sábado, 3 de outubro de 2015

'Les feuilles mortes' de Yves Montand


Outono. O cenário dos dias torna-se mais triste. O céu está semiescondido por uma nebulosidade alta. O Sol também. Se voltar nos tempos próximos, a visita será provavelmente efémera. As folhas dos choupos à volta da minha casa precipitam-se sem cessar no solo que é o seu abismo. A criancinha pequena liberta-se da mão da mãe e salta com prazer sobre 'as folhas mortas'. Houve os estalidos da folhagem pisada e ri-se de alegria. É a chegada do Outono percebida pela inocência de um petiz a quem qualquer brincadeira faz feliz. 
O que vejo na felicidade da criança trouxe-me à memória a canção 'Les Feuilles Mortes' que adopto como melodia deste plúmbeo Sábado de Outubro. 
Confesso que, na intimidade dos meus sentimentos, desejo que aquele movimento de declínio se transforme, neste fim-de-semana, em metáfora da queda dessa repugnante gente que, neste País, tem tido o prazer sórdido de disseminar a pobreza, a injustiça social e a alienação ao desbarato de bens patrimoniais e enormes fatias da soberania de uma Nação com 9 séculos de História. Revelo ainda que, com alegria semelhante à da criança a calcar as folhas dos choupos, espezinharia com felicidade capitosa essa canalhada atirada por terra. Oxalá tenha a oportunidade de tal regozijo.     
   

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