O Estado deve 2600 milhões de euros, na maior parte a fornecedores privados. Temerosas de retaliações, as empresas
não se manifestam nos lugares e meios próprios - a lista de credores em branco
é a prova da pusilanimidade empresarial:
No sector da saúde, há pequenas e
médias empresas que foram compelidas a despedir bastante pessoal. Uma firma de
que é sócio um amigo meu, no último ano reduziu de 34 para metade o número de
trabalhadores. Tem créditos sobre diversos hospitais do Estado superiores a 1
milhão de euros, sem receber um cêntimo há mais de 18 meses.
Paulo Portas, na oposição, em
2008, reclamava, de voz tonitruante e de dedo em riste, contra o facto de a
lista de credores do Estado conter apenas 11 milhões de euros; “Apenas 0,4% da
verdade”, sublinhava o então deputado.
Agora governante, nem insónias
tem. O governo em que participa, no seguimento da tradição pecaminosa de governos anteriores
e em desrespeito pelas próprias promessas eleitorais, prolonga o calote do
Estado às empresas e muito menos denuncia a injustificada lista vazia – “Apenas
0% de verdade” deveria histericamente gritar agora o putativo vice-PM, no gesto
jactancioso e melodramático com que se expressa; mesmo que, sem vergonha, essa teatralidade
dos gestos sirva para revogar um pedido de demissão do governo, a qual, preto no
branco, jurara ser irrevogável.
Divulga-se que agora, depois de mais de 72.000 empregos perdidos e da redução de 13,2 mil milhões de euros reduzidos no Valor da Produção Bruta, o IAPMEI, a
CIP e a ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores irão, com fé, solucionar
o problema e clamar em uníssono: “Ó Cristo anda cá abaixo ver isto!”.