Vivemos num país, desde há muito, viciado em promover e manter matilhas pseudointelectuais. Invadem espaços televisivos, radiofónicos e de jornais de todo o género. Uns para transmitir enfunados pareceres sobre tudo e mais alguma coisa, outros para manipular a opinião pública em favor das cores políticas da sua preferência.
Nomes? São tantos, lembro-me de muitos, mas certamente ainda deixaria de fora outros tantos ou mais, muitos mais. É preferível deixar o inventário para outra ocasião. Em certos momentos, ouço-os por masoquismo, mas a maioria das vezes faço-o porque o disparate e o topete me servem de diversão. Ouvir Marcelo Rebelo de Sousa falar de biologia e do ADN ou Lobo Xavier discutir os fundamentos filosóficos de Kant constituem episódios hilariantes.
Pena é que, por outro lado, num País de forte persistência da frivolidade e da gente sem escrúpulos a emergir à tona do mediatismo, parte substancial da sociedade se alheie ou nem leia na diagonal este excelente artigo de São José Almeida.
O texto é elucidativo, mas não surpreendente, quanto a manifestações de ridícula ignorância dos tecnocratas na classificação das fundações; bem como na caricatura de enguia, ao cimo ou debaixo de água, desse ministro que, na arte da trapaça, é o mais hábil e talentoso dos artistas.
É bom conviver com a leitura de quem, de uma penada, faz a anatomia do Portugal que somos, servindo-se de métodos precisos de dissecação e corte. São José Almeida é uma figura conhecida, mas discreta. Nesta etapa histórico-dramática do País, os discretos são os melhores.
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