As conversas de casino, na Figueira da Foz, conduzidas por Fátima Campos Ferreira, constituem, penso eu, uma iniciativa revivalista das Conferências de Casino do XIX, organizadas por Antero de Quental.
Discutem-se os temas mais polémicos da vida do País; e polémica acima de tudo, nada melhor que convidar para a mesa um Medina Carreira - ao jeito do anúncio: "Foi você que pediu um Porto Ferreira?". Em vez de Porto Ferreira, e porque se tratava de conversa e as bebidas eram mera companhia, Fátima Campos Ferreira lá serviu um Medina Carreira.
Medina fala muito. Sempre acusador, fala mesmo que se farta mas tem uma memória selectiva. Com estilo de detentor único da verdade, lançou para a plateia dois juízos interessantes
- "Estamos com as baterias contra o dr. João Jardim (...), mas temos muita gente que à frente dele devia sentar-se no banco dos réus. As pessoas que puseram este País no estado em que está deveriam ser julgadas";
- "Os governantes dos últimos dez anos deveriam ser julgados pelo estado em que deixaram o país".
No que respeita a Alberto João Jardim, confesso a minha perplexidade. O que justifica que Medina, um duro intransigente, possa ser complacente com "as irregularidades graves" - assim tal qual classificadas por Passos Coelho - do truculento político madeirense? Medina Carreira lá terá as suas razões, mas não consigo descortiná-las.
Quanto ao julgamento dos últimos dez anos, apraz-me registar o distanciamento partidário de Medina. De facto, em tal período, cabem lá os 'rosas' José Sócrates, Teixeira dos Santos, Mário Lino, Maria de Lurdes Rodrigues, Correia de Campos e outros, mas também os laranjas Durão Barroso, Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite e os centristas Bagão Félix (défice de -6,1% em 2005) e Paulo Portas.
Contudo, quanto à amplitude rigorosa do prazo, 10 anos, julgo oportuno perguntar: por que razão 10 e não 35 anos? Ele terá igualmente os seus motivos, mas neste caso aventuro-me a uma opinião: Medina Carreira foi Ministro das Finanças do I Governo constitucional em 1977 e também deixou um défice de -2,9 % - valor reduzido, dirão alguns, mas até Sócrates e Teixeira dos Santos, quais "ratos Mickey"!, conseguiram melhor em 2007, ou seja, -2,6% do PIB.
Para completar a história, podemos ainda recuar mais no tempo. Com o seu ex-apoiado Cavaco Silva, em 1991 atingiu-se o défice público de -7,6% e em 1995 agravou-se para -8,1% do PIB.
Com estes resultados na frente, pergunto a Medina Carreira: não seria mais justo pedir o julgamento dos governantes dos últimos 35 anos? Certamente, penso eu. O pior é que, quando o processo judicial encerrasse pleno de inocentes daqui a outros 35 anos, muitos de nós, e deles!, já por cá não andaremos. Com efeito, o Sistema de Justiça do País, em termos de eficiência e eficácia, e intenções deste tipo do PGR merecerem-me total cepticismo quanto a resultados.
Condenado à morte nos EUA? Não foi no Irão? Não sou anti-americano, mas sou anti-hipocrisia!!! Os Americanos são hipocritas? Os maiores!!!
ResponderEliminarCumprs.
Zeparafuso
Caro amigo,
ResponderEliminarNos EUA, a vida humana é, de facto, um valor usado com hipocrisia. A nível dos poderes políticos, central e estaduais, tanto se defende o direito à vida como se pratica o assassínio institucinal, a pena de morte. Bush era adversário da legalização das células estaminais e os cândidos militantes do Tea Party combatem o aborto. Tudo em nome da vida; em simultâneo, continua instituída a pena capital em nome da morte.
Cumprimentos,
CF
Como pode verificar o comentário da condenação â morte foi feito no sítio errado. Desculpe... mas por vezes acontece. Hoje reforço a opinião que manifestei no comentário acima.
ResponderEliminarCumprts
Zeparafuso
Eu apercebi-me, mas também me mantive no local.
ResponderEliminarSem problema.
Cumprimentos,
CF