segunda-feira, 19 de maio de 2014

O despesismo

Paulo Rangel, a quem, na campanha eleitoral europeia, já ouvi referir mil vezes o despesismo socialista, ao menos, por princípio de coerência, deveria estar igualmente perturbado e revoltado com os 1,2 milhões gastos no combóio ‘Celta’, de Julho de 2013 (arranque) a Março último. A expectativa é de que, em Agosto próximo, o prejuízo será de 2 milhões. A linha foi inaugurada pelos governos de Portugal e Espanha, através do ex-ministro Álvaro dos Santos Pereira e da sua homóloga espanhola, Ana Pastor.
O citado combóio liga Porto a Vigo, e vice-versa, em 2h15, sem paragens além das impostas por transitar em linha única, o que equivale a uma velocidade média de 50 km / hora. Também em média, transportou 26 passageiros por viagem.
Sou defensor do comboio com meio preferencial de transporte, reconhecendo que a existência de ligações devem ser consideradas um investimento social, quando o grau de utilização é equivalente àquele, por exemplo, existente à volta das cidades de Lisboa e Porto, ou mesmo o serviço ‘Alfa’. Ou então, por necessidades impostas pelo isolamento.
É, porém, muito recomendável fazer a natural avaliação de investimentos em novas linhas, em função da extensa e exagerada rede de auto-estradas criada e os indicadores de mobilidade dos cidadãos, afectada naturalmente pela crise, o envelhecimento e o incremento dos fluxos de emigração em expansão.
Quando os níveis de procura de bens e serviços registam refluxos, além de mais aguda reflexão das condicionantes do investimento em infraestruturas, talvez fosse mais curial a manutenção de outras, como algumas que o PET (Plano Estratégico de Transportes) encerrou, sob a alegação de falta de utilizadores.
O despesismo do ‘Bloco Central’ funciona nos moldes de um jogo de ténis: “agora bato eu, depois bastes tu…” e é esta pancadaria incessante iniciada desde Cavaco que tem debilitado o País e as nossas vidas. Tanto faz que o político seja Rangel, como Manuel. O nome identifica o individuo, mas não o carácter e muito menos a seriedade política.  

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