O cenário e o desenlace poderiam ser diferentes; ou seja, um exercício de louvável democracia, se o poder eleito, por insanável vício, não desrespeitasse as liberdades elementares e legítimas de cidadania: limitações à liberdade de expressão e de manifestação, penitência de prisão e violência sobre quem exprime opiniões diferentes, profundas injustiças económicas e sociais, algumas graves e comprovadas pela OMS:
Taxa de mortalidade infantil (do nascimento a 1 ano): 98Taxa de mortalidade infantil até aos 5 anos de idade: 161(Taxas medidas em relação a 1.000 nascimentos)Incidência da tuberculose por 100.000 habitantes por ano: 304Esperança da vida à nascença (ano 2009): 52,2 anosFonte: OMS
O perfil das cúpulas de Angola sustenta a cleptocracia de José Eduardo Santos; homem que o ‘Jornal de Negócios’ hoje classifica como o 7.º mais poderoso da economia portuguesa – não se conhecem investimentos directos feitos por ele, diz o jornal, mas sabem-se daqueles titulados pela filha, Isabel dos Santos, Sonangol e a tal Newshold, candidata à privatização/concessão da RTP.
O ‘Jornal de Negócios’ cita ainda o general Kopelika, vil membro dirigente da segurança presidencial. Tenho a certeza de que, na falta ou desaparecimento do JES – não é eterno –, o conflito entre militares de alta-patente será inevitável. Todos na disputa pelo acesso às fontes da grande fortuna nacional, os recursos naturais.
Nesse cenário, e julgo não errar, há forte probabilidade da insegurança actual, que já atinge portugueses, vir a degenerar em evacuação generalizada de imigrantes lusos ou novos colonos. Oxalá me engane, mas pelo que conheço dos meios angolanos, as lutas entre personalidades cleptocráticas vai ser dura, muito dura. E Kopelika parte em vantagem. É o mais sábio, o melhor equipado, mas também um dos mais odiados.