Nós, ‘portugas’, consumidores ultra-especializados através das promoções do ‘Pingo Doce’, dos descontos em cartão do ‘Continente’, dos saldos em lojas de roupas, sapatos e quinquilharias em centros comerciais ou fora deles; nós, dizia, não estranhamos campanhas de bónus.Nem sabemos viver sem elas.
Sem dinheiro, e com o crédito reduzido pelos bancos, somos compensados no linear do hipermercado ou em qualquer loja - sem cartaz de desconto, a existência de loja já nem tem sentido em Portugal. Atente-se que até o ‘cartão da farmácia’ nos oferece champôs, cremes dermatológicos, pós para bichos na púbis ou preservativos, tudo à nossa escolha, como bonificação dos gastos em medicamentos para todas as patologias e maleitas. Da farmácia ao bazar, sabemos lá o que é comprar produtos sem bonificação.
O nosso estilo de vida, marcado por bónus e promoções, sei agora, foi replicado no sistema eleitoral grego: o partido maioritário tem um bónus de 50 deputados-extra não eleitos. Foi assim que a ‘Nova Democracia’ alcançou 109 lugares.
Da pátria da filosofia, chegaram-me as ideias fundadoras da organização política, da lógica, da ética e da estética. Em contrapartida, a Grécia converteu-se no mercado de sucesso de exportação do nosso conceito de vida bonificada, agora aplicado à política.
Trata-se de um produto genuinamente nacional, à imagem da cortiça e do Vinho do Porto; contudo, neste caso, concebido no âmbito do marketing político, por “marketers” portugueses especialistas de elevado padrão. O argumento dessa exportação nacional sustentou-se no seguinte slogan:
“No processo de eleição, seja o partido vencedor e por cada deputado eleito, ganhe outro sem voto nem dor!”
Ó Gaspar, conta lá com mais esta entrada de fundos do exterior e divulga ao teu amigo Schäuble.
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