No âmbito das comemorações do 1.º ano de governação PSD+CDS, já Manuela Ferreira Leite, a propósito da austeridade, afirmara, em Setúbal, que o tratamento em aplicação ao País, por demasiado violento, contem o risco de matar o doente.
Chegou, agora, a hora de Rui Rio afinar por idêntico diapasão. O autarca do Porto recomendou ao governo que, logo que possível, faça ajustes no memorando da ‘troika’. Foi até mais assertivo e no discurso abordou especificamente:
1) Necessidade de crescimento económico;
2) Jogar no eixo do tempo, para escolha do momento da introdução dos ajustes;
3) Apelo ao patriotismo da banca, revestida de crítica de falta de apoio à economia e ao sector exportador em especial;
4) Crítica aos cortes – “pesadíssimos”, diz – de salários na função pública, coincidentes, de resto, com privilégios de salários elevadíssimos atribuídos a alguns.
No espaço de dias, Rio é a segunda voz que, no seio do PSD, se manifesta contra a política do governo. É positivo que a ideologia e práticas neoliberais do governo de Passos Coelho sejam também combatidas desde o interior do principal aparelho partidário que o sustenta.
Todavia, penso que os factores decisivos para vencer o desastre em curso consistirão, sobretudo e infelizmente, no extremar e prolongamento da recessão económica e nos efeitos sociais e económicos que, como sempre, levarão os cidadãos a nova expurgação governativa. O descontentamento cresce na proporção da presunção de Coelho de que, impunemente, tudo poderá fazer a um povo paciente, sem voz e com muita resignação. A “main street”, em tempo oportuno, há-de desiludi-lo. Creio.
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