No âmbito e objectivos da célebre
obra ‘Caminho para o Crescimento’ – há quem prefira designá-la por ‘The Road to Growth’, sempre é mais fino –
é intenção do governo incumbir o Banco de Portugal de um sistema de alertas para empresas em risco de falir.
Caso o BdP recorra a uma
estrutura de alarmes e sirenes, haverás zonas do país inundadas de luzes
intermitentes e de ruídos ensurdecedores; outras, em especial no vasto e
abandonado interior, os poucos cidadãos continuarão entregues à escuridão e ao
silêncio de idosos.
Bom! Temos a obrigatoriedade de
afugentar a ‘pieguice’. O governo é neoliberal, conservador ao estilo do
movimento norte-americano ‘Tea Party’, sendo
nosso dever usar, por momentos, as lentes do populismo da propaganda oca mas
pretensamente impressiva; não olhar a questões de humanismo e alinharmo-nos, o
mais possível, pelo frio e tecnocrático pragmatismo de quem nos (des)governa e
de um dos seus aliados de eleição, o FMI.
Esta do Banco de Portugal, a
tempo, alertar as empresas em risco de cair na insolvência, através de um “corpo
especializado de sapadores”, é uma ideia brilhante, susceptível de estar apenas
ao alcance de cérebros muito, muito iluminados. Merecia o ‘Nobel’!
Todavia, de tão brilhante e
profunda, a interpretação da ideia nos seus efeitos práticos torna-se difusa na
luz, nos sons e nos resultados. Capaz de causar perturbadoras e legítimas
dúvidas.
Independentemente dos casos de
gestão incompetente ou mesmo danosa, as empresas, na vasta maioria, desenvolvem
a actividade em função dos níveis de procura para os bens e serviços que
produzem; ou então, dependem de centros de decisão externos, sujeitando-se essa actividade a orientações externas; no limite e com frequência, chegam ao
encerramento por deslocalização das unidades produtivas.
A insolvência, na maioria dos casos,
é um processo de degradação progressiva. Umas vezes, os empresários alimentam
expectativas de que, mais cedo ou mais tarde, conseguem o ultrapassar as
dificuldades. Outras vezes, o desenvolvimento é de tal intensidade e imposto
por condições de mercado que, por atrofia, dificilmente logram vencer – as políticas
macroeconómicas governamentais, variáveis naturalmente exógenas, são
insuperáveis, nomeadamente quando há quebra de rendimentos e consequentemente
da procura interna. Os mercados externos, como está demonstrado, estão sujeitos
a factores incontroláveis.
Nas causas das falências, há,
pois, que tomar em consideração os efeitos destrutivos do encerramento, por
deslocalização, de unidades fabris estrangeiras que, na melhor das hipóteses,
se transformam em entrepostos de produtos importados com uma redução mais do
que drástica do emprego. Os efeitos no comércio local, da restauração a lojas
de tipo diverso, são devastadores em termos de insolvências. Isto em acréscimo
a fornecedores de bens e serviços convertidos em desnecessários – transportes,
parte das matérias-primas, materiais de embalagem e outros componentes do
processo produtivo.
O fenómeno de insolvência, ao
contrário de actividades médicas, em grande parte não se cura com medidas
preventivas e muito menos com cuidados paliativos.
A Economia Portuguesa, sofre de
problemas estruturais graves que este governo adensou, sendo irrealista confiar
que o sistema de ‘sapadores empresariais’ do BdP possa combater uma degradação
empresarial, produto, na generalidade dos casos da subordinação à globalização
e a um projecto lesivo e incoerente da criação do euro, fiscal e economicamente
disforme. Portanto, incapaz de criar um modelo de integração e equilíbrio entre
os países da Zona Euro, ou mesmo na UE28, que sirva de solução para a coesão
económica e social tão apregoada quando da assinatura do ‘Tratado de Maastricht’,
que ainda há dias o “sapiente incipiente” Cavaco, como subscritor, elogiou como
o caminho seguro da salvação de um País que há 3 anos começou na tal bancarrota,
da qual ainda hoje não estamos libertos. Basta continuar a ouvir a ameaça do
2.º resgate.
Esta gente do governo não serve
para governar e também demonstra falta de condições e perfil para ‘bombeiros
voluntários’. É especializada na demagogia e em iludir os governados.
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