Um director escolar, sem licenciatura, estava convencido de que era licenciado, mas não era. Esqueceu-se. Um falso médico há anos assistia a doentes no Hospital de Santa Maria, sem que tivesse habilitações para o fazer. Esqueceu-se. Um padre celebrava missas com todos os sacramentos, sem ter sido ordenado presbítero. Esqueceu-se. O criminoso ‘Rei Ghob’, em tribunal, nunca se pronunciou pelos crimes de que foi acusado. Esqueceu-se. O homem sem carta é apanhado a conduzir, alegando que se lhe varreu da memória ser necessário ter tal permissão. Esqueceu-se. O ‘Manel’ foi detectado em operação ‘stop’ com a taxa de alcoolemia de 1,78, justificando à brigada de trânsito que não se lembrava de quantas ‘minis’ tinha ingerido. Esqueceu-se.
A amnésia retrógrada assume, de facto, aspectos de uma doença social, bastante disseminada. Até o palhaço da mota, esquecendo-se de que está a circular com outros veículos na via pública, acabou por quebrar o retrovisor do parceiro que transitava de carro. Esquecimento.
Defendidos por hábeis advogados, nenhum dos esquecidos é alvo de condenação judicial. Simplesmente porque a amnésia não constitui crime no Código Penal. O segredo é saber jogar com as leis. Não é assim senhores da justiça em Portugal?
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