Não tenho a pretensão de negar o mérito e a qualidade das prestações de António Barreto como sociólogo e académico, bem como o valor da obra produzida como investigador.
O juízo que faço centra-se, pois, em Barreto como homem político. E, neste domínio, é notório e perturbador o transformismo e a volatilidade de opções políticas, e contraditórias, registadas no curriculum do conhecido professor jubilado:
Foi militante do Partido Comunista Português entre 1963 e 1970 e, em Dezembro de 1974, aderiu ao Partido Socialista, sendo eleito deputado à Assembleia Constituinte, no ano seguinte. Foi membro do VI Governo Provisório, como secretário de Estado do Comércio Externo, e do I Governo Constitucional, como ministro do Comércio e Turismo, primeiro, e da Agricultura e Pescas, depois. Apoiou o projecto da Aliança Democrática, de Francisco Sá Carneiro, com o efémero Movimento dos Reformadores, criado com José Medeiros Ferreira e Francisco Sousa Tavares, em 1978. Em 1985 apoiou Mário Soares, no MASP I (Movimento de Apoio Soares à Presidência). Entre 1987 e 1991 regressou ao Parlamento, como deputado à Assembleia da República, pelo PS. Afastou-se definitivamente do partido na década de 1990.
Com o comportamento próprio de um "tudólogo", critica com aspereza o texto constitucional, enfileirando pelo grupo dos defensores da inscrição do limite do deficit na CRP - o economicismo da Constituição.
De resto, atira-se também com unhas e dentes à generalidade das regras constitucionais vigentes, a essência das quais provêm da Assembleia Constituinte de 1975, de que foi deputado com prestação favorável à CRP então aprovada.
Como é possível que, por desfaçatez ou comportamento decadente, haja tantos políticos que fazem do transformismo uma prestação natural na política e na vida pública? António Barreto é mais um. Velhice?
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