Da prosa cambaleante de Vasco Pulido Valente, o Público dá á estampa um artigo: “De mão estendida”. O texto é hábil e sinuoso, com o propósito de diabolizar a esquerda por tudo quanto pretende para a Europa e o modelo social europeu.
Começa por ser generoso com Mário Soares, ao justificar a ausência do veterano político nas comemorações do 25 de Abril na AR. Foi uma reacção ao afastamento da Europa (“não de Passos Coelho”, sublinha VPV) do projecto com que sonhou há 40 anos.
Cumprida esta retórica panegírica a Soares, malha forte nos maus, a esquerda, face à virtude dos bons, a direita neoliberal, cujos propósitos e a acção são infelizmente sentidos na dura vida de milhões de europeus. Que o digam os mais de 5,6 milhões de desempregados em Espanha, número que, diz Rajoy, poderá chegar a mais 7,5 milhões em 2016. Ainda há dias, o insuspeito Jaime Nogueira Pinto declarava publicamente que, nos tempos actuais e contando com os chamados derivados, os activos financeiros no mundo são equivalente a 14 vezes o valor dos activos económicos.
O sublimar artigo termina em empenhada defesa da Alemanha. Coitado de país esse, a que se exige agora pagar os devaneios a Portugal, à Grécia, a Espanha, a Itália e, um dia destes, à França e à Holanda.
VPV não quis perceber e pelos vistos ignora provas históricas de que todo o esquema de financiamento de subsídios europeus teve uma origem, o Centro da Europa, mas também centro de retorno, com reembolsos e altos juros pagos aos financiadores. Sobretudo, os alemães que, à semelhança do final da II Guerra, foram alavancados por ajudas externas, essas sim verdadeiras ajudas, que Merkel ostensivamente ignora, mas Helmut Schmidt não esquece.
Da mão, percorramos o caminho até ao topo do corpo humano, a cabeça. E reformulemos o título do artigo de VPV com o epíteto apropriado: ‘De cérebro perturbado’ .
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