Portugal, como país, é um espaço geográfico, humano e social, carregado de diversas matizes.
Ao falar do Portugal profundo, o conteúdo são as manchas do País envelhecido, isolado e inerte, ignorado pelas lideranças políticas. Temos o Portugal insular, com o inebriante brilho dessa joia madeirense caprichosamente chamada Jardim. Do mapa, destaca-se o Portugal da orla marítima, onde, aqui e além, se aglutinam grandes polos urbanos, povoados de gente de todas as classes – dos abastados proprietários de palacetes e urbanizações de luxo aos humildes e marginalizados, a viver em dormitórios erigidos por “gaioleiros” ou “pato-bravos”, ou em bairros sociais carregados de anátemas. Do desemprego a vidas marginalizadas, do álcool á droga.
Temos também, um Portugal deliberadamente difuso e confuso, construído por segmentos de gente que, de pobre ou de classe média, evoluiu súbita e celeremente para extractos sócio-económicos de elevado estilo de vida. Bastou-lhes, apenas, militar em manadas de misantropia de desumanidade extrema. Nos negócios ou na política. Disto, nos fala hoje o ‘Público’, do Portugal corrupto. Com um texto, precedido do seguinte título:
“ Estudo diz que leis anti-corrupção em Portugal estão "viciadas" à partida”.
À partida e à chegada, acrescentaria eu. Se fizermos uma retrospectiva dos progressos de ‘status’ de ex-políticos desde a governação de Cavaco Silva a Sócrates, reescreveremos a nefasta história. Ainda hoje, a 1.ª página do ‘Correio de Manhã’ destaca as ameaças à segurança da ex-secretária de estado, Ana Paula Vitorino, por esta decidir dizer a verdade do que sabe sobre o processo ‘Face Oculta’, onde, entre vários, está envolvido o ex-ministro Mário Lino.
Provavelmente, como no caso ‘Portucale’, os suspeitos serão todos ilibados. Não é apenas a razão das leis anti-corrupção estarem viciadas, como diz a notícia. Então o Sistema de Justiça nacional e as figuras que o incorporam, da Ministra a magistrados, de advogados a escrivães? Pergunto eu. É uma dúvida legítima.
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