Sete cidadãos de várias nacionalidades, residentes em Portugal, foram contratados para trabalhar, em regime de ‘escravatura contemporânea’, no Norte de França. A sociedade empregadora, de Esposende, dispõe de um sítio atraente na Internet e intitula-se de PAJ Grupo. Além de mão-de-obra escrava (pajens), explora actividades diversas: construção, obras públicas, negócios de imobiliário, ‘rent-a-car’ e ‘packing’.
O grupo PAJ recruta desde ‘chefes de equipa’ a ‘trolhas’, via Internet; em alguns casos, com o requisito dos candidatos terem conhecimentos de francês, falado e escrito, e mais de 5 anos de experiência.
No tocante àquilo que os anglo-saxónicos classificam de ‘corporate image’, PAJ é um grupo empresarial evoluído, centrado na preocupação de boa imagem pública.
Estes considerandos levariam à ideia de se tratar de empresa de gente de bem, respeitando regras éticas e de sã relação laboral. Era suposto ser assim, mas é justamente o contrário. A prová-lo estão as dificuldades entretanto vividas, lá bem longe em Dreux pelos sete desamparados. Foram abandonados sem salários e à fome. Valeu-lhes terem regressado ao Porto.
Este caso transforma-se em oportunidade de lembrar aos tecnocratas do FMI, do nosso governo e até a sindicalistas do tipo de Proença da UGT: a flexibilização e a liberalização das leis do trabalho conduzem à intensificação da precariedade e até à promoção da escravatura. Tudo em nome da competitividade que, em Portugal como em França e na Europa em geral, está a gerar níveis de pobreza e miséria insustentáveis. Às mãos de nefastos políticos neoliberais e de ignóbeis empresários.
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