terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Banalização da Violência




Na Noruega, foram retirados do mercado videojogos violentos, de que o pavoroso assassino Breivik era utilizador confesso. O "World of Warcraft" e o "Call of Duty" são dois dos jogos retirados. A medida, é explicado, foi tomada em respeito pelas vítimas do massacre.
Claro que, a avaliar por comentários da notícia, proliferam em Portugal opiniões contrárias à decisão em causa. Negam qualquer relação dos videojogos com o comportamento do assassino. Haverá outros a admitir o inverso. Enfim, o assunto é polémico, mas não deixa de ser verdade que o mundo actual é marcado por fenómenos crescentes de violência: a 'violência juvenil", em que se integra o "bullying" por exemplo, e a "banalização da violência", esta última referida assim por Washington Araújo em 2005:

“O gradual processo de insensibilização decorrente da banalização da violência é preocupante. Como diz Cristopher Lasch, os meios de comunicação em massa facilitam “a aceitação do inaceitável”. Eles terminam por amortecer o impacto emocional dos acontecimentos, neutralizando a crítica e os comentários. A violência ganha cada vez mais ares de normalidade e naturalidade, além de estar alcançando uma crescente “aceitabilidade” social. A inevitabilidade tem gerado atitudes do tipo: “deixa rolar”; “não tem jeito mesmo”; “super normal”; “deixa assim para ver como é que fica”. Dessa forma, podemos constatar que a saturação de programas violentos provoca perda de sensibilidade, “brutalizando” as pessoas a longo prazo. A psicanalista Raquel Soiler alerta que as crianças podem estar sofrendo de “televisiosis”. O principal distúrbio desse mal seria uma síndrome de neurose, cujos sintomas são a mania de perseguição, a fobia e a desordem mental. Cada vez mais é intransferível a responsabilidade dos pais sobre o que seus filhos assistem diariamente na TV.”

A comunidade científica ligada à saúde mental, como se vê, já debate os efeitos das televisões, videojogos e tecnologias de comunicação no comportamento social dos humanos e na ampliação do fenómeno de 'banalização da violência'. Poderá, pois, ser normal que muitos utilizadores de videojogos violentos neguem efeitos preversos; porém, a verdade autêntica é que o contributo desses jogos e de certos usos de tecnologias é nocivo em relação à formação e civilidade da personalidade humana. Tome-se o exemplo do jovem de 17 anos que faleceu a ‘tourear’ carros na estrada, próximo de Proença-a-Nova. A motivação foi de exibicionismo com o recurso (tecnológico) à Internet: depositar um filme da aventura no 'Youtube'.


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