O regime democrático português, no decorrer do tempo e impelido pela generosidade do eleitorado, acabou capturado e enredado por essa teia de políticos, agrupados nos chamados partidos do ‘arco do poder’.
Uma democracia formal, entendida como sistema de eleição do governo pelo povo, veja-se a Rússia, a Venezuela e uma diversidade de outros países africanos e orientais, pode sobreviver de aparências e fazer revigorar uma sociedade despojada de liberdades elementares, entre as quais a igualdade de oportunidades no acesso ao emprego, para a generalidade dos cidadãos.
Chegámos à hora dessa espécie de ‘jovens turcos’ que, com o mesmo ímpeto dos antepassados otomanos, optam pelo carreirismo político centrado em ambições pessoais. Alcandorados em cabotina indiferença, alheiam-se criminosamente dos interesses estratégicos do País, vendendo a EDP, a REN, a TAP, ao mesmo tempo que lançam na pobreza e em profundos sofrimentos centenas de milhares de desempregados – segundo a Eurostat, Portugal em Junho de 2012 tinha uma taxa desemprego de 15,4%, ou seja, + 0,5% do valor calculado pelo INE para o 1.º trimestre.
O regime político nacional - a beataria bem pode andar por aí em lamúrias e preces a rogar pragas ou a redenção dos bispos Januário Torgal Ferreira e Jorge Ortiga - lenta mas vorazmente, está, de facto, submetido a grave processo degenerativo; processo esse em que, sustentados pelos tais “jovens turcos”, promovem a multiplicação de oligarcas do género do rubicundo Catroga e família, na EDP há pouco privada, ou de Pedro Rebelo de Sousa que atinge o pleno ao ser administrador em simultâneo da CGD, pública, e da Cimpor privada, com o beneplácito do Ministério das Finanças. Ah Gaspar para que te quero!
A propósito da época oligárquica, é oportuno lembrar o relatório da CMVM, onde no topo da página 7 se pode ler:
“Identificaram-se 17 administradores que acumulavam lugares de administração em 30 ou mais empresas, havendo um caso de um administrador que pertencia ao órgão de administração de 73 empresas.”
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