segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Notícias para distrair

Nada, na comunicação social, poderá ser mais vantajoso, no presente, ao governo de Passos Coelho do que publicar notícias das maldades de Sócrates, ou mesmo dos seus familiares. O 'Correio da Manhã', o conhecido pasquim dos escândalos, noticia hoje que, por denúncia do nazi Mário Machado, o Ministério Público está a investigar contas em 'off-shores' existentes desde há 30 anos, dos familiares do ex-PM. O Jornal "i", na mesma onda, refere e amplia a notícia do CM.
Trata-se, pois, de um género de notícias, cujos conteúdos e a formatação me deixam dúvidas quanto à seriedade e objectivos de quem as produz e deixa publicar.
Com efeito, se as faltas foram cometidas há 30 anos, significa que remontam a 1981, sensivelmente. Nessa ocasião, Sócrates tinha cerca de 24 anos de idade e estudaria possivelmente em Coimbra. De todo, não exercia funções políticas em instituições dos poderes central, regional ou local. Até poderia suceder que ainda militasse na JSD, facto, aliás, enaltecido por Miguel Relvas em 2004.
Segundo se entende, não Sócrates, mas sim familiares não identificados é que estão envolvidos no caso. Haverá naturalmente que investigar os actos cometidos por esses familiares, mas a maior responsabilidade de alegadas ilegalidades terem ocorrido há 30 anos sem qualquer investigação e eventual punição é, de facto, do SISTEMA DE JUSTIÇA PORTUGUÊS. Que precisamente nos últimos 30 anos tem usado redes de várias malhas para, segundo o tipo de peixe miúdo ou graúdo visado, deixar em liberdade este último nos 'habitats' naturais das fraudes, dolos e outros crimes contra os interesses do País e dos portugueses (BPN e BPP, por exemplo).
(OBSERVAÇÃO: O teor deste 'post' não impede o juízo bastante crítico que faço do desempenho de José Sócrates e que, por diversas vezes, manifestei neste meu blogue. A crítica política não é uma espécie de terra do vale tudo, até o recurso a métodos pidescos. Não queiram, há maneira da arrastada argumentação da longa noite fascista, recorrer à figura de Sócrates para distrair os portugueses das nefastas políticas do governo de Passos Coelho, cujo objectivo central é castigar-nos para além do que a 'troika' exige e que já é muito.)

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