Do discurso de Agosto de 2014, no Pontal, inflamado e
demagógico como é habitual, retenho a seguinte afirmação de Passos Coelho:
Esta afirmação foi motivada pela
declaração de inconstitucionalidade pelo TC da contribuição de sustentabilidade
que o governo de Coelho e Portas se propunha aplicar a reformados e
pensionistas.
Coelho proferiu ainda outras “malabarices”,
termo retórico que os linguistas portugueses lhe devem, como contributo para o desenvolvimento do campo lexical. Na sessão em causa, de forma tão desconexa
como hipócrita, ainda teve outra proclamação curiosa:
“Os pensionistas não merecem que todos os
anos se esteja a tentar fazer o que os outros não deixam ou não consentem que
se faça.”
Que falta de decoro!
De súbito e sem ficar
surpreendido com as incongruências e a desonestidade intelectual, e neste
caso material, de Coelho, li no jornal ‘Público’ a notícia de que o PM acumulou dívidas
de milhares de euros à Segurança Social (SS) durante cinco anos; de 1999 a 2004.
Diz o jornal que as dívidas prescreveram em 2009, mas, a despeito da
prescrição, Coelho fez questão de ter liquidado uma parte – 4.000 euros, diz-se.
Coelho alega que jamais foi
notificado pela SS. Trabalhei anos a fio em empresas de algumas centenas de
trabalhadores e o IGFSS (Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social)
notificou sempre os devedores, havendo até um programa, PEC, apoiado pelo IAPMEI,
a fim de calendarizar a regularização das dívidas em atraso.
No caso da falta de entrega de contribuições
dos trabalhadores independentes, o ‘Público’ explica com clareza o sucedido.
Dos políticos do “arco da
governação” em geral, e deste governo em especial, já nada me surpreende quanto
a mentiras e injustiças, em especial sobre os trabalhadores no activo,
dependentes ou independentes, reformados, pensionistas, desempregados e o
sector dos desvalidos a quem também eliminaram ou reduziram as prestações
sociais.
Coelho, ‘compère’ do grupo revisteiro sem humor e promotor de grandes dores
sociais, deveria ter vergonha em ser governante do País, não hesitando em
recorrer ao topete de ter o objectivo de reforma de um sistema de SS que ele
próprio lesou, pesada e demoradamente.
Quer convencer-nos de que
ignorou que durante 5 (cinco!) anos esteve em incumprimento com a SS.
Que falta de decoro!
Gente deste género deveria, pura
e simplesmente, ser impedida de desempenhar qualquer cargo no Estado e, por
maioria de razão, candidatar-se a cargos políticos. É por efeito de caloteiros
deste calibre e de empresas que não entregam à Segurança Social as
contribuições exigidas pela Lei e as quotizações retidas aos trabalhadores que,
em conjunto com outros factores, a sustentabilidade do sistema de SS está
ameaçada.
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