segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Portugal e o Mundo

Portugal foi o pioneiro do universalismo histórico. Efectivamente, a História regista a expansão dos portugueses no mundo como política precursora em relação a outros povos. 
Chamaram a tais tempos a 'Época dos Descobrimentos'. Todavia, agora, grupos de intelectuais - quais profetas privilegiados com o acesso à voz divina - opõem-se à ideia de que, a propósito de um novo museu, este seja designado das 'descobertas', sinónimo em todos os dicionários de 'descobrimentos'. Haja paciência, que não a minha, para estes debates absurdos, banhados de raciocínios retorcidos que  intelectuais produzem em abundância; do mesmo jeito que a azinheira e o sobreiro produz a bolota, fruto de que o camponês alimenta os porcos.
No mundo globalizado, somos um país como outros. De actos criminosos tão recorrentes como violentos. Da luta entre taxistas e as plataformas de mobilidade, com destaque para a Uber. Da actividade financeira perversa e lesiva do interesse nacional, com o uso e abuso de 'off-shores' - também temos esse tipo de acomodação de capitais na Madeira. Dos 'hostels' e dos 'alojamentos locais' que expulsam, com chocante desumanidade, gente sem meios, em especial nos centros históricos de Lisboa e Porto. É a gentrificação, dizem os sociólogos. 
A especulação imobiliária não é um pensamento imaginário de consequências muito adversas, ao contrário do que diz o banqueiro Horta Osório. É mais do que provável a retoma do caminho para nova crise económico-financeira. 
Passos Coelho, admite o próprio, está pronto para voltar ao PSD/PPD, preparado para acabar o projecto neoliberal inacabado e extremado, de ir mais longe do que uma nova 'troika'. Insensibilidade social e ambição de poder são características de personalidade que não lhe faltam. Portugal, portanto, também tem um Trump, um Órban ou um Salvini à sua maneira. 
Que mundo espera Portugal amanhã? O do nacionalismo e da xenofobia? Talvez. Mas certo, certo é que, numa União Europeia, desconcertada e manchada por governos populistas, jamais se saberá o que esperamos do amanhã que desalenta. O amanhã das divergências agravadas em políticas de migração. O amanhã do 'Brexit' em impasse, cujos custos para o Reino Unido já se estimam elevados, mas que, para Portugal, também terá consequências duras, ao nível dos emigrantes e das transacções comerciais entre o nosso País e a Grã-Bretanha.
No mundo globalizado, como país pequeno, embora detentor de uma história distintiva, Portugal está subordinado à ordem mundial, mais ainda, obviamente, do que em tempos antigos da sua História. É tudo o que acima resumimos, na hora actual, o contexto do interface de Portugal com o Mundo. 


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