A descrição do espírito de revolta de Patxi Andion é desnecessária. Basta ouvir com atenção a letra desta canção, 'Rogelio'. Quase tudo fica definido nas palavras do primeiro verso:
mesma casa com a mesma fome, vivíamos...
Os políticos europeus actuais, de que David Cameron é paradigma, bem podem esforçar-se a justificar que conflitos desta dimensão se tratam de episódios pontuais e locais, sem significado social e político de maior. Com o argumento de saneamento das finanças públicas condenou 500.000 cidadãos ao desemprego, número a que se devem somar batalhões de excluídos por outras formas.
No Reino Unido, como em Espanha, a vida social está a ser marcada por acções de contestação e revolta de grupos sociais. De jovens sobretudo. Quem for honesto e objectivo na análise, concluirá que, sob pretextos distintos, as razões de base são comuns: incapacidade e falta de vontade dos políticos actuais para, de forma inovadora e eficaz, aniquilar os 'sistemas financeiros e económicos' do descalabro que atingem a vida de milhões de seres humanos do mundo e da Europa. Sim, é oportuno lembrar, entre outros, os 12 milhões de esfomeados da Somália e a morte semanal de 30.000 crianças desse ignorado espaço africano. Com de tantos outros, em África.
Um pormenor curioso, Reino Unido dos conflitos em Tottenham e Espanha dos indignados são países governados sob a tutela de regimes monárquicos. O que deixará certos adeptos da monarquia silenciados. Por se provar, sem sofisma, que, sendo monárquicos e republicanos patrocinadores de idêntico modelo do capitalismo financeiro internacional, os referidos regimes estão em causa na defesa dos direitos colectivos. Obviamente, a prática demonstra ser necessário encontrar caminhos de uma ordem económica e social de ruptura. Que estilhace, por inteiro, o passado e o presente, a nível global.
Os verdadeiros Reis ou Chefes de Estado, entenda quem quiser, são gente como Warren Buffet ou, no domínio doméstico, o corticeiro Amorim e a 'petróleo-diamantífera' Isabel. É, de facto, sob o tecto do tipo dos Estados prevalecentes, que se promove a ganância e fortuna de poucos e a pobreza, a miséria e a fome de vastos milhões. As vagas da revolta avançam. Um dia... - quem sabe, se cedo ou tarde?
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