sábado, 30 de junho de 2012

Merkel: o bikini para as férias em Marbella está escolhido

caricatura de Merkel
Uma das últimas sentenças de Merkel:
O autoritarismo, que a Alemanha sentiu dizimado pela II Guerra Mundial, está a ser restaurado, no mais fino e ostensivo estilo, pela Sra. Merkel.
Numa UE ou numa ‘Zona Euro’, sustentada em tratados vinculativos dos Estados que as compõem, em bases de solidariedade e equidade; desenhada para funcionar com grande consenso democrático, não se entende como permite submeter-se aos desmandos desta germanófila dos territórios ex-comunistas de Honecker.
Que Europa é esta, afinal ? Sabemos estar em desagregação, mas, enquanto existe, é de facto abjecto e ilegítimo o poder alemão  arrogar-se abusivamente do direito de limitar condições excepcionais.  Um único país, a Espanha, teve o privilégio de capciosa obtenção de fundos para recapitalização da banca, sem que a operação agrave o défice público. Coisa que, segundo a chancelerina alemã, não voltará a suceder com outro Estado-membro.
Irlanda e Portugal, através de financiamentos com a totalidade ou partes de financiamentos para o mesmo fim, não gozaram de tal benefício. Uma aberrante discriminação.
A Sra. Merkel, como se vê na figura, já escolheu o bikini que usará nas imediações de Marbella, durante as férias oferecidas por Rajoy. Por uns tempos, Merkel vai deixar a farda dos casaquinhos e calças com que invariavelmente se apresenta e que não são mais do que resquícios dos tempos dos “pioneiros” de Honecker.

Défice de –7,9% no 1.º Trimestre previsível, diz Relvas

RelvasAs gentes de Mação, perto de Abrantes e de Tomar não distante, viveram um dia de suprema felicidade.
Foram visitadas pelo preclaro ministro Relvas, de quem ouviram sábias palavras:
Dito por Relvas, é juízo sagrado: mesmo que não fosse passava a ser previsível, o que, de facto, tranquiliza um País inteiro, e por maioria de razão a população de Mação.
Relvas é um homem que escolhe sempre com sabedoria os locais que visita. Seja no Aeroporto de Lisboa com a selecção, seja com o povo  em Mação.
A mesma arte não tem o companheiro Álvaro que, na pacata Covilhã, foi vexado à grande e à canadiana. Trabalhadores que viram eliminados 700 postos de trabalho em Castelo Branco não lhe pouparam vaias e outras manifestações mais duras. 

A Europa a saltitar

france inter
Subscrevo, na íntegra, o seguinte segmento de texto de Bernard Guetta da France Inter:
“O mínimo que se pode dizer é que não há nenhum Victor Hugo entre os 27, nem um Schuman, um Monnet ou um Churchill. Quando era tão necessário um sopro visionário e um estadista que desse novo sentido, um horizonte, um objectivo mobilizador à construção europeia; quando era tão desejável reconstruir a União em termos de Verbo, para lhe fixar novas metas num novo século – este Conselho Europeu apenas deu à luz acordos arrancados a ferros sobre acertos técnicos e menos fadados a empolgar os corações do que a provocar enxaquecas.”
A crise de líderes com visão estratégica à altura dos desafios com o que a Europa hoje se confronta é aguda e vem-se arrastando anos a fio. Sem líderes  esclarecidos e determinados sobre o projecto europeu, o Velho Continente lá vai saltitando de cimeira em cimeira. Umas vezes para os lados, outras para trás, nunca no caminho do progresso. Estamos confinados a medíocres que, a despeito de notórias incapacidades, influenciam de forma funesta a vida de milhões.
Como, dizem, a esperança é a última coisa a morrer, talvez o futuro nos venha a compensar. Talvez, porém, não é certo…
(Adenda. O texto integral do artigo, em português, poderá ser lido na Presseurop.)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Portugal na mão do génio de Massamá

Passos Coelho, na Cimeira Europeia, esteve calado e quietinho. Nem Monti ou Rajoy lhe deram espaço para expressar o apoio a Merkel. A chancelerina, educada e formada na férrea Alemanha Oriental de Honecker, é uma líder produzida na prepotência, na germanofilia comunista e em comportamentos autocráticos, cuja ‘História Europeia’ regista de forma clara e inequívoca. O génio de Massamá ouviu, calou-se e desviou-se para o desastre nacional.
Coelho, célere na demagogia e na luta do poder pelo poder, virou o discurso para o que se passa em solo português e enveredou pela propaganda:
[…] os dados das contas nacionais hoje conhecidos confirmam as más notícias que já eram conhecidas. No entanto, Passos Coelho diz que números mostram também que o ajustamento está a ser bem sucedido.
Fez estas afirmações com a maior das naturalidades. Como fossem de somenos os gravosos desvios das previsões de Gaspar – -7,9% de défice contra -4,5% estimados para o final do ano. Está em causa um défice de 3.217 milhões de euros, causado justamente pelas políticas recessivas do actual governo.
Não me voltem a falar do Sócrates. Falemos do presente, do trágico futuro que nos espera e das desumanas políticas do actual governo que hoje, na Covilhã, foram objecto de contestação popular junto do Álvaro. Há uns tempos o vermelho era exclusivo do hoje desertificado Alentejo. Agora é em Guimarães, Póvoa de Varzim, Guarda, Castro Daire, Cova da Beira, no Terreiro do Paço que a revolta se expande e manifesta. Naturalmente porque o governo e PR são, de facto, de uma espécie de políticos que o povo rejeita e abomina.

Cimeira Europeia: Espanha e Itália vencem

Os Vencidos
Os vencidos
Este fim-de-semana, na Europa, é o tempo de duplas hispano-italianas. No futebol do Euro 2012 e na política da ‘Zona Euro’.
Na cimeira europeia, de que o eixo franco-alemão era pesporrente directório, uma cúmplice rebeldia de Rajoy e Monti afrontou Merkel e Hollande. O pacto de crescimento discutido, com cinismo e euforia, pelos quatro líderes há dias, em Itália, só foi assinado após Rajoy e Monti terem garantido condições favoráveis de financiamento pelo FEEF e MES e outras benesses, das quais se destacam:
  • Utilização de fundos dos citados FEEF e MES para comprar dívida pública dos dois países, a fim de fazer baixar as taxas de juro exigidas pelos mercados.
  • Embora subscrevam memorandos de entendimento, Espanha e Itália não ficam submetidos a programas de austeridade idênticos aos de Grécia, Portugal e Irlanda, nem a avaliações por parte da ‘troika’ (FMI, BCE e CE).
Complementarmente, Rajoy defendeu a recapitalização directa dos bancos, sem implicações no agravamento da dívida pública.
No levantar do arraial de cada cimeira, e em especial no tocante aos 17 países da ‘Zona Euro’, é comum ouvir políticos e alguns comentadores simpatizantes das incongruências saudarem, muito satisfeitos, os acordos estabelecidos.
Nesta cimeira, o desfecho afinou-se pelos paradigmas desse habitual festim. Entretanto, e sem que isso tenha importância, foram destruídos mais uns restos da coesão económica, social e territorial do famoso Tratado de Maastricht.
A tendência para fragmentar a Europa, segundo critérios segregativos, voltou à ribalta. Aos mais fortes, Espanha e Itália neste caso, suavizam-se as regras; à escumalha, Grécia, Portugal e Irlanda, aplicam-se as penitências mais duras. Mesmo que os povos sofram até sangrar a última gota.
Nesta Europa, neste ‘euro, nesta mixórdia de remendos atrás de remendos, não acredito! O tempo dar-me-á razão. Estou convicto. Um dia, sem nos apercebermos, acordaremos surpreendidos, porque o muro se desmoronou.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Bella Italia!

Itália

L'Italia ha vinto e inviato i tedeschi a casa.
Viva Italia!
Dedico a Michel Platini uma obra de Verdi:




Um governo de incompetentes

gasparcratoO Ministro Finanças, em Abril passado, fez o parlamento, diga-se maioria parlamentar, aprovar o Orçamento Rectificativo de 2012. A DGO, com referência ao mês seguinte, Maio de 2012, divulga os números da Execução Orçamental e os desvios são de tal modo acentuados que governo e partidos da oposição, e mesmo o País de lés a lés, começam a discutir a questão de ‘novas medidas de austeridade’. Qual a origem da falha? Incompetência.
O ministério do matemático Crato – sim, ainda por cima matemático –segundo o ‘Público’ cometeu um erro grosseiro através da DGEEC, relatado pelo jornal da seguinte forma:
O que explica este erro? Incompetência.
Afinal, o governo dos notáveis, dos sábios e das sumidades de imbatível inteligência também é, ao que se percebe, um governo de incompetentes.

Por penáltis se ganha, por penáltis se perde, mas…

A fracção de segundos que mediaram entre o pontapé Moutinho e a defesa Casillas é o instante em que as alegrias e esperanças de um povo se desvanecem. Igual juízo se pode formar do remate de Bruno Alves à trave.
A vida individual e colectiva está, com frequência, submetida ao desígnios do tempo e do espaço, muitas vezes interpretados como factores de sorte e azar. Também no futebol.
Todavia, ontem contra Espanha, as ilações do desenrolar e desfecho do jogo, em minha opinião, não podem cingir-se a episódios dessa natureza, por muito decisivos em que os penáltis se tenham transformado.
Portugal, na primeira parte, dominou o adversário. Em particular, através de Moutinho, Veloso e Meireles, coadjuvados, e de que maneira!, por Pepe, Bruno Alves e Coentrão. O problema foi lá à frente, com Ronaldo e Hugo Almeida. Nos remates à baliza de Casillas falharam.
Antes dos penáltis, as dificuldades dos portugueses agravaram-se quando Del Bosque fez entrar Pedro Rodriguez e passou a sufocar-nos com as fífias de João Pereira que, desde sempre e mais uma vez o demonstrou, não tem qualidades para ser seleccionado, muito menos titular – Nani estoirou, no vai-e-vem constante de recorrente auxílio ao débil defesa-direito.
Esta foi para mim a história do jogo. Considerações de Pinto da Costa ou de Pedro Santos Guerreiro não contam para a disputa. São desabafos à portuguesa, viciados por  subjectividade de um tipo de cultura histórica judaico-cristã, ignorando o imperativo da objectividade.
O essencial é avaliar com imparcialidade e distanciado do acessório o que se passa dentro do rectângulo. Sem favorecer ou atender a quem esteja excluído do tempo e do espaço do jogo. De sarilhadas, estamos saturados.      

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Castelo Branco e os negreiros do ‘trabalho temporário’

Nas concepções ideológicas do neoliberalismo, tão caras ao actual governo, o Estado, em todas as frentes, deve renunciar às funções de defesa de imperativos direitos da cidadania, incluindo os inerentes ás tradicionais políticas sociais da sua competência: ensino, justiça, saúde e protecção do emprego.
Ressalvo que, ao dizer todas as frentes, estou a cometer um erro de palmatória. Há excepções. A recapitalização da banca é a mais flagrante, ao ponto dos milhares de milhões emprestados  pela ‘troika’, a pagar pelos contribuintes, serem consignados em exclusivo ao sistema bancário. Como em Espanha, na Irlanda e no Chipre. O porquê daria pano para mangas.
Pedro Motas Soares, cujas declarações ao ritmo de solavancos e entropias já o torna desagradavelmente audível, acaba de extinguir 400 postos de trabalho num ‘call center’ da Segurança Social em Castelo Branco, por cessação do contrato com a empresa RH+, de trabalho temporário.
Quatro centenas de precários, mais apropriado serem designados como objecto de ngecócio de ‘negreiros’, vão engrossar a lista extensa de desempregados. Trata-se de uma medida que ratifica práticas anteriores do atentado social que há anos vigora sob esse ignominioso anátema do ‘trabalho temporário’.
Certamente a mando da superestrutura, o Instituto de Segurança Social, esses vetustos serviços da Praça de Londres, em Lisboa, e órgãos conexos garantem a continuidade do serviço por meios internos.
Argumentem o que a exígua imaginação lhes permite. Mas, a verdade é que serão mais 400 cidadãos no desemprego. Muitos deles jovens, sem recursos e sem rumo. Talvez a emigração, como incentiva o governo; porque, de pobres em mais pobres se transformarão, em respeito pelo elevado desígnio de Passos Coelho: o empobrecimento generalizado dos portugueses.

O homem apenas recusou farfalhar

ricardo rodrigues
Os jornalistas são tramados. Querem saber tudo de tudo. Fernando Esteves e Maria Henrique Espada provocaram o coitado do Ricardo com o ‘caso Farfalha’. O homem indignou-se, recusou-se a farfalhar e lá partiu, surripiando os gravadores dos profissionais da “Sábado”.
O homem ficou com a vida viradas das avessas. Suspendeu o cargo de vice-presidente da bancada parlamentar do PS, deixou de ser o representante do parlamento no Conselho Geral do CEJ e de membro do Conselho Superior de Informações. Vá lá, vá lá, não foi para o desemprego.
Há horas do farfalho!, a cujo ruído nem um ilustre político com este ‘currículo’ se furta.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Os professores e a engenharia financeira da Execução Orçamental

A imprensa, aqui por exemplo, informa que, em três anos, o número de docentes do ensino foi reduzido de 119.076 do ano lectivo de 2008/2009, para cerca de 97.000 em 2010/2011. Saíram, portanto, mais de 23 mil professores do quadro.
O pastoso e falhado predicador Vítor Gaspar exultou um dos escassos resultados positivos (?) da Execução Orçamental de Maio passado; documento que, na página 13, é inspirador desse triste regozijo:
A redução da despesa com pessoal, para a qual contribuiu, em maior medida, o comportamento da despesa com remunerações certas e permanentes (-6,7%) - com destaque para o Ministério da Educação e Ciência devido à redução de efetivos das escolas de ensino não superior - e os encargos com saúde10 (-32,2%) em resultado de diferentes classificações contabilísticas. Em termos comparáveis, o decréscimo da despesa com pessoal seria de 6,5%.
Independente de avaliações valorativas de natureza social e política, manda a ética que, das finanças públicas a qualquer outra área da governação, os governantes falem com seriedade e transparência. Sem subterfúgios ou sofismas. E, assim, é imperativo reconhecer que, também por força das reformas antecipadas de professores  e outros, a somar a  estratagemas contabilísticos, em Maio, a Execução Orçamental, página 22, regista um aumento de 4,9% na conta ‘Pensões’ e de 6,9% em ‘Prestações Sociais’, em relação ao  período homólogo de 2011. 
Que se comemore a exumação do ensino público, em nome de abjecta tecnocracia neoliberal de redução de despesas sociais, é já, de si, muito grave. Que deliberadamente se pretenda ocultá-la , com o propósito de iludir a realidade, mais condenável se torna. De Lurdes Rodrigues a Crato e Gaspar.

Da hipócrita esperança ao real desespero

passos coelho

Tenho a ideia de que o PM sente que este 1.º ano de governação pode ser o início do fim – mas não da crise como também disse o Gaspar. Para recuperar popularidade, ordenou à máquina ‘laranja’ que jorrasse pelos olhos abundantes jactos verdes, cor da esperança, distribuindo promessas ocas às centenas de milhares de desempregados, cujas vidas se enredam em penoso e real desespero.
Alguém acredita? Lembre-se o que ele disse à jovem da Escola do Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria.
(PS: Montenegro, o dos olhos semicerrados, é o militante com maior dificuldade em cumprir cabalmente as ordens do ‘líder’. Paciência! Funcionará em sistema de gota a gota).

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O baile governamental no Palácio da Ajuda

O elenco governamental, 46 membros desfalcados de 2 ajudantes, afinadíssimo, executou ontem no Palácio da Ajuda, um concerto de valsas, polcas e até, imagine-se, a dança do ventre – os iraquianos andam por aí. O argumento foi a efeméride do 1.º ano da governação Coelho, Portas, ministros silenciosos e ajudantes. O local não poderia ser mais apropriado: ‘Sala D. João VI’, conhecida por ‘Sala do Baile’.
Portas, o mais exímio dos cantantes do coro, defenestrou  Sócrates á entrada, lembrando o risco do abismo de há um ano. O ex-PM socialista é, sem dúvida, um dos responsáveis da difícil situação a que o País chegou. Todavia, e a História é esclarecedora, os antecessores Cavaco, Guterres e Barroso não são menos isentos de responsabilidades – a cedência na destruição do tecido produtivo nacional (agricultura, pescas e indústrias) foi um caminho demasiado longo para os desastrosos 6 anos da “governação socrática”. Que, de resto, está a ser prosseguido.
Há episódios e eventos concretos do desmantelamento económico, a troco de subvenções à não produção, e através de privatizações adversas a interesses da estratégia nacional – atente-se na opinião de Fernando Ulrich sobre a alienação da TAP – que hoje penalizam, e de que maneira!, a produção de riqueza em Portugal, o emprego e o Estado Social.

Não o podemos ver nem pintado

guimarães
Tentei convencer gentes da Póvoa do Varzim, de Guimarães e de Castro Daire a serem mais comedidos com o Sr. Presidente. Ofereci-me mesmo para actuar junto do Palácio de Belém no sentido de conseguir uma imagem de homem mais aceitável pelos cidadãos dessas e de outras cidades. Uma imagem que fizesse acreditar que faria aquilo que às vezes diz, e não o inverso. 
Os esforços foram em vão. Em tom grave, cantaram-me das boas: “Não o podemos ver nem pintado!”.
E lá tive de dizer ao criativo para abandonar o projecto de ‘design’ de  nova imagem para o PR. - Não é uma questão de formato, mas de conteúdo e consequências do comportamento – disse-me um contestatário de ar mais intelectual.

domingo, 24 de junho de 2012

A Vossa Excelência Reverendíssima, D. Bargalló

A Vossa Excelência Reverendíssima, D. Bargalló, vítima de paixão e de apetites sexuais vedados ao clero pela Santa Madre ICAR,
A Vossa Excelência Reverendíssima, D. Bargalló, que sob calores mexicanos e demoníacos foi tentado pelo pecado; afinal, tão disseminado na ICAR e no Vaticano, onde se representa, desde há séculos, a pantomina do falso representante de Jesus Cristo, e respectiva corte, entre os humanos,
A Vossa Excelência Reverendíssima, D. Bargalló, bispo de pecaminosa afronta aos deveres do celibato e de aventuras contrárias a regras canónicas, e para mais na qualidade de presidente da Cáritas Latina-americana,
A Vossa Excelência Reverendíssima, D. Bargalló, pela última vez me dirijo, para lhe dedicar a voz sofrida da saudosa Mercedes Sosa, argentina de São Miguel de Tucumán, cujo título ‘Cancion para un Niño en la Calle’, oxalá!., o faça expiar, em castigo de consciência, a pena do abandono a calamidades sociais severas dezenas e dezenas de milhares de crianças latino-americanas a quem a Cáritas, dirigida por Vossa Excelência Reverendíssima, jamais valeu.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Helena Roseta trucida Miguel Relvas

Se dúvidas houvessem acerca da falta de idoneidade de Miguel Relvas, o mais nefasto ministro de um governo auto-classificado de impoluto, as palavras de Helena Roseta, na SIC Notícias, encarregar-se-iam de as dissipar.
É curioso saber que, na proposta do ‘arranjinho’, se visava beneficiar uma empresa de Passos Coelho, actual PM.
Relvas reagiu por intermédio de terceiros. Mandou questionar por que razão esta história não foi divulgada na altura da ocorrência. Bom, já foi um avanço, uma vez que implicitamente a confirmou.
Relvas sabe bem que, em política, certos episódios tem um momento próprio para serem tornados públicos. E Helena Roseta, melhor do que ninguém, tem demasiada experiência para desperdiçar um rosário de deixas da ERC, do ‘Público’, da Finertec, da Ongoing, do secreto Silva Carvalho, da RTP e Angola e da demissão de Rosa Mendes.  
Como se diz em culinária, e tanto quanto sei Helena cozinha bem, chegou a hora da massa ter atingido o ponto de trucidar Relvas.

Submarinos: o Sr. Contra-Almirante ficou teso?

A matemática é uma ciência complexa, mesmo em operações simples. O que se traduz na velha máxima de que a soma de 2 + 2, nem sempre é 4. Sinergias, justificam os iluminados Cratos.
O ‘Público’ diz que, por pagamento feito pelo contra-almirante, Rogério d’Oliveira – e d’Oliveira é distinto do plebeu apelido de Oliveira – Duarte Lima recebeu 1 milhão de euros pela compra dos submarinos alemães. Deduz-se que d’Oliveira transferiu para a conta do Lima, na UBS, o que recebeu.
Porém, o que me confunde é o ‘Sol’ informar:
 “…a Ferrostaal pagou ‘luvas’ de milhões de euros a várias entidades, a título de serviços de consultoria fictícios – a uma sociedade de advogados portuguesa, ao cônsul honorário de Portugal em Munique, Jurgen Adolff, e ao contra-almirante Rogério d’Oliveira. Isto, para garantir a adjudicação do contrato de compra de dois submarinos por 1,2 mil milhões de euros, junto do Governo PSD/CDS, então dirigido por Durão Barroso e Paulo Portas.”
Barroso e Portas garantiram não ter tido qualquer intervenção no negócio. Dessas bandas, fiquei, pois, esclarecido e tranquilo.
As dúvidas, todavia, permanecem. Se a ‘Ferrostaal alega ter pago milhões e o contra-almirante, ao que o DCIAP apurou, entregou apenas um milhão a Lima, onde está o remanescente? A alta patente da Marinha reteve ou distribuiu o restante?
Querem ver que o Sr. contra-almirante partilhou o resto e ficou teso! Esta é a minha tormentosa dúvida. Talvez o DCIAP venha a esclarecer. Talvez… porque embarcámos todos num ‘Yellow Submarine’. E ‘yellow’ é a cor com que umas vezes paramos, outras avançamos. Fica-se sempre entre a obediência e o abuso. Embora havendo perigo, acaba por não ser legal nem ilegal. É o fenómeno humano da ambiguidade.

Um exercício de ironia e maiêutica ao Gaspar

Primeiro, é aconselhável reflectir sobre o conceito socrático-filosófico da ironia e da maiêutica:
O filósofo busca o conhecimento através de questões que revelam uma dupla face – a ironia e a maiêutica. Através da ironia, o saber sensível e o dogmático tornam-se indistintos. Sócrates dava início a um diálogo com perguntas ao seu ouvinte, que as respondia através de sua própria maneira de pensar, a qual ele parecia aceitar. Posteriormente, porém, ele procurava convencê-lo da esterilidade de suas reflexões, de suas contradições, levando-o a admitir seu equívoco.
Em seguida, passamos à prática e submetemos o Gaspar a um exercício de ironia e maiêutica:
P – Então o défice deste ano está em risco de derrapar?
R – Está.
P - Por que razão?
R – Devido à quebra das receitas fiscais.
P – Essa quebra não foi ditada pelas políticas recessivas do Governo?
R – Não! Houve é menores lucros das empresas.
P – Mas os lucros menores das empresas, a quebra do investimento e do consumo e o desemprego não são consequência natural das tais políticas recessivas?
R – Não! Tem de se contar que Portugal enfrenta a persistência da instabilidade na zona euro.
Conclusão: Não lográmos libertar Gaspar de contradições e equívocos,  diversos e graves. Cumpre-nos pagar a crise agravada pelos gaspares do planeta. 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dois verdes que cairão antes de amadurecer

Rio 20
Dois políticos verdes, praticantes de negras políticas, na cimeira Rio+20. Cairão antes de amadurecer. Passos Coelho discursou e asseverou:
“Nos últimos 20 anos houve progressos, mas que ainda há muito a fazer”.
Há 20 anos Coelho? É preciso lata. Onde é que  andava V.Exa. há duas décadas e o que fazia pela ‘economia verde’? Bebia cafés no ‘Califa’ e depois...
Rajoy mirava las golfas nas calles de Madrid y viva la noche!
Os utópicos, loucos, alucinados e não sei o que mais são quem ousa dizer a cruel verdade. Caso de Daniel Mittler da ‘Greenpeace’. Sem hesitações e rodeios, declarou:
“O resultado da Rio+20 não é nada mais do que um desastre”
Sem mais, nem menos: um desastre.

A Chica do PSD é esperta e eu concordo…

francisca almeidaAs declarações de Francisca Almeida divulgadas pelo ‘Público’ beneficiam da vantagem de ser sinuosas mas claras sobre um tema obscuro:
A Chica, vice-presidente da bancada ‘laranja’ é, de facto, uma ‘Chica esperta’. Estou de acordo com ela, excepto nas motivações.
Para mim, seja em comissões ou plenário da AR, seja em qualquer acto público, não tenho a mínima pachorra para ouvir Miguel Relvas. E mais, fiel aos conselhos sábios do falacioso ministro e do seu chefe Coelho, sigo-lhes os ensinamentos:
Ó Sr. Ministro Relvas emigre!
Com a ajuda de amigos brasileiros, do ‘mensalão’ ou da oposição, ou mesmo dos santistas de Angola – santo, santo, santo, senhor deus do universo – tenho fé que a minha prece se cumprirá. E a Chica, assim, também ficará aliviada de tamanhas trapalhadas.

Identificados os autores da fuga de informação

prova de português
Fonte: Juxtapoz
A Inspecção-Geral da Educação e da Ciência e o GAVE, graças a eficaz intervenção da PJ, já possuem a identificação dos autores da fuga de informação relativa ao exame de Português do 12.º ano.
Trata-se deste grupo de 4 especialistas em teclas, anteriormente ligados às ‘Novas Oportunidades’ de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues. Os jovens trabalhavam em gabinete de consultoria de Armando Vara. Crato esqueceu-se de extinguir o contrato e o descuido custou-lhe caro.
Nos interrogatórios, os autores da fuga revelaram ter-se tratado de retaliação, patrocinada pela Samsung, Sony e LG, contra este sublimar acto de propaganda à Nokia, de Nuno Crato, em 26 de Janeiro de 2006:
Os ‘sms’ aos alunos assumiu, acima de tudo, forma de conspiração  dos transformadores proscritos.
Ao contrário do que diz Guinote, não houve qualquer deferência. Foi asco e dos grandes ao Crato; o grande cientista matemático, incapaz de detectar, a tempo, uma irregular e simples operação de subtracção de testes.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Quando a 'Bata' bate, bate para vencer…

26 sapatarias encerradas, 146 trabalhadores no desemprego
Ontem – julgo que foi ontem – vi o Álvaro eufórico a anunciar ao país um investimento da SAP de 17 milhões de euros e a criação imediata de cerca de 100 postos de trabalho. “Dentro de 3 anos deverão ser 300”, disse ele a olhar para o lado, na busca de salvadora confirmação.
Hoje, a SIC anunciou o encerramento dos negócios da ‘Bata’ em Portugal e lá vão 146 para o desemprego. Resultado: Bata, 146 – SAP, 100. A ‘Bata’ bateu e com força, mesmo para vencer.
Como se não bastasse o desenlace da ‘Bata’, um rede de lojas de câmbios, segundo o administrador judicial, vai igualmente encerrar e extinguir 150 postos de trabalho.
Perante este panorama, que o governo não controla nem quer controlar – para os neoliberais, o mercado é sagrado e as suas ordens divinas – o inegualável Relvas afirma:
Sim, porque o governo não só não a ultrapassará, como a agrava no dia-a-dia. Relvas, de forma indirecta, regressa ao velho conselho:  “Olhem, emigrem e em força!”.

Portugal na 2.ª divisão de desumanidades

O País agiganta-se e agita-se no futebol. Sofre com os episódios adversos do jogo, rói as unhas e finalmente festeja com exuberância e ruído os golos do Ronaldo. Engoliu, entretanto, umas “bejecas”, mete-se no carro e vai de buzinar e gritar a felicidade, rua fora. É assim nas aldeias, vilas e cidades deste lindo ‘Portugal’, como diria o Leal.
O futebol, naturalmente, é um escapadela da crise. Congelam-se os pensamentos em dificuldades, a bola rola e a malta entusiasma-se. Normal. Nem vem mal ao mundo. Ele já cá está e, na alucinação, consomem-se menos antidepressivos, que o governo já raciona, e espantam-se os nervos com uns copos. Sem receita médica, nem comparticipação. Paciência Zé!, vale pelo que nos sabe.
As euforias futebolísticas, porém, não nos devem fazer esquecer as mensagens dos nossos preclaros governantes, como: “o mundo é muito competitivo”. Há, pois, múltiplos campeonatos no universo. Ao invés do futebol, em algumas dessas competições, estamos na segunda divisão. É o caso do campeonato do ‘tráfego sexual e trabalho forçado’. No relatório do Departamento de Estado dos EUA, anual, apresentado por Hillary Clinton, é revelada a nossa posição - os EUA, diga-se, não têm legitimidade para criticar este tipo de problemas humanos e sociais, se observassem, com isenção, o que se passa na sociedade norte-americana, em termos de direitos básicos de cidadãos, sobretudo de crianças. 
É verdade, em tal prova, estamos mesmo na 2.ª divisão. Da ‘Zona Euro’, temos a companhia da Grécia, Hungria e Irlanda. Tudo povos enfraquecidos pela moeda e castigados pela dureza da vida.
(Adenda: Há dias a comunicação social noticiou este caso de escravatura moderna, praticada por uma empresa portuguesa)

Relvas lícito, mas inaceitável

Se a política fosse aquilo que, na pureza de ancestrais idealismos filosóficos, nunca deveria ter deixado de ser.
Se os sujeitos políticos, autores de actos inaceitáveis, e a raiar a ilicitude (Art. 190.º do Código Penal), na condição de governantes, tivessem de se ser punidos por intransigentes códigos de ética.
Se tudo isto e muito mais enformassem a substância, o objectivo e os requisitos da causa e do desempenho políticos, na actualidade; então, a propósito do juízo pré-anunciado da ERC, as instituições da organização política deveriam também reagir eficaz e condicionalmente, do seguinte modo:
Se, diz a ERC, as pressões de Miguel Relvas sobre a jornalista Maria José Oliveira foram inaceitáveis, mas não ilícitas, o citado ministro Relvas, embora lícito, deveria ser declarado inaceitável; que é como quem diz: demitido!
(Nota: A consideração de que não houve acto ilícito é polémica, do ponto de vista jurídico. Segundo a jurisprudência relativa ao Art.º 190.º do Código Penal, a ameaça de devassa da vida privada, feita por telefone, não é  acto claramente lícito). 

 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Medina & Cadilhe–Precariedade e Impostos S.A.

Ambos foram ministros das finanças. Medina Carreira, entre 1976 e 1978, com Mário Soares em primeiro-ministro. Miguel Cadilhe, de 1986 a 1989, sob a chefia de Aníbal Cavaco Silva.
Ambos tiveram em mãos as contas do país e, analisadas as prestações, não têm motivos para festejar grandes méritos nos desempenhos. Conquanto, sujeitos a conjunturas distintas.
Medina, de 1976 a 1978, consentiu a subida de 72,03%  das despesas públicas efectivas (*), em comparação com o aumento de 58,98% do PIB (*), a preços correntes.
Cadilhe, beneficiário afortunado de uma primeira e considerável injecção de ‘fundos comunitários’, registou um acréscimo, entre 1986 e 1989, de 57,65% nas despesas públicas efectivas, compensado por um aumento de 66,16% do PIB (*), no decurso do mesmo período.
Os valores macroeconómicos do tempo de Cadilhe, em termos de PIB, foram fortemente alavancados pelas obras públicas cavaquistas, sob a batuta de Joaquim Ferreira do Amaral, hoje administrador da ‘Lusoponte’ com a qual o Estado estabeleceu a primeira ou uma das primeiras PPP’s. Nessa época os investimentos na produção de bens transaccionáveis não faziam parte do glossário cavaquista.
Os dois ex-ministros citados compareceram na AR para uma conferência organizada pela Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira a Portugal.
O regime pós-25 de Abril, é óbvio, foi capturado por um exército de gente deste género, co-responsável pela crise desde longa data, que Medina e Cadilhe representam  e integram com pompa e desmedido atrevimento.
Um, Medina, vê riscos (?) de precariedade onde a mesma já existe e em força. Outro, Cadilhe, alinha pela voracidade fiscal: lançar mais 4% de imposto extraordinário sobre as castigadas famílias e empresas.
Que dupla! Podíamos chamar-lhe ‘Medina & Cadilhe – Precariedade e Impostos S.A.’ - especialidades que os portugueses não conhecem.  
(*) Dados recolhidos daqui (Estudo da Prof.ª Eugénia Mata da UNL).  

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A asfixia da banca espanhola e as eleições na Grécia

 
A história dos 100 mil milhões foi mal contada por Rajoy e Guindos; em suma, o  governo espanhol. Todavia, demais falácias e omissões marcaram a narrativa. O adágio popular sentencia: “A verdade é como azeite: vem sempre ao de cima”. Nem mais. Hoje, o insuspeito ‘El Mundo’, pró-governamental, faz soar de novo o sinal de alarme, ao anunciar em antetítulo e título:
Piora a situação da banca
A morosidade chega a 8,7% dos créditos duvidosos da banca e superam os 150.000 milhões de euros
No texto da notícia, pode ler-se:
A morosidade soma-se aos empréstimos em risco de incobrabilidade. Os créditos duvidosos do sector situaram-se em 152.740 milhões de euros em Abril, uns 32% mais do que os 115.299 milhões contabilizados no mesmo mês de 2011, e uns 840% mais – nove vezes mais – do que os 16.251 milhões registados em 2007, justamente antes da crise.
Muitos comentadores conservadores respiraram de alívio com a vitória da ‘Nova Democracia’ na Grécia. Outros, de esquerda, lastimaram o segundo lugar do ‘Syriza’. Ambos estão equivocados. O dramático problema do ‘euro’ resolver-se-á sob pressão colectiva dos países sob resgate ou em risco de resgate, independentemente da tonalidade dos partidos do governo  – Espanha e Itália incluídos. É uma questão de soberania, supra-partidária portanto. Há que enfrentar a Sra. Merkel, o Sr. Schäuble e controlar os mercados, em vez destes ameaçarem os interesses legítimos dos povos.
Altivos, alguns políticos do país vizinho têm-se juntado ao idiota coro do: “Não somos a Grécia”. Trata-se daquilo a que se poderá chamar uma “frase feita” com que se ludibriam as populações; todavia, é esforço incoerente. Contrariamente aos desígnios da propaganda, a esperada estabilidade derivada do resultado eleitoral helénico não é, afinal, antídoto nenhum para a ‘Zona Euro’; não constituíu, por exemplo, a ambicionada terapia para os juros de dívida de Espanha. Continuaram em evolução ascendente, tal como os de Itália.
Por cá, o PSD, pela voz do vice-presidente parlamentar, António Rodrigues, assumiu: “A Europa vai poder respirar de alívio”. “Qu’ alivio, sôr deputado! No caso de Portugal, será dos subsídios de férias e de Natal retirados e de outras injustiças governamentais sobre milhões de portugueses?

domingo, 17 de junho de 2012

O PS do To-Zé

O PS de Seguro
O PS conduzido pelo To-Zé - Seguro apenas de apelido. Com o reforço das distritais do Porto e de Setúbal, ao que parece oleado por militantes de última-hora.

A anomalia cardíaca congénita–o risco de falhas no SNS

A anomalia cardíaca congénita (ACC) é diagnosticável durante a gravidez, por ecografia  de observação do feto. Há anos que assim sucede, sendo de realçar as experiências por via da telemedicina do Hospital de Santa Cruz (Dr.Rui Anjos) e Hospital Pediátrico de Coimbra (Dr. Eduardo Castela).
Vejamos o caso de Santa Cruz, em grande parte semelhante à experiência entre Coimbra e hospitais do interior - Cova da Beira, por exemplo.
A par de prestar assistência a doentes da região de Lisboa, o Hospital de Santa Cruz diagnostica remotamente por imagens - telecomunicação em tempo real - grávidas de outras regiões, incluindo os Açores. O trabalho conta com a participação de obstetras e pediatras locais.
Caso seja detectada a ACC no feto, a grávida passa a beneficiar de acompanhamento remoto e regular desde Santa Cruz. Dias antes do parto é transferida para esse Hospital, a fim do  bebé ser submetido à cirurgia após o nascimento, pelo Dr. Rui Anjos.
Antes da telemedicina, o Dr. Rui Anjos deslocava-se episodicamente aos Açores para acompanhar casos antes detectados e fazer novos diagnósticos, sendo recomendada a transferência da grávida para Carnaxide (HSC) na altura própria.



sábado, 16 de junho de 2012

A dura vida de um monarca saudita

rei saudita
O príncipe Nayef, herdeiro do trono saudita, faleceu. O infeliz desenlace obriga o Rei Abdullah, de 89 anos, a matutar intensa e democraticamente na escolha de novo sucessor. Isto no curto espaço de nove meses. A democracia saudita tem destes reveses. Porém, dirão alguns: é normal em monarquias; em vez de recair sobre o povo o pesado e complexo ónus de escolher quem o governe, compete ao rei nomear o herdeiro da coroa e da chefia do Estado.
Constate-se o facto do cérebro do Rei Abdullah não ter descanso. Sim, aquela cabeça não para, como facilmente se percebe. Dura vida, a de um monarca; ainda para mais saudita.

A eliminação estrutural do factor trabalho

The End of Work‘O trabalho “deixou de proteger as pessoas” da pobreza’ é o título do ‘Público’ on-line, a propósito da comunicação de Agostinho Rodrigues Silvestre no VII Congresso Português de Sociologia, a realizar no Porto, de 4.ª a 6ª feira da próxima semana. Estarão presentes Mário Soares e Manuel Carvalho da Silva.
A redução da incorporação do factor trabalho e consequentemente da alteração de rendimentos do sector produtivo a favor do capital não constituem fenómenos recentes. Já haviam sido há muito denunciados pelo economista norte-americano Jeremy Rifkin, em ‘O Fim do Trabalho’. Concretamente em 1995 – “The End of Work: The Decline of the Global Labor Force and the Dawn of the Post-Market Era”.
Dessa obra de visão precoce, estruturalmente documentada e concisa, que li em finais do século passado, lembro algumas provas categóricas do rigor das análises do autor:
  • A mecanização da agricultura nos EUA, nomeadamente na produção de algodão, conduziu à libertação de enormes excedentes de mão-de-obra que emigraram para a região de Chicago, ingressando na indústria automóvel;
  • Tempos mais tarde, os desafios de competitividade dos fabricantes de automóveis japoneses, através da introdução da robótica nos processos produtivos, obrigou os industriais norte-americanos a optar pela robotização, com a consequente eliminação de postos de trabalho.


MAC: da falta de legitimidade ao interesse de negócios

No início do mês, certamente com excessivo optimismo, publiquei este ‘post’ a saudar a boa notícia da Entidade Reguladora da Saúde se pronunciar pela continuidade da MAC. Deveria ter sido mais prudente, imaginando que o governo e o bancário Macedo não desistiriam facilmente do fecho da histórica maternidade.
Os propósitos do actual governo de devastação do SNS  e de protecção dos interesses de privados na saúde - grupos BES e José Mello e ainda a HPP a privatizar em breve - são firmes e determinados. O interesse é nulo em preservar e desenvolver uma unidade de saúde de referência e especializada, onde este ano nasceram até hoje 2257 bebés e, em 2011, foram realizadas 73.253 consultas externas.
Impossível falar da MAC sem trazer à memória Maria José Nogueira Pinto. Se voltasse a este mundo e soubesse que a MAC vai encerrar, sucumbiria de imediato, de novo.
Todo este escabroso processo, além do mais, reveste-se de ilegitimidades, topetes e mentiras – Passos Coelho não se exime de falta de seriedade.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A desorganização competitiva na AR

desorganização competitiva (2)
‘A desorganização competitiva’ – Fazer de cada um, um empreendedor dentro da empresa.
O Plano Nacional de Reformas (PNR de 2012) ficou esquecido 40 dias em gavetas da Assembleia da República.  O ‘Público’ divulga  que o deputado Duarte Pacheco, social-democrata, foi peremptório e claro a esclarecer: “O documento ficou perdido nos corredores e diferentes pisos deste palácio”. Conclusão instintiva: a culpa é do documento; ainda por cima se arrogou de indevido estatuto de palaciano. Sem conhecer os labirínticos interiores da AR, careceu de agilidade mental para se valer da ajuda de um deputado, da oposição que fosse, ou de um administrativo, e perdeu-se. Enfiou-se silenciosa e secretamente em gavetas da AR.
Um outro exemplar do mesmo documento foi parar direitinho a Bruxelas, no prazo estabelecido. Na AR, os partidos do arco governativo justificam  o sucedido com base na Teoria da Desorganização Competitiva.
A competitividade é o grande desígnio nacional. Todos sabemos. Mais a mais no contexto e texto de um documento de Carlos Moedas, um ex-Goldman Sachs. O imperativo era  fazer chegar rápido o dito a Bruxelas. A Comissão de Orçamento e Finanças tem tempo de  sobra ara conhecer o PNR de 2012. Olhem, entretenham-se com o plano de 2011, esse sim, divulgado na Net.
Para os portugueses em geral, a versão do PNR de 2012, sendo previsível que visa mais competitividade,pode pensar-se em agravamento de sacrifícios dos cidadãos, presumo eu. Aguardemos.
(Adenda: a notícia do 'Público' que deu origem a este 'post' foi substancialmente alterada, incluindo o título que deixou de mencionar a gaveta de Assunção Esteves como local onde o documento estava esquecido. A versão actualizada está titulada assim: Reformas estruturais esquecidas em gavetas parlamentares. Afinal, os esquecimentos e gavetas são diversos, incluindo do ex-ministro socialista, Vieira da Silva. Alterei o teor do 'post', em função das actualizações da notícia.)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A amnésia não é crime

palhacos
Um director escolar, sem licenciatura, estava convencido de que era licenciado, mas não era. Esqueceu-se. Um falso médico há anos assistia a doentes no Hospital de Santa Maria, sem que tivesse habilitações para o fazer. Esqueceu-se. Um padre celebrava missas com todos os sacramentos, sem ter sido ordenado presbítero. Esqueceu-se. O criminoso ‘Rei Ghob’, em tribunal, nunca se pronunciou pelos crimes de que foi acusado. Esqueceu-se. O homem sem carta é apanhado a conduzir, alegando que se lhe varreu da memória ser necessário ter tal permissão. Esqueceu-se. O ‘Manel’ foi detectado em operação ‘stop’ com a taxa de alcoolemia de 1,78, justificando à brigada de trânsito que não se lembrava de quantas ‘minis’ tinha ingerido. Esqueceu-se.
A amnésia retrógrada assume, de facto, aspectos de uma doença social, bastante disseminada. Até o palhaço da mota, esquecendo-se de que está a circular com outros veículos na via pública, acabou por quebrar o retrovisor do parceiro que transitava de carro. Esquecimento.
Defendidos por hábeis advogados, nenhum dos esquecidos é alvo de condenação judicial. Simplesmente porque a amnésia não constitui crime no Código Penal. O segredo é saber jogar com as leis. Não é assim senhores da justiça em Portugal?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Olha é do PSD, traz a lista!

lista do PSD
A revelação na Net da lista de militantes do PSD da área de Lisboa está a gerar variadíssimas reacções e consequências. As superiores instâncias do partido deliberaram de imediato instaurar um inquérito interno e apresentar queixa contra desconhecidos.
Há quem se aproveite dessa enorme desgraça para fazer negócio. Nas imediações do Campo Pequeno foi visto um homem a apregoar: “Olha é do PSD, traz a lista!”.
Há ainda quem tenha ficado psiquicamente afectado. Caso da jovem na imagem. Coitada, chegou ao estado que se vê, depois dos pais, indefectíveis socialistas, terem descoberto que a filha, ao contrário do que garantia lá em casa, era militante da JSD.
A somar a tudo isto, a comunicação social, em vários órgãos, aproveitou para divulgar  sonantes “cachas”: “Passos Coelho é um dos nomes que consta da longa lista”, diz a TSF; “Passos Coelho e Carlos Moedas estão entre a lista de militantes do PSD…”, acrescenta o ‘Expresso’. Passos é militante do PSD? Isto nunca me passou pela cabeça. Que surpresa!
(Nota final: Esta do “entre a lista” do ‘Expresso’ é que não me entra nem à força do cacete..mas isto são coisas minhas, sempre exigente nas entradas.)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vida aos bancos, morte a bebés e idosos

Salvem-se os bancos, depositem-se os bebés nas ‘Rodas dos Enjeitados’ e encorajem-se o empobrecimento e a morte precoce dos idosos. Estes são os paradigmas da Europa dos nossos dias, à mão dos ‘neoliberais’.
Uma prática desumana que se imaginava ultrapassada em definitivo no Século XX volta a estar presente nas sociedades actuais, algumas ditas evoluídas: a Alemanha, a Áustria, a Suíça, a Polónia, a República Checa e Letónia.
Sublinhe-se que, no caso da República Checa, o abandono está institucionalizado através da ‘Clínica GynCentrum’, em Praga. De resto, a própria ONU instigou o governo checo a encerrar esta ‘roda’, contrária, alega, à Convenção sobre os Direitos de Criança.
Os políticos europeus actuais, nomeadamente a Sra. Merkel e incondicionais seguidores,  sob a cultura dos problemas das ‘finanças públicas’ que não solucionam, estão a restituir à Europa os traços mais negros que o Velho Continente viveu entre os anos 1920 e os finais da II Guerra.
Cumpre aos europeus dizer: “BASTA!”    

Quem esquece uma filha, lembrar-se-á dos cidadãos?

pubOs actuais líderes europeus, salvo as devidas e raras excepções, distinguem-se pela incapacidade e a implacável falta de sentido de humanidade na governação das sociedades europeias que, por escolha democrática, diga-se, foram incumbidos de assumir. Dizem zelar pelas contas públicas, pela consolidação orçamental e esmeram-se na ajuda à banca, esse coio de figuras malditas que nos mergulharam na crise e em esparsos sofrimentos.
O desprezo por cidadãos e famílias, e em alguns casos o objectivo de empobrecimento do país e das populações (des)governados, constituem desígnios perseguidos com iniludível consciência(Passos  Coelho ‘dixit’). Governar  hoje, mais do que nunca, é estar liberto da obrigação de cumprir códigos de conduta ética, valores de justiça social e espírito de missão em favor do colectivo.
Cameron, alheado da expansão dos índices de pobreza e até de miséria no Reino Unido, comemorou com alegria, fausto e circunstância o jubileu da rainha. A tentação pela mediática e folclórica participação na festança da populaça é irresistível. Ele e outros súbditos britânicos, mais uns quantos notáveis – algumas nefastas figuras de Estado -da ‘Commonwealth’ desfrutam em delírio destas euforias colectivas, inevitavelmente ocas e  marcadas por alucinante estupidez.
Em família, Cameron veste a indumentária autêntica, a da personagem que se abstrai de elementares obrigações de pai. Uma filha de oitos anos, foi esquecida por ele, mulher e amigos num ‘pub’. Para Cameron é equivalente a sair do bar deixando o telemóvel repousado na mesa entre os copos das ‘Guinness’ entretanto sorvidas.
     

domingo, 10 de junho de 2012

Zona Euro: Espanha é filha, Irlanda enteada

Primeiro, tivemos o desfile de negações e desmentidos do governo de Rajoy, da necessidade de ajuda externa. A verdade é, porém, corrente imparável. Ontem, que remédio!, Espanha pediu e obteve um resgate do ‘eurogrupo’ de 100 mil milhões euros.
Como admitíamos aqui, o FMI falara apenas de 40 mil milhões de euros. Uma vez mais, falhou. 
O ministro Guindos, em conferência de imprensa, tratou quem o ouviu como idiotas, ao deixar no ar a seguinte mensagem:
[…] esta ajuda "não constitui um resgate" mas apenas um apoio ao sector financeiro que não impõe ao Governo "qualquer tipo de condição adicional em termos orçamentais, ajustamento ou despesas públicas". "As únicas condições impostas serão para os bancos"
Trata-se obviamente de uma afirmação de arrogância de Espanha. proferida na sequência da decisão dos ministros das finanças do ’eurogrupo’, incluindo o pusilânime ministro irlandês, MIchael Noonan.  
A Irlanda não se limita, porém,  a falar pela voz de Noonan. Outras vozes se levantam contra a iniquidade de que o país foi alvo, face aos espanhóis. As notícias da Agência Financeira são esclarecedoras.

sábado, 9 de junho de 2012

PAJ Grupo: relações laborais da escravatura moderna

slaves(2)Sete cidadãos de várias nacionalidades, residentes em Portugal, foram contratados para trabalhar, em regime de ‘escravatura contemporânea’, no Norte de França. A sociedade empregadora, de Esposende, dispõe de um sítio atraente na Internet e intitula-se de PAJ Grupo. Além de mão-de-obra escrava (pajens), explora actividades diversas: construção, obras públicas, negócios de imobiliário, ‘rent-a-car’ e ‘packing’.
O grupo PAJ recruta desde ‘chefes de equipa’ a ‘trolhas’, via Internet; em alguns casos, com o requisito dos candidatos terem conhecimentos de francês, falado e escrito, e mais de 5 anos de experiência.
No tocante àquilo que os anglo-saxónicos classificam de ‘corporate image’, PAJ é um grupo empresarial evoluído, centrado na preocupação de boa imagem pública. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Somos campeões da imbecilidade

porto
Desfrutar da liberdade de circular em espaços limpos de “partidarites”, “clubites”  e da influência de grupos de vida e hábitos  burlescos é, de facto, um bem inestimável. De preservação obrigatória. Basta estar ciente dos direitos legítimos a esse espaço e ter o engenho de utilizar a porção de inteligência que, a cada um de nós, coube em sorte. Pouca que seja.
Quem sabe fruir de tal benefício liberta-se da subjugação e manipulação  de campanhas de imbecilidade que, por mecanismos bem oleados por uns e gozados e tolerados por outros, mancham a vida pública, no plano regional e nacional.
Posso ser mais claro? Nunca o PSD no todo ou fatiado ou ainda gente que lhe é afecta me mereceram particular admiração. Todavia, há episódios que me forçam  a não pactuar com certas atitudes,  em defesa daquilo que são inalienáveis valores e referências do civismo.
Tudo isto vem a propósito de, em publicação de distribuição  gratuita destinada a promover os restaurantes do Porto,  ter sido impressa uma capa ilustrada com um rotundo “Rio és um FDP”, como a imagem documenta. Rio é Rui e presidente da câmara da cidade.
Sem procuração de defesa de rios, afluentes ou efluentes, ribeiros ou outros cursos de água, e com  desdém por promiscuidades clubísticas e futebolísticas omnipresentes na vida sócio-política portuguesa, confesso grande indignação perante a imbecilidade do ‘Porto Menu’, assim se chama a publicação, que, por culpa própria, se transformou em  ‘Porto Merdu’.
Enfim,  coisas reles mas vulgares no País onde nasci – por erro histórico-geográfico, como dizia um amigo meu – e que tenho de deglutir até que o corpo e a alma se esfumem.
Somos campeões da imbecilidade, sem dúvida. “Benha um copo, carago!” 
 

Passos Coelho pregou aos bovinos



A imprensa nacional, jornais e TV, anunciam que amanhã, Sábado, Espanha formalizará à Europa o pedido de ajuda financeira para solucionar – ou minimizar? – a descapitalização e falta de liquidez da banca espanhola. O jornal ‘Público’ divulga detalhes sintomáticos:

[…] os ministros das Finanças dos 17 países da zona euro terão no sábado uma reunião por teleconferência para discutirem o pedido espanhol de um pacote de ajuda, apesar de ainda não ter sido definido qualquer valor.

Jornais espanhóis de grande tiragem,
‘El País’ e ‘ABC’, citando a ‘Reuters’ e ‘Bloomberg’, confirmam que Espanha está em vias de pedir ajuda à Zona Euro, com vista ao resgate dos profundos desequilíbrios de bancos espanhóis. O FMI, que raramente acerta no que afirma e programa, quantifica em 40 mil milhões de euros o valor das necessidades. Outras fontes admitem serem necessários entre 60 e 100 mil milhões.

A Fitch, como se sabe, desqualificou a Espanha com uma notação ‘BBB’, dois níveis abaixo da anterior ‘A’.

O nosso PM, Passos Coelho, profeta e autor inconfesso de desgraças travestidas de sucesso, na Feira Agrícola de Santarém, pregou ao bovinos:
“Não há em Espanha uma situação económica que inspire intranquilidade…” 
    
Isto, afiançado por ele, deve deixar os portugueses, não os bovinos, muito mais preocupados.

  

A descredibilização das estruturas institucionais da UE

schengen‘O espaço e a cooperação Schengen’ tem sido, desde sempre, tema de controvérsia entre países europeus e no seio das suas sociedades. Recorde-se que o início do debate remonta a 1985, ano em que a totalidade dos ‘Estados-Membros’ não chegou a acordo. França,  Alemanha,  Bélgica, Luxemburgo e Holanda deliberaram, então, criar entre si um território sem fronteiras, denominado “espaço Schengen”, em honra da cidade luxemburguesa onde os primeiros acordos foram firmados.
Portugal e Espanha, saliente-se, só aderiram ao acordo em 25 de Junho de 1991; isto é, 5 anos depois do ingresso na UE.
Os protagonistas e peripécias do acontecimento provam a falsidade da tese de única responsabilização dos países do sul da Europa por acrescidos riscos de insegurança, exposta em comentários a esta notícia.