Com os votos do PS e a abstenção (táctica e hipócrita) do PSD e CDS, a AR aprovou, sob a forma de proposta de resolução, a ‘agenda do crescimento e do emprego’ dos socialistas.
Os partidos da maioria governamental, a despeito da abstenção, obrigaram o PS a ceder em alguns pontos: ‘separação entre bancos comerciais e de investimento’ e ‘eliminação da hipótese de emissão de obrigações pelo BEI’, por exemplo.
Ao estilo daquelas tiradas hiperbólicas que por vezes lança, o presidente Cavaco saudou o acordo entre PS e partidos do governo, classificando-o de importantíssimo.
Importantíssimo? Pelos vistos o PR foi acometido da síndroma que atacou Seguro: a síndroma do irrealismo bacoco. Basta ler e comparar a proposta do PS com o Pacto Orçamental a que Portugal se vinculou a 13 de Abril passado, para se perceber da incompatibilidade das políticas decorrentes dos dois documentos. E nessa matéria, Portugal não tem voto. E tenho até as maiores dúvidas se Hollande conseguirá vencer Merkel e respectiva ‘entourage’. Infelizmente, nesta UE de directórios, contamos pouco, muito pouco.
Sem obrigações europeias (eurobonds), mesmo oriundas do BEI, a continuada recusa do BCE em ser credor de último recurso e as limitações ao endividamento impostas pelo pacto, pergunto: de que modo Portugal se financiará com fundos complementares dos subsídios estruturais que a CE se diz pronta a disponibilizar?
Crescimento e emprego, sob severa austeridade, é mero sonho. Recessão e desemprego, esses sim, estão garantidos.
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