes, em abundância, da nossa comunicação social. Eis a tradução citada no título:

TRADUÇÃO

Citi: As pessoas Mais Importantes em Finanças estão Preocupadas com Estas Quatro Coisas
Isto é o que os decisores políticos e investidores debateram em Lima.
Por Julie Verhage
October 13, 2015
Havia muito para os executivos da política global discutirem na mais recente das Reuniões do Fundo Monetário Internacional-Banco Mundial em Lima.
De investimento empresarial sem chama até a uma Reserva Federal a avançar em direcção ao seu primeiro aumento da taxa de juros em quase uma década, os banqueiros centrais e os chefes de finanças internacionais podem fazer a escolha de temas para digerir. O Economista Chefe do Citigroup, Willem Buiter, foi um dos participantes e publicou uma nota a descrever os quatro principais temas da discussão entre decisores e históricos clientes. Aqui estão eles.
1.       A Economia da China. O consenso entre as pessoas com quem Buiter falou foi para a estabilização na China no curto prazo, com pouco risco de uma drástica viragem para pior antes do final do ano. Observadores foram um pouco menos optimistas ao olhar mais longe.
A percepção de que a política tem sido um pouco ineficiente e difícil de compreender em alguns episódios recentes significou que alguns dos nossos homólogos viram riscos crescentes de que a China teria de enfrentar em certo momento nos próximos anos, sofrer uma desaceleração mais acentuada como se confronta com os seus muitos desafios de política.

2.       Risco de uma crise nos mercados emergentes. Desaceleração do crescimento nos mercados emergentes tem sido um importante tema ultimamente, e não foi diferente nas reuniões em Lima. A grande maioria das pessoas com que Buiter falou acredita que estes países estão a assistir a uma crise de crescimento, não a uma crise financeira.
A maioria concordou que as reformas estruturais são necessárias num grande número de Países Emergentes para lhes permitir retornar [a] qualquer coisa como as taxas de crescimento dos anos anteriores. Mas com excepção de alguns países (mais notoriamente a Índia), havia uma pequena expectativa de que as reformas estruturais que favoreciam o crescimento significativo estavam nos projectos dos Países Emergentes.

3.       Os efeitos de uma crise dos Países Emergentes noa mercados desenvolvidos. Porque o crescimento em mercados emergentes tem sido um condutor do produto interno bruto mundial desde a crise financeira, muitos expressaram preocupação sobre o impacto amplo da desaceleração do crescimento em Mercados Emergentes. Parecia haver um bom senso de optimismo nas reuniões.
Havia uma inquietação, mas bastante geral, no sentido de que os mercados desenvolvidos seriam apenas moderadamente afectados pelo abrandamento dos Mercados Emergentes e que, com a excepção parcial dos principais Mercados Desenvolvidos produtores de 'commodities' (Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Noruega), todos estariam em boas condições.

4.       As taxas de câmbio e os fluxos de capital. Uma vez que a China desvalorizou a sua moeda e surgiu a conversa das chamadas guerras da moeda, as taxas de câmbio foram obrigadas a vir ao de cimo no debate. A maioria das pessoas com que Buiter falou revelaram-se "confortáveis" com os movimentos a que temos assistido até agora, não havendo preocupação sobre os fluxos de capital:
Havia menos preocupação sobre os potenciais efeitos negativos da volatilidade da taxa de câmbio do que esperávamos. Um pouco em contraste, houve também um sentido amplamente partilhado de que os fluxos de capital internacionais eram uma fonte de vulnerabilidade para a economia mundial e alguns países individualmente. Muitos participantes pensaram que China estaria bem avisada para dar prioridade à correcção de grandes desequilíbrios domésticos antes de tentar prosseguir a liberalização da conta capital.

E o que, pode o leitor perguntar, Buiter pensou das discussões?
"A maioria das avaliações das perspectivas da economia mundial foram mais optimistas do que nossas próprias expectativas", o economista salientou.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um País politicamente transtornado

Tenho sido contido em matéria de política, no que concerne à disputa e ao desfecho eleitoral. Na qualidade de cidadão com direito a voto e à participação política, bato-me naturalmente por ideais em defesa de uma sociedade socialmente justa, onde prevaleça o humanismo – “Cada vez mais uma utopia”, dizem os críticos. “Cada vez mais um dever colectivo”, replico.
A coligação PàF venceu as eleições, com a despromoção para uma maioria relativa. Terá algum mérito próprio, mas houve algo mais a ajudar a vitória da direita. Desde logo, a infame falta de imparcialidade da comunicação social, com destaque para as TV’s. Depois, o género de povo que somos. Mesmo no litoral, do Minho ao Algarve, devoram-se milhares de ‘Correios da Manhã’; uma espécie de ‘Pravda’ da direita populista portuguesa. Para terminar, a despeito do bom desempenho do BE e dos estereótipos do PCP, a luta eleitoral foi vencida tranquilamente pela direita, com um PS inconsistente nos formatos e conteúdos comunicacionais da campanha.
António Costa praticamente foi um homem só a percorrer ruas e cidades do País. Coelho e Portas, com mais eficácia, fecharam-se em salões e realizaram os tais 1.500 almoços ou jantares, com um regime de gratuidade que incluía o petisco regado e os autocarros lotados.
 O contexto mundial complexo, dominado pelos mercados e os extremistas da teoria da ‘mão-invisível’ de Adam Smith, conduziram o Ocidente a uma crise profunda. Os efeitos, em especial no sistema financeiro, prevalecem. Não é, por mero acaso, que BPP, BPN e BES se evaporaram conjuntamente com os milhares de milhões de euros dos contribuintes portugueses – acrescente-se que a banca portuguesa - BPI, Montepio Geral, Millennium BCP, Novo Banco e mesmo CGD - vive momentos de depressões financeiras e causadoras de preocupações – embora haja publicidade defensiva, em sentido inverso.
Portugal, com uma economia que o poder classifica de forte mas é frágil, deve ser tratado com pinças sob o ponto de vista político (tenha-se em atenção a subjugação do Syriza e dos gregos aos directórios da UE). Recomendar-se-ia que fosse evitado revelar com estrondo as fracturas internas para o exterior. Porém, nada disto está a suceder; mas, precisamente o inverso.
O decadente Cavaco Silva, em atentado contra a própria CRP (Art.º 187.º, n.º 1), privilegiou o líder do seu partido, Passos Coelho, incentivando-o a tentar encontrar uma solução de governo pós-eleições. Apenas hoje falou com António Costa, que a cada dia de progresso de conversações com o PCP e o BE, mais isolado fica no partido (a derrota, depois da confrontação com Seguro por este ter obtido escassa superioridade eleitoral nas ‘Europeias’ já constituía pesado fardo). Ontem, o diletante Sérgio Sousa Pinto, a seguir o sindicalista banqueiro Carlos Silva e o silêncio comprometedor de Assis e outros estão a criar as condições golpistas que, segundo vaticino, acabarão por derrubar Costa.
Os comentadores também não o poupam, minimizando, nas prestações públicas as críticas à coligação PSD-CDS que só hoje, e não ontem, cumpriu a entrega do prometido documento de base para as conversações com o PS.
O País está, de facto, a atravessar um momento muito delicado, embora haja quem mitigue e disfarce a complexidade da situação política portuguesa. Melhor ou pior, uma solução há-de chegar, creio. Vamos ver como a imprensa e a opinião pública reagirá a uma eventual saída de esquerda (PS, BE, PCP, coligados ou governo do primeiro sob acordo parlamentar com os restantes). Veremos se uns quarentões que por aí escrevem, que tinham entre 0 e 5 anos em 1974/75, agitam o fantasma do PREC e se a esquerda portuguesa terá de ficar eternamente prisioneira de acontecimentos políticos de há mais de 40 anos. 

sábado, 10 de outubro de 2015

Uma dor imensa: a partida de João José Cardoso do 'Aventar'

Tivemos divergências. Contudo, a forte amizade e a comunhão de valores da vida prevaleciam, e de que maneira, sobre as pequenas quezílias que episodicamente nos dividiam. 
Na verdade cristalina, ambos lutávamos por uma sociedade mais justa e respeitadora dos direitos humanos; independentemente de diferenças sociais, étnicas, políticas e religiosas - nem ele, nem eu éramos crentes - que a nossa sociedade aglutina e instrumentaliza para marginalizar os mais frágeis e robustecer os poderosos. 
João José Cardoso era um homem de personalidade forte e indomável. Dotado de um nível cultural elevado, desde cedo que na sua vida, em sintonia com a irreverência coimbrã, lutou, denunciou e foi solidário com quem mais sofria pelas obscenas desigualdades neste perverso mundo em que caímos. Com pouco mais de meia-dúzia de euros no bolso, não resistia a ajudar os desvalidos que, à porta do supermercado ou do café, lhe pediam uma ajudinha para comer. E o JJ, como era conhecido pelos amigos, não claudicava no auxílio àqueles que dele careciam.
O JJ faleceu. Gelei quando tive a confirmação. Partiste, mas seja para onde for, estarei sempre contigo. Adeus João José Cardoso. Até um dia destes, homem bom. 
Que imensa dor esmaga o meu espírito!

O diletante Sérgio Sousa Pinto demite-se da direcção do PS

Sérgio Sousa Pinto demite-se da direcção do PS, anuncia o 'Público'.
No meu entender, e sem ser militante do PS, como eleitor pergunto:  Também se demitirá do lugar de deputado da AR para que foi eleito? Se não o fizer, o diletante deputado demonstra-se detentor de uma personalidade incoerente, comportamento que, de resto, apenas surpreenderá quem ignora a personalidade irracional da triste figurinha. 
Há dias, junto às Portas da Cervejaria Trindade, em Lisboa, de chapéu branco e a ziguezaguear ao ritmo de vapores, talvez emanados pelo radical etila, lá se exibia o toleirão, sem dar conta do espectáculo burlesco que estava a proporcionar. A políticos destes, os cidadãos imploram que se retirem. Deixem de viver à custa do erário público e façam as suas vidinhas com meios financeiros ganhos de forma que só aos próprios interessam e não sejam lesivos das finanças públicas.  
Sabe lá este idiota o que se viveu em 1975 neste País, quando tinha 3 anos de idade. Leu nos manuais, mas jamais, como eu e muitos, teve a experiência de estar na Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, ao lado de Mário Soares.     

E agora José? Carlos Drummond de Andrade


De súbito, lembrei-me deste excelente poema de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz. É a imagem de muitos Josés e Marias, que em Portugal, na Grécia, em Espanha, em Itália e dos refugiados da Síria, Eritreia, Sudão e por esse mundo fora, vivem nas entranhas da pobreza extrema, tiveram as vidas demolidas pela crescente falta de humanismo no mundo - um mundo de fortunas nas mãos bárbaras de reduzida corja, que despreza  e multiplica a fome e o sofrimento nas bocas e nas almas de milhões. 
Sem rumo certo, solitário e sem sorte, lá vai caminhando José. "Para Onde?" Pergunta também o poeta, como todos os seres humanos de sentimentos sólidos formulam idêntica interrogação. 
Bom fim-de-semana!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

José Rodrigues dos Santos, a boca do pivete na RTP


José Rodrigues dos Santos é uma das muitas bocas do pivete exalado por certos pivôs e outra gentalha da RTP 1. É, de facto, um 'pivô pivete', dos vários de voz e frases repugnantes. O tom de voz e o conteúdo das frases nauseiam-me. 
O Zé homofóbico insultou o Prof. Alexandre Quintanilha, Todavia, não se conteve a ficar por aí  e apressou-se a ofender a inteligência de muitos cidadãos,  ao justificar que se tratou de um lapso. O esclarecimento é outro topete. Tome-se em atenção a frase proferida no relato da notícia:
"O novo Parlamento tem muitas caras novas, o deputado mais velho foi eleito ou eleita pelo PS."
Que sentido é que faz o "ou eleita" quando é imperativa a regra da concordância do género entre o sujeito (o deputado) e a forma verbal (foi eleito)? O que foi dito pelo locutor leva a inferir ter sido intencionalmente malévolo na leitura da notícia, a qual, de resto, precedida do título "Novos Deputados", foi transmitida em simultâneo  com a seguinte mensagem no écran:
"Alexandre Quintanilha, independente eleito pelo PS vai ser o deputado mais velho da próxima legislatura"
(Estranho que o 'Público' tenha publicado este disparatado editorial, em defesa de José Rodrigues dos Santos. E pergunto: se se tratasse de alguém homossexual, da redacção ou autore(a) de artigos de opinião do citado jornal, a ser molestado, será que também ficariam incomodados por os críticos do acto homofóbico estarem "a transformar um 'lapso' em caso político nacional"? Caso político nacional? Haja bom senso!),

Dos dislates de Rodrigues dos Santos há vários exemplos em comunicações ao serviço da RTP, televisão pública nacional. Nas eleições gregas de Janeiro de 2015, caracterizava assim os gregos:
"um povo de "paraliticos" habituados a obter licenças de doença fraudulentas para receberem “mais um subsidiozinho”
E ele que, no tempo de José Alberto de Carvalho, dias a fios, e sem comunicação e autorização prévias, decidia não comparecer nas instalações da televisão, local de trabalho, que os contribuintes pagam?  
  

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Classe média do litoral deu a vitória à direita

Sublinho que, embora distante do regozijo desejado, não me sinto angustiado com o desfecho eleitoral. A direita, desta vez baptizada de PAF, venceu com maioria relativa. O desenlace merece-me alguma expectativa. Passámos do romance de percurso e fim previsíveis (maioria absoluta), para uma espécie de história de suspense empolgante (quando é que esta gentalha se vai embora?).
A política tem características simples. Umas vezes ganha a direita, outras, como prefiro, é a esquerda a sair vencedora. Todavia, apercebemo-nos pelos percursos históricos, que nada é definitivo nem sobrevive à implacável lei da vida e das sociedades humanas: tudo tem um princípio, um entremeio e um fim. 
Na política tudo acaba melhor para uns e pior para outros. Sempre foi assim. E, concretamente nas eleições de Domingo, quem começou realmente muito bem foi o BE. Devemos felicitar as jovens e inteligentes mulheres. Ofuscam os homens com naturalidade. Parabéns Catarina, parabéns Mariana, parabéns Marisa e todas as outras que deram uma lição aos presumidos sábios da política, nomeadamente ao Fazenda e ao Louçã - a minha saudação é desinteressada porque não fui votante nem sou militante do 'Bloco'.
O PS espalhou-se e à grande. António Costa andou muito só, apelando ao voto contra uma coligação que nos últimos quatro (4) anos espoliou os portugueses com impostos, cortes de salários, de reformas e pensões, fez disparar o desemprego e disfarçou com estágios e acções de formações a criação de emprego, endividou o País em mais 30 mil milhões de euros, empobreceu a Nação tanto na venda de patrimónios como na servil subserviência ao Sr. Schäuble, Dona Merkel e a Bruxelas.
Com todas estas e outras malfeitorias aos portugueses - desemprego, pobreza, miséria e emigração em massa - o 'povo', essa generalização do 'bom povo português' de que sempre duvidei, no que respeita a seriedade e capacidade intelectuais, consciência dos direitos colectivos de cidadania, espírito de solidariedade com os desvalidos e as populações idosas do interior; com todas essas malfeitorias, dizia, não me surpreende que a classe média decomponível em mescla de estratos de interesseiros, oportunistas,  egocentristas, superficiais ou mesmo ignorantes dos deveres cívicos e destituídos de sentimentos de solidariedade, tenha sido a grande propulsora da vitória da coligação PAF (PAF, PEF, PIF, POF, PUF* * ** *****!).
O quadro adiante exibido, contendo os dados da PAF de distritos do litoral, onde a classe média é, de facto, o extracto social prevalecente, revela que, nesse segmento geográfico, demográfico e social, a dita coligação de Coelho e Portas, registou uma expressão de votos que se traduziu em 82 deputados, precisamente 78,85% da totalidade da representação da PAF+PSD Madeira:

Partido Vencedor Nº. de Deputados
Distrito 
PAF PAF
Aveiro 48,14% 10
Braga 45,64% 10
Coimbra 37,18% 4
Faro 31,47% 3
Leiria 48,42% 6
Lisboa 34,68% 18
Porto 39,59% 17
Setúbal 22,59% 5
Viana do Castelo 45,54% 4
Açores 39,96% 2
Madeira 43,77% 3
Total 82
78,85%


(Nota: nos distritos acima indicados, apenas em Faro e Setúbal o PS saiu vitorioso).

Ficamos expectantes para saber se não se trata de uma vitória Pírrica e se o PS, em desfavor dos portugueses espoliados e que sofrem, não se deixa envolver em cumplicidades no domínio da Segurança Social e de outras políticas do bem público para a nossa vida colectiva.
António Costa está a ser bombardeado, naturalmente. Todavia, o PS cometerá grossa asneira se repescar Seguro, grande amigo de Miguel Relvas, e as belezas ofuscadas ou os brilhantes baços. O Assis e sua paixão pela coligação com o PSD também não é recomendável. Decida quem possa, porque eu também não sou militante. Nem do PS, nem de qualquer outro.

sábado, 3 de outubro de 2015

'Les feuilles mortes' de Yves Montand


Outono. O cenário dos dias torna-se mais triste. O céu está semiescondido por uma nebulosidade alta. O Sol também. Se voltar nos tempos próximos, a visita será provavelmente efémera. As folhas dos choupos à volta da minha casa precipitam-se sem cessar no solo que é o seu abismo. A criancinha pequena liberta-se da mão da mãe e salta com prazer sobre 'as folhas mortas'. Houve os estalidos da folhagem pisada e ri-se de alegria. É a chegada do Outono percebida pela inocência de um petiz a quem qualquer brincadeira faz feliz. 
O que vejo na felicidade da criança trouxe-me à memória a canção 'Les Feuilles Mortes' que adopto como melodia deste plúmbeo Sábado de Outubro. 
Confesso que, na intimidade dos meus sentimentos, desejo que aquele movimento de declínio se transforme, neste fim-de-semana, em metáfora da queda dessa repugnante gente que, neste País, tem tido o prazer sórdido de disseminar a pobreza, a injustiça social e a alienação ao desbarato de bens patrimoniais e enormes fatias da soberania de uma Nação com 9 séculos de História. Revelo ainda que, com alegria semelhante à da criança a calcar as folhas dos choupos, espezinharia com felicidade capitosa essa canalhada atirada por terra. Oxalá tenha a oportunidade de tal regozijo.     
   

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

PaF - Promotores de Albrabices nas Finanças

Os partidos do governo formaram a coligação PAF, acrónimo, dizem eles, de 'Portugal à Frente'. Os acontecimentos divulgados nestes últimos dias provam que, afinal, a sigla tem outro significado.
Basta ler o que Banha, contabilista, e Nogueira Pinto, administrador, ambos amigos de Coelho dos tempos da Tecnoforma, mandaram registar nas contas da Parvalorem, empresa criada para os activos tóxicos do BPN e integrada no núcleo de Empresas Públicas Reclassificadas (EPR); o mesmo é dizer consideradas dentro do perímetro orçamental (OGE).
Se, por respeito à verdade e franqueza, quisermos chamar os bois pelos nomes, então o significado de PAF tem de ser, sem equívocos, Promotores de Aldrabices nas Finanças. E tem uma vantagem sobre o reduto do "Páfistão" imaginado por Paulo Portas. Os efeitos estendem-se por Portugal inteiro; portanto, todo o Continente e Ilhas Adjacentes.
Na superstrutura desta PAF das aldrabices, distinguem-se o PM, o vice-PM e a amanuense Albuquerque. Antes como Secretária de Estado do Tesouro e agora como Ministra das Finanças. De forma artificial e sórdida, é a principal executora da deturpação dos valores do défice e a responsável pelo aumento da dívida pública.
É incrível a propaganda da exemplar governação dos últimos quatro anos, quando, além do resto, se manipulam contas públicas e se fez crescer a dívida do País para níveis que superam em muito os valores com que iniciaram o mandato. 

O desemprego, Portas e o 'Público'

Portas canta 'Avante Camarada'
O desemprego, como calamidade social, é das adversidades sociais que maior mágoa me causa. Abordarei os dados de Agosto-2015 no final do texto.
Por carência de tempo disponível, tive de adiar essa a análise de dados  do desemprego publicados anteontem pelo INE. O adiamento teve, porém, a vantagem de me impelir para a leitura de um comentário sobre a seguinte afirmação de Paulo Portas:
"Relativamente ao mês [anterior], é mais uma décima, o que, com alguma frequência, sucede em Agosto."
No 'Público', Raquel Martins desmistifica a enganadora afirmação de Portas, ao revelar que, em 18 anos, a taxa de desemprego de Agosto em relação a Julho desceu em dez desses anos, se manteve em um ano (2007) e subiu em sete. 
Portas, que é culto, e um supremo jogador da palavra e da demagogia, não enjeita recorrer a falsos argumentos, muito mais, em momento eleitoral, face a dados oficiais desfavoráveis à coligação PSD+CDS do governo. 
Da peça de Raquel Martins, a única parte, provocadora de alguma perplexidade, consiste na dramática inquietação manifestada pela jornalista, quando escreve: 
"Por isso, se o vice-primeiro-ministro queria dizer que as subidas de desemprego em Agosto são mais frequentes do que as as descidas, está errado. Se a ideia era afirmar que o fenómeno não é raro, então está certo."
Frequente e não ser raro são conceitos distintos. Parece-me que a jornalista, para suavizar o desmentido através da realidade demonstrada ao longo do tempo, contrária a Portas, por razão ou razões que só ela conhece, quis almofadar a crueldade dos números adversos à proclamação de Portas. A isto, e é exactamente o que se infere do fecho do comentário, chama-se falta de isenção e ética na comunicação social.
A finalizar,  sublinhamos que os números do INE, provisórios, traduzem a subida da taxa de desemprego para 12,4%, um agravamento de 0,1% em relação ao mês anterior, equivalente a  + 4,8 mil desempregados e a um total de 633.000 desempregados em Agosto de 2015.
Quanto ao emprego, tema que apenas foi tratado por parte ínfima da comunicação social, os números do INE foram ainda mais negativos: menos 0,8% de pessoas empregadas; ou seja, num mês deixaram o mercado de trabalho 34.200 pessoas e o total da população empregada caiu para 4.462,2 pessoas.
A disparidade entre os dois números é enorme. Saíram do mercado de trabalho mais 7 vezes o número de pessoas que ingressaram no desemprego. Tem de haver uma explicação oficial, clara e completa, para este fenómeno. Jamais acreditarei que se tenham aposentado e reformado 29.400 pessoas no espaço de um mês. 
Com este género de sucessos sócio-económicos da legislatura em fim de mandato da PAF, o País, e em especial a sustentabilidade da Segurança Social, ficam ainda mais ameaçados. Sobretudo, se a direita de Coelho e Portas continuar a governar no modelo neoliberal, tecnocrático e desumano em que se inspira.