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segunda-feira, 27 de março de 2017

O 'Capitão Vesgo'

“O mais alto de nós não é mais que um conhecedor
 mais próximo do oco e do incerto de tudo.”,
Fernando Pessoa
Tínhamos a história do ‘Capitão Gancho’, da peça teatral ‘Peter Pan’ . Agora, no processo dos comandos, passámos a ter o ‘Capitão Vesgo’. O primeiro, de mão decepada, valia-se de um gancho para caçar as vítimas; o segundo, vesgo e portanto zarolho, vê apenas a deturpada realidade. Ambos, o ficcional e o real, usam farda e têm o porte de quem comanda.
Diz o ‘Capitão Vesgo’ que o grupo de comandados “era constituído por instruendos na sua generalidade de médio/baixo [nível quanto à] parte física”. Na opinião do zarolho [=vesgo], está explicada assim a morte de dois jovens instruendos – Hugo Abreu, madeirense, e Dylan Silva, de Ponte de Lima.
O ‘Capitão Vesgo’, de má-fé ou por falta de visão, não enxerga o essencial do absurdo e desumano exercício de esforço físico imposto aos jovens militares (sete outros desistiram e um alferes foi internado no Hospital das Forças Armadas) em condições climatéricas muito adversas, de elevada temperatura. Nem sequer questiona a extrema gravidade para a vida humana de exercícios militares de enorme violência.
O que se decidirá, em termos de justiça militar ou civil quanto às responsabilidades dos militares oficiais e sargentos envolvidos, será, quero crer, objecto de processos que transitarão em julgado.
No actual mundo de violência em que faca ou facalhão, ou ainda uma viatura ligeira ou pesada, matam inocente e pacífica gente, parece-me legítimo questionar se a preocupação dominante das forças de segurança, incluindo militares, necessitam do contributo de jovens fisicamente super-dotados ou se o ataque aos adversários da paz deve realizar-se com meios tecnológicos disponíveis em generosa abundância, e a utilizar no respeito pelos princípios elementares dos Direitos Humanos; ou ainda se, em alternativa, com o recurso à antiquada e animalesca ideia de que a defensores da ordem democrática tem de ser cometida a incumbência a quem, de facto, na gíria é designado como verdadeira besta.  

quarta-feira, 8 de março de 2017

O Comentador Minhoca

À semelhança do verme que lhe empresta o nome, o comentador minhoca vive sob entulhos e em terras enlameadas. Segundo veio a público em 2014, aqui, o citado comentador, em conjunto com o empresário Joaquim Cabrita, lesaram o Estado em 773 mil euros. Agora, notícia do ‘Público’, também o tristemente célebre comentador fez saber que vai pronunciar-se como testemunha no processo judicial dos vistos ‘gold’; fá-lo-á por escrito, beneficiando do estatuto de membro do Conselho de Estado e desde que o dito e douto Conselho o autorize.
O comentador minhoca é baixo, visivelmente baixo quando está de pé ou sentado e, acima de tudo, quando como politólogo de direita exprime publicamente, na TV, opiniões, avisos e recomendações de carácter político, sem o mínimo sentido ético ou mero bom senso.
Em vez de barrar a intervenção pública a figuras deste calibre, a ‘democracia portuguesa’ acolhe-as com repugnante generosidade. A SIC do Dr. Balsemão, mediante perguntas pré combinadas e o olhar arregalado da loura Clara de Sousa, disponibiliza tempo de antena domingueiro ao comentador minhoca. O ‘Público’, actualmente dirigido pelo neoliberal David Dinis, e o ‘Jornal de Negócios’, às 2.ªs feiras, prestam-se ao papel de ‘caixa-de-ressonância’ dos sarilhos e sentenças do ‘minhoca’, da véspera.
A sociedade portuguesa, nomeadamente como outras europeias, asiáticas e dos EUA, está condicionada por estereótipos e homens de poder e seus agentes, orientando-se no sentido da consolidação do domínio financeiro por uma minoria de personagens, a nível global. O 'minhoca' é um desses agentes.
O olímpico e crescente desprezo pelos mais básicos direitos humanos, entre estes o direito à vida, atinge milhões de seres humanos, entre crianças, mulheres (hoje é o Dia Internacional da Mulher – uma saudação especial a todas as mulheres amigas do ‘Facebook’) e homens desvalidos. Todavia, os poderes institucionais e instâncias internacionais revelam-se incapazes de combater a ultrajante desigualdade em expansão no mundo. 
Resta aos humanistas a iniciativa da luta, cada um à sua maneira e dentro de possibilidades, na maioria dos casos, limitadas. Nem que seja, apenas, a de mandar o comentador minhoca para o entulho.