sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Angola, o poder da cleptocracia, a sociedade injusta e insegura

jes anaO povo angolano vai hoje às urnas reeleger José Eduardo dos Santos, há 33 anos presidente da RPA. É fácil ao autocrata, na foto acompanhado pela 1.ª dama Ana, distribuir ao crédulo e impreparado povo dos musseques e de outros ‘habitats’ miseráveis, bonés, ‘T-shirts’ e demais modestos brindes; em troca, será compensado pelos votos da maioria.
O cenário e o desenlace poderiam ser diferentes; ou seja, um exercício de louvável democracia, se o poder eleito, por insanável vício, não desrespeitasse as liberdades elementares e legítimas de cidadania: limitações à liberdade de expressão e de manifestação, penitência de prisão e violência sobre quem exprime opiniões diferentes, profundas injustiças económicas e sociais, algumas graves e comprovadas pela OMS:
Taxa de mortalidade infantil (do nascimento a 1 ano): 98
Taxa de mortalidade infantil até aos 5 anos de idade: 161
(Taxas medidas em relação a 1.000 nascimentos)
Incidência da tuberculose por 100.000 habitantes por ano: 304 
Esperança da vida à nascença (ano 2009): 52,2 anos
Fonte: OMS
O perfil  das cúpulas de Angola sustenta a cleptocracia de José Eduardo Santos; homem que o ‘Jornal de Negócios’ hoje classifica como o 7.º mais poderoso da economia portuguesa – não se conhecem investimentos directos feitos por ele, diz o jornal, mas sabem-se daqueles titulados pela filha, Isabel dos Santos, Sonangol e a tal Newshold, candidata à privatização/concessão da RTP.
O ‘Jornal de Negócios’ cita ainda o general Kopelika, vil membro dirigente da segurança presidencial. Tenho a certeza de que, na falta ou desaparecimento do JES – não é eterno –, o conflito entre militares de alta-patente será inevitável. Todos na disputa pelo acesso às fontes da grande fortuna nacional, os recursos naturais.
Nesse cenário, e julgo não errar, há forte probabilidade da insegurança actual, que já atinge portugueses, vir a degenerar em evacuação generalizada de imigrantes lusos ou novos colonos. Oxalá me engane, mas pelo  que conheço dos meios angolanos, as lutas entre personalidades cleptocráticas vai ser dura, muito dura. E Kopelika  parte em vantagem. É o mais sábio, o melhor equipado, mas também um dos mais odiados.

2 comentários:

  1. Eu tenho sempre dificuldade em perceber o que é considera Português. Se vier um caboverdeano, angolano ou moçambicano e pedir a dupla nacionalidade, é sempre referida a sua descendência e que é naturalizado português. Este senhor assim como s pais e os avós nasceu em Angola e pediu aquii a dupla nacionalidade mas chamam-no de Português. Será que português significa branco? Pois eles não eram uma familia portuguesa que por acaso foi para Angola...era e foi a sua casa durante décadas....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Julgo que se refere à nacionalidade do empresário assassinado. Se é este o caso, esclareço que fiz fé no título e no texto da notícia do 'Público':
      http://www.publico.pt/Sociedade/morte-de-empresario-portugues-lanca-suspeitas-sobre-oficial-angolano-1561077.
      De qualquer modo, nacionalidades à parte, a verdade é que a falta de segurança em Angola é um fenómeno em crescendo. No caso de eventual e súbita necessidade de substituir JES na presidência, a insegurança agravar-se-á através de intensas lutas entre os vários membros da actual superestrutura; sobretudo, altas-patentes militares, com Kopelika à cabeça.
      O futuro dirá se o MPLA se transformará, de facto, em força política coesa, solidária com a população e irresístivel a lutas internas e cruéis. Oxalá o venha a ser, introduzindo, então, novas políticas económicas e sociais, para bem do povo angolano; povo merecedor dos benefícios de um País com enormes recursos naturais que, com honestidade na acção política, poderão proporcionar uma justa distribuição dos rendimentos e o extermínio da corrupção e da pobreza. Que apareça um LULA angolano!

      Eliminar