Completa-se amanhã o 10.º aniversário do 11 de Setembro nos EUA. As imagens da deplorável investida contra as Torres Gémeas constituem, de facto, um ícone de que a comunicação social, TV's em especial, se servem para o negócio mediático. O revoltante, muito revoltante mesmo, foi o assasínio colectivo de cerca de 3.000 cidadãos de várias nacionalidades, acto condenável perpetrado por militantes indecorosos do, por sua vez também indecoroso, movimento extremista e fundamentalista da Al-Qaeda.
Todavia, o 11/9 em solo norte-americano não se reduziu a esse dramático episódio. Houve ainda o ataque ao Pentágono, bem como o despenhar do Boieng 757 e a morte de 45 pessoas, passageiros e tripulação, que viajavam no voo 93 da United Airlines; em resultado, diga-se, da acção de aviões F-16 da força aérea norte-americana. A denúncia pública mais forte deste grave incidente foi feita através do filme 'Voo 93' do realizador Paul Greengrass.
Um ex-companheiro de trabalho, especialista da área, costumava dizer-me que os EUA e os acontecimentos mais significativos da vida histórica e política daquele país, verdadeiros ou simulados, eram produtos de 'marketing'. E as prioridades das notícias do 11/9 parecem confirmar esta visão. Respeitando aos EUA e seguindo o princípio de quanto mais mortes houver e mais exuberantes forem as imagens aterradoras, melhor matéria-prima existirá para propaganda e, em simultâneo, obter o sucesso de vastas audiências.
A problemática do 'interesse mediático', em prejuízo da informação imparcial e abrangente, vem a propósito da coincidência da data, 11 de Setembro, em que, no ano de 1973, Pinochet cometeu o crime de assassínio do presidente Salvador Allende e iniciou um horrendo processo de exterminação de 30.000 cidadãos do Chile. Os actos de Pinochet e dos homens às suas ordens são de facto criminosos, e pelo menos tão graves!, como aqueles que foram perpetrados em 2001 pelos fanáticos servidores do felizmente defunto Bin Laden.
Porém, a escassez de imagens e a falta de interesse em divulgar as poucas existentes justificam a raridade das notícias e a parcimónia de recordar a data. E Chile e EUA não são bem a mesma coisa.
Os crimes contra a humanidade estão, pois, sujeitos a critérios de avaliação e divulgação diferenciados, em função de quem, como e por que razão os executa. Isto não é ético, nem defensável seja qual for o argumento a que se recorra.
Por este conjunto de motivos, é inteiramente oportuno que o meu amigo JJC interrogue no 'Aventar': 11 de Setembro, qual dos dois? Com efeito, não é justo produzir a eito notícias de um e esquecer o outro. Independentemente de qualquer que seja o privilegiado e o omitido.
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