O discurso da trapaça
O anterior era o que se sabe. Já expiou no espaço político interno; interno sim!, porque internacional e socialmente, a projecção a que se guindou é prémio duradouro. Talvez nunca sonhado nos tempos de fiscal de obras camarário.
Partiu Sócrates, chegou Coelho. E os portugueses bem podem queixar-se da fatalidade da permanente sujeição a trapaceiros. Quem quiser visionar e ouvir o vídeo acima reproduzido, verá - sem surpresa, creio eu - como é hábil o Coelho a dar passos de trapaceiro.
Nas campanhas eleitorais do PSD e do País, o discurso mais comum centrou-se na recusa de aumentar impostos, elegendo o corte de despesas como a via providencial para o saneamento das contas públicas - o corte das "gorduras do Estado", como dizia o rubicundo Catroga.
Ontem, pela voz do Ministro de Estado e das Finanças, outro troca-tintas, o tão prometido anúncio de corte brutal de despesas - o Álvaro chegou a dizer que desde 1950 não se via coisa igual - converteu-se predominantemente em anúncio de aumento de receitas, através de agravamento de impostos. Esperemos para conhecer o resultado da reestruturação das taxas do IVA, a fim de avaliar o real impacte de mais essa investida contra as difíceis condições de vida do cidadão comum - a somar ao desemprego, a salários e pensões congelados até 2015 e por aí fora.
Entretanto, cá dentro o Gaspar fez uma digressão por hermético e tecnocrático discurso; lá fora o caixeiro viajante Coelho realiza um périplo por Madrid, Paris e Berlim. Foi dar contas ao comando político europeu dos castigos que nos está a infligir e, ao mesmo tempo, tentar vender umas empresazitas a privatizar. Sim, porque no vender é que está o ganho. E Coelho, Portas e Braga de Macedo, todos não são demais para promover negócios ou aquilo a que pomposamente chamam 'diplomacia económica'.
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