segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Brinquemos às secretas!

Na edição de Sábado, o 'Expresso' lançou a bernarda para a opinião pública. Um ex-jornalista do 'Público', hoje incorporado na 'Lusa' por decisão do governo, esteve sujeito a escutas ilegais por parte do SIED; e ao que parece com a colaboração de alguém da Optimus.
Os jornais anunciam a reunião de hoje com Passos Coelho com Júlio Pereira - lembro-me sempre do homem cavaquinho que, coitado, nada tem a ver com isto.
O jornal "i" é peremptório a anunciar:


Passos Coelho demite patrão das secretas

Por sua vez, o "Público" limita-se a referir que Passos Coelho recebe hoje Júlio Pereira, com o objectivo de confirmar o sucedido. Pela investigação anterior, o PM já sabe o essencial do que se passa nas secretas...enfim.
Agora o pretexto de novas diligências é fundado nas escutas ilegais a Nuno Simas, mas o protagonismo continua a ser do tal Jorge Silva Carvalho, hoje quadro da 'Ongoing' em cuja equipa de gestão reluz o sinuoso José Eduardo Moniz.
É demasiado claro que, se o ex-director do SIED, Carvalho, contratado pela 'Ongoing' e autor de recolha e desvios de informações secretas por meios ilegais, é ele próprio que deve ser alvo de processo judicial, juntamente com outros eventuais responsáveis, incluindo Júlio Pereira, se os houver. Mas também é claro que, com a desculpa de se tratar de segredos do Estado, as chamas vão-se extinguindo com a ocultação pelo PM dos 'relatórios de inquéritos' à opinião pública, sem um esclarecimento mínimo que seja.
Aos nossos homens políticos, por vezes, dá-lhes jeito recorrer a megalomanias e golpes de magia para iludir os cidadãos.
Todo este caso das secretas, que já meteu pelo meio o Bairrão e a Manuela Moura Guedes, finíssima esposa do Moniz, mais não é de que uma guerra entre a Impresa e a Ongoing, ou seja, entre Balsemão e Nuno Vasconcelos. Tudo vai ficar em águas de bacalhau. Quando a comunicação social se calar, o caso fica imediatamente encerrado. Uma aposta?


2 comentários:

  1. Para além da guerrinha Impresa-Ongoing, há mais uns pontos a ter em conta nesta história:

    - Guerras SIS <-> SIED, aproveitam-se destes escândalos para tentarem marcar pontos entre si;

    - Aproveitamento de mais esta embrulhada para tentarem (Governo/PSD) forçar a fusão dos dois serviços;

    - Oportunidade para o governo fazer rodar as chefias no SIRP, SIS e SIED (como o Sócrates já o fez);

    Tendo em conta a lista interminável de "casos" nos nossos serviços de informações, penso que deveriam ser extintos, pura e simplesmente (notar que, do SIED, parece ser a primeira vez que há destes problemas de fugas, tradicionalmente o SIS é que faz esse tipo de disparates).

    Um apanhado do que se passa nos serviços de informações:

    http://www.tretas.org/ServicosDeInformacoes

    Lista de fugas de informações:

    http://www.tretas.org/ListaFugasInformacao

    /Helder Guerreiro

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  2. Helder,
    Antes de mais um abraço.
    Agradeço teres completado de forma mais profunda a análise dos casos das secretas.
    Limitei-me a referir aquilo que me parece óbvio e mais perceptível: a continuada investida do 'Expresso' contra o SIED e o Carvalho é, quanto a mim, parte de uma guerra entre Balsemão e Nuno Vasconcelos, sobre negócios do sector da 'comunicação social'. É óbvio que o governo, este como anteriores, pretende domesticar as secretas a seu jeito. O pior é que, havendo pelo meio o citado conflito entre Balsemão e Vasconcelos e ainda a programada privatização da RTP, Passos de Coelho sente-se condicionado para avançar sobre os responsáveis pelos actos ilegais cometidos. Pode desagradar a um de dois amigos. E a recusa de Bairrão para integrar o lote de secrtários de estado já foi, quanto a mim, um episódio deste triste jogo - com a intervenção da Moura Guedes.
    Tudo isto é, de facto, brincar às secretas.
    Reitero o abraço,
    CF

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