quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Agora passo a tratá-lo por Sr. Relvas?

Os hábitos sociais reflectem comportamentos, no quotidiano ou de longe em longe. Não se tratam, pois, de uma questão de tempo, mas de normas condicionantes dos nossos actos e atitudes comportamentais.
No domínio dos relacionamentos pessoais, a forma de tratamento que aplicamos aos nossos interlocutores é determinada também pelo estatuto social e profissional que detêm.
Em especial em Portugal, no Brasil e alguns países por nós aculturados, a relação, sempre submissa e às vezes cínica, é estigmatizada pela etiqueta pretensiosa do '‘senhor doutor” ou do “senhor engenheiro” – historicamente há autores que explicam o uso verbal dos títulos académicos como réplica da burguesia aos títulos nobiliários.
Tesos, e agora a tinir por todos os lados, se habituados, dificilmente vivemos sem títulos. É a pouca fortuna que nos resta.
A notícia da advertência formal – confesso que desconheço o que a distingue nos efeitos da informal – aplicada pelo MEC à Lusófona, além do mais, coloca em risco a subsistência de 89 licenciaturas, concedidas ao abrigo do famigerado regime de creditação profissional.
Pela minha parte, assevero estar muito preocupado com o Dr. (?) Miguel Relvas, a quem, salvo erro, foram concedidos créditos profissionais em 32 disciplinas, num total de 36 do curso.  Arrisca-se a perder todo esse património académico obtido com sacrifícios e dureza incomensuráveis. Um árduo trabalho de dias, noites e longas semanas  que vai cano abaixo.
Todavia, existem outros inconvenientes e nuances. Basta imaginar o embaraço de alguns membros do gabinete e dos motoristas  Sim, se retirarem a licenciatura ao Dr. (?), ainda haverá pelo menos um deles, mas podem ser mais, a sofrer o dilema de interrogar:
“Ou Sr. Dr. agora passo a tratá-lo por Sr. Relvas?”
Que responderá Relvas? A expectativa de conhecer a resposta é a ‘suspense’ do sketch.
   

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