Os vencidos
Este fim-de-semana, na Europa, é o tempo de duplas hispano-italianas. No futebol do Euro 2012 e na política da ‘Zona Euro’.
Na cimeira europeia, de que o eixo franco-alemão era pesporrente directório, uma cúmplice rebeldia de Rajoy e Monti afrontou Merkel e Hollande. O pacto de crescimento discutido, com cinismo e euforia, pelos quatro líderes há dias, em Itália, só foi assinado após Rajoy e Monti terem garantido condições favoráveis de financiamento pelo FEEF e MES e outras benesses, das quais se destacam:
- Utilização de fundos dos citados FEEF e MES para comprar dívida pública dos dois países, a fim de fazer baixar as taxas de juro exigidas pelos mercados.
- Embora subscrevam memorandos de entendimento, Espanha e Itália não ficam submetidos a programas de austeridade idênticos aos de Grécia, Portugal e Irlanda, nem a avaliações por parte da ‘troika’ (FMI, BCE e CE).
Complementarmente, Rajoy defendeu a recapitalização directa dos bancos, sem implicações no agravamento da dívida pública.
No levantar do arraial de cada cimeira, e em especial no tocante aos 17 países da ‘Zona Euro’, é comum ouvir políticos e alguns comentadores simpatizantes das incongruências saudarem, muito satisfeitos, os acordos estabelecidos.
Nesta cimeira, o desfecho afinou-se pelos paradigmas desse habitual festim. Entretanto, e sem que isso tenha importância, foram destruídos mais uns restos da coesão económica, social e territorial do famoso Tratado de Maastricht.
A tendência para fragmentar a Europa, segundo critérios segregativos, voltou à ribalta. Aos mais fortes, Espanha e Itália neste caso, suavizam-se as regras; à escumalha, Grécia, Portugal e Irlanda, aplicam-se as penitências mais duras. Mesmo que os povos sofram até sangrar a última gota.
Nesta Europa, neste ‘euro, nesta mixórdia de remendos atrás de remendos, não acredito! O tempo dar-me-á razão. Estou convicto. Um dia, sem nos apercebermos, acordaremos surpreendidos, porque o muro se desmoronou.
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