Com base em notícias da imprensa, julgo que hoje chegou ou chegará à Portela o etíope que, com o alemão e o careca – o MST desculpará o plágio – formam a ‘troika’ da ‘ajuda externa’ a Portugal, essa impostura de falsa generosidade.
Do conteúdo programático do citado trio, subscrito por um outro composto pelo PS+PSD-CDS, a ‘revisão de leis laborais’, as medidas de dura austeridade e as naturais consequências de erradas previsões da ‘execução orçamental’, entre outras causas, estão a conduzir a Economia Portuguesa a desastrosas penalizações, das quais destaco:
- Queda do PIB em –3,3% no 1.º semestre;
- Probabilidade elevada do défice se situar acima dos 4,5% do PIB no final do ano – fala-se de valores entre 5,3% e 5,6%;
- Aumento da ‘divida directa do Estado’ em + 7,66% em Julho de 2012 (188.303 M de €) se comparada com Dezembro de 2011 - estamos apenas a 1% da verba anual prevista;
- Aumento de desemprego para 15,7% em Julho de 2012, segundo o Eurostat.
Se nas vozes correntes de líderes e imprensa internacionais, incluindo altos responsáveis da Zona Euro, da UE, da CE, do FMI e do implacável “directório berlinense”, Portugal é qualificado como aluno exemplar nos deveres decorrentes do programa que lhe foi imposto, então por que razão se agravou de tal forma a nossa situação macroeconómica?
Contrapondo esta aprovação generalizada do nosso zeloso cumprimento, excedendo mesmo em alguns aspectos as condições do ‘memorando de entendimento’, ao descalabro descrito, há uma justificação que automaticamente salta à vista (António Saraiva, da CIP, invocou-a): é o desajustamento do ‘Programa de Ajustamento Económico e Financeiro’ (PAEF) concebido e aplicado ao País.
Será que o etíope, o alemão e o careca terão a humildade de reconhecer que apostar forte e cegamente em medidas estritamente monetárias, segundo o mais refinado neoliberalismo, pode colocar Portugal no trajecto grego? Julgo tratar-se de gente demasiado soberba para usar a auto-crítica como modelo de análise e, pensam eles, se Portugal tiver que ser helénico na tragédia que o seja.
Internamente, estamos entregues a um PM que, neste cinzento, quase negro, cenário se atreve a anunciar o início do fim da recessão para 2013; ponto de vista ratificado por um tão altivo quanto incapaz conselheiro Borges a garantir que não necessitamos nem de mais dinheiro nem de mais tempo.
Quem vai deliberar o que deveremos fazer é a ‘troika’, Passos e Borges nada contam. Gaspar, quando muito, será o único jogador activo neste complexo e nefasto jogo – e talvez para mal de muitos milhões de portugueses.
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