terça-feira, 30 de outubro de 2012

A teoria da austeridade Ulrich (BPI): Portugal, Grécia - já agora falemos da Argentina

“A experiência argentina ilustra algumas lições fundamentais. O FMI e o Banco Mundial têm realçado a importância da estabilidade no sector bancário. É fácil criar bancos saudáveis, bancos que não percam dinheiro, devido a crédito mal parado – basta em que eles invistam em títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O desafio não consiste em criar apenas bancos saudáveis, mas bancos saudáveis que financiem o crescimento. A Argentina demonstrou que, quando isto não acontece, a situação macroeconómica pode tornar-se instável. Devido à falta de crescimento, os défices orçamentais foram-se acumulando, e, quando o FMI impôs cortes nas despesas e o aumento de impostos, desencadeou uma espiral de recessão e de caos social.”
Joseph Stiglitz em ‘GLOBALIZAÇÃO – A GRANDE DESILUSÃO’ (Pg. 112)
Fernando Ulrich sofre de incontinência verbal. Descendente de uma família ligada à banca e às finanças, ao que diz a sua biografia na Wilkipédia, nem sequer necessitou de terminar a licenciatura no hoje ISEG para ter uma carreira de sucesso. Uma genialidade bem cunhada, certamente.
Tal como a Sra. Merkel tem raízes em Hamburgo. Será que sofre da síndroma da germanofilia? Pelo menos, a dúvida fica a pairar neste complicado momento em que no ‘sistema financeiro’, reconhecido como detonador da crise mundial, ainda haja quem se arrogue  do ilegítimo direito do encobrimento da verdade e, mais do que isso, se atreve a dar lições de moral aos cidadãos portugueses.
A Grécia e os sofrimentos infligidos pela ‘troika’ ao povo grego são por demais conhecidos.
Utilizemos o exemplo da Argentina, versado no texto de Stiglitz acima transcrito. O que hoje se passa em Portugal, embora com diferenças de formato, produz semelhantes efeitos recessivos e caos social que nenhum Ulrich poderá negar.
O governo, pela inflexibilidade da Sra. Merkel e parceiros afins, entre os quais Passos Coelho, tem colocado dívida no mercado secundário, comprada maioritariamente por bancos e outras instituições portugueses. Os juros têm flutuado em função dos prazos até aos 4,5%, bastante acima da taxa de 0.75% suportada por esses bancos para empréstimos contratados junto do BCE.
Conjuntamente, com os 12 mil M € para a recapitalização bancária e os 35 mil M € de reforço das garantias para depósitos bancários, incluídos nos 78 mil M € do ‘memorando de entendimento’, exigem-se, assim, ao povo português pesados contributos para desanvalancar a banca; a qual, por sua vez, restringe ao mínimo os empréstimos às empresas e famílias, ignorando a economia.
O desprezo por políticas de crescimento é um desiderato governativo. Consequência: as insolvências e desemprego dispararam para números nunca antes registados. É em sintonia com este cenário de crescente empobrecimento que Ulrich assegura:
Na vida há sempre contingências. A certeza de auto-convencido do “aguenta, aguenta…” pode sair frustrada a Ulrich e ao governo. Já vi cair outras certezas bem mais sólidas e aparentemente consistentes  – de Reza Pahlévi à União Soviética, por exemplo. 
Ulrich que se cale. Lembro-lhe apenas que o seu banco, BPI, também entrou em várias jogadas que endividaram o País antes de Sócrates – o investimento no MARL que, em 2001, se cifrava em 38 milhões de contos e foi suportado pelo financiamento de 21 milhões, à época concedido pelo dito BPI, pelo Millennium BCP e BEI. Do lado do governo, o projecto foi lançado por Palha da Silva, então secretário de estado de Cavaco.




sábado, 27 de outubro de 2012

Relvas nem ao Domingo necessitou de fazer exames

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Relvas na cadeira oferecida pelo amigo Passos
A propósito de governos africanos – sem ponta de racismo, mas pela habitual falta de observância de regras de honestidade, ética e  de capacidade para o exercício de funções governamentais – é usual dizer-se que na Guiné-Bissau, no Burundi, no Niger, no Tchad, na R.D. do Congo, no Mali e em outros países da área subsariana qualquer individuo pode ser ministro. Não é imprescindível ter habilitações ou conhecimentos, mínimos que sejam . O segredo é descobrir os caminhos do poder e fruir dos benefícios de governante.
Em Portugal, actualmente sob controlo uma trupe de descendentes de ex-colonos angolanos, em lugares governamentais ou parlamentares relevantes, também se tornou normal a síndroma de, sem qualificações ou méritos, chegar a ministro, secretário de estado e outros lugares políticos.
Miguel Relvas, um génio, cometeu a proeza de ver reconhecidas pela  Lusófona, um exemplo de rigor científico, equivalências a cadeiras não leccionadas naquela universidade.
O homem tem, de facto, uma mente brilhante, ultrapassando de longe o outro que fez e enviou provas por fax ao Domingo – este nem ao Domingo ou em qualquer outro dia da semana. Questões de diferenças de horários de trabalho entre universidades.
Relvas, se Passos Coelho cumprisse o dever jurado no acto de posse – para evitar de  dizer se o PM fosse efectivamente um exemplo de probidade – teria há muito demitido o Ministro dos Assuntos Parlamentares.
Que ninguém lastimasse a pouca sorte de Miguel Relvas. Como o outro, também teria petiscos em destinos de caloroso acolhimento: da muamba e mariscos de Moçâmedes em Angola ao churrascão gaúcho em terras do mensalão, as escolhas seriam complexas pela abundância de alternativas.
Entretanto, venha de lá uma cachaça. Relva é planta de regadio. 
            

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Helena Matos esqueceu-se do Eduardo Martins (PSD)

Helena Matos é uma alma ainda mais desassossegada, caso não  critique tudo e todos que divirjam das opiniões que defende; mesmo aqueles que se integram na sua área política.  
Em post titulado “Mas o que é isto?”, ressabiada ou carente (não entendi, nem interessa), dá forte e feio no colega de blogue e deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim. Motivo: o parlamentar do Norte reconheceu méritos ao adversário político, Francisco Louçã, a despeito de subscrever um projecto ideológico muito distinto e oposto ao do bloquista. 
A certa altura a incomodada Helena questiona e responde de dedo em riste:
Naquilo que o Carlos Abreu Amorim escreveu sobre Louçã falta o essencial: poderia o PSD bancada a que o CAA pertence ter um deputado que usasse aquele tipo de linguagem e aquele estilo acusador? Não.”
Certamente por amnésia de conveniência, varreu-se-lhe da memória o “Vai para o caralho!” disparado por José Eduardo Martins (PSD) para Carlos Candal (PS) na anterior legislatura.
Francisco Louçã ou Jerónimo de Sousa, anos a fio na AR, jamais foram capazes de usar tão grosseira obscenidade que, pelos vistos, é bem acolhida por Helena Matos. 
Se a notabilíssima ensaísta cuidasse de fazer uma inventariação histórica das obscenidades proferidas por deputados do arco do poder, não teria redigido tal ‘post’. Ou teria? – apesar da exclusividade da autoria de reles grosserias de políticos do citado ‘arco do poder’.
(Adenda: não tenho qualquer filiação partidária, nem a menor objecção de reconhecer méritos e qualidades de políticos – de esquerda ou de direita).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Agora passo a tratá-lo por Sr. Relvas?

Os hábitos sociais reflectem comportamentos, no quotidiano ou de longe em longe. Não se tratam, pois, de uma questão de tempo, mas de normas condicionantes dos nossos actos e atitudes comportamentais.
No domínio dos relacionamentos pessoais, a forma de tratamento que aplicamos aos nossos interlocutores é determinada também pelo estatuto social e profissional que detêm.
Em especial em Portugal, no Brasil e alguns países por nós aculturados, a relação, sempre submissa e às vezes cínica, é estigmatizada pela etiqueta pretensiosa do '‘senhor doutor” ou do “senhor engenheiro” – historicamente há autores que explicam o uso verbal dos títulos académicos como réplica da burguesia aos títulos nobiliários.
Tesos, e agora a tinir por todos os lados, se habituados, dificilmente vivemos sem títulos. É a pouca fortuna que nos resta.
A notícia da advertência formal – confesso que desconheço o que a distingue nos efeitos da informal – aplicada pelo MEC à Lusófona, além do mais, coloca em risco a subsistência de 89 licenciaturas, concedidas ao abrigo do famigerado regime de creditação profissional.
Pela minha parte, assevero estar muito preocupado com o Dr. (?) Miguel Relvas, a quem, salvo erro, foram concedidos créditos profissionais em 32 disciplinas, num total de 36 do curso.  Arrisca-se a perder todo esse património académico obtido com sacrifícios e dureza incomensuráveis. Um árduo trabalho de dias, noites e longas semanas  que vai cano abaixo.
Todavia, existem outros inconvenientes e nuances. Basta imaginar o embaraço de alguns membros do gabinete e dos motoristas  Sim, se retirarem a licenciatura ao Dr. (?), ainda haverá pelo menos um deles, mas podem ser mais, a sofrer o dilema de interrogar:
“Ou Sr. Dr. agora passo a tratá-lo por Sr. Relvas?”
Que responderá Relvas? A expectativa de conhecer a resposta é a ‘suspense’ do sketch.
   

A desilusão OBAMA é preferível à devastação ROMMEY

obama e rommey
Obama, depois dos dois últimos debates, começou a destacar-se na frente da generalidade das sondagens – o ‘The New York Times’, em texto de Nate Silver em ‘Five Thirty Eight’ considera que o ‘momentum’ de Rommey estagnou.
A notícia agrada-me. Somente por uma razão: se Rommey conquistar a presidência dos EUA, o mundo, ao estilo de Bush ou pior, multiplicar-se-á de complexidades. A Europa do Sul ficaria mais fragilizada  sob o domínio da Sra. Merkel revigorado pela vitória de Mitt Rommey - nos G-8, G-20 e outros foros dos senhores do planeta. 
Tem sido notório a ‘Europa’ ser tema ausente da campanha. Com a força crescente da China, seria natural que, na política externa, a trama da vida europeia tivesse feito parte da agenda. Pelo menos, Obama tinha a obrigação de a trazer à colação nos debates. Os candidatos ficaram-se pelo ‘Médio Oriente’, os países islâmicos e os pontos do globo onde o odor a ‘crude’ e a ‘petro-dólares’ é hipnótico – a força do lobby judaico nos EUA constitui outro fenómeno de poder e influência, também em matéria de política externa.
Rommey assestou as baterias contra Obama na direcção dos fracassos da ‘Economia’. Do meu ponto de vista, e embora compelido a desejar que vença, o presidente norte-americano falhou com estrondo e propositadamente na ausência de medidas para fazer finar, de vez e a nível mundial, o ‘Sistema Financeiro Internacional’ vigente que condenou, nos EUA e na Europa, milhões de cidadãos à pobreza e à miséria. Os benefícios da Economia viriam por arrasto –certamente de cariz diferente do almejado por Rommey.
Nomear Timothy Gheithner, o ex-menino de ouro da Goldman Sachs, Secretário do Tesouro; conservar Bernanke, outro ex-Goldman Sachs (GS), na Reserva Federal; ajudar a reabilitar esse nefasto exército multinacional da GS, de que fazem parte Draghi (BCE), o tal que ajudou à trafulhice das contas gregas, e Monti (PM de Itália). Isto significa aderir, com doentio e incompreensível entusiasmo ou maldade, ao elenco do ‘Inside Job’.
Apenas o tenebroso Rommey me força a ansiar a vitória de Obama… sem acreditar em nada de positivo - para pior já basta assim, diz a canção.
“Yes, we can… make the world people go down”, eis o refrão do hino Obama, Merkel, Hollande, Monti, Rajoy e muitos mais, entre os quais os pigmeus roedores de cenouras que sobrevivem do servilismo aos líderes de quem cumprem ordens.
Absurda, reconheço, é a minha posição em relação às presidenciais dos EUA. Sinto-me, porém, incapaz de optar pelo oposto.       

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

E se fosse o governo também a cair

PedroMotaSoares
Pedro Mota Soares
A comunicação social anuncia:
“Governo admite deixar cair redução de subsídio de desemprego”
Se o governo admitisse ser ele próprio a deixar-se cair, faria o pleno. A Mota Soares, apontado como autor desta e de outras agressivas medidas, eu ofereceria um conjunto de sessões de terapia da fala. Não por ele. Sim para evitar o penoso castigo de quem o ouve falar aos solavancos.

O desejo de Gaspar: um país nu, em pelota

pas nu
Um país podre e nu, em pelota
Vítor Gaspar, a despeito dos desastres reflectidos em 9 meses de ‘execução orçamental’, ainda não se saciou do “enorme desejo” de condenar a maioria da população portuguesa a uma vida de intensa desumanidade. Com as medidas saídas da sua mente fosforescente.
De resto, o ministro das finanças entende que é difícil cortar as despesas (sociais, incluindo salários e reformas, entenda-se), alegando:  
Traduzindo o “gasparês”, o que o impiedoso tecnocrata queria declarar era que,  para reduzir ainda mais as despesas do Estado, seria necessário que Portugal fosse um país totalmente anestesiado, podre e nu. Isso mesmo em pelota!, como a imagem documenta. As flores, ainda por cima selvagens e sem custos de plantação, cultivo ou regadio, servem de decoração gratuita.
Gaspar já experimentou andar 24 horas consecutivas nu na Antártida? Não. Então, que experimente.

Desfile e sessão de macumba dos políticos da nova ‘União Nacional’

macumbaO governo actual bem como a maioria parlamentar que o sustenta esmeram-se no talento do topete e da manipulação.
A coligação integra o auto-designado e falacioso “partido do contribuinte”, CDS-PP, cujo líder, em campanha, jurou a determinação de reduzir os impostos. É, por seu turno, chefiada por Passos Coelho, que se revelou um pantomineiro sem limites, com promessas eleitorais, divulgadas à exaustão em suporte audiovisual e contraditoriamente negadas na feroz luta pelo empobrecimento da população.
As derivas de Passos e Portas, fundadas nas políticas de Gaspar, é um massacre contínuo infligido às condições de vida dos portugueses, dos mais necessitados à classe média.  Assumem formas e conteúdos próprios de crime social e económico, gerador de profundos sofrimentos de milhões de pessoas. Simultaneamente são lesivas do futuro de Portugal – as nacionalizações de empresas estratégicas e o fomento empenhado da imigração de portugueses são, apenas, dois capítulos elucidativos do manual ultraneoliberal em execução.
Agora, ministro a ministro, os governantes vão desfilar e palrar nas designadas jornadas parlamentares conjuntas, do CDS-PP e PSD. Serão jornadas inéditas por reunirem os deputados dos dois partidos distintos, considera o ‘laranja’ Montenegro.
Esse ineditismo, porém, é determinado pelos malefícios projectados sobre o País e os cidadãos.
A ‘inédita jornada’ é prova evidente de que, para castigar um povo, todos os meios são úteis; mesmo o recurso a uma espécie de sessão de macumba, ou, se quisermos, a um género de arremesso de cimeira da ‘União Nacional’.
O objectivo é fazer perfilar todos os discípulos, a carneirada submissa e domável, em obediência às sinistras políticas que dia-a-dia destroçam um País soberano, democrático e libertado de pressões de germanófilos interesses.
Quando é que o Senhor Presidente da República dá cor de si e põe este gentalha a milhas?

domingo, 21 de outubro de 2012

Os audientes mais pacientes de Gaspar

audientes de Gaspar
Fonte: Juxtpoz

Sob a concepção da agência de Cunha Vaz, recomendada por Alberto da Ponte, actual presidente da RTP1, o governo lançou uma competição, a nível nacional, para premiar ‘os audientes mais pacientes’ das comunicações do ministro Vítor Gaspar.
Obviamente, e porque o mesmo governo em circunstância alguma, no seu seio ou fora dele, segrega animais, a iniciativa teve o  sortilégio de distinguir o cão e gato da imagem anterior.
Conquanto paciente, o canino batia em ritmo cadenciado com a cauda no companheiro; o gato, porém, não miava nem se assanhava.
Já Berta Cabral, entre os humanos, venceu o ‘prémio dos impacientes’. O  partido ‘laranja’ que sustenta a coligação fez-lhe-lhe tantas e tão desagradáveis partidas – mandou-lhe os ‘trolarós’ Marcelo e Mendes à campanha, por exemplo – que a senhora levou a afronta a peito e vai demitir-se da liderança do PSD-Açores.
É caso para dizer: o cão bate com a cauda e a Berta bate com a porta.
“Com Coelho e Gaspar, ponho-me a andar!”, disse de si para si Berta Cabral. 

sábado, 20 de outubro de 2012

O titulo ‘Cortem no Estado e não nas pessoas’

Desde o século XIII e mais tarde reiterado por Maquiavel na transição entre os séculos XV e XVI, o conceito de Estado é definido pelo ‘conjunto de instituições, em que se integra a PR ou o monarca, o governo, forças armadas, forças de segurança, funcionalismo público e outras organizações estruturadas com recursos humanos’.
Dissociar o Estado das pessoas, como entidade abstracta e humanamente vazia, é desde logo um erro grosseiro, dos muitos a que João Miranda nos tem habituado.
Maria João Marques do ‘Insurgente’, que não precisa de advogados, lembra Miranda a elementar equação: consumo interno = consumo público + consumo privado, acrescentando:
Se ‘defender a procura interna’ é defender que é errado diminuir a procura privada (diferente de procura interna, que inclui também gastos públicos) com aumentos de impostos, sim, como muito orgulho defendo que não se deve reduzir a procura privada com aumentos de impostos.”
Miranda acaba por contra-argumentar que:
“Cortar 1000 milhões de euros em salários e pensões terá aproximadamente o mesmo efeito no consumo privado que aumentar os impostos em 1000 milhões de euros.”
Não é rigorosamente assim. De facto, enquanto o cortar é uma apropriação directa e automática pelo Estado, o aumento de impostos é susceptível de fuga fiscal ou de situações de incobrabilidade; estas ainda mais naturais pelo incremento exponencial de famílias insolventes.
João Miranda também não deve esquecer-se de outros impostos agravados ou a agravar pelo governo. Igualmente têm pesadas repercussões recessivas na procura privada  - os números da execução fiscal em 2012, em que os desvios das previsões das receitas de IVA chegaram a atingir – 14,1% em relação ao orçamento rectificativo do ministro Gaspar é um fenómeno elucidativo.
Por último, e muito mais a falta de conhecimentos e de imparcialidade de Miranda justificaria dizer, o ‘blasfemo’ também deve ter presente o ‘Acórdão do Tribunal Constitucional’ a propósito dos cortes de subsídios a activos e reformados da f.p., bem como a pensionistas do sector privado.
Seria aconselhável que João Miranda passasse a escrever do pouco que sabe e com probidade

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Portugal pobre, custe o que custar = Poortugal, whatever the cost

 
A qualificação de aluno modelo da Zona Euro, aplicada a Portugal, está em acelerada decomposição. A revista “The Economist” – conservadora, lembre-se – não deixa de fazer algum humor, ao considerar que, à semelhança de ‘Allgarve’ do Pinho das hastes, o nosso País passou a designar-se ‘Poortugal’ (‘poor’ significa pobre em português, como referia o DN).
De resto, o conteúdo do artigo de ‘The Economist’ e a tradução pode ser lida aqui
O ministro Gaspar, pretensioso sábio ultraneoliberal, da ala radical, falhou em vários domínios da execução orçamental das previsões que ele próprio estabeleceu há 6 meses – sim 6 meses é o tempo de vida do ‘orçamento rectificativo’ apresentado em Abril. Errou no PIB, no défice, nas receitas fiscais, na dívida pública e  na taxa do desemprego. Chega?
Gaspar, em suma, apenas acertou na estratégia de colonizar o impreparado PM, Passos Coelho, como dizia ontem o social-democrata Pacheco Pereira, corroborado por António Costa (PS) e mais suavemente por Lobo Xavier (CDS-PP).
Como Passos não tem ideias próprias para a governação, e se obstina na recusa de renegociar com a ‘troika’, fica condicionado a reagir ou perfilhar a opinião de terceiros.
Há notícias de se ter encolerizado com Hollande por este divulgado que, na reunião da cimeira da UE, Espanha e Grécia expressaram preocupações pelo negativo e profundo impacto social da austeridade.
Para o PM português, como o vídeo testemunha, temos de permanecer em austeridade obsessiva. O homem, dos comentários de cábula aos  multiplicadores do FMI, associados ao desprezo pelas últimas conclusões do fundo a respeito dos efeitos impeditivos do crescimento pela austeridade severa; o homem, dizia, age apenas em função do feitiço de Gaspar.
O parceiro da parelha, Portas, diz que deve evitar-se uma crise política. Por mim, tenho a certeza de que o germe da crise é e será sempre esta coligação – se o governo lá chegar, a execução orçamental de 2013, cedo se encarregará de demonstrar que Passos, Portas, Gaspar & Cia. devem procurar nova vida. Que não seja continuar a sugar-nos e a trucidar Portugal – ou Poortugal?

Tradução do artigo de “The Economist” (Poortugal)


 
Austeridade em Portugal
Mais dor, menos proveito
Um outro orçamento de austeridade levanta ainda preocupações sobre o futuro crescimento

20 de Outubro de 2012 | Lisboa

Em dias mais felizes antes da crise do euro, um governo em Lisboa baptizou o Algarve com a marca Allgarve, na esperança de atrair turistas de língua inglesa. Agora uma inteligência portuguesa sugere que adoptem para todo o país a marca Poortugal.
No meio de protestos furiosos e do trovejar de editoriais, um tal humor mordaz foi uma resposta contida ao projecto de orçamento de 2013 que Vítor Gaspar, Ministro das Finanças, apresentou em 15 de Outubro. Para atingir as metas acordadas com a "troika" da União Europeia, Banco Central Europeu e FMI, o ministro quer "enorme" aumento de impostos, incluindo o aumento das taxas de IRS médias, na ordem de um terço [33,333%].
Raramente  manifestantes, economistas e políticos estiveram tão unidos em descrever os planos: "brutal", "um crime contra a classe média", uma "bomba atómica fiscal". Poucos de acordo com o argumento do Senhor Gaspar que "Este é o orçamento único possível" e que  questioná-lo é correr o risco de ser submetido a uma "ditadura da dívida" com Portugal condenado a depender de seus credores oficiais indefinidamente.
Ainda muito dos eleitores poderiam concordar com o Senhor Gaspar em relação ao padrão da dívida do país que seria "catastrófico", seguindo o que os defensores de esquerda radical advogam. Mesmo assim, o conjunto de recentes protestos tem sido dilatado por dezenas de milhares de eleitores da sociedade civil (a mainstream) que acreditam que espremer famílias trabalhadoras não é apenas desnecessariamente doloroso, mas é também a asfixia do crescimento.
Os críticos têm presentes as perspectivas mais recentes do FMI nas quais o fundo argumenta que, no clima económico de hoje, a consolidação orçamental está tendo um maior impacto negativo no crescimento do que o habitual. A oposição socialista acredita que descreve perfeitamente a situação de Portugal. Eles querem mais tempo para atingir os objectivos orçamentais, em cima de um ano extra concedido no mês passado. Mais preocupante para Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, é que a linha de FMI é ecoada pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva, também de centro-direita, que tem escrito que é errado prosseguir os objectivos do défice "a qualquer custo".
Outra preocupação é a ruptura da coligação sobre o orçamento. O conservador Partido Popular, parceiro menor dos social-democratas do Senhor Passos Coelho, quer mais cortes de gastos públicos (a conta de novas receitas é de 80% do ajustamento orçamental de 2013). As duas partes devem votar juntos para passar o orçamento do Parlamento. Mas o Senhor Gaspar insiste que não há "nenhuma margem de manobra".
Alguns dizem que sua intransigência é mais formal do que doutrina orçamental. Ao contrário da Grécia, Portugal ganhou muita admiração em Bruxelas e Berlim, por ser um aluno modelo para a zona do euro. Que poderia ajudá-lo se e quando o governo espanhol solicitar um resgate — e começar a discutir com a troika sobre se cada vez mais austeridade orçamental é realmente sensato.
(Tradução realizada pelo autor do blogue, Carlos Fonseca, e sob sua responsabilidade).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Portas e Passos de Falsários

 
Quem estava à espera da reprovação do OGE de 2013 pelo CDS-PP – há sempre crentes em feiticeiros e feitiçarias  - obviamente enganou-se. O demagogo e populista Paulo Portas, segundo comunicado ao País, desiludiu-os. O mais grave é milhões de portugueses virem a sentir ainda mais agravadas as condições de vida no sentido da pobreza e da miséria.
Passos Coelho, por seu turno, na longínqua Bucareste, acaba de garantir:
complementando:
“…o Parlamento tem todos os poderes para alterar a proposta governamental do OGE … [até] de derrubar o governo…” 
Insensíveis à enorme expressão dos problemas sociais na sociedade portuguesa, intransigentes na renegociação das metas da ‘troika’ à boleia do recente reconhecimento do erro da solução única da austeridade pela directora-geral do FMI, Christine Lagarde, em Tóquio – Gaspar presente na reunião não viu nem ouviu o que os meios audiovisuais divulgaram pelo mundo inteiro – e, portanto, sem a menor compaixão, os líderes da coligação teimam em punir o povo português social e economicamente, bem como colocar em causa o futuro do sistema de segurança social, chegando mesmo a ameaçar a já debilitadíssima soberania nacional para todo o sempre.
Aprovado o OGE de 2013, a respectiva execução orçamental, o andamento do PIB e do défice, o número de insolvências e de desempregados em crescendo encarregar-se-ão de demonstrar que, tal como em 2012, os modelos estocásticos e as politicas macroeconómicas de Gaspar são deliberada e criminosamente erradas.
Convertendo apelidos em substantivos de sentido mais comum, pode dizer-se que os portugueses, agora condenados a um país à deriva, estão tolhidos por portas e passos de falsários.
PM e MNE são homens sem vergonha, nem limites para a mentira.

O interregno do Solos sem Ensaio

Tenho a consciência das limitações do “Solos sem Ensaio”, um blogue pessoal, despretensioso, cujo objectivo se limita à manifestação de opiniões e sentimentos do autor. Não luto por audiências, nem por notoriedade na blogosfera ou fora dela. Satisfaz-me, porém, que em pouco tempo este meu espaço de desabafos tenha sido visitado por alguns milhares de leitores.  
Almejo apenas engrossar as vozes dos cidadãos que, com fundadas razões, se rebelam contra os políticos que nos têm (des)governado, e continuam a (des)governar, bem como contra os privilegiados que, saídos do nada, se perfilaram e migraram em direcção a uma classe imoral e anti-ética de novos ricos, sem princípios ou preocupações de justiça social. Sempre alavancados por essas diabólicas máquinas em que se converteram os partidos ‘políticos do arco do poder’. Organizações, de resto, adormecidas na apostasia do papel de constituírem os alicerces da força democrática de um povo que, a cada dia, é duramente massacrado e esbulhado por políticos e tecnocratas de  honestidade intelectual ou material, mais do que questionável.
Os motivos do interregno do “Solos sem Ensaio” fundaram-se em obrigações profissionais e numa mobilidade geográfica intensa, complementadas, no final, por contrariedades de ordem tecnológica e de telecomunicação, ao regressar à aldeia de refúgio no desertificado Norte Alentejano.
Com muitos ou poucos a lerem-me, estou de volta. O interregno, este pelo menos, está ultrapassado.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A voz de milhões na boca de Luísa Trindade

Lusa Trindade
Luísa Trindade imobilizada por seguranças no 5 de Outubro lisboeta
A cidadã Luísa Trindade, de 57 anos, contrariando os seguranças, acedeu ao local onde o município lisboeta promoveu a comemoração do 5 de Outubro – um refúgio no Pátio da Galé, em vez da Praça do Município, cenário tradicional  da celebração à vista de todos.
Luísa expressou a revolta contra as injustiças sociais, quando o PR usava a palavra. Os apologistas da segregação social e do politicamente correcto criticaram e ficaram chocados.
A corajosa mulher aufere 224 euros mensais e sobrevive à custa das ajudas do filho. Interpreto a contestação como a voz de cerca de 2 milhões de portugueses que tem também míseros rendimentos do género e, em muitos casos, nem sequer dispõem do auxílio de filhos ou de outros familiares.
O ministério de Mota Soares conhece bem esta realidade. Mas, em conjunto com os restantes membros do governo,  ignoram-na e ainda propagandeiam uma falsa política de emergência social. Percorram o país e ouçam o povo, sem a protecção de seguranças nem entradas pelas traseiras.
Luísa Trindade foi a voz desse povo, na presença de Cavaco Silva, o presidente que acaba por decidir demasiadas vezes em sentido contrário aos discursos que faz. Tamanha é a hipocrisia.   

A TSU, o aumento do IRS e os equívocos de comentadores

esbulhoDois dias antes de 7 de Setembro em que Passos Coelho anunciou as mexidas da TSU, a penalização de 7% nos salários e o benefício de 5,75% dos empregadores, já o governo, através do SE, Paulo Núncio, havia publicitado o objectivo de agravar o IRS, através da redução de escalões.
Causa-me, pois, perplexidade ouvir, ver e ler, na comunicação social, comentadores supostamente informados a raciocinar à volta de uma falsa relação entre ambos os casos, TSU e IRS.
Ainda hoje no ‘Público’ se escreve isto:
Ao longo do artigo, o autor, em alguns passos, reincide no equívoco.
A confusão é absurda. Basta pensar que parte significativa do agravamento da TSU dos assalariados se converteria em receita das empresas. Remanesceriam como receita do Estado os agravamentos nos descontos da função pública e o diferencial de 1,25% do sector privado. As receitas esperadas para as finanças públicas estimavam-se entre 500 e 600 milhões de euros. Muito abaixo dos cerca de 3 mil milhões, dos “enormes impostos” de Gaspar.
É importante, como escreve Manuel Carvalho da Silva, ter em conta que,  o governo, através da política de empobrecimento, custe o que custar, se propunha estabelecer um sistema cumulativo de esbulho  (agravamento de TSU e de IRS).
Rogo aos senhores de ar emproado e  fiscalistas de ocasião: “não digam asneiras, por favor.” O governo tentou cometer um “assalto à mão armada”, ainda de maiores proporções – esta é a verdade, utilizando a linguagem do insuspeito Marques Mendes.    

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

No Vaticano também há Tarrafal

clula do tarrafalVisitei o Tarrafal há anos. Ainda estava no estado em que sempre funcionou. A chamada “frigideira” e a exiguidade  das células do estabelecimento prisional do regime salazarista impressionavam – a imagem mostra uma célula que, diga-se, até era das mais espaçosas.
Lembro-me de que eu e mais dois amigos ficámos horas sem dizer palavra, pelo duro choque da visita.
Agora, ao ler esta notícia, o Tarrafal veio-me à memória, nunca imaginando que o Vaticano, espaço sagrado da santa madre ICAR,  tão repleto de gente sinistra e dirigido pelo velhaco teólogo, papa Bento XVI, se atrevesse a utilizar também espaços de desumanas condições de prisão, incluindo práticas de tortura.
O perdão e a compaixão, uma vez mais se prova, são apenas vocábulos de propaganda de uma satânica igreja, autora dos maiores pecados humanos, incluindo, na sua história, a pedofilia, a ganância, a ostentação e crimes de sofrimento e morte aglutinados da inquisição e para além dela. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tempo de Relvas e o tempo da cidadania activa

Nuno Magalhães do CDS-PP está com ar de desconfiado.
A propósito das moções de censura anunciada pelo BE e PCP, o inefável ministro Relvas afirmou:
Sem filiação partidária e deixando a reacção a esse nível para Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, limito-me a declarar que este é o tempo da cidadania, ou seja, é o momento em que larga maioria dos portugueses considera que 
“Este é o tempo tardio em que Relvas, por iniciativa do amigo Coelho ou dele próprio, deveria deixar de vez o executivo governamental”.
Os tempos de um ministro podem divergir, e de que maneira, dos tempos de exigência de seriedade e de justiça social de milhões de cidadãos. Os fusos horários diferenciam-nos temporalmente e, no caso, a distância é enorme.
Ufana-se o despudorado governante dos sacrifícios – não dele, claro – do povo português e do reconhecimento internacional da política seguida; em suma, orgulha-se dos seguintes resultados:
- PIB no 1.º semestre de 2012: – 3,3%
- Défice no 1.º semestre de 2012: 6,8%
- Revisão do objectivo do défice pela ‘troika’ de 4,5 para 5% em 2012 e de 3 para 4,5% em 2013
- Previsão da ‘troika’ de quebra do PIB para 2013: – 1%
- Desemprego em 15,9% no final de Agosto de 2012
- Dívida pública total de 187.059 milhões de euros em Julho de 2012
Tomando como peça de comparação o Orçamento Rectificativo de Abril de 2012 do governo, Relvas ou é de facto especialista em topetes ou não sabe bem do que está a falar. Para mim, sofre de ambas síndromas. E cronicamente.

Dos ignorantes, passemos aos que sabem demais

Na voracidade de polémicas e escândalos,  matéria-prima da comunicação social, o episódio dos ‘ignorantes’ do  conselheiro Borges começa a ficar eclipsado por outras histórias. Igualmente infelizes para os portugueses, diga-se.
O jornal “i” destaca, em título, que 17 ex-administradores da CGD recebem 2 milhões euros anuais, continuando no activo, no sector privado, a auferir remunerações elevadas.
O principal responsável do despudor é o governo de Passos e Portas. Tão ciosos no cumprimento, por excesso, do memorando da ‘troika’, pensam ser justo punir sem dó nem piedade milhões de portugueses com medidas de austeridade, cuidando de proteger os amigalhaços. Do desemprego (15,9% em Agosto, segundo o Eurostat) à retirada de subsídios, congelamento de reformas e pensões e diminuição de salários,   o receituário aplicado desterra milhares de famílias para a pobreza e a miséria.
Dos que sabem de mais do modo de bem aproveitar as iniquidades do regime, não resisto à tentação de citar os impudentes  João Salgueiro, Faria de Oliveira, Celeste Cardona, Carlos Oliveira Cruz, Mira Amaral, António Tomás Correia e Almerindo Marques.
Ao grupo citado, e à parte da CGD, existem outros a beneficiar de ganhos obscenos, como o rubicundo Catroga, Luís Filipe Pereira e o reformado da Academia, António Barreto, hoje administrador da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Estes e outros antes citados, e muitos, muitos outros, formam um extenso bando de abutres cuja caça ao vil metal o governo não condiciona.
Parte deles passa pelas TV’s, ou para falar de gorduras e pentelhos (Catroga) ou, nos últimos tempos, para criticar a ousadia da saída à rua do povo português. Sobretudo o 15 de Setembro, rigorosamente apartidário, encheu o país de acções de protesto, com uma dimensão humana há muito não vista. Gente de todas as idades e oriundas de diversos estratos sociais, sublinhe-se.
Pelo que tenho lido, deduzo que a rua os começa a amedrontar. Não vá um dia os cidadãos em protesto perder de vez a paciência  e projectar essa imoral gentalha  para os baixos padrões de vida a que a maioria dos portugueses esá sujeita.