segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Brinquemos às secretas!

Na edição de Sábado, o 'Expresso' lançou a bernarda para a opinião pública. Um ex-jornalista do 'Público', hoje incorporado na 'Lusa' por decisão do governo, esteve sujeito a escutas ilegais por parte do SIED; e ao que parece com a colaboração de alguém da Optimus.
Os jornais anunciam a reunião de hoje com Passos Coelho com Júlio Pereira - lembro-me sempre do homem cavaquinho que, coitado, nada tem a ver com isto.
O jornal "i" é peremptório a anunciar:


Passos Coelho demite patrão das secretas

Por sua vez, o "Público" limita-se a referir que Passos Coelho recebe hoje Júlio Pereira, com o objectivo de confirmar o sucedido. Pela investigação anterior, o PM já sabe o essencial do que se passa nas secretas...enfim.
Agora o pretexto de novas diligências é fundado nas escutas ilegais a Nuno Simas, mas o protagonismo continua a ser do tal Jorge Silva Carvalho, hoje quadro da 'Ongoing' em cuja equipa de gestão reluz o sinuoso José Eduardo Moniz.
É demasiado claro que, se o ex-director do SIED, Carvalho, contratado pela 'Ongoing' e autor de recolha e desvios de informações secretas por meios ilegais, é ele próprio que deve ser alvo de processo judicial, juntamente com outros eventuais responsáveis, incluindo Júlio Pereira, se os houver. Mas também é claro que, com a desculpa de se tratar de segredos do Estado, as chamas vão-se extinguindo com a ocultação pelo PM dos 'relatórios de inquéritos' à opinião pública, sem um esclarecimento mínimo que seja.
Aos nossos homens políticos, por vezes, dá-lhes jeito recorrer a megalomanias e golpes de magia para iludir os cidadãos.
Todo este caso das secretas, que já meteu pelo meio o Bairrão e a Manuela Moura Guedes, finíssima esposa do Moniz, mais não é de que uma guerra entre a Impresa e a Ongoing, ou seja, entre Balsemão e Nuno Vasconcelos. Tudo vai ficar em águas de bacalhau. Quando a comunicação social se calar, o caso fica imediatamente encerrado. Uma aposta?


domingo, 28 de agosto de 2011

Angola: Os filhos da pátria?

Esta notícia, no texto global, é já de si um ignóbil exercício de elegia a um dos homens mais corruptos do mundo. É o pai da dita "princesa Isabel", sócia de predilecção e proveito do "trabalhador Amorim".
Em nome de um ideário progressista e humanitário do MPLA, José Eduardo dos Santos, grande aliado do PSD, capturou e monopolizou o poder político em proveito próprio e do grupo dos servis colaboradores que lhes estão subordinados, tornando-se num dos indivíduos mais ricos deste mundo. Para um humilde cidadão da Sambizanga, ascender ao trono dos homens detentores das maiores fortunas mundiais é um incomensurável sucesso. Ainda que à custa de vidas, sofrimento e sangue dos opositores - ATENÇÃO: nem estou a referir-me aos opositores da UNITA.
Num pavilhão de Tires, juntaram-se hoje 200 apoiantes - uma multidão! - para comemorar o 69.º aniversário de José Eduardo dos Santos. No folclore da festa, o Embaixador da RPA em Angola, entre o mais, disse:

"Este aniversário é um momento de particular satisfação para todos os filhos da pátria...

Pergunto: "Satisfação para todos os filhos da pátria...ou para alguns filhos da p...?


(Obs.: O PSD é citado em função dos inequívocos e reais apoios de Cavaco Silva, Durão Barroso e outros elementos da máquina cavaquista a José Eduardo Santos; e acredito que Passos Coelho, Paula Teixeira da Cruz e Miguel Relvas também não andam longe da reverência ao ignominioso estadista)

Antonio Torres Heredia, somos nós!


Muitos, mesmo muitos de nós, somos Antonio Torres Heredia. Manietados por sofisticados e complexos nós que condicionam a nossa vida e a reduzem a um espaço de sofridos constrangimentos. Tudo em nome de propagandeada prosperidade inalcançável, que, sabemos, favorecem minorias e são severo castigo de muitos milhões.
Haja esperança e luta para  um dia próximo se atingir algo  que, Antonio imobilizado "codo om codo" e no calabouço, não pôde realizar:

Antonio Torres Heredia,
hijo y nieto de Camborios,
con una vara de mimbre
va a Sevilla a ver los toros.

Moreno de verde luna,
anda despacio y garboso.
Sus empavonados bucles
le brillan entre los ojos.
A la mitad del camino
cortó limones redondos,
y los fue tirando al agua
hasta que la puso de oro.
Y a la mitad del camino,
bajo las ramas de un olmo,
guardia civil caminera
lo llevó codo con codo.

El día se va despacio,
la tarde colgada a un hombro,
dando una larga torera
sobre el mar y los arroyos.
Las aceitunas aguardan
la noche de Capricornio,
y una corta brisa, ecuestre,
salta los montes de plomo.
Antonio Torres Heredia,
hijo y nieto de Camborios,
viene sin vara de mimbre
entre los cinco tricornios.

-Antonio, ¿quién eres tú?
Si te llamaras Camborio,
hubieras hecho una fuente
de sangre con cinco chorros.
Ni tú eres hijo de nadie,
ni legítimo Camborio.
¡Se acabaron los gitanos
que iban por el monte solos!
Están los viejos cuchillos
tiritando bajo el polvo.

A las nueve de la noche
lo llevan al calabozo,
mientras los guardias civiles
beben limonada todos.
Ya las nueve de la noche
le cierran el calabozo,
mientras el cielo reluce
como la grupa de un potro

Que o calabouço encerrado pelos políticos do 'deficit', da austeridade, da pobreza e da fome, um dia seja desmoronado para todos quantos ali  estão encerrados gozem da luz do céu que reluz às nove da noite ou a qualquer hora do dia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Amigos, Amigos, Madeira aparte

Ao formularem o pacto governativo, Coelho e Portas, ambos admiradores de música lírica, inspiraram-se certamente na canção 'Amigos para siempre', aqui interpretada por José Carreras e Sarah Brightman:

Todavia, nem sempre a amizade é bem duradouro e sólido; em especial, quando a luta pela conquista e o reforço do poder são ferventes desígnios dos políticos. Casos de Passos Coelho e Paulo Portas que, tendo jurado solidariedade política para egirir a actual coligação governamental, se revelam incapazes de furtar-se às adversidades dos ventos insulares.
Há sempre alguém ou algo que separa parceiros. No momento, são Alberto João Jardim e os escandalosos gastos da Madeira, à custa dos dinheiros do 'Contenente', a causar mossa.
Paulo Portas ataca com ímpeto o líder e os 'laranjas' madeirenses. Do mesmo lado do mar,  Passos Coelho dispõe-se a apoiar activamente o estouvado Jardim. É uma espécie de novela 'Crime e Castigo', interpretado por dois mestres da burlesca "real politik' à portuguesa:  Amigos, Amigos, Madeira aparte!     


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Líbia, outra guerra do petróleo

O Iraque foi o exemplo mais recente e expressivo dos grandes conflitos do petróleo. Agora o cenário é a Líbia, como considera Robert Dreyfuss em 'The Nation'. Sob o título 'A guerra da NATO de Obama pelo petróleo na Líbia', o articulista escreve:

 O que você pode chamar à força de um bombardeamento aéreo dos EUA / NATO  combinado com apoio político a um grupo rebelde que, quando vitorioso, promete a entregar os seus recursos petrolíferos aos seus apoiantes ocidentais? A guerra pelo petróleo.

E, no parágrafo seguinte, remata:
Não acredite por um só instante que o suporte dos EUA à oposição na Líbia está relacionado com a liberdade.
Ora aqui está exactamente o que penso e exprimi, de forma documentada, neste 'post' de ontem. Apenas uma ressalva: também Sarkozy e a França, que já negociaram um terço de futuras extracções com o chamado Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, se empenharam a fundo nesta guerra do petróleo.
Tratando-se de petróleo - ou de outras matérias-primas estratégicas - o negócio e o dinheiro estão sempre omnipresentes. Como provam as negociações de cessar-fogo entre um filho de Kadhafi e os rebeldes  ou o prémio de 1,7 milhões de US$  oferecido pelos dirigentes rebeldes pela captura de Kadhafi, vivo ou morto.
Como no Iraque, o povo líbio, no futuro, será vítima de idênticas condições de vida, penosas, a que tem estado submetido pelo regime do "antes amigo" Kadhafi. E Já agora, o povo sírio, por si próprio, que se desembarace de el-Assad. O petróleo sírio é escasso.


O trabalhador Amorim

Do repto lançado por Warren Buffet, estendeu-se certo consenso entre multimilionários, dos EUA à Europa, no sentido de aceitarem taxas de imposto agravadas sobre os altos rendimentos auferidos.
Em Portugal, diga-se, também alguns empresários detentores de fortunas consideráveis, se manifestaram favoráveis a dar igual contributo - Filipe Botton, José Roquette e Henrique Neto integram o grupo dos disponíveis. Todavia, Amorim, o homem tido como o mais rico de Portugal, eriçou-se contra a ideia, argumentando: - Eu não me considero rico. - e acrescentou - Sou trabalhador -.
Sinceramente, deixou-me perplexo a desfaçatez de Américo Amorim. Seria preferível ter ficado calado, a ofender tão ostensivamente milhões de trabalhadores que auferem parcos salários; ou que inclusivamente precisam de trabalhar e não encontram meios de o fazer.
Américo Amorim, até pelas ligações, tão estreitas quanto deploráveis, com o despótico e corrupto regime angolano, tem, de facto, um património de vários milhares de milhões de euros; parte dos quais resultantes de participações em empresas estratégicas para o País - a GALP, por exemplo onde é co-accionista com a filha do 6.º homem mais poderoso da economia portuguesa.
Há anos, uma traficante minhota detida em Tires, em reportagem da RTP, declarava que quem lhe cuidava do dinheiro era o Sr. Amorim. Isto revela o perfil do 'trabalhador multi-especializado' de dinheiros, limpos (poucos) e sujos (muitos). Terá carteira profissional registada algures? Talvez numa qualquer Sicília.
Que um dia condenem este trabalhador a trabalhos forçados é o mínimo que se pede. Ah! E levem com ele o Mira Imoral, igualmente trabalhador de sete costados, como o Patrão, e até banqueiro do povo - com o dinheiro do povo, entenda-se!

A bela estação de Cabeço de Vide

Estação de Cabeço de Vide
(encerrada em 1990 pelo governo de Cavaco Silva)




Em viagem aqui pelas minhas bandas alentejanas, visitei ontem a Estação de Comboios de Cabeço de Vide, encerrada em 1990 pela governação cavaquista, assim como todo o Ramal de Portalegre. Cavaco Silva, a história o registará com letras bem vincadas, foi o governante que mais contribuiu para os desastres estruturais da nossa economia:  destruição da agricultura, das pescas, da indústria e de infra-estruturas de transporte tradicional como a marinha mercante e o caminho-de-ferro.
Por mera coincidência, vi que o meu amigo Dario Silva, no Aventar, tinha publicado um 'post' a destacar a Estação de São Bento, no Porto, como das mais belas do mundo. É-o sem dúvida. O que não invalida que, no interior esquecido e pouco habitado, não haja também belezas do género, embora de menor imponência. 
Inerte e triste, a Estação de Cabeço de Vide é uma dessas obras da arquitectura ferroviária, com azulejos alegóricos ao trabalho agrícola no Alentejo, a qual vale a pena visitar. Mais que não seja para se perceber o tipo de crimes da tecnocracia cavaquista e de outros que tais.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Líbia, a Síria e o Ocidente


Tripoli está a ferro e fogo. Os rebeldes sob o comando CNT (Conselho Nacional de Transição) controlam grande parte da cidade, mas ainda há núcleos de resistência pró-Kadhafi e Saif al-Islam,  um dos filhos do ditador, acabou por fugir dos captores e falou aos jornalistas no Hotel Rixos, em Tripoli. Obama, entretanto, já declarou o fim do regime líbio e apela no sentido de uma transição pacífica. O melhor, digo eu, é esperar para ver. Onde existe a alta negociata do petróleo e dinheiro a rodos, as relações de poder e da coesão social, normalmente, corrompem-se facilmente.

Com o mesmo Kadhafi a dirigir, houve várias 'Líbias' a relacionar-se com o Ocidente: (i) a Líbia dos anos 1980, década em que prevalece a morte de 270 pessoas devido à queda do avião da Pan Am em Lockerbie e atentados bombistas em vários pontos da Europa, em especial em França; (ii) a época de recuperação do ditador líbio para o círculo de amigos do Ocidente, patrocinada por Bush, materialmente aproveitada por Berlusconi e, finalmente, defendida com amizade por Aznar - duas figuras do quarteto dos Açores que o "nosso" Barroso e Blair completam.
Na vaga dos levantamentos populares do Magreb e do Médio Oriente, Kadhafi foi inundado pela mesma maré. E a compaixão ocidental, cínica, selectiva e interesseira, viu a oportunidade de intervir militarmente na Líbia, através da NATO. Tudo em nome da defesa dos direitos humanos do povo líbio.
É, pois curioso, em simultâneo e semana após semana, assistirmos à carnificina de dezenas de sírios pelas tropas de Bashar al-Assad, sem que o Ocidente passe da oratória de recomendações. Qual então a causa de abordar situações semelhantes com acções divergentes? Falta de solidariedade e de respeito pelos direitos do povo sírio? Parece inequívoco. A motivação de fundo dos dirigentes ocidentais para agir diferente é apenas uma: a posição geoestratégica e demográfica, assim como o valor económico do petróleo da Líbia superam a complexa localização geográfica da Síria - entregue-se a tarefa aos turcos - e ainda mais a reduzida importância da produção petrolífera do país de Bashar al-Assad.
Do argumento político, não colhe a estafada justificação de que Kadhafi já estava no poder desde 1969; há 42 anos portanto. Também o clã al-Assad, através do pai Hafez, detém o poder na Síria desde 1970; há 41 anos. O que conta - sim, verdadeiramente o que conta - é, de facto, os interesses geoestratégicos e os perfis socioeconómicos dos países revelados no quadro acima; do qual destaco os seguintes aspectos:
  • A Síria tem mais do triplo da população da Líbia (3,37);
  • O PIB da Síria reduz-se a cerca de 60% de igual variável da Líbia;
  • O saldo da Balança de Pagamentos Correntes da Síria (US$ 459.000) é apenas 1,29% de igual valor das contas nacionais da Líbia (US$ 35.702.000).

sábado, 20 de agosto de 2011

Gostar Demais


Há dias assim. Hoje é um deles. Por momentos, liberto-me do mundo desumano que me esfarrapa a alma. 
E, então, revivo um tempo GOSTOSO DEMAIS, como metáfora em relação ao que mais adoro na vida. Que pena ser tão efémero. 

TGV: o conflito nacional-ferroviário

O TGV das inquietações da coligação. A direita no poder está agitada. Fala, escreve e recrimina o humilde 'Alvaro', sem dó nem piedade. A emoção é inímiga do discernimento, como se sabe. Mas, sem argumentos sustentáveis de ordem técnica e económica, vale-se de vácuos discursos políticos. Nem sequer dá conta de que o Ministro da Economia, ao reduzir o projecto a uma ligação, específica para mercadorias e em bitola europeia, entre Sines e Espanha, está a desprezar uma variável fundamental na selecção do investimento: a existência de massa crítica, ou melhor dito, a inexistência.
Como, porém, a reflexão sobre ideias destas constitui pura perda de tempo e paciência, o melhor é caminhar pelo humor. E, assim, aqui têm a minha resposta:
Já viram como sairia cómodo e barato à ICAR ir a Madrid, de TGV, assistir às comemorações da JMJ, com os apelos ao  "radicalismo cristão" de Bento XVI. O pessoal das paróquias da 'Zona J', da 'Musgueira', em Lisboa, do Bairro do Aleixo, do Porto, da Vila d'Este, em Gaia, e Alberto Sampaio, na Póvoa do Varzim, e de outros sítios que tais, deliraria... para desencanto dos elitistas do Norte e do Sul que achariam que o TGV é luxo exclusivo deles. Seja para ir à capital de Espanha "mirar las golfas" ou saudar "El Papa" com papel higiénico da Renova.
Oh Álvaro, ou decides com racionalidade ou voltas para o Canadá para ensinar o mundo a ficar pior. Entende, meu filho, que esta é uma luta de provincianos interesses mercantilistas, sujeita à crítica de homens com óculos de tosca armação e que fazem lembrar ridículas personagens d' 'Os Maias' - Por exemplo, o Conde de Gouvarinho...
Ora, orem com Ratzinguer e apelem à Matos para excomungar os indignados. O TGV, na excelsa meditação divina, é apenas um acessório andante que não vos paralisará a fé.
 





sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A coligação vai descarrilar?

 


Um dos 'slogans' da coligação PSD-CDS foi, à partida, a identificação dos dois partidos com os princípios e objectivos da governação; isto, é claro, para além dos compromissos decorrentes do 'Memorando da Troika' que ambos subscreveram, na companhia do PS.
Entretanto, e descontando o azedume entre Portas e Jardim na Madeira, começam a haver dissonâncias no próprio PSD e entre os parceiros de governo.
Carlos Abreu Amorim, que tanto porfiou que chegou a deputado, criticou duramente o Ministro da Economia, o modesto Álvaro, por este admitir que a opção de Portugal em relação ao TGV só será tomada em Setembro. O projecto não está suspenso, acusa Amorim, não respeitando o compromisso eleitoral dos partidos do Governo. Por sua vez, O CDS não está seguro de que o governo, de que é parte, venha a suspender o TGV. E, qual cereja em cima do bolo, o deputado laranja, Campos Ferreira, entre afirmações difusas e confusas, assegura que o programa do governo se refere a reavaliação e não à suspensão da ligação de alta-velocidade a Espanha.
Enfim, começa a haver sinais múltiplos e evidentes da falta de coesão nos partidos do governo. A preocupação nos blogues pro-governamentais já é explícita.
Uma vez que temos um Presidente, uma maioria e um governo, não deixa também de ser curiosa a divergência entre o que Cavaco diz ser teoricamente estranho e Portas aplaude nas propostas franco-alemãs. O PR refuta a ideia da inscrição constitucional do limite do endividamento, desejada pelo par Merkel e Sarkozy.
A crise é grande, mas ter políticos deste nível não ajuda nada. Recorrendo a linguagem de ferroviários, pergunta-se: será que a coligação vai descarrilar?

Crespo em Nova Deli


Este é...Mário Crespo!. Natural de Coimbra, deambulou por dispersas travessas e vielas, acabando por desembocar na 'Grande Praça da Comunicação Social'. O currículo é elucidativo. Frequentou um ano o Instituto Superior Técnico e não chegou a completar quatro anos do Curso de Medicina, na Universidade Mondlane.
De estudante de engenharia e medicina falhado, veio a ser, de facto, a Imprensa o domínio do sucesso. A função de intérprete no Gabinete de Imprensa Militar de Kaúlza de Arriaga foi o primeiro voo, de uma rota que, pela mão deste e daquele, o havia de guindar, nos anos 1990, a correspondente da RTP de Washington.
Do salto de hemisférios, fixa a saudade na capital dos EUA. Recorda-a com um brilhinho nos olhos. É natural. Teve prestígio e auferiu de rendimentos e benefícios generosos de uma empresa pública. Do tal sector público que, agora, detesta e contesta. Com Miguel Relvas e outros que abominam a existência do Estado, vivendo, todavia e bem, à custa dele. Ou dito de outro modo, à nossa custa.
Tanto o 'Expresso', como outros jornais, revelam que em 2006 Crespo concorreu, sem resultado, ao lugar de correspondente da RTP em Washington. E o próprio assegura que, mesmo não (?) tendo falado com Relvas, está interessado no lugar.
Eu, confesso, quero é ver o homem daqui para fora. É intragável. Como homem e como jornalista. Portanto, proponho um lugar para o Crespo: correspondente em Nova Deli. Estou a imaginá-lo no meio do trânsito, afónico, de cabelos a rarear ao vento, empoeirado e a exalar o bodum, relatando a visita de um qualquer ministro coelhista para captar investimento que possa dispensar semáforos. Sim, as imagens provam que se pode circular sem semáforos. Como o Crespo, de resto, circula sem vergonha.  
      

domingo, 14 de agosto de 2011

Pelos caminhos da música


'Caminito' é um dos clássicos do Tango. Recordo-o aqui pela guitarra clássica de Cacho Tirao. Um compositor e intérprete argentino que, de resto, integrou durante cinco anos o quinteto de Astor Piazzola. Hoje, é ao som de esta música, que me apetece caminhar. Sem pressas e com prazer, esquecendo obstáculos e pedregosos trajectos da vida.

sábado, 13 de agosto de 2011

Mullticulturalismo nos protestos em Israel?



A agitação em várias cidades britânicas, especialmente em Inglaterra, causou 5 mortos e deu lugar a mais de 1.000 detidos. No rescaldo dos acontecimentos, há trocas de 'galhardetes, entre o governo e a polícia. Com esta a enviar indirectas a Cameron que, a despeito da dimensão das turbulências, só ao final de 3 dias interrompeu as férias.
A crise no Reino Unido teve, porém, a virtude de quase ocultar esta outra em Israel, marcada por contestação social. Com participação massiva, e os tais acampamentos causadores de temores nocturnos à Helena Matos, jovens e seniores continuam os protestos de há um mês, contra as precárias condições económicas e sociais em que vêm vivendo.
Aos teóricos da 'negação do multiculturalismo', tão activos em relação aos motins em Inglaterra, é oportuno perguntar: "Então em Israel estes conflitos também são a derrota do multiculturalismo?" Não têm resposta. E, da parte dos nacionalistas, era muito interessante conhecê-la.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Gaspar e a atracção pela receita


A comunicação social ontem, como referi neste 'post', revelou que esta manhã o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, iria anunciar ao País "cortes brutais na despesa do Estado"; exactamente assim: CORTES BRUTAIS NA DESPESA PÚBLICA.
Eis que, ao fim da manhã, o Gaspar, com aquele ar de quem anda a preparar-se para locutor de rádio pirata e nunca mais afina, o Gaspar, dizia, veio, afinal, anunciar um brutal aumento na despesa privada, isto é, das famílias e das empresas. A partir do último trimestre deste ano, afirmou o Ministro, o IVA da electricidade e do gás natural passará a custar aos portugueses mais 16%. Sobe de 7 para 23%.
Do lado da despesa nada que se veja, continuamos com dantes, quartel-general em Abrantes. Mas mesmo, assim, o nefasto governo do País ainda tem naturalmente a sua massa adepta. Uns informados, outros ocos e convencidos e, finalmente, outros que adoram manipular a opinião pública, tomando-nos por pacóvios. É o caso do autor deste insultuoso 'post'. Acusa 'meio mundo' de ignorantes surpreendidos pelo aumento do IVA na electricidade, invocando e publicando as condições do Memorando da Troika de 17 de Maio passado. O manipulador esquece-se, porém, que se trata de um documento público, a que todos os que quiserem têm acesso. Na página 2 há o subtítulo Política Orçamental em 2012 e, prosseguindo a leitura, está lá bem clarinho que o referido aumento do IVA estava previsto para o próximo ano e não para 2011. Como, de resto, o Ministro referiu.
Com esta concentração de medidas sobre a receita, somos nós, contribuintes, a continuar a suportar desmandos na despesa pública; por exemplo, os praticados na Madeira pelo governo de Jardim ou os prejuízos do famigerado BPN, que Sócrates nacionalizou, safando o banco dominado por um bando de cavaquistas que a Justiça Portuguesa teima em não julgar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A demagogia, sempre ela!


Uma das primeiras mensagens do actual Ministro de Educação, o incorrigível putativo Nuno Crato, foi a crítica ao encerramento de escolas do ensino básico na província. A juntar a voz à de um tal Duarte, deputado ou ex-deputado do PSD, armaram a artilharia toda e dispararam, sem dó nem piedade, sobre a anterior Ministra, Isabel Alçada.

Sabe-se agora, por aqui e por aqui, que afinal o actual governo sempre fechará 297 das ditas escolas; onde, pelos vistos, não haverá problemas com crianças, no Inverno, a madrugar e viajar quilómetros e quilómetros, para ir e voltar da escola.

O Ministro da Educação, o que para mim não é novidade, revela falta de decoro.

É a demagogia, sempre ela!

Gaspar 'O brutal'


A única fonte de informação a que um cidadão anónimo tem acesso, no despovoado e empobrecido Alentejo, é, no meu caso,  a Internet. Em Ribeira das Vinhas. Sabem onde é? Consultem o 'Google maps'. Sempre é mais fácil do que estar a explicar.
No fundo, sabe-se o essencial. Como, por exemplo, que o ministro Gaspar, o tal que "é sempre a andar", amanhã vai anunciar cortes brutais na despesa. A simples designação de 'despesa' já me deixa desconfiado. O Estado tem despesas e não apenas uma única despesa.
Pelo noticiado, Gaspar vai ser brutal. E à bruta o que cortará? Despesas na Justiça, na Segurança Social, na Saúde e no Ensino? Ou não e optará por decepar as despesas brutais, essas sim brutais, do Estado com a frota automóvel do governo, os recém-reforçados gabinetes ministeriais, as pensões de reforma de deputados e ex-deputados, de magistrados, de ex- governadores e quadros superiores do Banco de Portugal, da CGD (Mira Amaral, você não está mal?), até dos gastos em múltiplos institutos de 'boys and girls', nas viagens a Bruxelas de mil e um altos funcionários...sei lá a quem mais. Talvez limitar as despesas do Dr. Alberto João desse algum jeito.
Suspeito que as vítimas serão a arraia-miúda, mas aguardemos para saber os alvos da brutalidade.
De um autor como o Gaspar – de cognome ‘O brutal’ ou o Vítor como diz o ridículo Duque – o tempo de 'suspense' é demasiado curto. A troika manda muito, o governo quer mais e não há tempo a perder. Quem sofrerá? Logo se verá…


Ora viva a Dra. Cristas!

A aberração

O MAMAOT, o multifacetado ministério da Dra. Cristas, chumbou o abjecto projecto do Terminal de Alcântara. Decidido sem o menor respeito pela cidade de Lisboa e com muitas dúvidas de negociata a privilegiar a Mota-Engil, o projecto mereceu grandes reservas a vários sectores de opinião. Será oportuno lembrar a luta da arquitecta Helena Roseta pela anulação do negócio em 2009.
Sou muito crítico do governo actual, em função de dúvidas e certezas quanto ao desfecho das políticas de austeridade e alienações de património do Estado por valores irrisórios. Congratulo-me, contudo, com a medida de Secretário de Estado, Pedro Afonso Paulo, ao travar a construção de uma megalómana estrutura de contentores, junto ao Tejo e num dos locais mais emblemáticos da paisagem lisboeta.
O Dr. Jorge Coelho, socialista?, viu o nebuloso negócio desfeito. Ainda bem. Ora viva a Dra. Cristas! Assim, houvesse outros motivos para saudar o governo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Coelho safa o Lopes


Sempre que um PM, acabado de ser eleito, vem com o discurso de que, desta vez, não haverá lugares para 'boys and girls', digo para mim próprio: "Tá bem abelha!".
Em rigor, neste caso, deveria ter dito: "Tá bem Coelho!". Como outros, em anteriores ocasiões, o político de Massamá, generoso com os dinheiros do Estado, desse mesmo Estado que abomina, escolheu um velho amigo, Santana Lopes, para Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Mais um ‘boy’ a juntar aos da CGD e de não sei quantas nomeações.
O Coelho, assim, safa o Lopes. Sim, porque estar subordinado às condições de vereador da CML, ainda por cima rodeado de 'xuxas' e seus aliados por todos os lados, não é minimamente agradável e compensador. Sobretudo, para um Lopes de bico afiado e habituado a exigente padrão de vida.
A grande maralha do imposto extraordinário que pague a crise, porque os amigos são para ocasião e a escassez de dinheiros públicos ou para-públicos não é válida para todos.
 
ADENDA: Há notícias de que Santana Lopes pretende manter o cargo de vereador, em acumulação. E existem fontes a informar mesmo que o político não receberá qualquer remuneração como Provedor. O Lopes a trabalhar de graça? Hum! Só vendo.



Comentadores, políticos e a crise britânica

A boçalidade dos comentadores, aqui denunciada, é, de facto, o caminho fácil e ligeiro de opiniões de figuras da comunicação social. De forma superficial e sem rigor, reduzem os acontecimentos do Reino Unido a episódios irresponsáveis de violência juvenil. Sem cuidarem, portanto, de entender causas da alienação social em que vastos agregados populacionais estão submersos. Confrontando-se com agentes de autoridade e derrubando espaços emblemáticos de uma sociedade consumista hipócrita, injusta e completamente dominada por espúrios interesses do nefasto 'capitalismo financeiro'.
As medidas de combate à crise, seleccionadas pelos poderes vigentes, como aqui argumenta Joseph Stiglitz é "a certeza de que a situação vai piorar, independentemente das acções que tomemos" (sic).
Distantes de uma visão mais profunda e objectiva, Martim Cabral, um  admirador e privilegiado beneficiário de 'A Vida é Bela', esquece-se deliberadamente que, enquanto ele e a sua colega Conceição se reflastam em hotéis de luxo e manjam iguarias e abocanham a pitança, existem outros seres humanos a passar privações que, esgotados pelo sofrimento, se entregam a acções de raiva, como as classificou e bem o meu amigo João José Cardoso. De resto, a quem quiser ser sério na análise, é preciosa a leitura deste 'post' de Alexandre Abreu em 'Ladrões de Bicicletas'.
Segundo certas notícias, nomeadamente esta do 'Irish Independent', há crianças menores, de nove anos por exemplo, envolvidas nos acontecimentos. Será que nem mesmo a participação infantil nos chamados 'riots' não é motivo para maior cuidado na reflexão e comentários de gente da comunicação social? Parece que não. À semelhança do que sucede com o PM do Reino Unido, David Cameron, que reduz a solução da crise social ao reforço de uma maior repressão. Já há 4 mortos e cerca de 1100 detidos.
Enfim, o mundo vive actualmente momentos muito conturbados, das bolsas à rua. Porém, para os políticos a escolha simples. Entre uma e outra coisa, escolhem o 'colarinho branco'. Miopia e desonestidade. São incapazes de travar a derrapagem das economias. Depois de Espanha e Itália, segue-se a França. A periferia, como o anti-ciclone dos Açores, está deslocar-se. Exactamente para o imaculado 'Centro' e inevitavelmente chegará ao 'Norte'.

Com Gaspar é sempre a andar!


Por mais que pense e repense, não consigo vislumbrar uma semelhança possível entre o padrão de vida de um ministro e o desempenho macronómico do País. Com base nesta constatação, irrefutável a meu ver, o texto da notícia só pode ser justificado por uma de duas razões:
(a) ou há propósito de devassa da vida do ministro,
(b) ou é intencional acto de propaganda populista da promoção do ministro.
Diz a jornalista que "Se Gaspar gerir o país como as sua finanças estamos safos". De onde se depreende que os outros ministros nada contam para a governação do país. Quais Coelhos, Álvaros, Relvas e os demais! Basta o Gaspar, porque 'Com Gaspar é sempre andar!'... Para onde? Ninguém responde?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Portas e os problemas

Paulo Portas, no MNE, dizem, está colocado perante um problema de 'boys and girls'. De resto, nem é problema original. Há 3 décadas, sobretudo desde Cavaco, que as embaixadas de Portugal servem de dourado abrigo a dezenas e dezenas de assessores, disto e daquilo, saídos dos gabinetes governativos; ou nem isso, basta ter o amigo certo no lugar certo. Lembram-se da Maria Elisa? Pois é, também foi assessora em Espanha e, se não estou em erro, em Londres.
Mas, a minha convicção é que se a ordem for para despachar, Portas não terá a menor dificuldade em afastar 'boys e girls'. É especialista nesse tipo de limpezas.
Outro problema de Portas, e porventura mais complexo, é o 'very old boy' Alberto João Jardim, o inveterado gastador de dinheiros públicos, agora denunciado pelo Tribunal de Contas.
Porém, pensando bem, nem sei se o problema é, de facto, de Paulo Portas que, a tempo e horas, já denunciou os desmandos financeiros do truculento líder madeirense. Com a troika por perto, afigura-se-me que quem está, de facto, "entalado" é Passos Coelho; a quem são necessárias enormes forças para lidar com o problema e, sobretudo, com o pesadíssimo companheiro Jardim.
Aguardemos...

Socialismo, Multiculturalismo e Commonwealth


O ambiente social, no Reino Unido, continua explosivo. Já há um morto. Há também 6.000 polícias na rua, mais de 450 detidos e o jogo de futebol, Inglaterra-Holanda, a realizar esta semana, foi cancelado.
O vandalismo é sempre condenável. Não dispensa, porém, o caminhar mais fundo na investigação das causas políticas e sociais dos conflitos em erupção. A segregação de grupos sociais devido a políticas recessivas, a crise do desemprego e a falta de perspectivas de vida dos jovens e outros factores de exclusão atingem, sobretudo, as comunidades africanas. Ao mais ínfimo dos pretextos, e a morte de um homem não é ínfimo detalhe, as massas agitam-se. Às vezes sob a forma de actos de revolta extremos, convenhamos.
No conjunto de opinantes, existem as mais distintas interpretações e conclusões sobre os acontecimentos. André Alves de 'O Insurgente' diz em título: "Colapso do multiculturalismo e do socialismo no Reino Unido". Do multiculturalismo, falaremos adiante. Colapso do socialismo no Reino Unido? É espantoso que alguém tenha a fértil capacidade de imaginar o Reino Unido como um 'estado socialista'. De Thatcher à dupla Cameron-Clegg, passando pelo 'New Labor' de Blair e Brown, os britânicos têm vivido sob um regime socialista? Quem diria, ainda por cima estilizado pela colorida corte a viver uma vida frugal, nesta socialista moradia. Há visões que nem ao diabo lembram! Talvez até admitam a colectivização da ultra-socialista 'City'.
O Multiculturalismo, por outro lado, é igualmente apontado como o problema central da crise social. O Reino Unido, e em particular a Inglaterra, sempre foi terra de densa teia do multiculturalismo. Há décadas. De resto, é o desiderato natural de um reino outrora detentor de um 'Império onde jamais se registava o ocaso total'. Para orgulho de sua majestade e dos seus súbditos.
Extinto o Império, restou aos britânicos criar a Commonwealth que integra 55 países, alguns dos quais, diga-se, não pertenciam ao domínio imperial. A ex-colónia portuguesa Moçambique, por exemplo. A Commonwealth é, além do mais, o grande paradigma do multiculturalismo britânico. Em 1950, com a Índia a optar por um regime republicano, o rei Jorge VI foi considerado "símbolo da associação livre de nações". Portanto, multiculturalismo sim, mas fora de portas. Porque em épocas de crise capitalista, os custos sociais mais elevados e a exclusão impendem sobre os mais pobres e estes convivem mal com a falta de trabalho, a pobreza, a miséria e outros dramas.
Se dúvidas houvesse sobre as desigualdades no Reino Unido, bastaria citar que a taxa de risco de pobreza em 2009 era de 22%; ou seja, das mais significativas de um conjunto alargado de países, incluindo os 27 Estados-Membros da UE. Para um país do G7 é demasiado. Causas? O multiculturalismo e o socialismo. Nem mais.
Os revoltosos não sabem fruir dos benefícios do 'capitalismo financeiro' e das teorias e boas práticas dos diversos inocentes e talentos do 'Inside Job'. Resultado: a crise não lhes perdoa, devido aos ideais multiculturais e socialistas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um cão muito especializado



O vídeo está há algum tempo na 'net'. É de um cão inteligente, polivalente e muito especializado. Sem gravata e com destreza, desempenharia com eficiência e eficácia tarefas de assessoria ministerial.
Ao contrário de outros especializados, não faria despesas perversas e divertiria este triste país com artística fidelidade. Dra. Cristas, aproveite e contrate-o para apagar as luzes e desligar todos computadores e outros equipamentos do ministério, no fim de cada jornada agrícola, marítima, ambiental e territorial.

Londres continua a arder



As manifestações de Tottenham alastraram a outras zonas de Londres. O número de detidos na última noite foi superior a 100 pessoas, segundo as notícias.
Certos críticos responsabilizam sem hesitar o multiculturalismo. Esquecem, propositada ou involuntariamente, a História. As motivações assépticas e raciais da II Grande Guerra não foram mais do que actos de extremo uniculturalismo. Como explicam?
A eclosão de confrontos deste género, hoje em disseminação pela Europa, tem origem na crise europeia. Imparável. Assim o querem os dirigentes máximos do Velho Continente. A OCDE é bem explícita: o agravamento é esperado para a zona euro. Portugal, com 5 meses consecutivos da economia em queda, terminará 2011 em forte recessão.
O edifício do sistema financeiro internacional, é consabido, anda a ser escorado por frágeis políticas - a nível global. Os líderes instalados e suas equipas, ao invés de higienizar o sistema da especulação bolsista, 'off-shores' e de outras abstrusas coisas, permitem, por exemplo, medidas anti-sociais deste género: Maiores bancos mundiais anunciam quase 70 mil despedimentos para poupar custos.
Com o dinheiro dos contribuintes, despedimentos massivos, aumento da pobreza e políticas proteccionistas de interesses do sector financeiro e dos empórios internacionais, querem fazer-nos crer que solucionarão a crise. Sabem que não e igualmente são sabedores de que a exclusão social, como sempre, gera as revoltas do tipo daquelas que temos assistido em Atenas, Madrid ou Londres.
Por ora, Londres continua a arder. Entretanto, outros focos de incêndio chegarão; se...

domingo, 7 de agosto de 2011

O que se pode dizer a um g... destes?


O que, de facto, se pode dizer a um governante destes? No mínimo: "vá dar uma curva ao bilhar grande e não volte a usar o Facebook para nos provocar". Para provocações, já bastam as nomeações dos amigos para a CGD e mais de 450 'boys e girls' laranjas para funções de assessoria, secretariado, motorista e os tais especializados.
Que vá de férias para bem a longe - a Coelha está tomada pela velha(ca)ria e não tem espaço para coelhos. Olhe vá até às Ilhas de Bijagós e fique por lá muito tempo de tanga! E, por favor, deixe de 'tanguear-nos'.

Revoltas em erupção


A descrição do espírito de revolta de Patxi Andion é desnecessária. Basta ouvir com atenção a letra desta canção, 'Rogelio'. Quase tudo fica definido nas palavras do primeiro verso:
mesma casa com a mesma fome, vivíamos...

Os políticos europeus actuais, de que David Cameron é paradigma, bem podem esforçar-se a justificar que conflitos desta dimensão se tratam de episódios pontuais e locais, sem significado social e político de maior. Com o argumento de saneamento das finanças públicas condenou 500.000 cidadãos ao desemprego, número a que se devem somar batalhões de excluídos por outras formas.
No Reino Unido, como em Espanha, a vida social está a ser marcada por acções de contestação e revolta de grupos sociais. De jovens sobretudo. Quem for honesto e objectivo na análise, concluirá que, sob pretextos distintos, as razões de base são comuns: incapacidade e falta de vontade dos políticos actuais para, de forma inovadora e eficaz, aniquilar os 'sistemas financeiros e económicos' do descalabro que atingem a vida de milhões de seres humanos do mundo e da Europa. Sim, é oportuno lembrar, entre outros, os 12 milhões de esfomeados da Somália e a morte semanal de 30.000 crianças desse ignorado espaço africano. Com de tantos outros, em África.
Um pormenor curioso, Reino Unido dos conflitos em Tottenham e Espanha dos indignados são países governados sob a tutela de regimes monárquicos. O que deixará certos adeptos da monarquia silenciados. Por se provar, sem sofisma, que, sendo monárquicos e republicanos patrocinadores de idêntico modelo do capitalismo financeiro internacional, os referidos regimes estão em causa na defesa dos direitos colectivos. Obviamente, a prática demonstra ser necessário encontrar caminhos de uma ordem económica e social de ruptura. Que estilhace, por inteiro, o passado e o presente, a nível global.
Os verdadeiros Reis ou Chefes de Estado, entenda quem quiser, são gente como Warren Buffet ou, no domínio doméstico, o corticeiro Amorim e a 'petróleo-diamantífera' Isabel. É, de facto, sob o tecto do tipo dos Estados prevalecentes, que se promove a ganância e fortuna de poucos e a pobreza, a miséria e a fome de vastos milhões. As vagas da revolta avançam. Um dia... - quem sabe, se cedo ou tarde?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Centros de Emprego eficientes - e eficazes?

O Ministro da Economia e do Emprego, o famoso Álvaro, quer Centros de Emprego mais organizados e eficientes. Parece natural e legítimo. Todavia, no interesse dos milhares de desempregados, talvez não fosse despiciendo acrescentar aos objectivos a eficácia; isto é, produzir resultados concretos em termos de arranjar trabalho à maioria dos inscritos nos citados centros. Mas aqui é que 'a economia torce o rabo'. Com a estagnação herdada e as medidas recessivas actuais e futuras, o frágil tecido económico português é demasiado parco em oportunidades de trabalho. E porque este problema - estrutural, diga-se - é complexo e nodoso, o Sr. Ministro tem dificuldades em resolvê-lo; se é que não está a agravá-lo em conjunto com os companheiros de governo, através da orientação política que os inspira.
Outro pormenor a reter da notícia é o propósito de lançar acções de formação profissional para desempregados. Tudo estaria certo se o objectivo se confinasse a dilatar as oportunidades de emprego e, em simultâneo, satisfazer as necessidades das empresas. O pior é que transferir desempregados para acções de formação diminui artifificalmente o número de desempregados. Os valores publicados pelo INE reflectirão um ilusório sucesso, caso se repita a tradição do passado.
Se Sócrates e os seus governos trabalhavam para as estatísticas, o actual Ministério da Economia e do Emprego, com o exemplo referido, não enjeita seguir igual via. Mais do mesmo, portanto.

Os Indignados 15-M: Madrid aqueceu



A blindagem policial da Puerta del Sol não desmobilizou o 'Movimento 15-M'. Os chamados indignados escolheram um local alternativo no centro de Madrid. Desceram a Gran Via e instalaram-se na Praça Cibeles, frente ao Ministério do Interior.
Segundo o 'El País', o número de manifestantes foi de algumas centenas. Dos confrontos com a polícia, documentadas pela imagem, resultaram 20 feridos, entre os quais 7 polícias.
A luta dos manifestantes, lembre-se, é motivada por situações desesperantes. Devido à elevadíssima taxa de desemprego em Espanha, acima dos 20%, os 'indignados' combatem a segregação social que os lança na pobreza e a muitos até na miséria.
A crise europeia, de que Espanha e Itália são os epicentros da erupção actual, entrou em nova aceleração e não há líderes políticos à altura de criar um projecto de solução. Capaz de concentrar as políticas na protecção do tecido humano e coesão social dos países da UE; em simultâneo, afrontando e reduzindo à mínima expressão o poder dos tais mercados e investidores que, despudoradamente e desde 2008, têm submetido vastos milhões de pessoas a penosas vidas enxameadas de carências extremas, incluindo a fome. Isto, diga-se, numa Europa que foi o paradigma dos benefícios do Estado Social.
Os políticos europeus, a continuar a demonstrar falta de visão e competência, submetendo-se aos caprichos da D. Merkel, provavelmente estarão a subvalorizar a hipótese de um dia destes haver a explosão da 'bolha social'. E a fase de pré-explosão, como se vê, já se iniciou nos países do Sul da Europa. O que não significa que o fenómeno não se alastre ao Centro e finalmente ao Norte. Basta ver o constante bailado de Sarkozy, para se perceber, por exemplo, que a dívida da França não permite ao presidente francês interromper o rodopio à volta de Berlim.