José Saramago desperta o ódio de condes. Sim, condes autênticos ou virtuais. Primeiro, foi Sousa Lara, 2.º
conde de Guedes, então amanuense subsecretário de estado da Cultura do XII
Governo Constitucional, chefiado pelo conde virtual da alfarroba, a impedir a
candidatura do notável escritor ao Prémio
Literário Europeu de 1992. A autoritária figura das terras das
alfarrobeiras foi lesto e convicto na aprovação da proposta do subajudante.
Depois da morte do respeitável
escritor, Nobel da Literatura de 1998, outro titular da nobreza, Miguel Pais do Amaral, 4.º conde de Alferrarede, desentendeu-se com as herdeiras do escritor. Quebrou-se uma relação de 29 anos entre
Saramago e a Editorial Caminho; esta foi adquirida em 2008 pelo grupo Leya, de
que o conde das terras dos azeites é proprietário.
Dominador e com ambição material
ilimitada, Pais do Amaral, além da ruptura com as herdeiras de Saramago, quebrou igualmente acordos com o jovem escritor João Tordo e, mais recentemente, com Miguel
Sousa Tavares, um dos autores de vendas mais elevadas na actualidade, Ao que
consta, a lista de autores afastados do famigerado grupo livreiro já é bastante
extensa.