terça-feira, 9 de agosto de 2011

Socialismo, Multiculturalismo e Commonwealth


O ambiente social, no Reino Unido, continua explosivo. Já há um morto. Há também 6.000 polícias na rua, mais de 450 detidos e o jogo de futebol, Inglaterra-Holanda, a realizar esta semana, foi cancelado.
O vandalismo é sempre condenável. Não dispensa, porém, o caminhar mais fundo na investigação das causas políticas e sociais dos conflitos em erupção. A segregação de grupos sociais devido a políticas recessivas, a crise do desemprego e a falta de perspectivas de vida dos jovens e outros factores de exclusão atingem, sobretudo, as comunidades africanas. Ao mais ínfimo dos pretextos, e a morte de um homem não é ínfimo detalhe, as massas agitam-se. Às vezes sob a forma de actos de revolta extremos, convenhamos.
No conjunto de opinantes, existem as mais distintas interpretações e conclusões sobre os acontecimentos. André Alves de 'O Insurgente' diz em título: "Colapso do multiculturalismo e do socialismo no Reino Unido". Do multiculturalismo, falaremos adiante. Colapso do socialismo no Reino Unido? É espantoso que alguém tenha a fértil capacidade de imaginar o Reino Unido como um 'estado socialista'. De Thatcher à dupla Cameron-Clegg, passando pelo 'New Labor' de Blair e Brown, os britânicos têm vivido sob um regime socialista? Quem diria, ainda por cima estilizado pela colorida corte a viver uma vida frugal, nesta socialista moradia. Há visões que nem ao diabo lembram! Talvez até admitam a colectivização da ultra-socialista 'City'.
O Multiculturalismo, por outro lado, é igualmente apontado como o problema central da crise social. O Reino Unido, e em particular a Inglaterra, sempre foi terra de densa teia do multiculturalismo. Há décadas. De resto, é o desiderato natural de um reino outrora detentor de um 'Império onde jamais se registava o ocaso total'. Para orgulho de sua majestade e dos seus súbditos.
Extinto o Império, restou aos britânicos criar a Commonwealth que integra 55 países, alguns dos quais, diga-se, não pertenciam ao domínio imperial. A ex-colónia portuguesa Moçambique, por exemplo. A Commonwealth é, além do mais, o grande paradigma do multiculturalismo britânico. Em 1950, com a Índia a optar por um regime republicano, o rei Jorge VI foi considerado "símbolo da associação livre de nações". Portanto, multiculturalismo sim, mas fora de portas. Porque em épocas de crise capitalista, os custos sociais mais elevados e a exclusão impendem sobre os mais pobres e estes convivem mal com a falta de trabalho, a pobreza, a miséria e outros dramas.
Se dúvidas houvesse sobre as desigualdades no Reino Unido, bastaria citar que a taxa de risco de pobreza em 2009 era de 22%; ou seja, das mais significativas de um conjunto alargado de países, incluindo os 27 Estados-Membros da UE. Para um país do G7 é demasiado. Causas? O multiculturalismo e o socialismo. Nem mais.
Os revoltosos não sabem fruir dos benefícios do 'capitalismo financeiro' e das teorias e boas práticas dos diversos inocentes e talentos do 'Inside Job'. Resultado: a crise não lhes perdoa, devido aos ideais multiculturais e socialistas.

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