O bancário Paulo Macedo, elevado ao estatuto de ministro da saúde – ou da doença e da morte? – acaba de deliberar o fim da exclusividade de ambulâncias no transporte de doentes.
O sábio ministro, em obediência à troika, há-de ficar na história como um governante da saúde promotor da disseminação da doença, da morbilidade e até da morte. Tudo em respeito por princípios economicistas, naturalmente ignóbeis e desumanos.
Baniu, pois, a exclusividade de meios apropriados e, no que se refere a bombeiros, os únicos agentes qualificados para o transporte e socorro de doentes, incluindo a assistência a partos – existem, pelo menos, 27 ambulâncias medicalizadas no país. Têm equipamentos tecnologicamente avançados de socorrismo; caso dos desfibrilhadores para valer a vítimas de enfarte agudo do miocárdio e assegurar a sobrevivência de doentes até chegarem aos serviços de emergência hospitalar. A preparação dos bombeiros socorristas é, em certas situações clínicas, peça essencial do processo de preservação da vida do doente.
Qual é a alternativa decretada por Paulo Macedo e sua equipa? Substituir a ambulância por carrinhas de 9 lugares – a auto-maca cedeu lugar a bancos estofados a ‘Lusospuma’, porque, como dizia Alexandre O'Neill, “com ‘Lusospuma’ você dá sempre mais uma”.
A solução do MS, ao optar por um motorista habilitado apenas com um curso de suporte básico de vida, traduzir-se-á em doentes deficientemente socorridos, sujeitos a elevada probabilidade de morrerem sentados.
Paulo Macedo e respectivos consultores são decisores irracionais. Descuram o facto de, em muitos casos, os doentes e/ou os tais socorristas básicos não disporem de conhecimentos e capacidades de realizar um diagnóstico médico. Os sintomas de um enfarte ou de um AVC podem ser por eles interpretados como sinais de patologia ligeira.
Das declarações de governantes acerca do desemprego jovem, com o aconselhamentos à emigração, até às políticas economicistas de saúde potenciadoras da morte dos mais velhos, infere-se que este governo não é para novos nem velhos. Talvez a equipa de Coelho tenha perfil para governar territórios desertificados. O Sahara é uma hipótese; aí poderiam juntar-se à manada de camelos e a meia dúzia de nómadas que sobrevivem entre distanciados oásis.
Ah!, o Macedo cuidou dos direitos ao transporte gratuito, em ambulâncias, de doentes com patologia psiquiátrica. Sintomático.
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