sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A crise do valor dos CTT

Resultados sem actividade do Banco CTT
A marca CTT, outrora 'Correios, Telégrafos e Telefones' e hoje 'Correios de Portugal SA', simbolizava um serviço de qualidade, prestado na óptica do interesse público, a nível nacional.
Após a nacionalização, em 2014, pelo governo PSD+CDS, os lucros registaram subidas até 2016 (85,6 Milhões de Euros). Mas, nos três últimos anos, o Estado deixou de receber dividendos, limitando-se à cobrança do IRC; cobrança que, de resto, já sucedia quando era accionista.
Com o encerramento de estações na província e a degradação do serviço de distribuição nos grandes centros, a gestão privada optou por transformar os CTT em Banco, admitindo o  presidente, Francisco Lacerda, passar a terceiros a gestão de estações ['Jornal de Negócios'].
O mesmo 'Jornal de Negócios' de hoje, ao analisar o que se passou na bolsa de Lisboa, informa:
O que, de facto, parece estar a acontecer, a par de jogos financeiros de bolsa que nunca são racionais, é o início de um processo de transformação profunda no 'core business'  dos CTT, a favor do papel de Banco e da desvalorização do serviço público tradicional dos correios. 
Se atentarmos neste relatório sobre as contas do 1.º semestre de 2017 (página 9), percebe-se que houve uma quebra do 'tráfego de correio endereçado (milhões de objectos)  de 411,1 no 1.º S de 2016 para 388,1 no 2.º S de 2017. No negócio da Banca, registou-se uma alteração de sentido inverso: de 20.163 contas à ordem no primeiro dos citados semestres passou-se para 147.394 no segundo.
Nem nas últimas administrações do Estado, nem nas do período pós-privatização, se traçou uma estratégia à altura de responder aos constrangimentos e oportunidades da 'e-economy', nomeadamente o 'e-commerce', para reposicionar os CTT no cenário actual do mundo dos negócios. 
Da citada falha, resulta o agravamento da deterioração no serviço postal e de pagamentos de prestações sociais a populações do interior; interior esse que, sem centros de saúde, serviços de finanças, serviços dos CTT e mão-de-obra qualificada, agoniza, tragédia após tragédia, num mar de eucaliptos e pinheiros bravos. Como dolorosamente soubemos, neste Verão de 2017.  


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